MIOCARDIOPATIA DILATADA PERIPARTO: RELATO DE

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MIOCARDIOPATIA DILATADA PERIPARTO: RELATO DE CASO EM
UM HOSPITAL DO OESTE DO PARANÁ
Katia Mazzaro Cassolato1, Elisangela Lourdes Artifon1, Aline Evans de Oliveira
Bonfim1, Janaína Cristina Scalco 1, Cláudia Rejane Lima de Macedo Costa2, Erica
Fernanda Osaku2
Introdução: A Miocardiopatia Periparto é definida como miocardiopatia de padrão dilatadocongestivo. É uma patologia rara, de etiologia desconhecida, caracterizada pelo
desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) no último mês de gravidez ou
até cinco meses pós-parto; diminuição da função sistólica ventricular esquerda; ausência de
cardiopatia prévia; exclusão de outras causas de ICC. Dentre os fatores de risco estão: idade
materna acima de 30 anos, multiparidade, descendência africana, gemelaridade, história de
pré-eclâmpsia, eclâmpsia e hipertensão pós-parto, além de terapia a longo prazo (maior que 4
semanas) com agonistas β-adrenérgicos, como terbutalina. Frequentemente, os sintomas
iniciais são dispnéia, dispnéia paroxística noturna, tosse e hemoptise. Sintomas como astenia,
desconforto torácico e dor abdominal confundem o diagnóstico, já que podem ocorrer em uma
gestação normal. Os sintomas que ocorrem tardiamente são edema periférico, hepatomegalia e
ascite, refletindo um pior prognóstico. O desfecho é bastante variável, o prognóstico é
baseado no tamanho e na disfunção ventricular esquerda dentro de seis meses pós-parto e
também na apresentação inicial. Alguns estudos mostram que a disfunção ventricular
esquerda torna-se persistente em 50% das pacientes, resultando em uma mortalidade de 85%
em cinco anos. A Organização Mundial de Saúde definiu que a insuficiência cardíaca é uma
das prioridades entre as enfermidades que necessitam de atenção dos setores de saúde em todo
o mundo. Apesar dos progressos médicos, a prevalência da doença aumentou nas últimas
cinco décadas e, ainda hoje, a mortalidade pode ultrapassar 50% em cinco anos, a partir do
momento do seu diagnóstico. Segundo os dados do Sistema Único de Saúde, cerca de 398 mil
internações por ICC no ano de 2000, evoluíram com 26 mil mortes. Essas internações
correspondem a mais de 30% das internações e consumiram 33% dos gastos com doenças do
aparelho circulatório. A fisioterapia deve ser programada para os pacientes com ICC
descompensada, sendo restrita ao leito, evitando-se a imobilidade física e com isso
descondicionamento da musculatura esquelética e ao aumento à intolerância ao esforço.
Deve-se, então, realizar movimentos de tornozelos (flexo-extensão e circundação) e de mãos e
punhos, com aumento progressivo para movimentos que envolvam maiores grupos
musculares de acordo com sua melhora clínica. Outro fator importante é a manutenção
adequada da saturação de oxigênio, seja por meio de cateter nasal de oxigênio ou máscara de
Venturi. Os exercícios de respiração profunda devem ser estimulados a fim de manter uma
boa ventilação pulmonar. O tratamento fisioterapêutico tem por objetivo diminuir os sintomas
e manter a capacidade funcional suficiente para as atividades diárias. Objetivo: realizar um
estudo de caso, de uma paciente internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital
Universitário do Oeste do Paraná, com Miocardiopatia Dilatada Periparto associada à ICC
descompensada. Materiais e método: Este estudo foi realizado no Hospital Universitário do
Oeste do Paraná (HUOP) em Cascavel-PR. Para coleta de dados, foi realizada uma pesquisa
nos prontuários de internações anteriores arquivados no Serviço de Apoio Médico Estatístico
(SAME) e dados coletados durante a internação da paciente na unidade de terapia intensiva
(UTI) do HUOP em abril e maio de 2010. As informações sobre histórico e evolução durante
internamento foram obtidas a partir das avaliações e evoluções médicas e da equipe de
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Graduanda em Fisioterapia – UNIOESTE – [email protected] – (45)9984-0263.
Docente do curso de Fisioterapia – UNIOESTE.
enfermagem. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 14 anos, primigesta, pré-natal sem
intercorrências, sem cardiopatia prévia ou uso de drogas, natural do Brasil, procedente de São
João d’Oeste-PR, solteira. Admitida no HUOP dia 15/09/2008 com gestação de 38 semanas,
apresentando pressão arterial de 160/120mmHg, relatando não ter picos hipertensivos durante
o período gestacional. Foi submetida a parto normal com uso de fórceps, evoluindo horas
após com taquicardia, hipotensão, seguido de choque hipovolêmico. Diagnosticado DHEG
(Doença Hipertensiva Específica da Gestação) quatro dias pós-parto, com pressão arterial de
difícil controle. Recebeu alta dia 23/09/2008 com as seguintes medicações: neozine, captopril,
hidroclorotiazida e hidrazalina. Após dois meses, paciente procura atendimento médico no
hospital de sua cidade no dia 20/11/2008, relatando história de dor abdominal em região
epigástrica de forte intensidade iniciada há um mês, associada a quadro de aumento de
volume abdominal e episódios de vômitos alimentares. No momento apresentava-se ictérica,
dispnéica, com edema em membros inferiores e face, com importante quadro de distensão
abdominal, sendo transferida para UTI do HUOP após cinco dias. Durante a internação foi
realizado ecocardiograma onde obteve-se os seguintes resultados: FE 17%; VE 67 ml;
insuficiência mitral moderada e insuficiência tricúspide leve; hipocinesia moderada de VD e
presença de trombo em VE, concluindo Miocardiopatia Dilatada Periparto. Evidenciou-se
através de ultra-som abdominal hepatomegalia homogenia, ascite volumosa e homogenia e
derrames pleurais bilaterais. Paciente é admitida no HUOP dia 29/07/2009 com Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC) Descompensada, relatando dispnéia aos mínimos esforços,
associada à tosse produtiva e edema de membros inferiores e abdômen há 15 dias. Evoluiu
com melhora do quadro clínico recebendo alta após seis dias, sem alterações na medicação de
uso contínuo. Foi novamente admitida no pronto socorro do HUOP dia 22/04/2010 com
sintomas de ICC descompensada decorrente de Miocardiopatia Dilatada Periparto, onde
permaneceu internada. Apresentou piora do quadro, com hipoglicemia e turgência jugular
bilateral, sendo transferida dia 29/04/2010 para UTI, onde iniciou o uso de dobutamina,
permanecendo estável hemodinamicamente, mantendo abdômen globoso e hipotensão
arterial. Paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica a partir do dia 09/05/2010, onde se
encontrava com pressão arterial oscilante, picos febris e leve taquicardia. Apresentou icterícia,
intoxicação digitálica e insuficiência renal nos dias seguintes. No dia 17/05/10, apresentou
exames laboratoriais alterados (Na: 123; K: 5,6; Bd: 3,47; Hb: 16,9; Ht: 46,5; Plaquetas:
119.000; Leucócitos: 14.800; Creatina: 1,8). Neste dia paciente sofreu uma Parada
Cardiorespiratória (PCR), revertida após massagem e desfibrilação. Foi sedada
(dormonid/fentanil), entubada, iniciado noradrenalina e dobutamina, sendo necessário
aumento da vazão da noradrenalinda até 70ml/hr. Dois dias após, nova parada
cardiorespiratória. Foi reanimada, com manutenção da sedação e uso de drogas vasoativas.
Paciente evoluiu com diminuição da freqüência cardíaca e novamente parada
cardiorespiratória, foi tentada reanimação sem sucesso, evoluindo para óbito no dia
22/05/2010. Conclusão: A miocardiopatia periparto é uma doença rara, de etiologia ainda
por esclarecer, sendo o diagnóstico considerado um desafio clínico. Deve-se ressaltar que o
diagnóstico precoce e o manejo adequado são crucias para o benefício da paciente. Uma vez
estabelecido, impõe-se a instituição imediata da terapêutica médica, com o objetivo de
otimizar o prognóstico.
Palavras-chave: miocardiopatia, insuficiência cardíaca congestiva, unidade de terapia
intensiva.
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Graduanda em Fisioterapia – UNIOESTE – [email protected] – (45)9984-0263.
Docente do curso de Fisioterapia – UNIOESTE.
Referências
1. Cnac, A.; Simonoff, M.; Moretto, P.; Djibo, A. A low plasma selenium is a risk factor for
peripartum cardiomyopathy. A comparative study in Sahelian Africa. Int J Cardiol 1992;
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cuidados. Barueri-SP: Manole Ltda, p. 257-268, 2002.
3. Ho, KKL; Pinsky, JL; Kannel, WB; Levy, D. The epidemiology of heart failure: the
Framingham study. Journal of the American College of Cardiology, v. 22, p. 6A-13A,
1993.
4. Hsieh, CC.; Chiang, CW.; Hsieh, TT.; Soong, YK. Peripartum cardiomyopathy. Jpn Heart
J 1992; 33: 343-9
5. Massie, BM.; Packer, M. Congestive heart failure: current controversies and future
prospects. American Journal of Cardiology, v. 66, p. 429-30, 1990.
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