deformidades da coluna vertebral: diagnóstico

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CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS
Leonardo Delgado
Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/
DEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL: DIAGNÓSTICO
PRECOCE *
André Luís Fernandes Andújar
INTRODUÇÃO
As deformidades da coluna vertebral na infância sempre geram
grande apreensão nos pais e médicos, pelo risco de progressão que existe
durante o crescimento, podendo resultar em grandes deformidades estéticas e
incapacidade na vida adulta. O seu diagnóstico precoce é muito importante
para que se possa, quando necessário, interferir na sua evolução, seja com o
uso de coletes ou cirurgicamente. Como a grande maioria das deformidades da
coluna vertebral surge na infância, o pediatra tem papel fundamental neste
diagnóstico.
TERMINOLOGIA E VARIABILIDADE
No plano sagital, a coluna vertebral evolui desde uma simples curva,
ao nascer, para um padrão de tríplice curva ao redor dos 6 anos de idade, com
lordose cervical e lombar, e cifose torácica (Figura 1). Estas curvaturas
fisiológicas apresentam padrões de normalidade na população em geral, que
podemos determinar pela mensuração das radiografias através do método de
Cobb (Figura 2). A cifose torácica fisiológica, que se mede entre T3 ou T4 e
T12, varia de 20º a 45º. Valores maiores considerase como dorso curvo, e,
valores menores, como lordose torácica. A lordose lombar, que é medida entre
L1 e L5, pode variar de 20º a 55º , sendo que, valores fora deste intervalo são
chamados de hipolordose (dorso plano) e hiperlordose.
No plano frontal a coluna vertebral normal é retilínia. Qualquer
curvatura, neste plano, acima de 10º pelo método de Cobb, é chamada de
escoliose.
*
Artigo disponível on line via:
http://www.acm.org.br/scp/principal/index.php?pagina=../atualizacao/artigos/artigo03.htm
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A classificação das deformidades da coluna vertebral mais utilizada
e aceita é a da Scoliosis Research Society, que se baseia na etiologia da
deformidade. As principais categorias estão no Quadro 1. A deformidade mais
comum da coluna vertebral é a escoliose.
A escoliose idiopática representa 85% das escolioses, merecendo
atenção especial. Não tem causa definida e pode surgir em qualquer idade
durante o crescimento, sendo a do adolescente a mais comum. Curvas de até
15o ocorrem em 2 a 3% da população em geral, porém, apenas 5% destas irão
progredir para curvas maiores de 30o. A progressão é mais freqüente nas
meninas e, geralmente, não se acompanha de outros sintomas, como a dor,
como se costuma pensar. Por isto, é muito importante que o pediatra inclua
este rápido exame na sua rotina de trabalho, em todas as crianças, pelo menos
a cada 6 meses, principalmente naquelas do sexo feminino e a partir de 10
anos de idade, já que este é o grupo com maior risco de progressão.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
História
Sempre que há uma queixa de deformidade na coluna ou que se
percebe a mesma numa consulta de rotina, deve-se questionar sobre a forma
de início, progressão, sintomas associados e duração. Estas questões são
importantes para que se possa ter idéia da magnitude e do ritmo de progressão
pregressos. A história familiar é de grande importância, já que algumas
deformidades, como a escoliose idiopática e o dorso curvo, possuem fatores
genéticos associados. O desenvolvimento neuropsicomotor e o cognitivo
também devem ser avaliados.
Exame Físico
O paciente deve ser examinado sem calçados, em posição
ortostática, com o dorso exposto. Os pé devem estar juntos, os joelhos
estendidos e o tronco ereto, porém relaxado. O examinador deve estar às suas
costas e deve verificar a simetria dos ombros, mamas, escápulas, quadris,
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pelvis, e do triângulo do talhe (espaço existente entre os membros superiores e
o tronco). Todos devem estar simétricos. Examinar a pele do dorso na procura
por lesões como tofos pilosos, orifícios, lipomas ou hemangiomas,
especialmente na linha média, que nos fazem suspeitar da presença de alguma
forma de disrrafismo espinhal. Manchas café com leite estão associadas a
neurofibromatose, cuja deformidade esquelética mais freqüente é a escoliose.
Deve-se palpar os processos espinhosos, na procura de algum desvio da
coluna. Com o paciente em perfil, avalia-se a lordose lombar e a cifose
torácica, que devem existir e ser suaves.
Teste de Adams: pede-se ao paciente que faça flexão do tronco
para frente, com os membros superiores pendentes e os joelhos em extensão.
Avalia-se o dorso à medida que ele vai se inclinando, na procura de assimetrias
da caixa torácica (giba costal) ou da região lombar. No perfil, a coluna deve
apresentar uma curva suave. Angulações agudas são anormais.
Com o paciente deitado na mesa de exame, em decúbito dorsal, fazse a mensuração real dos membros inferiores com fita métrica, assim como o
trofismo. O exame neurológico completo é de extrema importância na avaliação
de qualquer paciente com deformidade na coluna vertebral, com especial
atenção para o reflexo cutâneo-abdominal. A presença de deformidades nos
pés, principalmente pés cavos, alterações no exame neurológico ou no
trofismo, torna imperativa a investigação do sistema nervoso central.
Com este simples exame físico, o pediatra conseguirá identificar
crianças e adolescentes com deformidades da coluna vertebral. O diagnóstico
será confirmado após o exame radiográfico e/ou o encaminhamento para um
especialista da área, que indicará o tratamento mais adequado.
Avaliação Radiológica
A radiografia é o exame de escolha para todo paciente com exame
clínico sugestivo de alguma deformidade na coluna vertebral. Deve ser feita
com o paciente em ortostatismo, nas incidências ântero-posterior e perfil,
incluindo toda a coluna torácica e lombar (T1 ao Sacro) no mesmo filme.
Outros exames de imagem podem ser solicitados quando se suspeita de outro
tipo de escoliose que não a idiopática.
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LEITURA RECOMENDADA
1. Bunnell WP. Vertebral Deformity. Pediatr Clin North Am 1986;33(6):1543-56.
2. Newton PO, Wenger DR. Idiopathic and Congenital Scoliosis. In: Morrissy
RT, Weinstein SL, editors. Lovell and Winter’s Pediatric Orthopaedics. 5th ed.
Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins; 2001. p.677-740.
3. Rocha LEM. Escolioses Idiopáticas. In: Santili C, editor. Ortopedia Pediátrica
- SBOT. Rio de Janeiro: Revinter; 2004. p.115-29.
4. Weinstein SL. Adolescent Idiopathic Scoliosis: Natural History. In: Weinstein
SL, editor. The Pediatric Spine - principles and practice. 2nd ed. Philadelphia:
Lippincott Williams and Wilkins; 2001. p.355-69.
5. Lonstein JE, Carlson JM. The prediction of curve progression in untreated
idiopathic scoliosis. J Bone Joint Surg 1984;66A:1061-71.
6. Mccarthy RE. Evaluation of the Patient with Deformity. In: Weinstein SL,
editor. The Pediatric Spine - principles and practice. 2nd ed. Philadelphia:
Lippincott Williams and Wilkins; 2001. p.133-57.
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