PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - I E II GUERRAS

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Verbete PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, uma das mais sangrentas e dispendiosas guerras
da história moderna, tendo sido superada apenas pela Segunda Guerra Mundial.
Dois tiros de pistola assinalaram o início do conflito. Um armistício entre as
nações envolvidas pôs fim às hostilidades quatro anos depois.
Pouco antes do meio-dia de um domingo, 28 de junho de 1914, uma multidão
reuniu-se em Sarajevo, capital da província austríaca da Bósnia, para ver o
arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, e sua mulher Sofia.
Subitamente um homem saltou para o estribo do carro real e disparou uma
pistola. Dois tiros
alvejaram Ferdinando e um atingiu Sofia, que tentava protegê-lo. Ambos
morreram quase imediatamente. O assassino era Gavrilo Princip, um jovem
estudante bosniano
que vivera na Sérvia; pertencente a um grupo nacionalista sérvio, conhecido
como Mão Negra, que atuava com base nos atentados terroristas.
A Áustria-Hungria suspeitou que seu pequeno vizinho, a Sérvia, aprovara a
conspiração para matar Ferdinando. Por esse motivo declarou guerra à Sérvia em
28 de julho
de 1914. Em cerca de 30 de outubro, as potências centrais, conhecidas como
Tríplice Aliança - Áustria-Hungria, Alemanha e Império Otomano, além da Itália
que no
início da guerra abandonou a Aliança - estavam em guerra com os países da
Tríplice Entente - Bélgica, França, Grã-Bretanha, Rússia e Sérvia. Outros países
mais tarde
entraram no conflito.
Um único ato - o assassinato de Ferdinando - marcou o início da guerra. Mas
foram várias as causas principais da Primeira Guerra Mundial. Dentre elas
estavam o crescimento
do nacionalismo, em toda a Europa; como no caso do Revanchismo francês
contra a Alemanha; o sistema de alianças militares que gerou um equilíbrio de
poderes, a disputa
pelas colônias e outros territórios, e o uso da diplomacia secreta; e a disputa nos
Balcãs, que envolvia o expansionismo sérvio sobre territórios turcos e
austriacos.
No início da guerra, a Áustria-Hungria e a Alemanha planejavam conquistar
novos territórios e colônias. Conquistaram as primeiras vitórias nas frentes
ocidental
e oriental. Mas na primeira grande batalha do Marne, em setembro de 1914, os
Aliados de tiveram o avanço alemão, pondo fim às possibilidades de a Alemanha
conquistar
uma rápida vitória. Os exércitos adversários adotaram a guerra de trincheiras. Os
Aliados bloquearam a Alemanha e tomaram suas colônias.
Os E.U.A. tentaram permanecer neutros nos primeiros anos da guerra, seguindo
a sua política diplomática do isolacionismo; porém apoiava logisticamente a
Entente.
Os norte-americanos voltaram-se contra as potências centrais quando tomaram
conhecimento dos afundamentos de navios de passageiros desarmados por
parte de submarinos
alemães e das atrocidades cometidas pelos alemães contra os civis; além de um
possível apoio alemão para a retomada de terras mexicanas em territórios norteamericanos.
A entrada dos E.U.A., em 1917, na guerra elevou o moral das tropas aliadas e um
armistício pôs fim ao conflito em 11 de novembro de 1918. Grande parte da
guerra
se desenvolveu em combates corpo a corpo entre os maiores exércitos já vistos
até então; o que ficou conhecido como a fase da Trincheira. Armamentos novos e
aperfeiçoados
forneceram a ambos os lados máquinas mais eficientes para matar o inimigo.
Veículos mecanizados - tanques, caminhões, automóveis e motocicletas imprimiram maior
velocidade aos combates em terra. Pela primeira vez, aviões e dirigíveis
combateram no ar e bombardearam soldados e civis. Submarinos torpedearam
navios mercantes
inesperadamente. Mais de cinco milhões de soldados da Entente e mais de
3.300.000 soldados da Tríplice Aliança morreram vítimas de ferimentos, doenças
e outras causas.
Ao todo, os quatro anos de guerra custaram mais de 337 bilhões de dólares.
Os acordos de paz firmados após a guerra modificaram a divisão territorial do
mundo. Novos governos surgiram na Áustria, Tchecoslováquia, Estônia,
Finlândia, Alemanha,
Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Rússia, Iugoslávia e vários países da Ásia
ocidental. Mas a Primeira Guerra Mundial não resolveu os problemas do mundo.
O acordo
de paz que dela resultou criou condições para que o mundo entrasse em outra
guerra menos de 20 anos depois.
Causas da Guerra. As causas principais da Primeira Guerra Mundial remontam ao
início do séc. XIX. Os povos dominados por outros países começaram a
desenvolver sentimentos
nacionalistas. Os países se agruparam em alianças militares rivais para levar
adiante seus próprios objetivos; disputavam a posse de colônias e outras terras.
Finalmente,
os governos agravaram as relações internacionais adotando a diplomacia
secreta.
Nacionalismo. A Revolução Francesa de 1789 despertou um novo sentimento de
nacionalismo. Os povos de língua francesa, alemã, italiana e outros começaram a
sentir
que cada um deles deveria ter um governo nacional independente, em um país
onde todos falassem o mesmo idioma.
Depois que as guerras napoleônicas terminaram, em 1815, os diplomatas no
Congresso de Viena traçaram as fronteiras da Europa de modo a satisfazer seus
dirigentes.
Freqüentemente separaram povos da mesma nacionalidade colocando-os em
países diferentes, ao invés de unidos.
Algumas decisões do Congresso de Viena provocaram violência e algumas
insatisfações nacionais. No fim da Guerra I Franco-Prussiana, em 1871, por
exemplo, a Alemanha
anexou a província da Alsácia e a maior parte da Lorena, que pertenciam à
França. Os franceses passaram a aguardar uma oportunidade para recuperar
essas províncias.
A Áustria-Hungria dominava territórios que vários de seus vizinhos julgavam que
deviam pertencer a eles. A Sérvia, uma nação eslava, desejava a posse das
províncias
da Bósnia e Herzegovina porque precisava de uma saída para o mar; que
interessava também a Rússia; e também porque muitos eslavos ali viviam. A
Itália queria tomar
o Trentino e Trieste da Áustria-Hungria porque muitos italianos viviam nessas
terras. Os tchecos e os eslovacos desejavam também libertar-se do domínio
austro-húngaro.
Povos de várias nacionalidades viviam na Rússia, como, por exemplo, os
estonianos, finlandeses, letões, lituanos e poloneses. Também desejavam
liberdade. Na península
dos Balcãs - muitas vezes chamada de paiol de pólvora da Europa por causa de
várias pequenas guerras - os búlgaros, gregos, romenos, sérvios e outros povos
ressentiam-se
dos longos anos de desagregação do Império turco e da interferência de outros
países.
Os líderes do Congresso de Viena poderiam, se quisessem, ter atendido aos
anseios nacionais de vários povos da Europa central e oriental. Mas decidiram o
contrário.
Alguns países tinham cultos de guerra. Os membros desses grupos por vezes
insultavam os povos vizinhos, que prontamente se ofendiam. Os provocadores
de guerras zombavam
da maneira de agir dos povos estrangeiros. Geralmente os jornais
sensacionalistas ajudavam a difundir sua propaganda. Alguns líderes alemães
pregavam energicamente
a expansão comercial e política para o leste, especialmente na Ásia. Chamavam
essa política expansionista de Drang nach Osten, ou seja, o avanço para o leste.
As Alianças Militares revelaram-se como uma das causas principais da Primeira
Guerra Mundial. Depois que unificou o império alemão em 1871, o chanceler Otto
von
Bismarck esperava um período de paz internacional. Bismarck sentiu que o
desejo da França de recuperar a Alsácia-Lorena poderia ser a principal ameaça à
paz e procurou
formar alianças cujo apoio desencorajasse um ataque à Alemanha por parte de
outras nações.
A Tríplice Aliança. Em 1883, a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália assinaram um
tratado chamado Tríplice Aliança. O tratado destinava-se a proteger seus
membros contra
um ataque da França ou da Rússia. A Alemanha e a Itália temiam a França, e a
Alemanha e a Áustria-Hungria temiam a Rússia.
Os três membros da aliança formavam um bloco poderoso na Europa central.
Mas a Áustria-Hungria e a Itália não eram verdadeiros aliados, pois disputavam
um território
cuja posse a Itália reivindicava. Ambos os países disputavam o domínio do mar
Adriático. Quando começou a guerra em 1914, a Itália não agiu de acordo com os
termos
da aliança, pois assinara um tratado em segredo com a França em 1902. Por essa
razão, permaneceu neutra durante algum tempo e depois declarou guerra à
Áustria-Hungria.
A Entente Cordiale. Após a formação da Tríplice Aliança, os outros grandes
países da Europa viram-se em desvantagem. No caso de uma crise internacional,
a Grã-Bretanha,
França e Rússia teriam de agir isoladamente, mas os países da Tríplice Aliança
poderiam agir juntos. Em 1894, a França assinou uma aliança defensiva com a
Rússia.
Somente a Grã-Bretanha permanecia então isolada, tendo de enfrentar a
crescente rivalidade comercial e naval com a Alemanha. Em 1904, a Grã-Bretanha
e a França chegaram
a uma entente cordiale, ou entendimento amigável. Pelos termos desse acordo,
ambos os países resolveram suas várias divergências em relação às colônias e
tornaram-se
parceiros diplomáticos.
A Tríplice Entente. Em seguida, a França conseguiu unir a Grã-Bretanha e a
Rússia. Em 1907, essas duas nações assinaram a entente anglo-russa,
semelhante à entente
cordiale. O novo acordo unindo a França, Rússia e Grã-Bretanha foi chamado de
Tríplice Entente.
Disputas Internacionais. Agora a Europa estava dividida em dois campos
armados: a Tríplice Aliança contra a Tríplice Entente. Cada grupo atraiu para o
seu lado uma
série de pequenos aliados. Qualquer disputa entre dois países europeus poderia
rapidamente envolver todas as seis grandes potências.
Uma importante disputa dizia respeito ao Marrocos, "a pérola da África do Norte".
Entre 1905 e 1912, por várias vezes, a França esteve prestes a entrar em guerra
com a Alemanha por causa do domínio dessa vasta e rica região; além disso
essas duas nações disputavam as regiões de Alsácia e Lorena, dominadas pela
Alemanha, após
a vitoriosa campanha na Guerra Franco Prussiana. A Bósnia e a Herzegovina
eram outros pontos problemáticos. A Áustria-Hungria ocupara essas antigas
províncias turcas
em 1878 e as anexara formalmente em 1908. A Rússia prometeu de antemão que
não se oporia à anexação. Por sua vez, a Áustria-Hungria concordou em apoiar o
desejo
da Rússia de obter livre trânsito para seus navios de guerra nos estreitos de
Constantinopla. Mas a Rússia não conseguiu que os outros grandes países
aprovassem
o seu plano de abrir os estreitos. Tentou, então, fugir à humilhação insistindo em
uma conferência internacional para confirmar a ação da Áustria-Hungria. Quando
esta recusou concordar, a guerra parecia próxima. Mas a França ainda não
estava pronta para apoiar a Rússia em uma disputa balcânica. A Alemanha,
porém, mostrou-se
desejosa de apoiar a Áustria-Hungria. Finalmente a Rússia desistiu da
conferência, mas encorajou os sérvios a tomarem a Bósnia e a Herzegovina da
Áustria-Hungria.
Ocorreram então as guerras balcânicas de 1912 e 1913. Os países balcânicos
lutaram pela posse de mais territórios, primeiro contra a Turquia e depois entre
si. Essas
guerras enfraqueceram o aliado da Alemanha, o Império Otomano (atual Turquia)
e duplicaram o tamanho do inimigo da Áustria-Hungria, a Sérvia.
Disputa Pelas Colônias. Grande parte da história do período compreendido entre
o final do séc. XIX e o início do séc. XX refere-se à rivalidade comercial. As
grandes
potências tornavam-se cada vez mais industrializadas; disputavam mercados
onde pudessem vender ou trocar seus produtos e lutavam pela posse de fontes
de matérias-primas.
Tentavam descobrir e monopolizar lugares onde investir dinheiro. Competiam
por novas fontes de alimentos, por novas regiões para colonizar e por bases no
ultramar
onde pudessem abastecer seus navios. Até mesmo as rivalidades missionárias
desempenharam um papel importante na expansão durante esse período. Os
ingleses estavam
particularmente preocupados com a expansão colonial alemã. O crescimento da
esquadra alemã ameaçava a supremacia inglesa nos mares. Os russos
esperavam dominar os
Balcãs.
Diplomacia Secreta. As nações do mundo não tinham nessa época qualquer
organização internacional para ajudar a resolver suas disputas. Por vezes todos
os ministros
de um governo não sabiam que alguns de seus colegas haviam firmado acordos
secretos com outros países. Geralmente o governo não mantinha o legislativo
inteiramente
a par desses acordos secretos. O ministro do Exterior da Grã-Bretanha, Sir
Edward Grey, por exemplo, garantiu à França em 1912 o auxílio naval de seu país
em caso
de guerra, mas não informou ao Parlamento que fizera tal promessa.
A tensa situação internacional levou o embaixador alemão na França, Wilhelm
von Schoen, a declarar em 1914: "A paz permanece à mercê de um acidente".
Esse acidente
ocorreu em 28 de junho, quando Gavrilo Princip assassinou o arquiduque
Francisco Ferdinando em Sarajevo.
Homens, Frentes de Batalha e Estratégia. No início da Primeira Guerra Mundial, a
França e a Alemanha possuíam os exércitos mais importantes. As potências
centrais
conquistaram a maioria das primeiras vitórias. Mas os Aliados tinham tempo e
recursos a seu favor e venceram as batalhas finais. A Alemanha planejava
subjugar a
França e depois ajudar a Áustria-Hungria a esmagar a Rússia. Os Aliados
pretendiam derrotar as potências centrais pelo leste e oeste.
Homens e Armas. No início da guerra, a Alemanha contava com a maior e mais
bem equipada força de combate da Europa. Suas tropas eram mais bem
treinadas e sua artilharia
- especialmente as armas de maior calibre - era superior. As potências centrais
formavam um sólido bloco terrestre. Tinham inimigos ao redor, mas não entre
elas.
Podiam enviar provisões e reforços para qualquer frente de batalha. As potências
centrais chegaram a mobilizar mais de 22.800.000 homens e mulheres.
Os Aliados contavam um número bem maior de homens e recursos materiais do
que as potências centrais, levaram mais tempo que a Alemanha para mobilizar
suas tropas,
mas acabaram formando uma força superior. Mobilizaram mais de 42 milhões de
homens e mulheres durante a guerra. O exército francês tinha excelente ânimo e
alguns
bons equipamentos, mas não fora treinado para a guerra moderna. A Rússia
dispunha do maior exército, mas este era mal equipado e comandado, o exército
inglês, embora
pequeno, era bastante eficiente. A Grã-Bretanha, porém, não pôde recrutar
homens em número suficiente para empreender uma guerra total senão em 1915.
Os ingleses
e franceses encontraram dificuldade em ajudar a Rússia, porque as potências
centrais cortaram todas as rotas de abastecimento. Não obstante, a Marinha
britânica
deu aos Aliados o domínio sobre os mares, de modo que os Aliados puderam
embarcar grande parte das provisões de que necessitavam.
Chefes Durante a Guerra. Herbert H. Asquith e David Lloyd George foram
primeiros-ministros da Grã-Bretanha. Na França, ocuparam esse cargo René
Viviani, Aristide
Briand e Georges Clemenceau, e na Itália Antonio Salandra. Paolo Boselli e
Vittorio Orlando. Na Rússia reinava o czar Nicolau II. Woodrow Wilson foi
presidente dos
E.U.A. durante toda a guerra. O Kaiser Guilherme II governava a Alemanha. Após
a morte do imperador Francisco José da Áustria-Hungria, em 1916, Carlos I
tornou-se
imperador. Outros soberanos das potências centrais eram o rei Fernando I, da
Bulgária, e Mehmet V, do Império Otomano.
Os principais chefes militares dos Aliados eram os marechais Ferdinand Foch,
Joseph Joffre e Henri Philippe Pétain, da França; os marechais-de-campo Sir
John French
e Sir Douglas Haig, o almirante Sir John Jellicoe e o vice-almirante Sir David
Beatty, da Grã-Bretanha; os generais Luigi Cadorna e Armando Díaz da Itália; o
grão-duque
Nicolau Nicolaievitch, da Rússia; e o general John J. Pershing, dos E.U.A. Os
principais chefes militares das potências centrais eram os marechais-de-campo
Paul
von Hindenburg e August von Mackensen, e os generais Erich von Falkenhayn,
Erich Ludendorff e Helmuth Johannes von Moltke, da Alemanha; e o marechal-decampo Conrad
von Hotzendorf e o general Arz von Straussenberg, da Áustria-Hungria.
Frentes de Batalha. A maioria dos combates foi realizada nas frentes ocidental,
oriental e sul.
A frente ocidental tinha em sua maior extensão cerca de 970 km e ia do canal da
Mancha até a fronteira da Suíça. Os homens combatiam nas trincheiras,
separadas por
cercas de arame farpado e pela terra de ninguém.
A frente oriental estendia-se por cerca de 1.770 km, de Riga, no mar Báltico, até
as praias do mar Negro. Seu traçado era aproximadamente paralelo às fronteiras
orientais da Alemanha e Áustria-Hungria, em 1914.
A frente sul estendia-se da Suíça, ao longo da fronteira italiana, até Trieste, em
um total de aproximadamente 515 km.
Uma outra frente de batalha estendia-se ao longo do sul dos Balcãs. Foram
travados combates também no Egito, na Mesopotâmia (atual Iraque), na Palestina
nas colônias
alemãs da Ásia e África e no oceano Pacífico.
Estratégia da Guerra. O conde Alfred von Schlieffen, chefe de estado-maior
alemão planejara a estratégia básica alemã em cerca de 1905, tendo a mesma
sido modificada
em 1912. Segundo o plano de Schlieffen, os exércitos alemães deviam subjugar a
França em uma campanha rápida por meio de uma ofensiva desencadeada
através da Bélgica,
que era neutra. Em seguida os alemães planejavam vencer a Rússia e depois
obrigar a Grã-Bretanha, então isolada, a render-se. Após conquistar os Balcãs, as
tropas
alemãs invadiriam a Ásia. Von Schlieffen contava com uma guerra em duas
frentes. Mas planejava mobilizar a Áustria-Hungria e uma pequena força alemã na
Prússia oriental
para atuarem na frente oriental; a essa tática deu-se o nome de Guerra de
Movimentos.
A estratégia dos Aliados previa a ofensiva dos exércitos na Lorena logo após a
eclosão da guerra. Na frente oriental a Rússia pretendia invadir a Alemanha
através
da Prússia oriental e atacar a Áustria-Hungria na Galícia (região da Europa
central). Ela esperava avançar para oeste enquanto os exércitos aliados
marchariam para
leste.
Novas Armas e novos métodos de combate foram desenvolvidos durante a
Primeira Guerra Mundial. Em setembro de 1916, o Exército britânico usou pela
primeira vez o
tanque. A guerra poderia ter acabado mais cedo caso os ingleses tivessem
esperado contar com mais tanques até colocá-los em ação. Os alemães, a
princípio aterrorizados
com os estranhos monstros de aço, descobriram que as peças de artilharia de
campanha eram eficazes contra os mesmos. A guerra de trincheiras obrigou os
países em
luta a desenvolver granadas, morteiros e artilharia pesada. Dentre as armas em
uso, havia peças de artilharia de campanha como a alemã, de 77 mm, e a
francesa, de
75 mm, e artilharia média como o obus alemão de 5,9 polegadas. Duas peças
famosas de longo alcance eram chamadas grande Bertha. Os alemães usaram o
primeiro canhão
desse tipo contra Liège, na Bélgica, em 1914, e fabricaram o segundo em 1918
para bombardear Paris, a 121 km de distância.
O submarino foi usado em grande escala pela primeira vez. A esquadra alemã de
submarinos chegou a ameaçar a supremacia naval britânica. Mas a guerra
submarina não
conseguiu subjugar a Grã-Bretanha pela fome e o afundamento de navios
desarmados por parte dos alemães contribuiu para a entrada dos E.U.A. no
conflito ao lado dos
Aliados.
A guerra aérea também se desenvolveu durante a Primeira Guerra Mundial.
Quando explodiu o conflito, cada exército possuía várias centenas de aviões.
Estes não dispunham
de armas adaptadas e destinavam-se principalmente às tarefas de
reconhecimento. Durante a guerra, os aviões comandaram o fogo de artilharia,
fotografaram as bases
inimigas, atiraram nas tropas, distribuíram folhetos e combateram entre si. Em
cerca de 1917, os aviões de caça podiam fazer 240 km/h e os bombardeiros
podiam transportar
cerca de duas toneladas de bombas. OS alemães empregaram dirigíveis
chamados zepelins para observação e bombardeios.
Em 1915 a Alemanha usou pela primeira vez o gás venenoso. Pouco depois os
Aliados começaram a usá-lo. No início, as conseqüências foram graves, mas
ambos os lados
desenvolveram medidas de proteção que diminuíram o perigo.
Começa a Guerra (1914)
Morte de um Arquiduque. Os conflitos entre a Áustria-Hungria e a Sérvia diziam
respeito principalmente à posse da Bósnia e Herzegovina. Os sérvios, um povo
nacionalista,
julgavam ter direito natural sobre as duas províncias. De posse delas, a Sérvia
teria uma saída direta para o mar Adriático e poderia embarcar produtos,
especialmente
porcos, para o mercado sem ter de cruzar o solo austro-húngaro. A ÁustriaHungria fechava suas fronteiras sempre que aumentava a agitação política na
Sérvia. Os
sérvios chamavam essa medida de "política dos porcos".
Um grupo de sérvios formou uma sociedade secreta chamada "União ou Morte",
ou "Mão Negra". Esse grupo tentou obrigar os funcionários austro-húngaros a
satisfazerem
as pretensões territoriais da Sérvia. Dele faziam parte oficiais que ocupavam
postos elevados no Exército sérvio. A sociedade soube que o arquiduque
Francisco Ferdinando,
herdeiro dos tronos da Áustria e Hungria e sobrinho do imperador Francisco
José, planejava visitar a Bósnia em junho de 1914. A Mão Negra decidiu matá-lo.
Alguns
jovens revolucionários bosnianos viviam na Sérvia, pois o governo austrohúngaro os exilara como indesejáveis. Esses jovens foram treinados para
cometer assassinato.
Quando Ferdinando e sua mulher percorriam Sarajevo, um revolucionário
bosniano atirou uma bomba no carro do arquiduque. A bomba explodiu na pista,
atrás do automóvel.
Mais tarde, no mesmo dia, Gavrilo Princip, outro assassino treinado, saltou para
o estribo do carro e desfechou os tiros que deflagraram a Primeira Guerra
Mundial.
O governo austro-húngaro não tinha provas de que os funcionários sérvios
estavam envolvidos no assassinato. Mas o ministro do Exterior, Leopold von
Herchtold, suspeitava
deles. Também desejava acabar com a agitação sérvia contra a Áustria-Hungria.
Von Berchtold obteve uma promessa da Alemanha de que esta o apoiaria em
qualquer medida
que tomasse contra a Sérvia. Em seguida, conseguiu também o apoio do
imperador Francisco José. Em 23 de julho de 1914, von Berchtold enviou um
ultimato à Servia
exigindo que esta permitisse que funcionários austríacos tomassem parte nos
julgamentos das pessoas envolvidas no assassinato.
Mobilização. A Rússia esperava estender sua influencia política sobre os Balcãs
e garantiu aos sérvios que não permitiria uma agressão austríaca ao seu país. A
Sérvia
então rejeitou a exigência de os funcionários austro-húngaros participarem do
julgamento do assassinato. A Sérvia sugeriu que o conflito fosse submetido à
arbitragem
de uma conferência internacional. A Áustria-Hungria recusou e declarou guerra à
Sérvia em 28 de julho de 1914, julgando que poderia contar com a ajuda da
Alemanha
caso a Rússia se colocasse ao lado da Sérvia.
A Alemanha e a Grã-Bretanha tentaram em vão evitar que a guerra se estendesse
aos outros países. A Alemanha temia ter de combater em duas frentes - contra a
Rússia
no leste e contra a França, aliada da Rússia, no oeste. Ao verem a Rússia
preparando-se rapidamente para as hostilidades, os alemães perceberam que a
guerra estava
próxima. Em 1.° de agosto de 1914, a Alemanha declarou guerra à Rússia e pediu
à França para declarar-se neutra. Como os franceses responderam evasivamente,
a Alemanha
declarou guerra à França em 3 de agosto.
A Marcha Através da Bélgica. Os planos de guerra da Alemanha previam uma
invasão da Bélgica. Mas, em uma atitude política a Alemanha pediu permissão à
Bélgica para
enviar suas tropas através de seu território visando assim facilitar-lhes o acesso
a Paris. Na verdade as tropas alemãs já estavam cruzando a fronteira belga. A
Alemanha prometeu pagar após a guerra, pelos danos causados às propriedades
belgas. Mas o rei Alberto I da Bélgica recusou conceder essa permissão. Consta
que teria
declarado: "A Bélgica é uma nação e não uma estrada". Um tratado assinado em
1839 garantia que a Bélgica permaneceria sempre neutra. Quando a Grã-Bretanha
pediu
à Alemanha que respeitasse esse tratado, o chanceler alemão Theobald von
Bethmann-Hollweg disse que o mesmo não passava de um "pedaço de papel".
Em 2 de agosto,
as tropas alemãs entraram em Luxemburgo e, em 4 de agosto, invadiram a
Bélgica. A Grã-Bretanha imediatamente declarou guerra à Alemanha. A
Alemanha, a Áustria-Hungria
e seus aliados ficaram conhecidos como potências centrais por causa de sua
posição na Europa. Os países adversários ficaram conhecidos como Aliados. O
pequeno exército
belga resistiu corajosamente, mas não conseguiu deter os alemães. Os Aliados
enviaram tropas inglesas e um exército francês para socorrer os belgas. Depois
que as
cidades belgas de Liège e Bruxelas caíram, o general Joseph Joffre, da França,
permitiu que seus soldados se retirassem lentamente, enquanto reunia mais
tropas.
A cavalaria alemã aproximou-se 24 km de Paris. Mas, enquanto essas forças
principais alemãs voltavam-se para o leste, em direção ao rio Marne, foram
atacadas pela
frente e pelo lado pela guarnição de Paris, comandada pelo general Joseph
Gallieni, e por um outro exército, chefiado pelo general Michel Joseph Maunoury.
A batalha
deteve os alemães e abalou-lhes o moral. Os alemães retiraram-se para o rio
Aisne. Mais de um milhão e meio de soldados lutaram na primeira batalha do
Marne, a qual
se revelou decisiva na guerra, pois eliminou a possibilidade de uma rápida vitória
alemã.
A Frente Oriental. A Rússia, pressionada pela França, colocou em ação seus
exércitos antes de eles estarem preparados. Em agosto, o comandante supremo
russo, o grão-duque
Nicolau Nicolaievitch, enviou tropas através da fronteira galiciana e o primeiro e
segundo exércitos para a Prússia oriental. Reforços alemães, comandados por
Paul
von Hindenburg, um general aposentado, rumaram para a Prússia oriental pelo
oeste. Os alemães eram numericamente inferiores, mas von Hindenburg
conseguiu lidar com
os dois exércitos russos separadamente porque era deficiente a comunicação
entre os mesmos. Em uma série de campanhas nas cercanias de Tannenberg e
dos lagos Masúrios,
Von Hindenburg subjugou os exércitos russos e os expulsou da Prússia oriental.
Mais de 300 mil russos foram mortos, feridos ou declarados desaparecidos. Na
Galícia,
porém, os russos mataram e feriram mais de 250 mil soldados austríacos e
capturaram outros 100 mil nas batalhas de Lemberg, nos meses de setembro e
outubro. No sul,
a Áustria-Hungria fracassou em três tentativas para invadir a Sérvia.
Os Turcos Entram na Guerra. Em 2 de agosto, o Império Otomano (atual Turquia)
assinou um tratado secreto com a Alemanha. Os Aliados nada sabiam a respeito
do tratado
e continuaram as negociações para manter os turcos neutros. Nos últimos dias
de outubro, navios de guerra turcos bombardearam os portos russos no mar
Negro. A França,
Grã-Bretanha e Rússia declararam guerra ao Império Otomano. As tropas turcas
combateram os Aliados na Mesopotâmia, Palestina, Sinai e montanhas do
Cáucaso, na Rússia.
A Guerra no Mar. Durante o primeiro ano de luta, os navios de superfície
desempenharam o papel mais importante na guerra marítima. A esquadra
britânica deteve a
alemã em suas próprias águas, perto do canal de Kiel. Os poucos navios alemães
em ação no mar atacaram embarcações dos Aliados no mar do Norte. Aos
poucos, porém,
os ataques dos submarinos alemães foram adquirindo maior intensidade. A
caminho da Alemanha, o vice-almirante Maximilian von Spee e seu Esquadrão do
Oceano Pacífico
afundaram dois cruzadores ingleses perto de Coronel, no Chile. Em uma batalha
posterior, a esquadra inglesa, comandada pelo vice-almirante Sir Doveton
Sturdee, destruiu
a esquadra de Spee, perto das ilhas Malvinas.
Colônias Conquistadas. Os aliados da Entente atacaram as colônias ultramarinas
da Alemanha logo depois que esse país invadiu a Bélgica. Os neozelandeses
tomaram
Samoa, no Pacífico. As tropas australianas ocuparam a Nova Guiné alemã. No fim
de agosto, o Japão declarou guerra à Alemanha e tomou suas possessões na
China. As
forças japonesas ocuparam também as ilhas alemãs do Pacífico, como as
Marianas, Carolinas e Marshall.
O Segundo Ano (1915). Pouca coisa se alterou na frente ocidental no segundo
ano da Primeira Guerra Mundial. As potências centrais realizaram sua ofensiva
principal
na frente oriental. A Itália reuniu-se aos Aliados, tornando mais fácil para estes o
domínio do Mediterrâneo e obrigando a Áustria-Hungria a combater em duas
frentes.
Os Aliados não conseguiram obter passagem pelo estreito de Dardanelos para o
embarque de infantaria e armas para a Rússia.
Guerra de Trincheiras. A luta na frente ocidental sofreu uma paralisação no início
de 1915, a qual durou quase dois anos. Ambos os lados construíram redes de
trincheiras
que se estendiam por cerca de 970 km através da França e Bélgica. Em alguns
lugares, uma distância de menos de 90 m separava as linhas adversárias. Entre
essas linhas
de trincheiras havia a terra de ninguém.
"Para cima!" gritava um comandante da frente de batalha. De baionetas caladas,
os soldados de infantaria saíam das trincheiras e investiam pela terra de
ninguém,
arremessando suas granadas, esgueirando-se através dos obstáculos de arame
farpado e correndo pelo campo minado. As metralhadoras faziam grande número
de vítimas
e tornavam quase impossível um ataque bem-sucedido.
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