Trabalho

Propaganda
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Efeito do Extrato aquoso de aroeira sobre diferentes fases do predador
Zagreus bimaculosus
Jéssica Itaiane Ramos de Souza1, Carlos Romero Ferreira de Oliveira2, Cláudia Helena Cysneiros Matos3

Introdução
No Nordeste brasileiro grandes áreas são cultivadas com a cactácea conhecida como palma forrageira, a qual é
empregada na pecuária, principalmente durante os períodos de estiagem para alimentação dos rebanhos bovinos e
caprinos (Farias et al. 1984).
O principal fator limitante da produção de palma forrageira no Semiárido nordestino é a alta incidência de
cochonilhas, principais pragas da cultura (Santos et al., 2006). No processo de alimentação, esses insetos sugam a seiva
da planta, resultando no enfraquecimento das mesmas, o que pode provocar o amarelecimento e a queda dos cladódios.
Em ataques mais severos, quando não são adotadas medidas de controle, pode ocorrer morte da planta e a destruição de
toda área de plantio (Cavalcanti et al., 2001).
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a ferramenta mais apropriada para o controle das pragas, pois consiste no uso
racional de práticas de controle fitossanitário através de medidas múltiplas, que mantém as populações das pragas
abaixo do nível de dano econômico, promovendo a proteção das plantas, do homem, dos animais e do ambiente (Batista
Filho, 2006). Essa preocupação ambiental aliada ao baixo poder aquisitivo dos produtores reforça a necessidade da
integralização de alternativas de controle dessa praga, de modo a atender o desenvolvimento sustentável e a viabilidade
de custos para a agricultura familiar.
O controle biológico é uma ferramenta dentro do Manejo Integrado de Pragas, que quando bem realizado, pode
reduzir os danos causados pela praga, mantendo a viabilidade econômica do sistema produtivo sem causar impacto para
o homem e ambiente (Zanuncio et al., 2002). Os coccinelídeos, popularmente conhecidos como joaninhas, são os
predadores mais ligados ao controle biológico do que qualquer outra família de insetos predadores (Hodek 1993). O
conhecimento da biologia de um inseto é de fundamental importância para se desenvolver estratégias de manejo
eficientes, dentro dos conceitos do manejo integrado de pragas (Parra et al. 2002).
Os inseticidas botânicos são
obtidos a partir de uma parte ou de toda a planta, que pode ser o próprio material, moído ou pó, ou derivados da
extração aquosa ou por solventes orgânicos (Menezes, 2005). Inseridos nos inseticidas botânicos estão os óleos
essenciais obtidos de plantas aromáticas, onde estudos apontam a sua capacidade repelente e inseticida seja por contato
direto ou pelas vias respiratórias do inseto (Corrêa e Salgado, 2011).
A Aroeira (Myracrodruon urundeuva) tem propriedades químicas formada por substâncias produzidas pela própria
árvore, denominadas de extrativos, que possuem efeitos fungicida e inseticida. Essas substâncias se formam
principalmente
no
processo
de
transformação
do
alburno
em
cerne
(Braga,
1990).
Visando isso, o trabalho tem por objetivo avaliar o efeito inseticida do extrato aquoso da aroeira sobre o ciclo
biológico da Joaninha- Zagreus.b i m a c u l o s u s.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido em plantações de palma forrageira localizada no município de Serra Talhada - PE,
situado a 7° 59′ 7″ sul e 38° 17′ 34″oeste, a uma altitude de 443 metros e com clima definido como tropical com estação
seca. No Laboratório de Entomologia/Ecologia da UFRPE- Unidade Acadêmica de Serra Talhada.
Em Laboratório foi feita a criação de populações de Cochonilha do Carmim e Joaninhas com condições controladas
de fotoperíodo, umidade relativa e temperatura.
Após feita a coleta da Aroeira, as folhas foram levadas ao laboratório, colocadas em uma estufa a 50º C, onde
permaneceram por um período de 72 horas. Após esse período de secagem, foram trituradas, com a finalidade de
homogeneizar os tamanhos das folhas. Posteriormente, foram pesadas de acordo com a concentração do extrato, que por
sua vez ficaram definidos em 1%, 5% e 10%. Após a pesagem foram acondicionadas em potes plásticos onde foram
acrescentados 100 ml de água destilada e com o auxilio de um pistilo foram maceradas, para a obtenção dos extratos
brutos, sendo mantidos na geladeira por um período de 24 horas. Após esse período os extratos brutos foram filtrados
obtendo-se assim os extratos aquosos das plantas.
Para avaliar a atividade inseticida dos extratos vegetais sobre os predadores foram feitos discos de palma
forrageira infestados com cochonilha-do-carmim, os quais foram acondicionados em potes plásticos contendo espuma
para dar suporte, fechados com filme plástico, para que não houvesse a fuga dos insetos (Figura 1).
1
Estudante do Curso de Licenciatura Plena em Química. Universidade Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica de Serra Talhada.
Fazenda Saco, S/N – Caixa Postal 063-Serra Talhada –PE, CEP 56900-000. E-mail: [email protected]
Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Serra Talhada . Universidade Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica de Serra Talhada.
Fazenda Saco, S/N – Caixa Postal 063-Serra Talhada –PE, CEP 56900-000.
3
Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Serra Talhada Universidade Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica de Serra Talhada.
Fazenda Saco, S/N – Caixa Postal 063-Serra Talhada –PE, CEP 56900-000.
2
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Após o acondicionamento dos discos nos potes, foi adicionado um ovo, larva ou adulto de Z. bimaculosus em cada
pote, separadamente. Em seguida foram aplicados 0,5 ml de cada extrato obtido sobreas diferentes fases do predador.
Foram montados quatro repetições para cada concentração dos extratos obtidos, além da testemunha, a qual consistiu de
água destilada. A avaliação foi feita a cada 12h durante um período de 72h.
Resultados e Discussão
Foram observadas mortalidades dos ovos de Z. bimaculosus que variaram de 50 a 100%, ocorridas nas concentrações
de 5g e de10g, respectivamente (Figura 2). Já para os larvas e adultos deste predador, essas concentrações acarretaram
em uma mortalidade de apenas 20%, enquanto que não foi observada mortalidade em nenhuma fase para a concentração
de 1g.
A aroeira é caracterizada pela presença de taninos e polifenóis, que servem para proteger as plantas contra herbívoros
e doenças (Harboneet al., 1991). Entretanto, a falta de saponinas parece ter influenciado a baixa mortalidade dos
insetos no presente estudo. Por outro lado, sabe-se da presença de alcalóides em M. urundeuva. Segundo Strong et al.
(1984), alcalóides são ácidos não protéicos, classificados como tóxicos qualitativos, pois agem mesmo em pequenas
quantidades. São particularmente tóxicos para insetos e, frequentemente, podem causar morte (Mello & Silva- Filho,
2002).
Agradecimentos
Ao CNPq, pela concessão de bolsa.
Referências
BATISTA FILHO, A.Controle biológico de Insetos e Ácaros. São Paulo, Instituto biológico de São Paulo, 2006. 86 p.
CAVALCANTI, V.A.L.B.; SENA, R.C.; COUTINHO, J.L.B.; ARRUDA, G.P.; RODRIGUES, F.B. Controle das
cochonilhas da palma forrageira. Recife, Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA, 2001. 2 p.
CORRÊA, J. C. R.; SALGADO, H. R. N. Atividade de inseticida das plantas e aplicação: revisão. Revista Brasileira
de Plantas Medicinais, Botucatu, v.13, n.4, p.500-506, 2011.
Farias, I; Fernandes, A de PM; Santos, DC dos; Fran•a, MP.1984. Cultivo da palma forrageira em Pernambuco.
Instrues Técnicas N¡ 21 Ð Recife, Brasil, Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecu.ria - IPA.
Hodek, I. 1993. Habitat and food specificity in aphidophagous predators. Biocontrol Sci. Tech. 3: 91–100.
PARRA, J.R.P.; BOTELHO, P.S.M.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; BENTO, J.M.S. Controle biológico: terminologia,
p. 1-16. In: PARRA, J.R.P; BOTELHO, P.S.M.; CORRÊA-FERREIRA,
SANTOS, D.C; FARIAS, I.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F.; ARRUDA, G.P.; COELHO, R.S.B.;
DIAS, F.M.; MELO, J.N. Manejo e utilização da palma forrageira (Opuntia e Nopalea) em Pernambuco. Recife,
Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA, 2006. 33 p.
ZANUNCIO, J.C.; GUEDES, R.N.C.; OLIVEIRA, H.N.; ZANUNCIO, T.V. Uma década de estudos com percevejos
predadores: conquistas e desafios, p. 495-510. In: PARRA, J.R.P.;
Figura 1 - Arenas para avaliação da atividade inseticida de
extratos vegetais sobre inimigos naturais da
cochonilha-do-carmim.
Figura 2 - Número de indivíduos vivos de Z. bimaculosus
após aplicação direta de diferentes concentrações do extrato
aquoso de Aroeira (M. urundeuva).
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Download