Palavras oxítonas no português Ana Lívia dos

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Palavras oxítonas no português
Ana Lívia dos Santos Agostinho
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
1. Objetivos
Partindo-se da hipótese de que as palavras
oxítonas do português são, em sua maioria,
empréstimos lexicais, uma vez que não
havia acento em latim, o objetivo deste
trabalho é determinar a origem das
palavras oxítonas e verificar a porcentagem
de termos latinos e de outras línguas em
geral, bem como determinar sua data de
entrada
no
português,
observando
eventuais picos ou constâncias, além de
descrever os elementos fonéticos finais.
2. Material e métodos
Foi elaborarada uma lista com todas as
palavras oxítonas nominais com mais de
duas sílabas do Dicionário Etimológico
Houaiss [1], com o auxílio da ferramenta
computacional
MatLab,
que
nos
proporcionou acesso à lista de palavras
original
do
programa
do
D.E.H,
denominada lista-expandida, contendo
37.591 palavras. A partir disto, todo o
trabalho de classificação dos verbetes e
sua posterior separação (definindo o
corpus), a natureza da sílaba final,
qualidade das vogais e das consoantes
finais, transcrição fonética e listagem da
língua que deu origem ao termo português,
no caso dos empréstimos, foram efetuadas
manualmente. A lista final, denominada
lista-base, contendo 10.494 palavras, foi
organizada em nove colunas em uma
planilha do Excel.
3. Resultados
A partir de língua de origem da lista-base,
verificamos que 80% das oxítonas do
português são empréstimos. Através da
freqüência-web, obtida utilizando o site de
buscas
Google
www.google.com.br,
podemos observar que 51,9% das oxítonas
são comuns ou freqüentes e que 48,1%
são raras ou incomuns (proporcionalmente
em consonância com as palavras
paroxítonas e proparoxítonas). Além disso,
constatamos que a freqüência relativa das
oxítonas é praticamente a mesma das
paroxítonas e também praticamente a
mesma de um corpus de 150 mil palavras
que
inclui
monossílabos,
oxítonas,
paroxítonas e proparoxítonas [2], também
formado a partir do D.E.H. Das 6.019
oxítonas com datação (57% do total), 2.123
entraram no século XIX, ou seja, 35,3% e
1.129 entraram no século XX, ou seja,
18,8%. A análise estatística dos elementos
finais mostra também que cerca de 50%
das
oxítonas
termina
em
vogais.
Verificamos também que as línguas latinas
contribuíram com 56% das oxítonas no
português; as línguas da Américas, com
29%; as línguas da África e do Oriente
Próximo e Médio, com 9%; as línguas
germânicas da Europa, com 4%; as outras
línguas da Europa, com 2% e as línguas do
Extremo Oriente, com 1%. 26% das
oxítonas terminam em glides ([w] ou [j]),
12% terminam em vogais nasalizadas e 12
terminam em consoantes.
4. Conclusões
É possível, portanto, explicar as oxítonas
como sendo casos de empréstimos em sua
maioria. Os resultados referentes ao
elemento fonético final sugerem um desafio
para as teorias do acento em português
que defendem que o peso silábico é
importante para se estabelecer o locus do
acento.
5. Referências bibliográficas
[1] Houaiss, A.; Villar, M. 2001. Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Objetiva.
[2] ARAUJO, G. A.; GUIMARÃES - FILHO, Z. O.;
OLIVEIRA, L.; VIARO, M. E. 2007. “Algumas
observações sobre as proparoxítonas e o
sistema acentual do português”. In.
ARAUJO, G. (org.) O acento em português.
São Paulo: Parábola.
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