DESORDENS ALIMENTARES: PANORÂMA GERAL DESORDENS

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Dr. Luiz Carlos Bertoni - CRM-PR 5779
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DESORDENS ALIMENTARES: PANORÂMA GERAL
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O trato gastrintestinal (TGI) tem a função principal de absorver
os nutrientes necessários ao organismo e eliminar os dejetos. O TGI é
também uma parte fundamental do sistema imune e sua importância
aumentou significativamente com as pesquisas nos últimos anos.
Durante a vida de um individuo a mucosa intestinal interage com
inúmeras substâncias da alimentação como, as proteínas
alimentares e microorganismos (bactérias, fungos e vírus). O TGI
normal tem a função de selecionar os nutrientes essenciais para
manutenção da vida e simultaneamente eliminar proteínas da dieta
com potencial de produzir alergia alimentar (AA).
O sistema imune gastrintestinal é o limite entre a saúde e a
doença, e participa ativamente da fisiopatologia da doença alérgica
por meio do seu principal constituinte imune que é o tecido linfóide
associado á mucosa.
COMO O AMBIENTE INFLUE
Muitos trabalhos científicos mostram evidências que o poder
sócio-econômico influencia diretamente nos aparecimentos de doenças
alérgicas. As crianças de famílias pobres têm mais infecções
bacterianas do que as crianças de famílias ricas, porem as crianças
de famílias ricas têm mais doenças alérgicas do que as crianças de
famílias pobres.
Outro aspecto importante são as diferenças observadas entre
crianças residentes em fazenda e na cidade. As crianças que vivem
no ambiente rural têm menos alergias do que aquelas que vivem na
cidade e esta “proteção” se estendem até a vida adulta.
TIPOS DE ALERGIA
As reações adversas aos alimentos incluem um grupo de
doenças semelhantes que compreendem reações anormais associadas
à ingestão de alimentos.
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• Alergia alimentar (AA) é resultante de uma reação inapropriada
do sistema imunológico do organismo à ingestão de alimentos
que não causam efeitos adversos na maioria das pessoas.
Estima-se que atinge 5% das crianças e 2% da população
adulta.
• Intolerância alimentar metabólica (IAM) resulta da incapacidade
do organismo de digerir adequadamente um componente de um
alimento. A intolerância pode ocorrer por deficiência enzimática,
redução da superfície de absorção do intestino e infecção.
• Intolerância
alimentar
emocional
(IAE)
relaciona-se
a
incapacidade do organismo de digerir um determinado alimento.
É uma reação mais lenta do corpo levando vários dias para se
manifestar e a pessoa não consegue perceber a relação de causa
e efeito. Os sintomas deste tipo de intolerância variam muito tais
como, artrite, distúrbios digestivos, infecções de repetição, dores
de cabeça, doenças de pele, fadiga crônica, etc.
ÓRGÃOS AFETADOS PELAS DESORDENS ALIMENTARES
Descreverei as alergias e as intolerâncias alimentares mais
freqüentes que afetam as pessoas. Abaixo um resumo para que
você tenha uma idéia panorâmica e melhor se situe. Farei a
diferenciação entre alergia e intolerância alimentar e na seqüência
escreverei sobre a intolerância alimentar emocional. As reações
provocadas pelo IgE (anticorpo da alergia) ocorrem entre 5
minutos e 2 horas, sendo a resposta mais freqüente.
REAÇÕES PROVOCADAS POR ANTICORPOS IgE
MECANISMO
IMUNOLÓGICO
SISTEMA
LINFÓIDE
AFETADO DA:
ORGÃO-ALVO
MUCOSA
INTESTINAL
TRATO
GASTRINTESTINAL
PELE
PELE
NASOFARINGE
NASOFARINGE
MUCOSA
BRÔNQUICA
TRATO RESPIRATÓRIO
IgE
(Anticorpo da
alergia)
DOENÇA
Choque anafilático;
Hipersensibilidade
gastrintestinal imediata;
Síndrome de alergia
oral;
Urticária;
Angioedema;
Rinite;
Sinusite;
Otite serosa;
Broncoespasmo;
Asma;
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As Alergias Alimentares também podem ocorrer por meio de
células especializadas, os linfócitos T e macrófagos. Abaixo um
resumo para que você tenha uma idéia panorâmica e melhor se situe.
As reações da hipersensibilidade tardia ocorrem após 8 horas da
ingestão do alérgeno alimentar, é uma resposta menos freqüente.
REAÇÕES PROVOCADAS POR CÉLULAS
MECANISMO
IMUNOLÓGICO
CELULAR
(não-IgE)
SISTEMA LINFÓIDE
AFETADO DA:
ORGÃO-ALVO
MUCOSA
INTESTINAL
TRATO
GASTRINTESTINAL
PELE
MUCOSA
BRÔNQUICA
SISTEMA NERVOSO
PELE
TRATO RESPIRATÓRIO
SISTEMA NERVOSO
DOENÇA
Doença celíaca;
Enteropatia ao leite de
vaca;
Enterocolite, proctocolite e
proctite induzida pelas
proteínas da dieta;
Colite do leite materno;
Dermatite herpetiforme
Síndrome de Heiner;
Distúrbios do
comportamento;
As Alergias Alimentares também podem ser mistas envolvendo
células especializadas (linfócitos T e macrófagos) e anticorpos
(IgE). Abaixo um resumo para que você tenha uma idéia panorâmica
e melhor se situe.
REAÇÕES MISTAS
MECANISMO
IMUNOLÓGICO
MISTA
(Celular e IgE)
SISTEMA LINFÓIDE
AFETADO DA:
ORGÃO-ALVO
MUCOSA
INTESTINAL
TRATO
GASTRINTESTINAL
PELE
MUCOSA
BRÔNQUICA
PELE
TRATO RESPIRATÓRIO
DOENÇA
Esofagite eosinofilica;
Gastrenterite eosinofílica;
Refluxo Gastresofágico;
Dispepsia;
Pseudo-obstrução;
Constipação;
Dermatite atópica
Asma brônquica induzida
pela Alérgica Alimentar
DIFERENÇA ENTRE ALERGIA E INTOLERÂNCIA ALIMENTAR
É importante diferenciar a alergia alimentar da intolerância, para
melhor entendimento, vou usar o leite de vaca como referência.
Quando focamos na alergia alimentar estamos referimos as proteínas
do leite (caseína e β-lactoalbumina), e assim, numa pessoa sensível o
sistema imune desenvolve anticorpos da alergia (IgE) anti-proteínas
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e estes são os responsáveis pelo desencadeamento das crises
alérgicas.
Na intolerância alimentar o açúcar (lactose) do leite que não é
absorvido pelos intestinos pela falta da enzima lactase. A lactose não
sendo desdobrada em glicose e galactose não é absorvida pelo trato
digestivo. A presença de lactose no tubo digestivo atrai água e em
presença das bactérias intestinais fermentam e a conseqüência é
diarréia e vômitos. A diarréia e vômitos estão presentes tanto na
intolerância como na alergia.
QUADRO CLÍNICO
O quadro clínico da Alergia Alimentar (AA) e da Intolerância
Alimentar metabólica (IAM) são muito parecidos, pois ocorrem
diarréia, vômitos e náuseas, dores abdominais e dificuldade de
aumentar o peso corpóreo. O que diferencia um do outro é que na AA
podem ocorrer manifestações como, urticária, angioedema (inchaço de
lábios, pálpebras, pênis e outras partes do corpo), chiado no peito e
nos casos graves choque anafilático. Estas manifestações estão
ausentes na IAM.
Quando uma criança apresenta diarréia, vômitos e dificuldade de
aumentar o peso procure seu médico para fazer o diagnóstico, e
assim, melhor conduzir o caso. Lembrando que o médico deve levar
em conta os aspectos nutricionais para o desenvolvimento físico e
mental da criança.
DIAGNÓSTICO
A história clínica é o guia para esclarecimento das desordens
alimentares. 1) O RAST é um exame “in vitro” feito em laboratório.
Colhe-se sangue do paciente para pesquisar a presença de anticorpos
IgE (anticorpos da alergia) específicos para o alimento suspeito de
provocar a reação alérgica. 2) O teste cutâneo (Prick test) é um teste
“in vivo” feito na superfície da pele do cliente usando os alérgenos dos
alimentos suspeitos. Leitura feita 15-20 minutos após, sendo
considerada reação positiva (pápula de 3 mm ou maior) no local do
teste. Devido aos diversos tipos de pele, a leitura é feita comparando o
controle positivo (histamina) com o controle negativo (solução
fisiológica).
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As reações cruzadas ocorrem entre diferentes alimentos, mesmo
os testes cutâneos demonstrando a sensibilização alérgica (IgE), mas
sem correlação com as manifestações clínicas. Os testes alérgicos
geralmente apontam os alimentos suspeitos de causar alergia naquele
paciente. Quando houver correlação direta da ingestão do alimento e o
surgimento das manifestações clínicas, ai sim, o teste positivo pode
ser considerado como diagnóstico da alergia.
Quando a relação entre a ingestão e as manifestações clinicas
não são evidentes é necessário confirmar por meio do teste de
provocação oral. Este teste deve ser feito em ambiente hospitalar
dependo da gravidade das reações provocadas pelo alimento e por
médico treinado neste tipo de procedimento.
TRATAMENTO
A conduta básica do tratamento da AA e IAM é a exclusão do
alimento provocador da desordem alimentar. Se o alimento for
importante na dieta alimentar da pessoa, deve-se substituir por outro
alimento de igual valor nutricional.
A principal orientação aos responsáveis é habituar-se a ler
rótulos para identificar alimentos que possam desencadear as
manifestações desagradáveis e familiarizar com os nomes técnicos e
científicos dos rótulos. Exemplo: quando uma criança alérgica ao leite
de vaca quer comer uma bolacha salgada, muitas vezes os
responsáveis nem imaginam que pode conter leite. Quando no rótulo
está escrito: caseína e soro entre os ingredientes. Neste caso os
responsáveis devem saber que a caseína e o soro são derivados do
leite de vaca. Alguns pacientes podem sofrer reações graves porque o
produto mudou a formulação, incluindo ingrediente ao qual a pessoa é
alérgica. Este fato mostra a importância de ler os rótulos com
freqüência e a necessidade de educar os responsáveis e ser for o caso
a pessoa alérgica.
Outro fator importante os amigos e familiares devem estar
preparados para emergências, principalmente o choque anafilático.
SOCORRO
As reações alérgicas alimentares apresentam sintomas mais
relacionados ao aparelho digestivo, algumas pessoas podem
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apresentar reações graves que necessitam de tratamento imediato.
Nestes casos se recomenda que tenha a mão anti-histamínicos e/ou
injeções de adrenalina 1/1000 para ser utilizado em casos de
problemas respiratórios e outra reações alérgicas graves, tais como o
choque anafilático.
AS DÚVIDAS E PERGUNTAS DEVERÃO SER LEVADAS AO SEU ALERGISTA PARA ESCLARECIMENTO.
IMPORTANTE
As informações disponíveis no site www.alergiarespiratoria.com.br possui
caráter informativo e educativo. No caso de consulta procurar seu médico de
confiança para diagnóstico e tratamento.
Dr. Luiz Carlos Bertoni
Alergista - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI)
Membro - World Allergy Organization (WAO)
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