o uso da traqueostomia em pacientes na unidade de terapia

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Curso de Enfermagem
Artigo de Revisão
O USO DA TRAQUEOSTOMIA EM PACIENTES NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
THE USE OF TRACHEOSTOMY IN INTENSIVE CARE UNIT PATIENTS
Sandra Jaco Rocha Nogueira1, Verônica Neves da Cunha Pereira1; Judith Trevisam 2
1 Acadêmicas do Curso de Enfermagem
2 Professora Especialista
Resumo
Introdução: a traqueostomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos e consiste na abertura da traqueia com a colocação de
uma cânula em seu interior, estabelecendo comunicação direta entre ela e o meio externo. Dentre os benefícios encontrados com sua
realização podem ser citados: redução da taxa de auto extubação e da mortalidade. Ela é indicada principalmente para os pacientes
com necessidade de ventilação mecânica prolongada ou obstrução de vias aéreas. Porém o momento ideal para sua realização ainda
é incerto. Objetivo geral: Identificar as principais indicações para uso da traqueostomia, e o momento ideal para a sua realização.
Objetivo especifico :Conhecer os benefícios e as complicações do uso de traqueostomia nos pacientes de unidade de terapia
intensiva através de uma revisão de literatura; . Materiais e Métodos: revisão bibliográfica, qualitativa. Foram realizados uma busca
nas bases de dados Lilacs, MedLine, PubMed e Scielo utilizando os termos traqueostomia, indicação, complicação,enfermagem.
Foram selecionados 26 artigos. Resultados: As indicações para a traqueostomia mais comuns foram: tubo orotraqueal e VM
prolongada, desobstrução e proteção de vias aéreas, higiene pulmonar, prevenção de lesões laríngeas e conforto para o paciente. Nos
benefícios se enquadram a facilidade do manuseio, fácil acesso às vias áreas, redução do risco de aspiração, entre outros. As
complicações são divididas em precoce, tardia e mista, onde a hemorragia e a infecção são mais comuns. A traqueostomia é realizada
de dois tipos precoce (48 h) e tardia (14-16 dias), e o local adequado é o centro cirúrgico. Considerações finais: O profissional de
enfermagem deve conhecer as indicações, os benefícios e as complicações da traqueostomia, a fim de participar ativamente, junto à
equipe multiprofissional.
Palavras-chave: Traqueostomia, Indicação, Complicações, Enfermagem
Abstract
Introduction: Tracheostomy is one of the oldest surgical procedures and consists of opening the trachea with the placement of a tube
inside her, establishing direct communication between it and the external environment. Among the benefits found with their achievement
can be cited: reduction in the rate of self extubation and mortality. It is mainly indicated for patients requiring prolonged mechanical
ventilation or airway obstruction. But the ideal time for its realization is uncertain. General Objective: To identify the main indications for
use of tracheostomy, and the ideal time for its completion. Specific Objective: To know the benefits and complications of the use of
tracheostomy in intensive care unit patients through a literature review. Materials and Methods: Literature, qualitative review. Were
carried out a search in the databases Lilacs, Medline, PubMed and Scielo using the tracheostomy terms, indication, complication,
nursing. A total of 26 items. Results: The most common indications for tracheostomy were: tracheal tube and prolonged MV, clearance
and airway protection, pulmonary hygiene, prevention of laryngeal lesions and patient comfort. The benefits fall into the easy to handle,
easy access to the airways, reducing the risk of aspiration, among others. Complications are divided into early, late and mixed, where
the bleeding and infection are common. A tracheostomy is performed two types early (48 h) and late (14-16h), and the right place is the
operating room. Final Thoughts: The nursing professional should know the indications, benefits and complications of tracheostomy in
order to actively participate with the multidisciplinary team.
Keywords: Tracheostomy, Indication, Complication, Nursing
Contato: [email protected]; [email protected]
Introdução
A traqueostomia (TQT) do grego trachea
(artéria dura) e tomia (incisão) é um dos
procedimentos cirúrgicos mais antigos, que
consiste na abertura da traqueia com a
colocação de uma cânula em seu interior,
estabelecendo comunicação direta entre ela e o
meio externo (Sakae et al., 2010; Fraga et
al.,2009; Yaremchuk, 2003).
A primeira descrição de traqueostomia é
datada a mais de três mil anos, no antigo Egito,
sendo utilizada como cirurgia de emergência nos
casos de obstrução de vias áreas, porém
somente em 1960 é que o procedimento
começou a ser realizado com uma frequência
maior, em decorrência da intensificação dos
cuidados respiratórios (Urban et al., 1999)
O
procedimento
cirúrgico
da
traqueostomia foi descrito primeiramente em
livros de medicina hindu nos anos 1500 a. C.,
atribuído a Asclepíades, em Roma. Somente no
século XVI o médico italiano Antônio M.
Brasovala relatou, com sucesso, a realização
desse procedimento em um paciente com
abscesso na traqueia (Fraga et al., 2009)
A partir daí houve grande avanço na
técnica cirúrgica da traqueostomia, mas foi em
meados dos anos 60, com o surgimento de
ventiladores com pressão positiva e o
surgimento das unidades de terapia intensiva
(UTI),
que
a
traqueostomia
finalmente
conquistou o espaço no tratamento de pacientes
críticos (Viana; Palazzo; Aragon, 2011)
Segundo Viana, Palazzo e Aragon (2011)
sua popularização se deve principalmente aos
grandes benefícios alcançados, tais como a
redução da taxa de autoextubação e da
mortalidade, possibilidade de fonação, ingestão
oral e melhora nos cuidados de enfermagem.
A técnica utilizada hoje em dia foi
padronizada no século XX, e permanece pouco
inalterada nos dias atuais (Rickz et al., 2011;
Vianna; Palazzo; Aragon, 2011). A traqueostomia
pode ser realizada por duas abordagens,
percutânea ou cirúrgica aberta (Sakae et al.,
2010).
Tradicionalmente
a
traqueostomia
cirúrgica aberta tem sido feita por muitos
cirurgiões em sala operatória e, em muitas
instituições, estes permanecem o método e local
de escolha (Gomes; Chaves, 2011). Mas
também é descrita como um dos procedimentos
cirúrgicos mais comuns nas Unidades de Terapia
Intensiva (Macedo et al., 2011; Mendes;Ranea;
Oliveira, 2013).
Na abordagem cirúrgica aberta duas
suturas circunferenciais são realizadas em torno
da face lateral do anel abordado, e colocados
sobre o tórax a fim de produzir tração na
traqueia e facilitar a passagem da cânula para
dentro do lúmen (Durbin, 2005).
Nesse momento, a cânula deve ser
preenchida pelo obturador, um dispositivo que
funciona como um guia, garantindo a passagem
com menor risco de gerar um falso trajeto (Cook;
Mulrow; Haynes, 1997). Após a cirurgia aberta, o
trato permanece estável de 3 a 5 dias (Silva et
al., 2009).
Existem alguns fatores que podem
complicar a recolocação em via áerea estável
como obesidade, pescoço curto, anormalidades
anatômicas, secreção copiosa no trato
respiratório e excessiva quantidade de tecido de
granulação (Silva et al., 2009).
A traqueostomia pode ser classificada
quanto a sua finalidade (preventiva – utilizada
para complementar outros procedimentos
cirúrgicos ou endoscópicos que possam gerar
obstrução das vias áreas ou dificuldade
respiratória; curativa – usada em situações cuja
finalidade é a manutenção das vias aéreas; e
paliativa – utilizada em pacientes terminais, em
que não há nenhuma possibilidade de
tratamento, e o intuito é apenas promover
conforto respiratório), quanto ao momento de
realização (de urgência – quando o paciente
necessita de intervenção rápida, em decorrência
de quadro de insuficiência respiratória; e eletiva
– realizada em pacientes com vias aéreas
controladas) e quanto ao tempo de permanência
(temporária – aquelas que após determinado
tempo são fechadas; ou definitiva – aquelas que
passam a ser via de ventilação permanente)
(Ricz et al., 2011).
O conhecimento sobre a traquesostomia e
suas implicações ao paciente crítico são
extremamente importantes para um melhor
manejo, e execução de assistência com maior
qualidade.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi
conhecer os benefícios e indicações do uso da
traqueostomia e o momento ideal para sua
realização, quando justifica-se pela grande
quantidade de pacientes internados nas UTI que
fazem o uso desse dispositivo traqueostomia.
Além de identificar as principais complicações .
Perfeito et al. (2007) referem que a
traqueostomia na Unidade de Terapia Intensiva é
viável e com baixo índice de complicações,
mesmo quando realizada em pacientes graves.
Mas em contrapartida, Silva et al. (2009),
identificaram que o nível de conhecimento dos
profissionais referente ao manejo desse
procedimento em situação de emergência foi
insuficiente, justificando a necessidade de
treinamento das equipes.
Materiais e Métodos
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica,
qualitativa, utilizando-se as bases de dados
Lilacs, MedLine, PubMed e Scielo. Os termos
“traqueostomia”,“indicação”,“complicações”
e “enfermagem” foram utilizados para a busca,
de forma separada e também combinados. Suas
respectivas traduções para inglês também foram
utilizadas para a pesquisa.
Após a leitura dos trabalhos encontrados
também foi realizada a busca de novos artigos
dentre as referências bibliográficas dos trabalhos
separados, visando garantir uma pesquisa mais
abrangente.
Critério de inclusão
O presente trabalho incluiu os seguintes
estudos: artigos originais em língua inglesa e
portuguesa, realizados em pacientes de
unidades de terapia intensiva, em relação à
beneficio, indicação, complicações e cuidados
com a traqueostomia, que foram publicados nos
últimos 14 anos (1999 – 2013), artigos mais
antigos também foram utilizados desde que
trouxessem informações importantes em relação
ao assunto e que não foram mais abordadas em
outros trabalhos e revisões bibliográficas
sistemáticas e narrativas, ensaios clínicos
randomizados ou não, estudos de coortes,
relatos de casos e dissertações.
Critérios de exclusão:
Serão excluídos todos os estudos com as
seguintes características: não relacionados ao
tema, fora do espaço temporal determinado e
em idiomas diferentes do inglês e/ou português.
Foram
realizadas
as
buscas
e
encontrados 16 artigos nas buscas iniciais dos
termos escolhidos. Realizou-se a leitura dos
resumos e 12 trabalhos foram incluídos dentro
da revisão. Os demais 4 artigos foram excluídos,
porém da leitura de suas referências
bibliográficas encontrou-se mais 14 artigos que
foram buscados na internet e incluídos também
no trabalho.
O trabalho foi escrito seguindo as normas
do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIP) –
ICESP/PROMOVE, 2014.
Resultados e Discussão
A indicação da traqueostomia tem íntima
relação com o seu histórico, visto que
primeiramente era utilizada para a desobstrução
das vias aéreas e posteriormente mais
Indicação
associada à prevenção de alterações na via
aérea e melhora ou tratamento dos cuidados
respiratórios (Fraga et al., 2009).
Nos artigos pesquisados, apenas 11
trouxeram relatos de indicações para a
realização da traquestomia, conforme mostra a
tabela 1. O que não significa que são apenas
esses os critérios para traqueostomizar um
paciente (Aranha et al., 2007; Fraga et al., 2009;
Gomes;Chaves, 2011; Itamoto et al., 2010;
Macedo et al., 2011; Mendes; Ranea; Oliveira,
2013; Rickz et al., 2011; Sakae et al., 2010; Silva
et al., 2009; Sousa et al., 2009; Vianna; Palazzo;
Aragon, 2011).
De acordo com Ricz et al. (2011) as
indicações da traqueostomia podem ser
agrupadas da seguinte maneira: permitir a
ventilação mecânica, como casos de intubações
orotraqueais; uso de manobras, cujo intuito é
liberar a obstrução de via aérea; permitir a
higiene pulmonar e a ventilação de pacientes
com debilidade na musculatura respiratória.
Em pacientes pediátricos ainda podemos
acrescentar como indicação para a realização da
traqueostomia na UTI as lesões neurológicas,
anormalidades craniofaciais e paralisia de
cordas vocais (Carron et al., 2000).
Segundo Itamoto
et al. (2010)
antigamente o principal motivo da utilização da
traqueostomia em crianças era a obstrução de
via aérea superior decorrente de origem
infecciosa, porém, nos dias de hoje, as principais
indicações são a intubação orotraqueal (IOT)
prolongada, a obstrução de via área proveniente
de
malformações
craniofaciais,como
por
exemplo, Síndrome de Tracher-Collins, a
estenose laringo-traqueal, e por fim, a
hipoventilação, normalmente associada a
doenças neurológicas, como exemplo a paralisia
cerebral.
Tabela 1 - Indicações da traqueostomia (11 artigos)
%
(dos
indicações)
Tubo orotraqueal e VM prolongada
trabalhos
com
9 (82%)
Desobstrução e proteção de Vias Aereas
6 (54,5%)
Higiene pulmonar
6 (54,5%)
Prevenção de lesões laríngeas
3 (27%)
Conforto e segurança do paciente
2 (18%)
Diversos são os benefícios obtidos com a
realização da traqueostomia nos pacientes de
Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Dentre os principais podemos citar:
facilidade no manuseio do paciente pela equipe
de enfermagem, possibilidade de fonação e
alimentação oral, maior conforto, menor taxa de
auto-extubação, redução do insucesso no
desmame
da
Ventilação
Mecânica,
principalmente na traqueostomia precoce, melhor
higiene das secreções pulmonares e altas para
unidades menos complexas ou para casa,
mesmo com suporte ventilatório (Macedo et al.,
2011; Vianna; Palazzo; Aragon, 2011; Rickz et al.,
2011; Gomes; Chaves, 2011; Sakae et al., 2010;
Mendes; Ranea; Oliveira, 2013; Aranha et al.,
2007; Pasini et al., 2007).
Rumbak et al (2004) encontraram
benefícios
na
redução
da
mortalidade,
pneumonia associada à Ventilação Mecânica,
tempo de internação na Unidade de Terapia
Intensiva e tempo de Ventilação Mecânica em
pacientes submetidos à traqueostomia precoce
até 48 horas do início do suporte ventilatório.
As vantagens e benefícios relacionados à
utilização da traqueostomia são inúmeros. Sousa
et al. (2009) destaca como benefícios a redução
do risco de aspiração gástrica, o acesso fácil às
vias aéreas inferiores e a prevenção de
complicações
decorrentes
da
entubação
translaríngea prolongada.
Uma das principais características dos
benefícios gerados pela realização desse
procedimento em pacientes da Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) é a promoção de maior
facilidade no cuidado do paciente, principalmente
pela equipe de enfermagem. Tal benefício deve
estar relacionado ao fato de reduzir a chance de
auto-extubação ou até mesmo pela facilidade na
realização da higiene oral dos pacientes
submetidos à VM.
As indicações e os benefícios da
traqueostomia são indiscutíveis, porém as
possíveis
complicações
também
são
incontestáveis, mesmo com incidência baixa
(entre 4 e 10%) (Macedo et al., 2011).
A principal complicação relatada na
literatura é a hemorragia intra-operatória ou pósoperatória, seguida de obstrução da cânula por
secreção, descanulação acidental, falso trajeto,
infecção do estoma, enfisema subcutâneo e
broncoaspiração, mesmo com a presença do
cuff, que é tido como um protetor dessa
complicação.
Ainda há relato, porém em menor
frequência, de complicações como pneumonia,
edema de língua, diminuição do volume
pulmonar, aumento da internação hospitalar em
setores menos complexos e até mesmo morte
(complicação com menos de 1% de chance de
acontecimento) (Macedo et al., 2011; Vianna;
Palazzo; Aragon, 2011; Rickz et al., 2011;
Barros; Portas; Queija, 2011; Quintanilha et al.,
2011; Gomes;Chaves, 2011; Aranha et al., 2007;
Pasini et al., 2007; Reis et al., 2013).
Outra complicação considerável é a
alteração da mecânica respiratória, pois após a
realização da traqueostomia ocorre uma
anulação da atividade dos músculos da cabeça e
pescoço para manutenção do calibre das vias
9
aéreas .
De acordo com Sousa et al. (2009) os
agravos da traqueostomia são frequentes, e
algumas vezes podem ser fatais, e agrupadas em
precoces,
tardias
e
mistas.Dentre
as
complicações
precoces
estão:
pneumomediastino,
pneumotórax,
enfisema
subcutâneo, hemorragias e complicações da
ferida.
Uma complicação tardia da realização da
traqueostomia é a formação de tecido de
granulação no estoma ou na própria traqueia.
Essa complicação pode gerar sangramento,
drenagem e dificuldade de manutenção do
suporte ventilatório mecânico (Yaremchuk, 2003).
Outros agravantes que se enquadram na
tardia destacam-se a estenoselaríngea ou
traqueal, a traqueomalacia e a formação de
pólipos traqueais. Nas mistas incluem-se a
descanulação acidental, a obstrução da cânula, a
infecção e a morte (Sousa et al., 2009).
No caso dos pacientes pediátricos a
chance de desenvolvimento de complicações
pós-operatórias é significativamente maior, com
alta taxa de mortalidade (Carron et al., 2000),
podendo chegar a ser de duas a três vezes maior
,
que no adulto (Fraga et al., 2009) em decorrência
da maior dificuldade cirúrgica ocasionada pela
própria anatomia das crianças que dificulta o
acesso para a realização da traqueostomia .
A identificação e o gerenciamento dos
fatores causadores desses agravantes são
essenciais para uma abordagem segura nos
pacientes com traqueostomias.
Fraga et al. (2009) expões alguns cuidados
fundamentais
no
manejo
do
paciente
traqueostomizado:
Necessidade
de
aquecimento
e
umidificação do ar inspirado, para prevenir
desconforto ou espessamento das secreções,
com risco de obstrução;
Necessidade de remoção artificial das
secreções pulmonares, uma vez que a
traqueostomia prejudica a tosse, desde que seja
feita de forma asséptica e minimamente
traumática;
Necessidade de trocas frequentes dos
materiais utilizados, tais como sondas de
aspiração, para prevenção de infecção;
Necessidade de cuidados básicos de
higiene com a traqueostomia, tais como troca do
cadarço de fixação, que deve ser diária ou
conforme necessidade por sujidade.
Quando
os
pacientes
apresentam
respiração normal por via aérea fisiológica e de
forma adequada, na forma mais precoce
possível, deve ser levada em consideração a
possibilidade de decanulação (retirada da via
aérea artificial) (Rickz et al., 2011; Mendes;
Ranea; Oliveira, 2013).
Segundo Casserly et al. (2005) nos casos
de deslocamento acidental da cânula na fase
precoce da traqueostomia, a conduta mais
segura é instituir a ventilação orofacial com
ressuscitador manual e realizar intubação
translaringeal antes de reintroduzir a cânula no
estoma.
Em relação ao momento ideal para se
realizar a traqueostomia em um paciente na
Unidade de Terapia Intensiva não há um
consenso na literatura (Macedo et al., 2011;
Vianna; Palazzo; Aragon, 2011; Rickz et al.,
2011), sendo difícil primeiramente a definição do
que é precoce e tardia. Os trabalhos evidenciam
que, geralmente, elas são realizadas entre 6 a 10
dias de VM (Vianna; Palazzo; Aragon, 2011)
chegando até 13,5 dias, como encontrado por
Aranha et al. (2007).
Alguns autores observaram que esse
procedimento precoce pode ser responsável pela
redução do tempo de internação e menor taxa de
complicações (Macedo et al., 2011; Vianna;
Palazzo; Aragon, 2011). Já observado que após 6
dias de intubação, são detectadas lesões agudas
na laringe, e a partir do décimo dia o índice de
complicações aumenta, sendo possível que os
pacientes neurocríticos e com trauma grave se
beneficiem dessa prática (Massiki et al., 2001;
Yaremchuk, 2003; Rumnak et al., 2004), além
dos submetidos à glossectomia parcial com
síntese primária e com problemas respiratórios,
com aumento do tempo de Ventilação Mecânica
(Sakae et al., 2010; Quintanilha et al., 2011).
As Diretrizes Brasileira de Ventilação
Mecânica recomenda que para pacientes clínicos
a realização da traqueostomia deve ser
considerada no 14º dia de VM e com
necessidade de mais tempo de tal terapêutica.
Segundo Pinheiro et al. (2010) há dois
tipos de momento adequado de se realizar a
traqueostomia, que são: traqueostomia precoce
(em 48 h) e traqueostomia tardia (14 – 16 dias).
No seu estudo, foi observado que os pacientes,
que foram traqueostomizado precocemente
apresentaram uma melhor evolução, com uma
menor duração da VM, e menor mortalidade.
É importante mencionar a respeito do
momento de realização da traqueostomia, a
inclusão de paciente com diferentes diagnósticos,
ou seja, com diferentes indicações para o suporte
ventilatório. Uma vez que, as vantagens da
traqueostomia se diferem entres os diagnósticos,
algumas condições se beneficiam mais desse
procedimento do que outras permitindo a
realização da traqueostomia precocemente (Blot
et al., 2008). Assim o melhor momento para a
realização da traqueostomia é após uma
investigação de todas as condições principais de
necessidade de VM (Pinheiro et al., 2010).
Em relação ao local ideal para a realização
da traqueostomia foi observado que deve ser,
preferencialmente, no centro cirúrgico, porém, em
grandes hospitais as Unidades Intensivas já
possuem estrutura para que o procedimento seja
realizado sem transportar o paciente ao centro
cirúrgico (Rickz et al., 2011).
A realização da traqueostomia no leito da
unidade de terapia intensiva (UTI) se deve a
grande distancia entre as diversas Unidades
Intensivas e o centro cirúrgico na maioria dos
hospitais, além do grande volume de cirurgias.
Entretanto, como a traqueostomia é um
procedimento que lida com as vias aéreas,
afirma-se que a sala cirúrgica seja o local ideal
(Perfeito et al., 2007).
É importante levar em consideração as
complicações desse procedimento fora da sala
cirúrgica. Perfeito et al. (2007) em seu estudo,
observou algumas complicações imediatas como
sangramento local, e complicações tardias, a
infecção ao redor da ferida operatória.
A
grande
preocupação
desse
procedimento realizado em outro local é a
presença de sangramento e seu controle
adequado, e a possibilidade de infecções graves.
Apesar disso uma das grandes vantagens
do procedimento ser realizado na Unidade de
Terapia Intensiva é evitar o transporte dos
pacientes, uma vez que muitos deles têm lesões
graves e não devem ser mobilizados, além dos
acessos venosos, drenos e monitorizações mais
invasivas, que podem sair do lugar durante o
transporte e alterar os sinais vitais, ocorrer perda
dos parâmetros ventilatórios utilizados, e gerar
instabilidade hemodinâmica (Perfeito et al., 2007).
Massick et al. (2001) compararam
pacientes que puderam realizar traqueostomia na
beira do leito da Unidade de Terapia Intensiva
com pacientes que tiveram que ser levados ao
centro cirúrgico para tal procedimento, e
observaram que as complicações perioperatórias
eram maiores, significantemente, no grupo que
deixou a UTI para a cirurgia.
Alguns anos atrás a traqueostomia
realizada no leito da Unidade Intensiva, era visto
como um procedimento de alta morbidade e
mortalidade,
porém
com
os
avanços
tecnológicos, e o surgimento de aparelhos
menores e instrumentos mais práticos e de fácil
manejo, este procedimento tem se tornado mais
fácil de ser realizado, de maneira que não trás
complicações a saúde do paciente (Perfeito et al.,
2007).
Macedo et al. (2011), em uma análise
retrospectiva de 107 pacientes na Unidade de
Terapia Intensiva do Hospital Universitário Walter
Cantídio (Fortaleza-CE), encontraram a técnica
cirúrgica como a mais comum, seguida da
percutânea, mas sem vantagem evidente de uma
técnica sobre a outra. Porém o grupo de Massick
(2001)
evidenciou
menor
incidência
de
complicações pós-operatórias em traqueostomias
realizadas pela técnica percutânea, mas
provavelmente pelo fato de a técnica, em tal
época, não ser tão desenvolvida como
atualmente.
Considerações finais
As indicações para a realização da
traqueostomia são inúmeras, pois dependem do
diagnostico do paciente, e por essa razão, existe
divergência sobre os principais motivos que
levem a realização desse procedimento em
pacientes críticos internados no ambiente da
terapia intensiva.
Apesar disso, observou-se que as
indicações mais frequentes se davam pelo uso
prolongado de Ventilação Mecânica e tubo
orotraqueal.
Embora apresente baixa incidência, as
complicações são observadas e de grande
importância, pois algumas vezes podem ser
fatais, sendo que a hemorragia, obstrução da
cânula,
infecção
da
ferida
operatória,
broncoaspiração são as mais comuns, e em
menor frequência, pneumonia, edema de língua,
alteração da mecânica respiratória, entre outras,
que são complicações mais graves levando a
morte do paciente.
Mesmo quando indicada, é preciso que os
profissionais estejam atentos às complicações, e
considerações aos riscos desse procedimento
cirúrgico, mesmo sendo simples e de fácil
realização.
Apesar das complicações que podem
surgir, a utilização da traqueostomia trás
inúmeros benefícios para o paciente, e uma das
principais é a redução do risco de aspiração, o
acesso fácil e a prevenção de complicações.
Além disso, proporciona um maior conforto ao
mesmo, pois é atribuída a esse procedimento
uma maior segurança, menor risco de remoção
da prótese ventilatória, e principalmente,
diminuição da dor na região do pescoço e uma
maior facilidade para evolução do desmame da
Ventilação Mecânica, sem mencionar o manuseio
durante a assistência de enfermagem que é
facilitado, e permitir a comunicação, deglutição,
higiene oral entre outros benefícios.
Em relação ao momento de realização da
traqueostomia, foram encontradas duas maneiras
de realizar: precoce e tardiamente, dependendo
do diagnostico do paciente, como por exemplo,
recomenda-se que a traqueostomia precoce seja
realizada somente em pacientes neurológicos
graves e que apresentem grandes chances de
permanecer em Ventilação mecânica por muito
tempo. Nos demais pacientes se realizado
precocemente pode ocasionar complicações
sérias, agravando ainda mais o quadro de saúde
do mesmo.
No que se refere ao local é notório que o
mais adequado é no centro cirúrgico, em
decorrência do preparo da equipe e materiais
disponíveis em casos de emergências, embora
algumas pesquisas apresentem a Unidade
Terapia Intensiva como um local para a
realização da traqueostomia, em virtude de suas
inúmeras
vantagens,
como
evitar
as
intercorrências provenientes do translado da
Unidade Intensiva para o centro cirúrgico, entre
outras.
Diante dessas questões, conclui-se que o
profissional de enfermagem deve conhecer as
indicações, os benefícios e as complicações da
realização de traqueostomia para poder participar
ativamente, junto à equipe multiprofissional, nas
decisões do momento ideal para sua realização e
na responsabilidade de uma assistência de
qualidade e com segurança para os pacientes
críticos de Unidade de Terapia Intensiva.
Agradecimentos
Primeiramente agradecemos a Deus pelo dom da vida e a capacidade de podermos alcançar
nosso objetivo permitindo que esse momento tão importante aconteça. Agradecemos aos nossos
familiares que nos momentos de nossas ausências entenderam que o nosso futuro seria feito a partir da
constante dedicação no presente.
Agradecemos também pelos momentos difíceis, pois por meio deles nos tornamos fortes e
capazes de enfrentar qualquer obstáculo nessa vida.
Às nossas mães, que sempre acreditaram e incentivaram a continuarmos , aos nossos filhos e
esposos pela compreensão, incentivo e por está sempre presente sendo solidário, quando as dificuldades
vinham nos assolar.
Aos nossos amigos, que compreenderam nossa ausência em várias ocasiões, sempre torcendo
pelo nosso sucesso.
A todos os nossos professores que contribuíram e enriqueceram nossos conhecimentos na vida
acadêmica e aos colegas da Faculdade, a nossa parceira pela compreensão, pelos vários momentos de
estudos, companheirismo e felicidade que passamos juntas durante esta jornada, e hoje mesmo com toda
a dificuldade conseguimos concluir a tão sonhada graduação.
À nossa orientadora, JUDITH TREVISAN, pela sua dedicação e paciência na realização deste
artigo.
À UNICEP PROMOVE, pela excelência no corpo docente do curso de ENFERMAGEM,e pela
educação de qualidade proporcionada a nós.
Referências:
1-ARANHA, SC. et al. Estudo comparativo entre traqueostomia precoce e tardia em pacientes sob
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