O JOVEM E O PRIMEIRO VOTO: MITOS E VERDADES Bruna

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O JOVEM E O PRIMEIRO VOTO: MITOS E VERDADES
Bruna Calonego
Orientadora: Pricila Rocha dos Santos
RESUMO
Este artigo tem por objetivo fazer a reflexão sobre os dados da pesquisa a respeito do jovem e o primeiro
voto, desenvolvida durante o projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião (NEPSO), coordenado pela
professora Nilda Stecanella e orientado pela professora Pricila Rocha, realizado na Universidade de Caxias do
Sul. Neste trabalho buscou-se saber quais as expectativas de alguns jovens com 16 anos e com 18 anos (para
o primeiro grupo o exercício do voto é facultativo e para o segundo é obrigatório) de Osório frente ao
primeiro voto, para desta forma diagnosticar o envolvimento destes na política eleitoral, já que autores
afirmam em pesquisas recentes que em outras cidades e estados os jovens em geral participam pouco de
políticas convencionais (campanhas eleitorais, contato com autoridade ou político, identificação partidária),
mas possuem maior identificação com políticas não-convencionais (assina manifesto, Participa de reuniões de
movimentos sociais, manifestação publica de protesto, projetos sociais). Esta pesquisa também visou apontar
diferenças e semelhanças na visão política dos jovens, credibilidade do exercício da democracia, perspectiva
na escolha do candidato e envolvimento com a política eleitoral, avaliadas de acordo com o parâmetro da
idade. Para a coleta dos dados que embasaram esta análise foi desenvolvida uma pesquisa de opinião com 25
jovens de 16 anos e 25 jovens com 18 anos da cidade de Osório de diferentes contextos sociais. Deixemos
bem claro que este número de jovens entrevistados não é suficiente para representar a opinião da categoria em
geral, estamos neste documento analisando a opinião destes 50 jovens da cidade de Osório. A partir dos dados
sobre a atuação política destes jovens será possível chamar a atenção para a necessidade da realização de
políticas públicas que incentivem os jovens a participar das eleições e expor suas opiniões, fazendo com que a
responsabilidade e incumbência que o jovem recebeu da pós-modernidade de ser o agente transformador do
mundo seja uma realidade através do voto. Ao mesmo tempo em que fornece informações que contradizem
alguns pré-conceitos que as pessoas tendem a ter de que o jovem é alienado, que não tem consciência política,
que não gosta de votar.
Palavras-Chaves: Jovens, Política eleitoral, Voto.
INTRODUÇÃO
A questão da participação política eleitoral é um tema que está em destaque na
contemporaneidade, pois vivemos sem esperanças, com poucas expectativas na democracia.
Segundo Renato Jaime Ribeiro hoje a política está em baixa. Pode parecer estranho que a
política sofra tal desapreço, afinal, em nosso tempo diminuíram as ditaduras, aumentaram
as liberdades, mas a política aparece aos olhos da maioria das pessoas, como não levando a
lugar nenhum, como pouco fecunda. A principal razão para isso é que desde que começou a
atual onda de democratização, os regimes eleitos não conseguiram atender aos reclamos
sociais. As ditaduras saíram de cena com as crises econômicas, deixando para governos
eleitos à tarefa de resolver a desigualdade social que haviam criado e agravado. As
democracias vieram a gerir a crise. Mas a maior parte delas fracassou. Os governos eleitos
tem sido estéreis em relação ao que deveriam fazer e ao que prometem. Não é
necessariamente culpa deles, já que a conjuntura mundial está bem mais difícil hoje do que
30 anos atrás. Mas isso repercute na imagem popular da política e do político,
frequentemente negativa.
E essa descrença na política atinge muito os jovens que são nosso objeto de estudo,
foi possível perceber isso na pesquisa, onde a maioria dos jovens quando solicitados a
responder a entrevista sobre o voto não apresentaram muita disposição, apesar deles
salientar a importância de ser ouvidos, não gostam de falar de política, só falam quando é
necessário, ou seja, em época de eleição.
1 RESULTADOS DA PESQUISA
1.1 Política faz parte da pauta dos jovens?
De acordo com os dados apontados pela pesquisa a política não é um dos principais
assuntos da pauta da juventude, 51% dos jovens com 16 anos e 47% dos jovens com 18
anos que estão prestes a votar pela primeira vez nunca falaram sobre política, nos revelando
uma grave contextualização, uma vez que é a partir da política que conseguimos alcançar as
transformações necessárias para as mudanças no cotidiano de todos, através do exercício do
voto, desta forma é de extrema importância que esse assunto seja debatido sempre em todas
as faixas etárias e não somente no período das eleições, mas principalmente com os jovens
que vão votar pela primeira vez que são inexperientes e podem se deixar levar por políticos
corruptos, muitas vezes vendendo o seu voto, já que falam pouco sobre política e conforme
88% dos jovens de 16 anos e 72% dos jovens com 18 anos apresentaram que a escolha de
seus candidatos é por própria convicção. Com os dados destes 50 jovens de faixa etária
diferente neste quesito, podemos dizer que com pouca diferença os jovens com 18 anos
tendem a ser mais preparados para votar pela primeira vez, porque falam mais sobre
política, tem mais informações sobre a mesma, mas no geral as duas categorias não
apresentam dados otimistas sobre seu envolvimento e preparação para o exercício do
primeiro voto.
1.2 O primeiro voto
A pesquisa apresenta dados bem contraditórios com relação à opinião dos jovens
sobre o primeiro voto, eles foram interrogados primeiramente sobre a credibilidade que
depositavam no voto, se acreditam no poder do voto, e os dados foram positivos, 92% dos
jovens com 16 anos e 80% dos jovens com 18 anos acreditam que o voto é uma importante
ferramenta de transformação, que podem ajudar a mudar o país e que o futuro está nas
mãos do eleitor, porém quando questionados se iriam votar e porque, apenas 56% dos
jovens com 16 anos responderam que vão votar, ou seja, quase todos eles acreditam no
poder do voto, mas somente a metade deles vai votar, os que não vão votar disseram que é
porque não querem se preocupar com isso, já que não são obrigados. Quanto aos jovens de
18 anos 100% deles disse que vai votar, mas a resposta unânime para está participação
eleitoral maciça é porque é obrigatório, e não porque acredita no voto.
1.3 Participação Convencional ou Não convencional?
Conforme o projeto desta pesquisa um dos objetivos era averiguar se estes jovens
entrevistados da cidade de Osório participavam mais de políticas não convencionais (assina
manifesto, Participa de reuniões de movimentos sociais, manifestação publica de protesto,
projetos sociais), do que de políticas convencionais (campanhas eleitorais, contato com
autoridade ou político, identificação partidária), já que em outras pesquisas como a de
Paulo J. Krischke apresentaram que os jovens de outras regiões tem maior aderência a
políticas não convencionais.
O resultado da pesquisa mostrou que 16% dos jovens com 16 anos e 20% dos
jovens com 18 anos participam de políticas não convencionais e que 33% dos jovens com
16 anos e 53% dos jovens com 18 anos participam de políticas convencionais, estes
resultados nos mostram que a participação política destes jovens é baixa, independente da
forma, entretanto a que tem maior aderência é a convencional, sendo está é efetuada
principalmente sob a forma de campanhas eleitorais, ou seja, restrita a um curto espaço de
tempo, o que antecede as eleições.
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi muito bom fazer essa pesquisa, pois apesar de o tema não ter muita
receptividade pelos jovens, quanto pesquisadora fui muito bem tratada. O resultado do
trabalho foi significativo, correspondendo aos objetivos iniciais, apesar de não ser uma
pesquisa científica que obedece ao percentual indicado para representar a categoria dos
jovens, e de possuir limitações na aplicação dos questionários por trabalhar de forma
individual, ela conseguiu responder dados sobre a participação política destes 50 jovens,
que vão nortear e incentivar novas pesquisas neste campo, além de chamar a atenção para a
necessidade de implantar políticas em escolas que incentivem o jovem a conhecer, falar,
participar mais da política, para que este seja de fato um agente social e utilize o voto que é
uma arma na mão da população, de forma coerente e consciente, para que não se torne uma
atividade banal e caia totalmente em descrédito.
É importante salientar que está pesquisa não possui dados suficientes para confirmar
ou refutar qualquer outra pesquisa neste campo, se trata da analise dos dados destes 50
jovens da cidade de Osório, que fazem parte do inicio de um trabalho nesta área, que se
pretende continuar e aprofundar.
A partir dos dados levantados em nossa pesquisa concluímos parcialmente que há
uma pequena diferença na participação política eleitoral entre jovens de 16 anos e 18 anos,
os jovens com 18 anos falam mais sobre política, pelo fato de serem obrigados a votar, por
conhecer mais sobre política estão um pouco mais preparados, mas ao iniciar está pesquisa
acreditava-se que existiria uma diferença maior entre as faixas etárias. Outra constatação
foi que os jovens com 16 anos possuem maior esperança no exercício do voto, tem
expectativas com a política, e isso não pode perder-se, insisto que deve haver maior espaço
para os jovens discutir sobre política, estimulando seu senso crítico e assim formando cada
vez mais agentes sociais.
3 REFERENCIAS
NEUMANN, Laurício; DALPIAZ, Oswaldo. Constituinte vez e voz do povo. Porto
Alegre:mundo jovem, 1986.
Site RBH: http://www.focoemgeracoes.com.br/index.php/2010/01/06/falta-participacaopolitica-dos-jovens-nos-dias-atuais/
Site RBH: http://www.cinterfor.org.uy/jovenes/doc/not/libro60/vii/i/index.htm
MARTINS, Heloisa T. de Souza.Metodologia qualitativa de pesquisa. In. Educação e
pesquisa, São Paulo, V. 30, n. 2, Maio/Agosto de 2004, p. 289-300.
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