Brasil e Minas sofrem os efeitos da desaceleração da China

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Ano 1 | Número 27 | Terça, 8 de setembro de 2015
Hoje em Dia
Brasil e Minas sofrem os efeitos da
desaceleração da China
E a indústria, no geral, segue sem conseguir exportar produtos manufaturados, com
maior valor agregado
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A desaceleração econômica da China e o tsunami que atingiu o mercado acionário do gigante asiático, com
reflexos em todo o mundo, colocam em evidência – de novo – um velho problema da economia brasileira e
mineira: a extrema dependência de commodities. Após anos surfando no crescimento chinês, o país e o
Estado não fizeram o dever de casa. E a indústria, no geral, segue sem conseguir exportar produtos
manufaturados, com maior valor agregado.
Agora que os preços do minério de ferro despencaram e o apetite chinês pelo produto foi reduzido, está mais
uma vez exposta a fragilidade e a pouca competitividade do setor industrial. De janeiro a julho deste ano, as
exportações mineiras para a China, principal parceiro comercial, encolheram 45%, saindo do patamar de US$
5,5 bilhões para US$ 3,06 bilhões. As vendas de minério corresponderam a mais de 80% de toda mercadoria
que saiu do território mineiro para lá.
E as perspectivas não são nada animadoras. O PIB que já cresceu mais de 10% ao ano deve fechar 2015,
segundo estimativa do governo chinês, com expansão perto de 7%. Mas analistas do próprio país já falam em
algo em torno de 5% ou 6%. “O problema é que a China ainda é um país muito fechado, onde as informações
não são transparentes. E esse fato só alimenta o cenário de incerteza e as preocupações do outro lado do
mundo”, diz o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de
Souza.
Entre meados de junho e o fim de julho, a Bolsa de Xangai perdeu quase 30% do valor, levando o governo a
adotar medidas drásticas, como seguidas desvalorizações da moeda nacional, o iuane, para acalmar o
nervosismo dos mercados. No entanto, as decisões foram interpretadas por alguns investidores como um sinal
de que os problemas enfrentados pela economia chinesa são mais sérios do que se imaginava.
Por lá, também está em andamento uma mudança do modelo econômico de desenvolvimento. Conforme
explica o especialista em Finanças Públicas e professor Fabrício Augusto de Oliveira, desde 2009, com a crise
mundial, a China atravessa um momento de transição da produção voltada para a exportação e investimentos
em infraestrutura para o fortalecimento da economia interna. E é justamente na pujança do consumo interno,
movido por um exército de 1,4 bilhão de pessoas, 500 mil na classe média, que está a esperança da retomada
do apetite do gigante asiático.
"O governo chinês colocou em curso uma reciclagem no modelo econômico. Durante anos, eles investiram
pesado em infraestrutura, mas não fizeram a distribuição de renda. Assim, construíram estradas, shoppings,
aeroportos. Mas faltam carros, passageiros e consumidores. Agora buscam um equilíbrio, mas é um percurso
demorado”, diz.
Mudança de modelo econômico abre mercado de R$ 1,4 bilhão de consumidores
Entre as intenções do governo da China está a ampliação da participação do consumo das famílias no PIB,
hoje na casa dos 30%, apenas. No Brasil, para efeito de comparação, a fatia ultrapassa 60%.
Mas a mudança na economia chinesa implica, necessariamente, melhores salários e políticas mais
sustentáveis de emprego, afirma o vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais
(Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen. E é aí que Minas e o Brasil podem se beneficiar.
“Poderemos passar a vender carne de boi, de porco e leite para os chineses, que terão mais renda e dinheiro
para gastar. Mas para isso é preciso estabelecer um plano para agregar valor aos produtos”, diz.
Menos otimista, o professor do Ibmec Reginaldo Nogueira não enxerga um cenário favorável adiante. “A
China, que era a salvação, trouxe um fator externo complicado. Brasil e Minas ficaram viciados em preço e
commodities. Só que esse tempo passou. E crescimento de 5,5% na economia chinesa é como uma tragédia
para o país e para o Estado”, avalia.
Formiguinha
À exceção de minério de ferro, soja e ferro-ligas, os outros produtos “made in Minas” que chegam à China
são fruto de um trabalho formiguinha.
“Ainda é micro, mas estamos nos preparando para aproveitar a oportunidade desse novo mercado chinês”, diz
o consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre Brito.
Segundo ele, existe um projeto com 15 empresas de alimentação e couro para vender para a China no médio
prazo.
Diretor da Câmara Chinesa de Comércio Brasil, Fernando Mourad aposta no crescimento da demanda dos
chineses por produtos e serviços.
“Eles irão se tornar no futuro um grande mercado consumidor. Mas é preciso investir e ser competitivo para
tirar proveito”, diz.
Hoje, além de minério, ele destaca mel, própolis e café e derivados como produtos que chegam até lá. A
mineira Pharma Néctar está confiante na conquista de mercado na China em 2016.
“Hoje há mais abertura. Estamos em negociação com mais de 10 empresas”, revela o responsável pelas
exportações da marca, Ricardo Scariot.
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