Ciume Patológico

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Violência Doméstica mostra as agressões dentro do lar, contra a mulher e
contra a criança, incluindo abuso sexual.
Psiq-Oncologia é a abordagem psicossomática relacionada ao câncer,
influências das emoções sobre o câncer e vice-versa
Filosofia tem o resumo do pensamento de vários filósofos que influenciaram a
psiquiatria
Família aborda o relacionamento familiar e os transtornos emocionais, famílias
que ajudam e famílias que atrapalham...
Em Personalidade temos os Transtornos de Personalidade e as Teorias da
Personalidade, segundo diversos autores
..
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Ciúm ...
e
Agressão ao
Psiquismo
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Ansiedade
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Ciúme Patológico
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de Orfanato
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CIÚME PATOLÓGICO
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livres
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Afetividade
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Criminologia
Criminoso
Sexual Serial
Deficiência
correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos,
Mental
bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o
Demência por
HIV
companheiro(a), contrata detetives particulares, etc. Toda
Desejo Sexual
essa tentativa de aliviar sentimentos, além de
Diagnóstico
reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não
em Psiquiatria
ameniza o mal estar da dúvida.
Gravidez e
Remédios
Gravidez na
Entre absurdos e ridículos, há o caso de uma paciente
Adolescência
portadora de Ciúme Patológico que marcava o pênis do
Oncologia
marido assinando-o no início do dia com uma caneta e
Psiquiátrica
verificava a marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994).
Personalidade
Mais absurda ainda é a história de outro paciente, com ciúme Borderline
obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, Personalidade
Introvertida
procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres,
Psicopatologia
1999).
e Medicina
Quando Tratar
Os ciumentos estão em constante busca de evidências e
Crianças
confissões que confirmem suas suspeitas mas, ainda que
Reposição
Hormonal
confirmada pelo(a) companheiro(a), essa inquisição
permanente traz mais dúvidas ainda ao invés de paz. Depois Síndrome de
Adônis
Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação,
fantasia, crença e certeza freqüentemente se torna vaga e
imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em
idéias supervalorizadas ou francamente delirantes. Depois
das idéias de ciúme, a pessoa é compelida à verificação
compulsória de suas dúvidas. O(a) ciumento(a) verifica se a
pessoa está onde e com quem disse que estaria, abre
Outros Bichos
Morte, Lidando com
Psiconeuroimunolog
ia
Raiva, Ódio e
Psicossomática
Relacionamento
com o Próximo
Relat. OMS Doenças Mentais
Representação da
Realidade
Sonhos Lúcidos
Terapias
Alternativas
Transes e
Possessões
Transtornos
Alimentares
Transt. ObsessivoCompulsivo
Estresse PósTraumático
Transtorno
Alimentares
Violência Doméstica
da capitulação, a confissão do companheiro(a) nunca é
suficientemente detalhada ou fidedigna e tudo volta à
torturante inquisição anterior.
Os portadores de Ciúme Patológico comumente realizam
visitas ou telefonemas de surpresa em casa ou no trabalho
para confirmar suas suspeitas. Os companheiros(as) desses
pacientes vivem dissimulando elogios e presentes recebidos
ou omitindo fatos e informações na tentativa de minimizar os
graves problemas de ciúme, mas geralmente agravam ainda
mais.
O que aparece no Ciúme Patológico é um grande desejo de controle
total sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro(a). Há
ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as
quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas
e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes.
O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria,
que envolve riscos e sofrimentos, podendo ocorrer em diversos
transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de
formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou
idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno ObsessivoCompulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente
associada a rituais de verificação.
Ciúme - conceito
O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão
universal, podendo ser difícil a distinção entre ciúme normal e
patológico(1). Na verdade, pouco se sabe sobre experiências e
comportamentos associados ao ciúme na população geral, mas num
estudo populacional, todos os entrevistados (100%) responderam
positivamente a uma pergunta indicativa de ciúme, embora menos de
TPM
Vida Sexual
(do brasileiro)
Vigorexia
(Adônis)
Veja artigo de
Renata Rigacci,
"Abulatório de
Dependência da
PUCCAMP"
Texto sobre o
Ciúme,
transcrito do
artigo de Laine
Furtado,
publicado na
revista Linha
Aberta, ano VIII,
Ed. 63 de
Novembro de
2003.
"Geraldo J.
Ballone,
especialista em
psiquiatria pela
ABP e professor
do
Departamento
de
Neuropsiquiatria
da Faculdade de
Medicina da
PUCCAMP de
1980 à 2001,
afirma que "em
questões de
ciúme, a linha
divisória entre
10% reconheceu que este sentimento acarretava problemas no
relacionamento (Mullen, 1994).
Ciúme seria um conjunto de emoções desencadeadas por
sentimentos de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um
relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme são muitas,
tendo em comum três elementos:
1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida;
2) haver um rival real ou imaginário e;
3) a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto
amado.
A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas
diferentes culturas e épocas. Assim, no século XIV relacionava-se à
paixão, devoção e zelo, à necessidade de preservar algo importante,
sem conotações pejorativas de possessividade e desconfiança.
Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral,
sendo até um instrumento de proteção da família, talvez um imperativo
biológico ou uma adaptação à necessidade de ciência da paternidade.
Até bem pouco tempo atrás, dava-se grande ênfase à fidelidade
feminina, enquanto a infidelidade masculina era mais bem aceita.
Mesmo em tempos modernos, atribui-se um papel positivo a alguma
manifestação ciúme, considerando-o um sinal de amor e cuidado.
O conceito de Ciúme Mórbido ou Patológico compreende vários
sentimentos perturbadores, desproporcionais e absurdos, os quais
determinam comportamentos inaceitáveis ou bizarros. Esses
sentimentos envolveriam um medo desproporcional de perder o
parceiro(a) para um(a) rival, desconfiança excessiva e infundada,
gerando significativo prejuízo no relacionamento interpessoal.
Alguns autores não consideram fundamental para o diagnóstico a
crença superestimada da infidelidade, sendo mais importante o medo
da perda do outro, ou do espaço afetivo ocupado na vida deste, para
outros a base do Ciúme Patológico estaria em seu aspecto absurdo, na
sua irracionalidade, e não em seu caráter excessivo (Mooney, 1965).
Em psiquiatria o Ciúme Patológico aparece como sintoma de
diversos quadros, desde nos Transtornos de Personalidade até em
doenças francas. Enquanto o ciúme normal seria transitório, específico
e baseado em fatos reais, o Ciúme Patológico seria uma preocupação
infundada, absurda e emancipada do contexto. Enquanto no ciúme
não-patológico o maior desejo é preservar o relacionamento, no Ciúme
Patológico haveria o desejo inconsciente da ameaça de um rival (Kast,
1991).
No Ciúme Patológico várias emoções são experimentadas, tais como
a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação,
perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança.
Haveria, clara correlação entre auto-estima rebaixada,
imaginação,
fantasia, crença
e certeza
freqüentemente
se torna vaga e
imprecisa. "No
ciúme as
dúvidas podem
se transformar
em idéias
supervalorizadas
ou francamente
delirantes.
Depois das
idéias de ciúme,
a pessoa é
compelida à
verificação
compulsória de
suas dúvidas. O
ciumento verifica
se a pessoa está
onde e com
quem disse que
estaria, abre
correspondência
s, ouve
telefonemas,
examina bolsos,
bolsas, carteiras,
recibos, roupas
íntimas, segue o
companheiro,
contrata
detetives
particulares".
Toda essa
tentativa de
aliviar
sentimentos,
além de
reconhecidament
e ridícula até
pelo próprio
ciumento, não
ameniza o mal
estar da dúvida.
Os ciumentos
estão em
constante busca
de evidências e
confissões que
confirmem suas
suspeitas mas,
ainda que
confirmada pelo
companheiro,
essa inquisição
permanente traz
mais dúvidas
ainda ao invés
conseqüentemente a sensação de insegurança e, finalmente o ciúme.
O portador de Ciúme Patológico é um vulcão emocional sempre
prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor,
para ele um sentimento depreciativo e doentio. Esse paciente com
Ciúme Patológico seria extremamente sensível, vulnerável e muito
desconfiado, portador de auto-estima muito rebaixada, tendo como
defesa um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo.
O potencial para atitudes violentas é destacado no Ciúme Patológico,
despertando importante interesse na psiquiatria forense.
As estatísticas policiais sobre as vítimas do Ciúme Patológico
normalmente estão distorcidas, tendo em vista o fato das mulheres
raramente darem queixa das agressões que sofrem por esse motivo. O
Ciúme Patológico pode até motivar homicídios, e muitas dessas
pessoas sequer chegam aos serviços médicos. Para Palermo, a
maioria dos homicídios seguidos de suicídio são crimes de paixão, ou
seja, relacionados à idéias delirantes de Ciúme Patológico (Palermo,
1997). São, geralmente, crimes cometidos por homens com algum
problema psicoemocional, desde transtornos de personalidade,
alcoolismo, drogas, depressão, obsessão, até a franca esquizofrenia.
Ciúme e Doença Mental
Na prática clínica, o primeiro ponto importante quando diante de um
indivíduo com preocupações de ciúme seria avaliar a racionalidade ou
não dessas preocupações, assim como o grau de limitação ou prejuízo
que acarretam. O grau de prejuízo costuma ser diretamente
proporcional ao caráter patológico. Não raro, atualmente, as
preocupações com fidelidade não chegam a ser absurdas e muitas
vezes são bastante compreensíveis.
A seguir, deve-se buscar um entendimento psicopatológico do
sintoma, diferenciar se o fenômeno se trata de uma idéia obsessiva,
prevalente ou delirante. Nesse sentido, é fundamental avaliar o grau de
crítica do indivíduo em relação a essas preocupações. Como se sabe,
uma pessoa pode estar delirante, ainda que o cônjuge de fato o(a)
esteja traindo. Isso ocorre quando a crença na infidelidade for baseada
em fatos ou atitudes que em nada a justifiquem, e se for inabalável e
irremovível pela crítica racional.
O terceiro aspecto seria a busca do diagnóstico responsável pelo
sintoma, o qual, como dissemos, pode se tratar de uma obsessão, idéia
prevalente ou delírio. Nunca é demais ressaltar que, da mesma forma
que a ocorrência de delírios não implica nenhum diagnóstico
específico, obsessões e compulsões não são sintomas característicos
e exclusivos do Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
As obsessões podem acompanhar outros quadros psiquiátricos
como, principalmente as depressões, demências e esquizofrenias.
Sintomas depressivos podem ainda ser co-mórbidos e secundários ao
Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o que ocorre com muita freqüência,
de paz. Depois
da capitulação, a
confissão do
companheiro
nunca é
suficientemente
detalhada ou
fidedigna e tudo
volta à
torturante
inquisição
anterior.
Existem alguns
princípios e
conceitos que
podem ser de
ajuda para a
grande maioria
de pessoas. A
psicóloga Célia
Bezerra, de
Orlando, afirma
que, de modo
geral, o ciúme é
uma emoção
comum. 'De
tempos em
tempos somos
levados a
experimentar
esse sentimento
no campo do
que poderíamos
chamar
"normal". E por
ser uma emoção
comum, se toma
difícil em muitos
casos distinguir
entre o normal e
o patológico. De
modo geral
resumimos o
ciúme como um
conjunto de
emoções
desencadeadas
por sentimentos
que ameaçam a
estabilidade ou
qualidade de um
relacionamento
íntimo
valorizado',
explicou. Ela
disse que
existem muitas
definições de
ciúme, mas
geralmente
encontramos
dificultando o diagnóstico diferencial.
Além da análise dos sintomas, investigando a natureza da
preocupação de ciúme e a força da crença, é fundamental avaliar
também se o sofrimento gerado tanto para o indivíduo quanto para o
cônjuge, o grau de incapacitação no trabalho, na vida conjugal, no laser
e na sociabilidade, ver ainda o risco de atos violentos e a qualidade
global do relacionamento.
Deve-se ainda considerar os fatores de predisposição emocional,
como por exemplo, os sentimentos de inferioridade e insegurança, os
transtornos psicológicos atuais ou anteriores, as experiências passadas
de separação ou traição, traumas de relacionamento dos pais. Os
fatores precipitantes também merecem atenção, como é o caso do
estresse atual, das perdas, mudanças e comportamentos provocativos
do cônjuge. É sempre necessária uma avaliação cuidadosa e global em
cada caso em particular.
O Ciúme Patológico pode coexistir com qualquer diagnóstico
psiquiátrico. Entre pacientes internados os delírios de ciúme foram
encontrados em 1,1 % deles. As prevalências diagnósticas foram as
seguintes: psicoses orgânicas em 7%, distúrbios paranóides em 6,7%,
psicoses alcoólicas em 5,6% e esquizofrenias em 2,5% (Soyka, 1995).
Em pacientes ambulatoriais o Ciúme Patológico relaciona-se em
grande parte a quadros depressivos, ansiosos e obsessivos. A maciça
maioria dos portadores de Ciúme Patológico, entretanto, não está
dentro dos hospitais e nem nos ambulatórios (Shepherd, 1961).
São bastante conhecidos os delírios de ciúme de alcoolistas, ao
ponto desse sintoma ser considerado, durante algum tempo e por
alguns autores, característico do alcoolismo. Destacava-se a
impotência sexual proveniente do alcoolismo como importante fator no
desenvolvimento de idéias de infidelidade, relacionadas a sentimentos
de inferioridade e rejeição.
Nas mulheres, fases de menor interesse sexual ou atratividade física,
como ocorre na gravidez e menopausa, produziriam redução da autoestima, aumentando a insegurança e a ocorrência do Ciúme
Patológico.
A prevalência do Ciúme Patológico no Alcoolismo gira em torno de
34% (Michael, 1995). A evolução comum do Ciúme Patológico como
sintoma do alcoolismo, pode ser, inicialmente, apenas durante a
intoxicação alcoólica e, posteriormente, também nos períodos de
sobriedade.
Na Esquizofrenia, a prevalência do Ciúme Patológico com
características delirantes em pacientes internados costuma ser de
apenas 1 a 2,5%. Seria bem mais freqüente em transtornos demenciais
e em quadros depressivos do que na esquizofrenia (Soyka, 1995). No
Transtorno Paranóide, os delírios de ciúme costumam aparecer em
16% deles (Shaji, 1991).
três elementos
em comum: 1)
Ser uma reação
frente a uma
ameaça
percebida. 2)
haver um rival
real ou
imaginário 3) A
reação visa
eliminar os
riscos da perda
do " objeto"
amado.
O psiquiatra
Eduardo Ferreira
Santos, autor do
livro Ciúme, o
medo da perda,
que está sendo
sucesso de
vendas no
Brasil, disse que
existem quatro
tipos de
ciumentos: o
zeloso, o
enciumado, o
ciumento e o
delirante, capaz
de matar caso se
sinta traído. Ele
afirma que se
analisarmos
mais
detalhadamente
o ciúme,
podemos
perceber, logo
de início, que
não se trata de
um sentimento
voltado para o
outro, mas sim
voltado para si
mesmo, para
quem o sente,
pois é, na
verdade, o medo
que alguém
sente de perder
o outro ou sua
exclusividade
sobre ele. É um
sentimento
egocentrado,
que pode muito
bem ser
associado à
terrível sensação
de ser excluído
Pode-se ainda ter o delírio de ciúme bem sistematizado em sua
forma pura, sem alucinações ou deterioração da personalidade, numa
apresentação monossintomática. Este quadro atualmente denominado
Transtorno Delirante de Ciúme, seria bem mais raro. No DSM.IV os
Critérios Diagnósticos para Transtorno Delirante (F22.0 - 297.1), onde
se inclui o Transtorno Delirante de Ciúme seriam:
A. Delírios não-bizarros que envolvem situações da vida
real, tais como ser seguido, envenenado, infectado, amado
a distância, traído por cônjuge ou parceiro romântico ou ter
uma doença com duração mínima de 1 mês.
B. O critério A para Esquizofrenia não é satisfeito.
Nota: alucinações táteis e olfativas podem estar presentes
no Transtorno Delirante, se relacionadas ao tema dos
delírios.
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de suas
ramificações, o funcionamento sócio-ocupacional não está
acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é
visivelmente esquisito ou bizarro.
D. Se episódios de humor ocorreram durante os delírios, sua
duração total foi breve relativamente à duração dos períodos
delirantes.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos
de uma substância, como por exemplo, uma droga de
abuso, um medicamento ou não se deve à uma condição
médica geral (onde se exclui o ciúme do alcoolista).
Especificar tipo (os tipos seguintes são atribuídos com base
no tema predominante do(s) delírio(s):
Tipo Erotomaníaco: delírios de que outra pessoa,
geralmente de situação mais elevada, está apaixonada pelo
indivíduo.
Tipo Grandioso: delírios de grande valor, poder,
conhecimento, identidade ou de relação especial com uma
divindade ou pessoa famosa.
Tipo Ciumento: delírios de que o parceiro sexual do
indivíduo é infiel.
Tipo Persecutório: delírios de que o indivíduo ou alguém
chegado a ele está sendo, de algum modo, maldosamente
tratado (grifo meu).
Tipo Somático: delírios de que a pessoa tem algum defeito
físico ou condição médica geral.
Tipo Misto: delírios característicos de mais de um dos tipos
acima, sem predomínio de nenhum deles.
Tipo Inespecífico.
Há vários anos suspeita-se que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo
poderia se manifestar como Ciúme Patológico. Nesse caso os
pensamentos atrelados ao Ciúme Patológico seriam indistinguíveis dos
pensamentos obsessivos. Os pensamentos de ciúme seriam
ruminações e as buscas por evidências da infidelidade, rituais
compulsivos de verificação. Muitos pacientes teriam crítica e
constrangimento por esses pensamentos e se esforçariam para afastálos. Albina torres et al citam a famosa frase de Barthes em Fragmentos
de uma relação.
O normal, mais
comum, é a
pessoa sentir-se
enciumada em
situações
eventuais nas
quais, de
alguma forma,
se veja excluído
ou ameaçado de
exclusão na
relação com o
outro.
Eduardo afirma
que em um grau
maior de
comprometiment
o emocional,
quando há uma
instabilidade
neurótica ou de
autoafirmação, a
pessoa pode
apresentar-se
como ciumento.
Neste caso, a
sensação
permanente de
angústia e
instabilidade, a
insegurança em
relação a si
mesmo e ao
outro, além da
fragilidade da
relação afetiva,
podem levar a
pessoa a manter
um permanente
"estado de
tensão",
temendo ser
traído ou
abandonado.
Qualquer sinal
do outro pode
significar algo e
a angústia da
dúvida corrói a
alma de quem é
ciumento. Em
uma terceira
situação, ainda
mais grave sob o
ponto de vista
de
comprometiment
o do psiquismo,
podem ocorrer
situações
de um discurso amoroso: "Como homem ciumento eu sofro quatro
vezes: por ser ciumento, por me culpar por ser assim, por temer que
meu ciúme prejudique o outro, por me deixar levar por uma banalidade;
eu sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser
comum"(Torres, 1999).
De algum tempo para cá, vários autores têm sugerido a relação entre
Ciúme Patológico e Transtornos Obsessivo-Compulsivos (Shepherd,
1961). Desta forma, pensamentos de ciúme podem ser vivenciados
como excessivos, irracionais ou intrusivos e podem levar a
comportamentos compulsivos, tais como os de verificação compulsiva.
Ao se considerar os tipos Ciúme Patológico, podemos observar que,
enquanto no Ciúme Delirante o paciente está solidamente convencido
da traição, no Ciúme Obsessivo ele sentirá dúvidas e ruminações sobre
provas inconclusivas, em que certeza e incerteza, raiva e remorso
alternam-se a cada momento.
É importante ressaltar que em estudos sobre TOC, o tema do Ciúme
Patológico é pouco abordado, possivelmente por não ser um sintoma
muito típico, e em trabalhos que estudam o Ciúme Patológico em geral,
sua apresentação como uma manifestação sintomatológica do TOC
também é pouco enfatizada, talvez por não estar entre os sintomas
mais freqüentes.
Sob vários aspectos constata-se que os pensamentos de ciúme
partilham várias características com os pensamentos das obsessões:
são freqüentemente intrusivos, indesejados, desagradáveis e por vezes
considerados irracionais, em geral acompanhados de atos de
verificação ou busca de reasseguramento. Os indivíduos que avaliam
suas atitudes como inadequadas ou injustificadas teriam mais
sentimentos de culpa e depressão, enquanto os demais apresentariam
mais raiva e comportamentos violentos.
Os pensamentos ou ruminações obsessivas de ciúme diferem das
suspeitas de ciúme na medida em que são facilmente reconhecidos
pelo paciente como ego distônicos, ou seja, irracionais e associados à
resistência e culpa, enquanto as preocupações mórbidas são
sintônicas, consistentes com o estilo de vida e centradas em problemas
realísticos do indivíduo, raramente resistidas e só algumas vezes
associadas à culpa.
Assim, nos pacientes obsessivos as preocupações de ciúme
tipicamente envolvem maior preservação da crítica, mais vergonha,
culpa e sintomas depressivos, menor agressividade expressa e muitas
ruminações e rituais de verificação sobre acontecimentos passados. De
fato, há casos em que predominam comportamentos relacionados à
depressão, tais como: retraimento, dependência e maior demanda por
demonstrações afetivas, por vezes alternados com raiva, ameaças e
agressões.
O ciúme considerado normal dá-se num contexto interpessoal, entre
o sujeito e o objeto, enquanto o ciúme no Transtorno Obsessivo-
delirantes em
que a
desconfiança do
ciumento cede
lugar a uma
certeza
infundada de
que está mesmo
sendo traído ou
abandonado.
Mas como saber
se o ciúme é
normal ou
doentio? O
ciúme normal e
transitório é
baseado em
fatos. O maior
desejo seria
preservar o
relacionamento.
No ciúme
patológico há
geralmente o
desejo
inconsciente da
ameaça de um
rival. Para
algumas pessoas
o ciúme é visto
como zelo, sinal
de amor ou
valorização do
parceiro; para
outros é uma
prova de
insegurança e
baixa autoestima. Em
ambos os casos
existe uma
gama de
sofrimento para
ambos os lados
envolvidos. Mas
quando se trata
do ciúme
patológico é
necessária uma
intervenção
profissional,
porque existem
muitos casos de
mortes e
tragédias
familiares que
apresentam
como pano de
fundo esta
enfermidade.
Segundo
Compulsivo seria intrapessoal, só dentro do sujeito. O ciúme normal
envolveria sempre duas pessoas, e os pacientes melhorariam quando
sem relacionamentos amorosos (Parker e Barret, 1997).
No Ciúme Patológico o amor do outro é sempre questionado e o
medo da perda é continuado, enquanto no amor normal (ou ideal) o
medo não é prevalente e o amor não é questionado. No Transtorno
Obsessivo-Compulsivo há sempre dúvida patológica com verificações
repetidas, mesmo fenômeno que se observa no Ciúme Patológico. O
medo da perda é também um sintoma proeminente no TOC, tanto
quanto no Ciúme Patológico. Neste, a perda do ser amado não diz
respeito à perda pela morte, como ocorre num relacionamento normal,
mas o temor maior, o sofrimento mais assustador é a perda para
outro(a).
Segundo o DSM.IV, as Obsessões, seriam definidas por:
(1) pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
persistentes que, em algum momento durante a
perturbação, são experimentados como intrusivos e
inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento.
(2) os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras
preocupações excessivas com problemas da vida real.
(3) a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos,
impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro
pensamento ou ação.
(4) a pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou
imagens obsessivas são produto de sua própria mente (não
impostos a partir de fora, como na inserção de
pensamentos).
A ausência do termo ciúme nesses critérios seria o maior
responsável pela relutância de muitos autores em diagnosticar o TOC
em casos cuja apresentação é centrada em preocupações de
infidelidade. Apesar de haver temas de idéias obsessivas mais
freqüentes no TOC, as possibilidades de conteúdos obsessivos e
rituais compulsivos são infindáveis. Não há também nenhuma regra
proibindo as idéias obsessivas de envolverem o tema ciúme com a
mesma força que envolve a contaminação, sujeira, doença, etc.
Devido a essa resistência em se considerar o Ciúme Patológico
como um Transtorno Obsessivo-Compulsivo normal com a diferença
única no tema da idéia obsessiva, existem termos variantes do TOC,
tais como Ciúme Obsessivo, Ciúme Obsessivo-Suspeitoso, forma
Obsessivo-Compulsiva de Ciúme Patológico ou Ciúme com
Características Obsessivas, evitando-se falar diretamente em
Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Talvez pelo tema ciúme ter forte
natureza paranóide, a aproximação mais natural do transtorno seria
com idéias delirantes e quadros tradicionalmente psicóticos.
Ballone GJ - Ciúme Patológico - in. PsiqWeb
Psiquiatria Geral, Internet, disponível em
<http://sites.uol.com.br/gballone/voce/ciume.html>última
Geraldo Ballone,
o ciúme
patológico é um
grande desejo
de controle total
sobre os
sentimentos e
comportamento
do companheiro.
Há ainda
preocupações
excessivas sobre
relacionamentos
anteriores, as
quais podem
ocorrer como
pensamentos
repetitivos,
imagens
intrusivas e
ruminações sem
fim sobre fatos
passados e seus
detalhes. "O
Ciúme Patológico
é um problema
importante para
a psiquiatria,
que envolve
riscos e
sofrimentos,
podendo ocorrer
em diversos
transtornos
mentais. Na
psicopatologia o
ciúme pode se
apresentar de
formas distintas,
tais como idéias
obsessivas,
idéias
prevalentes ou
idéias delirantes
sobre a
infidelidade. No
Transtorno
ObsessivoCompulsivo
(TOC), o ciúme
surge como uma
obsessão,
normalmente
associada a
rituais de
verificação",
explicou o
psiquiatra.
Segundo ele, o
ciúme
considerado
revisão 2004
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normal dá-se
num contexto
interpessoal,
entre o sujeito e
o objeto,
enquanto o
ciúme no
Transtorno
ObsessivoCompulsivo seria
intrapessoal, só
dentro do
sujeito. O ciúme
normal
envolveria
sempre duas
pessoas, e os
pacientes
melhorariam
quando sem
relacionamentos
amorosos. No
Ciúme Patológico
o amor do outro
é sempre
questionado e o
medo da perda é
continuado,
enquanto no
amor normal (ou
ideal) o medo
não é prevalente
e o amor não é
questionado. No
Transtorno
ObsessivoCompulsivo há
sempre dúvida
patológica com
verificações
repetidas,
mesmo
fenômeno que
se observa no
Ciúme
Patológico. O
medo da perda é
também um
sintoma
proeminente no
TOC, tanto
quanto no Ciúme
Patológico.
Neste, a perda
do ser amado
não diz respeito
à perda pela
morte, como
ocorre num
relacionamento
normal, mas o
temor maior, o
sofrimento mais
assustador é a
perda para
outro.
Célia Bezerra
afirma que,
geralmente o
que move o
"ciumento" é um
desejo de
controle total
sobre a outra
pessoa. Mas, por
mais controle
que consiga
nunca é
suficiente. A
pessoa que sofre
deste "mal'" está
sempre à
procura de
confirmações
para suas
suspeitas
através
principalmente
de confissões
que nunca deixa
satisfeita a
pessoa ciumenta
porque sempre
surgem outras
suspeitas. O
ciumento vive
um eterno
sofrimento, e
acaba
experimentando
stress,
descontrole
emocional,
terminando por
causar um
tremendo clima
de tensão e
desajuste
familiar, aliando
a este clima
cenas públicas
constrangedoras
para ela e para a
família. Esse tipo
de ciúme, nas
palavras do
médico e
escritor Eduardo
Ferreira Santos,
é conhecido
como "Síndrome
de Otelo", em
referência ao
personagem
shakespeariano
que sofria deste
mal, e pode
levar a pessoa a
cometer atos de
extrema
agressividade
física,
configurando
aqueles casos
que recheiam as
crônicas policiais
de suicídios e
homicídios
passionais.
Enquanto os
casos mais
brandos de
ciúme podem
ser uma
manifestação de
má estruturação
da auto-estima,
os
intermediários
refletirem
estados
neuróticos, os
casos da
"Síndrome de
Otelo" são,
indiscutivelment
e causados por
patologias
psiquiátricas
graves, as
chamadas
psicoses ou,
ainda, por
problemas
neuropsiquiátric
os como os
diversos tipos de
disritmia
cerebral
descritas na
medicina.
Diante desse
fato, como
podemos nos
prevenir da
Síndrome de
ateio e como
podemos ajudar
pessoas que
sofrem com o
excesso de
ciúme? De
qualquer forma,
o complexo
sentimento de
ciúme, longe de
ser aquele
"condimento"
que toma a
relação amorosa
mais "apetitosa",
é um sentimento
que leva, via de
regra, ao
sofrimento de
quem o sente e,
principalmente,
de quem padece
nas mãos de um
ciumento
desconfiado e
agressivo. Nas
palavras do
escritor Eduardo
Ferreira Santos,
o ciúme é, em
última análise,
um SINAL DE
ALERTA! É uma
"luz vermelha"
que se acende
no painel da
vida, indicando
que algo está
falhando. Seja
em um ou no
outro, seja na
relação, algum
"ruído" está
denunciado pelo
ciúme. Quanto
mais intenso e
menos
controlável
maior o
problema.
Quanto maior a
intensidade
desse
sentimento,
mais estaremos
ultrapassando os
limites da
normalidade,
para, aos
poucos,
podermos ser
devorados por
uma obsessão
capaz de
destruir
qualquer
relacionamento."
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