PROVA DE FILOSOFIA

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ÁREA DE CONHECIMENTO: CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: FILOSOFIA – ENSINO MÉDIO
DIA: 13/02/2005
HORÁRIO: 14:00 às 18:00 horas
O tempo total concedido para a resolução das provas objetivas (Conhecimentos Gerais +
a(s) disciplina(s) de Conhecimentos Específicos) é de 4 (quatro) horas, incluindo o tempo
destinado ao preenchimento do cartão de respostas.
INSTRUÇÕES
Confira o número de inscrição e o nome do candidato indicados abaixo. Assine no local indicado.
A interpretação das questões é parte integrante da prova, não sendo permitidas perguntas aos fiscais.
Não destaque folhas da prova.
No cartão de respostas, confira seu nome, seu número de inscrição e a(s) disciplina(s). Examine se há
marcações indevidas no campo destinado às suas respostas. Se houver, reclame imediatamente.
Ao transcrever suas respostas, verifique se você está utilizando o local indicado para a
disciplina correspondente.
Verifique, nos cadernos de prova, se faltam folhas, se a seqüência de questões, no total de 20 (vinte),
está correta e se há imperfeições gráficas que possam causar dúvidas. Comunique imediatamente ao
fiscal qualquer irregularidade.
Para cada questão são apresentadas 5 (cinco) alternativas diferentes de respostas (A, B, C, D e E).
Apenas uma delas constitui a resposta correta em relação ao enunciado da questão.
Utilize somente caneta esferográfica com tinta azul ou preta.
Questões em branco ou que contenham mais de uma resposta ou emendas ou rasuras não serão
consideradas.
Durante a realização das provas é vedada a consulta a livros, revistas, folhetos ou anotações, bem
como o uso de máquinas de calcular ou qualquer equipamento elétrico ou eletrônico, inclusive telefones
celulares, sob pena de eliminação do candidato do Concurso.
Somente será permitido ao candidato entregar a sua prova após 30 (trinta) minutos de seu início.
Ao encerrar a prova, entregue ao fiscal de sua sala o cartão de respostas devidamente assinado e os
cadernos de provas.
___________________________________________
ASSINATURA DO(A) CANDIDATO(A)
INSCRIÇÃO
NOME DO(A) CANDIDATO(A)
LOCAL
SETOR / GRUPO / ORDEM
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FILOSOFIA
01) Segundo Lílian Anna Wachowicz, na perspectiva dialética “a didática, tem como objeto a
metodologia do pensamento” (WACHOWICZ, Lílian Anna. O método dialético na didática, 2a ed., Campinas:
Papirus, 1991, p.94). A afirmação da autora é coerente com os seguintes pressupostos teóricos:
I - cada área do conhecimento em particular ensina um modo de pensar a partir do seu conteúdo
específico. Nesse sentido, a especificidade dos conteúdos da filosofia coincide com a
especificidade pela qual estes conteúdos devem ser pensados e, conseqüentemente, pela
forma como devem ser transmitidos.
II - a didática requer critérios lógicos semelhantes aos da pesquisa científica, ou seja, a lógica
interna de cada conteúdo exige a escolha de um modo de pensamento adequado a essa
mesma lógica. Assim, a didática, entendida enquanto modo de transmissão de conhecimento é
uma síntese entre a metodologia de ensino e a metodologia da pesquisa.
III - o método de ensino é uma conseqüência dos seus objetivos e estes determinam os conteúdos
e as formas de sua abordagem sempre dentro da relação prática-teoria-prática.
IV - para que a metodologia do pensamento, explicitada na relação teoria-prática, seja aplicada com
eficácia torna-se imprescindível que o aluno encontre na escola as condições adequadas ao
seu desenvolvimento psicológico e à sua autonomia para, em seguida, voltar-se para a
realidade social.
V - a didática, segundo o pensamento dialético, deve levar o(a) professor(a) a apresentar as
sínteses da realidade social como forma de iniciar o trabalho com os alunos.
Assinale a alternativa que apresenta todas as opções CORRETAS.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
II, IV e V.
I e IV.
III e V.
I e III.
I e II.
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02). Analise o seguinte texto de Antonio de Gramsci:
“Quando se diz que Platão desejava uma ‘república de filósofos’, é preciso entender ‘historicamente’
o termo ‘filósofos’, que hoje deveria ser traduzido por ‘intelectuais’. Naturalmente, Platão referia-se
aos ‘grandes intelectuais’, que eram ademais, o tipo de intelectual de seu tempo, além de conceder
importância ao conteúdo específico da intelectualidade, que poderia concretamente chamar-se de
‘religiosidade’: os intelectuais de governo eram aqueles intelectuais determinados mais próximos da
religião, isto é, cuja atividade tinha um caráter de religiosidade, entendida no sentido geral da época
e no sentido especial de Platão – e, por isso, atividade de certo modo ‘social’, de elevação e
educação (e direção intelectual – e, portanto, com função de hegemonia) da polis. Poder-se-ia
talvez, por isso, afirmar que a ‘utopia’ de Platão antecipa o feudalismo medieval, com a função que
neste é própria da Igreja e dos eclesiásticos, categoria intelectual daquela fase do desenvolvimento
histórico-social.” (GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura, 7a ed., Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira,1989, p.37)
Esse texto explicita alguns fundamentos da teoria gramsciana dos intelectuais. Assinale as
afirmativas coerentes com tais fundamentos.
I - A filosofia não é apenas a filosofia de um filósofo em particular, mas toda uma cultura filosófica,
que relaciona o que pensa o filósofo com as concepções do grupo intelectual dirigente e a
religião, como ideologia das massas.
II - Para Gramsci, o grupo eclesiástico é um caso típico da categoria de intelectual porque
corresponde tanto a uma categoria de intelectuais orgânicos ligados à aristocracia fundiária
como a uma categoria de intelectuais tradicionais.
III - a categoria de intelectual, no texto de Gramsci, ao representar uma continuidade entre o mundo
feudal e o mundo clássico, ilustra sua concepção de que a distinção entre as diferentes formas
históricas da categoria de intelectual deve ser buscada no conjunto das relações sociais.
IV - A continuidade histórica assinalada entre os intelectuais da Antigüidade clássica e os
intelectuais tradicionais eclesiásticos da Idade Média, que aparecem como autônomos e
independentes, tem como uma das suas conseqüências a filosofia idealista posterior.
V - Nesse texto Gramsci demonstra que a aplicação da categoria de intelectual remonta a Platão e
explica a sua tese, segundo a qual, tal categoria, sendo essencialmente orgânica, deve ser
fundamentalmente aplicada ao grupo de intelectuais eclesiásticos.
Assinale a alternativa que apresenta todas as opções CORRETAS.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
I, II e V.
I, II, III e IV.
III, IV e V.
I e V.
III e V.
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03) A tese II sobre Feuerbach adverte: “A questão de saber se cabe ao pensamento humano uma
verdade objetiva não é uma questão teórica, mas prática. É na praxis que o homem deve
demonstrar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno de seu pensamento. A disputa
sobre a realidade ou não-realidade de um pensamento que se isola da práxis – é uma questão
puramente escolástica”. (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich.In: A Ideologia Alemã . 2a ed. São Paulo: Ciências
Humanas LTDA, 1979.Tradução de José C. Bruni e Marco A. Nogueira, 1979, p.12)
Sobre essa tese é CORRETO afirmar que:
A ( ) se anuncia a praxis como critério de verdade, ou seja, a unidade entre teoria e prática deve ser
um ato afirmativo e crítico.
B ( ) está afirmada uma concepção materialista da razão, onde prevalece a determinação da realidade
como objeto do conhecimento sobre o sujeito do conhecimento.
C ( ) a concepção da verdade é apresentada como fruto da coerência interna e lógica das idéias.
Nesse sentido, a verdade deve ser concebida como dependente das operações do sujeito do
pensamento sobre a realidade.
D ( ) o critério de verdade é a utilidade prática do conhecimento e sua eficácia. Significa dizer que
um conhecimento é verdadeiro quando permite retirar conseqüências práticas e aplicáveis.
E ( ) a prática fala por si mesma, resta-nos desvelar seu sentido através de uma observação direta e
imediata.
04) Ainda, a partir da segunda tese sobre Feuerbach, aponte os significados do adjetivo “puramente
escolástica”, usado por Marx:
III III IV -
refere-se a uma controvérsia filosófica datada historicamente.
refere-se a um ato especulativo e, portanto, sem vida.
refere-se a uma forma de crença religiosa.
refere-se a um pensamento que gira em torno de seu próprio eixo.
Assinale a alternativa CORRETA.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Somente as afirmativas I e II estão corretas.
Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
Somente as afirmativas I e III estão corretas.
05) Sobre a idéia de mundialização de Renato Ortiz (ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura, São Paulo:
Brasiliense, 1994), é CORRETO afirmar que:
ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
A ( ) tal idéia refere-se a uma forma mais avançada de internacionalização com aumento da integração
funcional das atividades econômicas e serviços e, conseqüentemente, refere-se à organização de
um mercado de consumo mundial. É um conceito contemporâneo que permite, inclusive, tratar da
questão do consumo cultural.
B ( ) é uma expressão correlata ao conceito de “sociedade global”, cunhado por Gurvitch em 1950, e
complementar ao conceito de globalização. Tal como o conceito de “sociedade global”, a idéia de
mundialização permite refletir sobre a homogeneização cultural que engloba todas as culturas e
visões de mundo.
C ( ) substitui o conceito de globalização com vantagens, pois o amplia levando em conta a
diversidade de culturas e de mundos. Mas, a constatação de que há uma tendência à
uniformidade é inerente tanto ao conceito de mundialização como ao de globalização.
D ( ) concorda com a idéia de sistema, pois refere-se à integração sistêmica entre os países do
primeiro mundo com os demais.
E ( ) tal idéia visa a produzir uma reflexão sobre a relação entre sociedade e cultura na
contemporaneidade, e permite observar o universo simbólico específico da globalização, no qual
as várias culturas e visões de mundo existentes entram em contato e conflito.
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06) Segundo Agnes Heller, “a orientação de valor pertence à nossa sociabilidade” (HELLER, Agnes A
filosofia radical, São Paulo: Brasiliense, 1983, p.58).
Sobre as categorias orientadoras de valor, é CORRETO afirmar que:
A ( ) as orientações de valor pertencem à sociedade, mas quanto ao sistema de regras ou à hierarquia
de valores válidos socialmente compete à filosofia orientar e instaurar.
B ( ) as categorias orientadoras de valor encontram o seu critério de verdade em seu uso que pode ser
adequado ao sujeito, ao objeto e em conformidade com uma dada situação.
C ( ) todas e quaisquer categorias de valor devem ser universais, pois esse é o ideal filosófico que
deve incidir sobre elas. Por isso, Agnes Heller diz que as categorias de orientação de valor ligamse ao ideal filosófico da universalidade e nele adquirem o caráter de verdade. Adquirindo esse
caráter prescritivo é que a moral assume a posição de imperativo categórico.
D ( ) toda categoria de valor deve ser deduzida de outras para encontrar o seu verdadeiro sentido.
Assim, por exemplo, na modernidade passa-se a deduzir o bem do útil.
E ( ) investigar as categorias orientadoras de valor que estão presentes na sociedade é um processo
que não interessa à filosofia, pois à ela cabe discutir o ponto de vista próprio da filosofia.
07) A conhecida tese XI de Marx e Engels – “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de
diferentes maneiras; mas o que importa é transformá-lo” – denuncia o exercício dos filósofos em
geral, mas, sobretudo, dos alemães que são o objeto de análise de Marx e Engels quando da
formulação das teses sobre Feuerbach. (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. In: A Ideologia Alemã, op. cit., 2a. ed.
São Paulo: Ciências Humanas LTDA, 1979, p.14).
Sobre a tese XI é CORRETO afirmar que o intuito de Marx e Engels foi:
A ( ) convocar a filosofia a se tornar intencionalmente política para se tornar verdadeira enquanto
pensamento que contribui para a modificação do mundo.
B ( ) em nome da política, renunciar a qualquer espécie de filosofia ou teoria como sendo um
conhecimento válido efetivamente.
C ( ) estabelecer uma dicotomia rígida entre o mundo como objeto de interpretação e o mundo como
objeto da ação transformadora do homem para evitar o idealismo.
D ( ) demonstrar que a filosofia, como um tipo de ócio, diferentemente do trabalho, constitui-se no
reino da alienação.
E ( ) com essa tese , Marx anuncia a necessidade de um projeto intelectual de reforma de toda a
filosofia anterior ao seu tempo.
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08) Considerando o sentido e a importância do conceito de ideologia para Marilena Chauí, identifique
quais os significados presentes na afirmação da filósofa de que a democracia na sociedade
contemporânea transformou-se em uma ideologia (CHAUÍ, Marilena.Convite à filosofia, 6a. ed. São Paulo:
Ática, 1995, pp.429-430).
I - Com base na ideologia democrática os Estados capitalistas podem defender regimes
autoritários.
II - As eleições diretas no Brasil e na América Latina são, atualmente, os principais símbolos de
democracia, pois o processo eleitoral tem sido cada vez mais abrangente e tende à
massificação.
III - As eleições diretas no Brasil e na América Latina conseguiram tornar-se eficazes na
conscientização social e na participação popular como etapa importante da luta pela ampliação
dos direitos.
IV - O liberalismo e a social-democracia, como atuais correntes hegemônicas, defendem a
democracia formal cuja base é a existência do regime da lei e da ordem que, garantindo a
liberdade individual e a existência plural dos partidos, tem como principal objetivo oferecer
sustentação jurídica e legitimidade institucional à livre competição.
V - A existência de leis que garantam a ordem em situações de iminente conflito social mostra que
a democracia precisa dar demonstrações de que é, antes de tudo, um conjunto de instituições
que devem ser preservados para a garantia dos cidadãos.
VI - a democracia é uma idéia que se generalizou e expõe as inquietações dos cidadãos e as
contradições da realidade social, ou seja, permite que se tenha uma demonstração do conjunto
das preocupações e das necessidades sociais.
VII - A disseminação da ideologia da democracia, nos últimos 20 anos, na América Latina, fez com
que o Estado na atualidade, diferentemente do Estado autoritário de outrora, se caracterizasse
por defender os interesses da maioria da população e não mais apenas incorporar os interesses
da classe dominante.
Assinale a alternativa CORRETA.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Somente as afirmativas VI e VII estão corretas.
Somente as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
Somente as afirmativas I, IV e V estão corretas.
Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
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09) Relacione a COLUNA A com a COLUNA B.
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COLUNA A:
Aristóteles
Filosofia moderna
Filosofia antiga
Platão
Iluminismo
Renascimento
Filosofia medieval
COLUNA B
Os fenômenos naturais podem e devem ser considerados por eles mesmos. Isso significa que o
conhecimento é um ato racional a partir da passagem da visão teocêntrica para a visão
humanista e racionalista.
Anuncia a concepção de democracia direta como garantia da participação no governo através do
direito de expressão, discussão e defesa pública de argumentos e opiniões. Surgimento da figura
política do cidadão.
Invenção do princípio de autoridade, pelo qual uma tese era considerada verdadeira ou falsa
dependendo da sua base argumentativa. O mesmo princípio vale para a refutação de uma tese.
Pela razão se pode conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções e,
pela razão, se pode também dominá-las. A vida ética é plenamente racional como também a vida
política.
Diferencia Natureza e civilização, sendo que a idéia de civilização é decisiva para definir as
relações com a Natureza, as artes e outros povos.
Diferencia e separa radicalmente duas formas de conhecimento: o conhecimento sensível (crença
e opinião) e o conhecimento intelectual (raciocínio e intuição) afirmando que somente o segundo
alcança o Ser e a verdade.
O conhecimento é concebido enquanto variação em diferentes graus de verdade que são
contínuos e complementares entre si: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio,
intuição.
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
Assinale a seqüência CORRETA.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
6, 3, 7, 2, 5, 4, 1.
2, 5, 3, 1, 4, 3, 4.
7, 3, 4, 1, 6, 5, 2.
6, 4, 5, 2, 3, 2, 7.
3, 7, 2, 4, 1, 6, 5.
10) Para Antonio Gramsci (GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1966, p.123), com Maquiavel se explicita uma singular virtude do indivíduo no Renascimento. O
destino, além de força natural das coisas, significa também uma potência que se abre ao indivíduo.
Sobre a virtude a que se refere Maquiavel, segundo Gramsci, assinale a alternativa CORRETA.
A ( ) É uma virtude cujo valor é essencialmente militar e que tem em Tito Lívio o seu exemplo
emblemático.
B ( ) É uma virtude que retira as suas forças do céu e que possui um caráter ético-religioso.
C ( ) Refere-se ao culto dos estudos e da livre investigação.
D ( ) Refere-se à valores como habilidade, indústria, sensibilidade, senso de oportunidade e medida.
E ( ) É uma virtude que se alia ao hábito e que se adquire com a educação..
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11) Sobre a tradição libertária, especificamente expressa na obra do filósofo francês Etienne de La
Boétie (CHAUÍ, Marilena, Convite à filosofia. 6a. ed. São Paulo: Ática, 1995, op. cit., pp. 407-408), pode-se afirmar
que:
I - a sociedade se constitui numa imensa pirâmide, onde um só possui poder para esmagar todos
os outros.
II - a tirania se reproduz na medida em que satisfaz o nosso desejo íntimo de sermos tiranos
também.
III - a obra de La Boétie, escrita no século XVIII, representa um alento a todas as lutas populares
que clamam por liberdade e justiça.
IV - a idéia de servidão voluntária nos revela e alerta que sempre podemos fazer uso de nossa
liberdade para nos tornarmos servos.
Assinale a alternativa CORRETA.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Somente a afirmativa IV está correta.
Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
Somente as afirmativas I e III estão corretas.
Somente a afirmativa I está correta.
12) Sobre as diferentes concepções filosófico-históricas de Estado, pode-se afirmar:
I - para Karl Marx, o Estado é o sujeito da história universal, o momento final do espírito objetivo
que, como tal, supera o isolamento dos indivíduos na família e as lutas dos interesses privados
que se manifestam na sociedade civil.
II - o Estado, na linhagem que vai de Locke a Max Weber, reivindica para si o monopólio da
violência legítima como forma de garantir o direito natural de propriedade.
III - na perspectiva de Hegel, o Estado é o reino da liberdade, pois nele cada indivíduo ao cumprir
seu dever tem consciência do objetivo que almeja. As leis prescrevem o bem coletivo.
IV - segundo Hobbes, os indivíduos deixam o estado da natureza para ingressar na esfera do
Estado, porque o primeiro, não regulado por leis impostas por um poder comum, resolve-se na
“guerra de todos contra todos”.
Assinale a alternativa que corresponde às opções CORRETAS:
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Somente as afirmativas I e II estão corretas.
Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
Somente as afirmativas I e III estão corretas.
Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
13) Sobre a filosofia da práxis, tal como se depreende das definições de Gramsci na Concepção
dialética da Cultura, é CORRETO afirmar que:
A ( ) trata-se de uma forma de transcendência, que viabiliza na prática política a necessidade histórica
da superação das contradições.
B ( ) trata-se de uma forma de transcendência histórica, que surge a partir das modificações políticas
do século XIX.
C ( ) trata-se de uma forma de transcendência pela qual a filosofia se faz prática por extensão.
D ( ) trata-se de uma concepção imanentista do ser social, que rompe com toda a filosofia e a política
anteriores, e de modo geral, com todo passado cultural.
E ( ) trata-se de uma forma de imanência, que nasce de uma revisão teórica e pressupõe um passado
cultural.
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14) Sobre as contribuições da psicanálise às questões éticas na contemporaneidade, é CORRETO
afirmar que:
I - a educação moral visando a fins éticos que se mostram irrealizáveis ou inalcançáveis, ou que
represente uma violação à integridade do indivíduo, torna-se para este um tipo de tortura. A
conduta do indivíduo (ou coletividade), ao perceber que nunca está bom o bastante para atingir
o ideal, pode culminar em conformismo ou violência, ambos comportamentos neuróticos.
II - a psicanálise propõe que a sociedade deva criar uma moral em que seja respeitada a liberdade
de consciência capaz de equilibrar os desejos e a responsabilidade social do indivíduo com fins
a uma vida sem violência e sem tortura moral, tanto no plano individual como no plano social.
III - as neuroses criadas pela repressão existente em vários níveis do convívio social e profissional,
fazem com que o indivíduo tenha ações cada vez mais dominadas pelo seu próprio
inconsciente. Atendendo aos impulsos egoístas, resultantes da repressão, o indivíduo torna-se
mais distante do ideal da liberdade consciente e responsável.
IV - segundo Freud, o aprendizado do autocontrole sobre os impulsos e os desejos e não a sua
repressão externa é indispensável para que o indivíduo vença os instintos infantis e adentre no
mundo adulto e na vida moral.
V - a educação, ao invés de tornar-se um mecanismo repressor, deve ter como compromisso
ajudar o indivíduo a compreender os desejos, a recusá-los conscientemente, adiá-los
responsavelmente ou sublimá-los. Assim, o indivíduo estará preparado para a vida ética.
Assinale a alternativa que apresenta as opções CORRETAS:
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Todas as afirmativas estão corretas.
Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.
Somente as afirmativas IV e V estão corretas.
Somente as afirmativas II e III estão corretas
15) Assinale a alternativa CORRETA.
A aplicação inicial do conceito de estética às artes, cujo precursor foi o alemão Baumgarten (por
volta de 1750) pressupunha que:
A ( ) o artista é um ser social que apresenta, de diferentes formas, o seu modo de estar no mundo e
sua obra deve mostrar a realidade, ou seja, deve ter como meta o realismo.
B ( ) a arte é um produto da sensibilidade e da inspiração do artista e visa a contemplação. O belo
artístico possui valor universal e não tem compromisso de coincidir com a verdade, porque é,
antes de tudo, livre manifestação da imaginação.
C ( ) o belo não possui valor universal, porque não coincide com a verdade, ou seja, destina-se a imitar
a realidade conforme a perspectiva platônica.
D ( ) a arte é uma atividade criadora de perspectivas e procedimentos inéditos para a invenção de
objetos artísticos. A função social da arte é criar vanguardas estéticas.
E ( ) a arte deve ser um ofício estritamente ligado ao culto religioso e sua prioridade é manifestar o
sagrado de modo a proclamar a verdade divina.
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16) Vários filósofos se manifestaram acerca da idéia de liberdade.
I - Aristóteles: a liberdade como poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si
mesma ou para ser autodeterminada.
II - Sartre: a liberdade é a escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu
mundo.
III - Espinosa: o ser humano é mais livre na companhia dos outros do que na solidão. Os sujeitos
livres agem sempre de boa-fé.
IV - Nietzsche: a liberdade é o poder fundamental que tenho de ser o sujeito de todas as minhas
experiências.
V - Hobbes: somos livres para fazer alguma coisa quando temos o poder para fazê-la.
Assinale a alternativa CORRETA:
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
Somente as afirmativas I e II estão corretas.
Somente as afirmativas IV e V estão corretas.
Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas.
Todas as afirmativas estão corretas.
17) Relacione as afirmativas da COLUNA A aos tópicos da COLUNA B:
COLUNA A
1. Kant
2. Marx.
3. Espinosa
4. Platão
5. Nietzsche
6. Aristóteles
COLUNA B
não oferece um quadro de valores e vícios externos ao indivíduo, sendo sua referência ética o
próprio indivíduo – sua força e sua fraqueza -, em sua integridade e liberdade para relacionar-se
com a sociedade e a Natureza.
a virtude pode ser ensinada e aprendida.
desejo e vontade não são separáveis e nem referem-se, por si mesmos, ao vício e à virtude, ao
bem e ao mal, pois estes são invenções morais produzidas pela sociedade.
a conduta ética deve ser universal, racional e inquestionável; manifesta a vontade como
expressão do dever. O dever educa a vontade.
a ética é considerada como praxis na qual o sujeito é inseparável das suas ações e das
finalidades das suas ações. O que o sujeito realiza dá o testemunho do que ele é e do que aspira.
e ética, enquanto um princípio universal, racional e inquestionável, é uma impossibilidade real
para uma sociedade pautada na violência, na repressão e na desigualdade.
( )
( )
( )
( )
( )
( )
Assinale a seqüência CORRETA de cima para baixo.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
2, 5, 3, 4, 1, 6.
3, 6, 1, 2, 5, 4.
5, 2, 3, 4, 1, 6.
3, 4, 5, 1, 6, 2.
1, 3, 4, 6, 2, 5.
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18) A partir do texto à seguir, que registra uma significativa mudança no enfoque estético e político do
século XX, assinale (V) (verdadeiro) ou (F) (falso):
Segundo Walter Benjamin: “... é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o
declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e
intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas ‘ficarem mais próximas’ é uma
preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único
dos fatos através da sua reprodutibilidade. Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o
objeto, tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua cópia, na sua reprodução. (...) Retirar
o objeto do seu invólucro, destruir sua aura, é a característica de uma forma de percepção cuja
capacidade de captar ‘o semelhante no mundo’ é tão aguda que, graças à reprodução, ela consegue
captá-lo até no fenômeno único. (...) Orientar a realidade em função das massas e as massas em
função da realidade é um processo de imenso alcance, tanto para o pensamento como para a
intuição.” (Walter Benjamin apud CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6a. ed. São Paulo: Ática, 1995. op. cit., p. 327).
( )
a reprodutibilidade técnica da imagem acompanha os movimentos de massas do início do século
XX e esse fato, discutido por Benjamin, é precursor da estética de massificação empregada
pelos líderes totalitários a partir dos anos 30.
o conceito de aura de Benjamin, surge da necessidade de elaboração da perda ou a destruição
do caráter único do objeto artístico.
a reprodutibilidade em Benjamin remete à relação entre arte e sociedade.
o texto mostra um tipo de elaboração teórica e conceitual característica do pensamento crítico
deste filósofo e um enfoque sobre a realidade européia dos anos 30.
o conceito de aura diz respeito à preservação de uma referência ao original inerente ao objeto
reproduzido, ou seja, à cópia.
a reprodutibilidade acontece, porque a massa social não sabe diferenciar a arte de outros
processos de reprodução.
a reprodutibilidade técnica atende a um desejo de democratização da arte.
a partir da reprodutibilidade e da cultura de massas, qualquer política terá uma dimensão estética.
a cultura de massas e a indústria cultural são conseqüência da transformação assinalada por
Benjamin.
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
A seqüência CORRETA de cima para baixo é:
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
F, F, V, V, F, V, V, F, F.
V, F, V, V, F, F, F, V, V.
F, V, F, V, V, V, V, F, F.
V, V, V, F, F, F, F, V, F.
V, V, V, V, F, F, V, V, V.
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19) Segundo Marilena Chauí (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 6a. ed. São Paulo: Ática, 1995. op. cit., pp. 377-379),
o antropólogo francês Pierre Clastres, ao estudar as sociedades indígenas da Americana do Sul,
desenvolveu conclusões capazes de abalar algumas concepções filosóficas e políticas do Ocidente.
Sobre tais conclusões é CORRETO afirmar que:
I - suas observações e descrições desmoronam as evidências do evolucionismo e, ao mesmo
tempo, desferem um golpe moral contra o etnocentrismo costumeiro dos escritos
antropológicos.
II - contrariamente ao ideal de História universal, pensado por Hegel, Clastres revela que os nativos
americanos possuem memória, mantidas na forma de narrativas míticas e transmitidas
oralmente, cuja função cultural é afirmar uma história e um destino comuns.
III - as tribos indígenas americanas, as sociedades ‘selvagens’, diria Clastres, recusam-se a aceitar
que o poder seja exercido por alguém acima ou de fora da comunidade, isto é, recusam o
Estado e o mercado como metas racionais para a manutenção da liberdade e da paz social.
IV - apresenta as sociedades indígenas como tribais, destituídas de propriedade privada e de
divisão social do trabalho, mas com uma intensa luta de classes reguladas por chefes místicos,
que mantém a unidade interna pela religiosidade.
V - mostra que o Estado, mesmo nas sociedades selvagens, é despótico e violento, levando a
comunidade a depor seus chefes.
VI - a etnografia de Clastres documenta que as sociedades americanas selvagens têm muitos
pontos em comum com outras sociedades, mostrando que não se pode inferir dos seus
costumes a sua inferioridade cultural, uma vez que, com relação ao exercício do poder e à
organização social, elas estão muito próximas das sociedades ocidentais.
Assinale a alternativa que apresenta todas as opções CORRETAS.
A(
B(
C(
D(
E(
)
)
)
)
)
I, III e VI.
III, IV e V.
I, II, e III.
II, III e IV.
III e V.
20) A partir da obra A República de Platão (PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret, 2003), podemos
inferir que:
I - a arte da persuasão é considerada a forma mais eficaz de garantir a obediência à lei na polis
ideal de Platão. Nesse sentido, qualquer tipo de censura ou coerção por parte do Estado revelase injustificável, mesmo quando esteja em jogo a própria integridade do mesmo.
II - trata-se do grande diálogo platônico sobre a justiça. A detalhada tarefa pedagógica exposta nas
páginas de A República ganha um sentido nobre quando orientada pela justiça. Assim, diferente
de Aristóteles para quem a justiça não se sobrepõe à amizade entre as pessoas, Platão
entende que é a justiça que mantém o vínculo necessário nas comunidades.
III - sob a forma do diálogo e da alegoria Platão discursa sobre a essência da polis e da verdade. A
primeira nasce da obrigação em que se encontram os homens para satisfazer às suas
necessidades vitais, e a segunda, nasce do contato com o inteligível; a verdade é eterna, única
e indivisível. Daí provém à tarefa primeira do filósofo: a separação entre essência e aparência.
IV - aquilo que se mostra em A República na forma de um discurso estritamente filosófico fora
inspirado em uma experiência exclusivamente política – o julgamento e a condenação de
Sócrates.
V - a tirania é um vício bestial a ser evitado tanto no indivíduo quanto no Estado. Assim, pode-se
dizer que o tirano é o mais infeliz e o mais injusto dos homens, e a tirania é a impossibilidade de
gerir em paz e sabedoria o Estado.
Assinale a alternativa que apresenta todas as opções CORRETAS.
A(
B(
C(
D(
)
)
)
)
II, III, IV e V.
I, II, IV e V.
II e V.
I, III, IV e V.
E ( ) III e IV.
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