emissão de gemas em diferentes comprimentos de estacas de

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EMISSÃO DE GEMAS EM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE ESTACAS
DE ROSEIRA E HIBISCO EM FUNÇÃO DA ATIVIDADE HORMONAL DO
EXTRATO DE TIRIRICA
Natalia Oliveira Silva1, Maria Elisa de Sena Fernandes2, Victor Hugo Mesquita
Rocha1, Daniel Ferreira Afonso1, Júnia Aparecida Lopes1.
1.Graduandos em Agronomia na Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio
Paranaíba ([email protected])
2.Professora em Produção Vegetal da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio
Paranaíba
Universidade Federal de Viçosa - Campus de Rio Paranaíba,
Rodovia MG-230 Km 7 - CEP: 38810-000, Rio Paranaíba, MG
Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014
RESUMO
A roseira e o hibisco são espécies ornamentais muito importantes no paisagismo. As
mudas dessas duas espécies são obtidas principalmente por meio de estacas.
Diante disso extrato aquoso da espécie Cyperus rotundus possui compostos que
estimulam a emissão de gemas caulinares nas estacas. Assim, o objetivo foi avaliar
a emissão de gemas caulinares em diferentes comprimentos de estacas de roseira e
hibisco em função da atividade hormonal do extrato de tiririca. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2X3X2, onde os
tratamentos foram 2 espécies (roseira e hibisco), 3 comprimentos de estacas (15, 20
e 30 cm) e o uso ou não de extrato de tiririca com cinco repetições. O extrato aquoso
foi obtido através dos tubérculos de tiririca. As estacas ficaram imersas por 10
minutos em água destilada e no extrato aquoso de tiririca. Avaliou-se o número de
gemas caulinares emitidas pelas espécies 70 dias após o plantio no canteiro.
Realizou-se análise de variância e teste de Tukey ao nível de significância de 0,10.
Observou-se que o extrato aquoso de tiririca não influenciou a emissão de gemas
caulinares. Verificou-se que a emissão das gemas caulinares foi influenciada pela
interação da espécie cultivada com o comprimento da estaca. Assim, conclui-se que
o extrato de tiririca não proporcionou maior emissão de gemas caulinares nas
espécies testadas. Existiu interação entre as espécies com o comprimento da
estaca, onde o comprimento de 30 cm foi o que mais influenciou a emissão das
gemas caulinares nas espécies de roseira.
PALAVRAS-CHAVES: Cyperus rotundus, Rosa sp. e Hibiscus sp.
EMISSION OF SHOOT BUDS IN DIFFERENT CUTTINGS LENGTHS OF
ROSEBUSH AND HIBISCUS DUE TO THE HORMONAL ACTIVITY OF THE
NUTSEDGE EXTRACT
ABSTRACT
The rose and hibiscus are very important ornamental species in the landscape. The
seedlings of these two species are practically obtained by cuttings. The specie
Cyperus rotundus, has compounds that emission of shoot buds. Thus, the aim of this
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study was to assess the emission of shoot buds in different stakes lengths of
rosebush and hibiscus due to the hormonal activity of the extract of purple nutsedge.
The experimental design was completely randomized in a scheme 2x3x2, where
treatments were 2 species (rosebush and hibiscus), 3 lengths of cuttings (15, 20 and
30 cm) and the use or not of nutsedge extract with five replications. The aqueous
extract was obtained through the purple nutsedge tubers. The cuttings were
immersed for 10 minutes in distilled water and aqueous extract of purple nutsedge.
We evaluated the number of shoot buds issued by the species at 70 days after
planting in the flowerbed. An analysis of variance and Tukey's test at a significance
level of 0.10. Evaluated was the number of shoot buds. It was observed that the
aqueous extract of purple nutsedge did not affect the issuance of shoot buds.. The
emission of shoot buds was influenced by the interaction of the species cultivated
with the cutting length. Thus, it is concluded that the extract of purple nutsedge not
provide greater emission of shoot buds in the species of rosebush and hibiscus.
There is an interaction between species with cutting length, where the length of 30
cm was the most influencing emission of shoot buds in species of rosebush
compared to hibiscus.
KEYWORDS: Cyperus rotundus, Rosa sp. and Hibiscus sp.
INTRODUÇÃO
A roseira (Rosa sp.) pertencente à família Rosaceae sendo cultivada desde
os tempos mais remotos. Seu hábito de crescimento pode ser ereto, trepador ou
reptante, as folhas são dispostas de forma alternada e as flores podem ocorrer de
forma solitária ou em cachos, sendo o fruto do tipo aquênio (FOLEGATTI et al.,
2001; LORENZI, 2013). A roseira sempre desempenhou papel de destaque entre as
plantas ornamentais, sendo hoje uma das floríferas mais apreciadas no mundo
(FOLEGATTI et al., 2001; BARBOSA, 2003). Dentre as regiões de maior cultivo no
Brasil, tem-se destaque a cidade de Barbacena que é considerada uma das
principais cidades produtoras de rosas, onde essa atividade apresenta grande
importância, pois é responsável pela geração de aproximadamente cinco mil
empregos diretos e indiretos (LANDGRAF & PAIVA, 2009).
Além da roseira tem-se outras espécies ornamentais de importância para o
paisagismo, como por exemplo o hibisco. O hibisco (Hibiscus sp.) pertence a família
Malvaceae, originário da Ásia tropical. É um arbusto lenhoso cuja altura pode variar
de três a cinco metros de altura. Essa espécie possui grande variedade de cores e
de formas. As flores são solitárias, podendo florir durante todo o ano. A espécie
pode ser cultivada isolada ou em conjunto, como cerca viva (LORENZI, 2013).
Dentre os métodos de propagação mais utilizados para a produção de mudas
de hibisco e roseira tem-se a enxertia, alporquia e estaquia. Geralmente a técnica
mais utilizada para as duas espécies é a estaquia. Comparativamente com outras
técnicas de propagação vegetativa, a viabilidade do uso da estaquia na propagação
comercial, depende da facilidade de enraizamento da espécie, da qualidade do
sistema radicular formado e do desenvolvimento posterior da planta (FACHINELLO,
2005; LORCARNO, 2011).
Fatores internos e externos à planta matriz ou às estacas podem interferir no
processo de enraizamento. Dentre os fatores internos tem-se as condições
fisiológicas e a idade da planta ou da estaca, o tipo de estaca (apical, mediana ou
basal, herbácea, semi-lenhosa ou lenhosa), a época de coleta, o potencial genético
de enraizamento, a sanidade da planta, o balanço hormonal e a possibilidade de
oxidação de compostos fenólicos. Já entre os fatores externos citam-se a
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temperatura, a luz, a umidade, o substrato e os condicionamentos como a lesão na
base da estaca e a aplicação de reguladores de crescimento. A interação entre
esses fatores permite melhor explicar as causas do enraizamento, ou seja, quanto
mais difícil o enraizamento de uma espécie ou cultivar maior será a importância dos
fatores que afetam (FACHINELLO et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2009)
Para qualquer espécie ser propagada por estaquia um fator relevante na
obtenção das mudas é o comprimento das estacas e a viabilidade das gemas
presentes nelas. Estacas curtas poderão ser usadas quando há necessidade de
propagar genótipos superiores que apresentem pouca disponibilidade de plantasmatrizes, mas não se referem a índices de sobrevivência e qualidade das mudas.
Por outro lado, estacas longas podem tornar-se mais suscetíveis à desidratação
devido à grande superfície exposta ao ambiente e à maior demanda de água para
suprir a grande quantidade de tecido vivo (WENDLING, 2005). A capacidade de
enraizamento de estacas das plantas pode uma vez que estacas maiores favorecem
o enraizamento (LIMA et al., 2006).
Além do comprimento da estaca outro fator importante é o uso de hormônios
que induzem o enraizamento. Dentre os hormônios as auxinas são as substâncias
mais importantes na indução do enraizamento em estacas. A principal função
biológica da auxina é proporcionar maior alongamento de órgãos, especialmente às
raízes. Dentre os fitorreguladores a base de auxina que apresentam maior efeito no
processo de enraizamento são os ácidos indolbutírico (AIB), naftalenacético (ANA) e
indolacético (AIA). Estes podem ser obtidos de forma sintética ou natural, sendo
extraído de plantas que os possuem em sua composição (LAJÚS et al., 2007; TAIZ
& ZEIGER, 2013).
Dentre as plantas que possuem capacidade de produzir auxina, tem-se a
espécie Cyperus rotundus, popularmente conhecida como tiririca, é uma planta
daninha que afeta diretamente a agricultura mundial. É originária da Índia, herbácea
de ciclo perene e possui tubérculos subterrâneos. Pode chegar até 60 centímetros
de altura e ser propagada por sementes, mas principalmente por tubérculos e
estolões, o que a torna extremamente difícil de ser controlada e pode ser encontrada
em todos os tipos de solos, climas e culturas, com exceção do arroz inundado
(RODRIGUES, 2010). A tiririca apresenta em seu extrato aquoso ou alcóolico, de
folhas ou tubérculos um nível elevado de ácido indol-butírico (AIB), um fitoregulador
específico para formação das raízes das plantas, podendo apresentar efeito
sinergístico (ANDRADE et al., 2009; SINGH et al., 2009).
Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar a emissão de gemas
caulinares em diferentes comprimentos de estacas de roseira e hibisco em função
da atividade hormonal do extrato de tiririca.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no viveiro de produção de mudas ornamentais da
Universidade Federal de Viçosa-Campus Rio Paranaíba (UFV-CRP), localizado na
cidade de Rio Paranaíba-Minas Gerais.
As estacas de roseira foram coletadas nas proximidades do viveiro. As rosas
eram de cor rosa-escuro, sem espinhos e com flores unitárias. As estacas de hibisco
foram coletadas no município de Serra do Salitre (cidade vizinha a Rio Paranaíba).
As flores de hibisco eram vermelhas e com folhas verdes. As estacas das duas
espécies foram coletadas de plantas na fase adulta.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2X3X2, onde foram utilizados 2 espécies, 3 comprimentos de estacas e o uso
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ou não de extrato de tiririca com cinco repetições. Os comprimentos das estacas de
roseira e hibisco foram de 15, 20 e 30 centímetros cortados com tesoura de poda em
bisel (Figura 1a).
Para a obtenção do extrato de tiririca foram coletados 50g tubérculos frescos
na área experimental do curso de agronomia da UFV-CRP, nas proximidades do
viveiro. Depois de coletados os tubérculos foram lavados com água corrente e
triturados em liquidificador com 1000 mL de água destilada. Após o processamento,
procedeu-se o peneiramento desta solução com tiririca. Este extrato aquoso de
tubérculos de tiririca foi preparado no mesmo dia do tratamento das estacas. Esta
solução foi colocada em um recipiente onde as estacas tiveram o terço basal imerso
por 10 minutos em água destilada (Testemunha) e no extrato aquoso de tiririca
(Figura 1b). As estacas foram plantadas em canteiros preparados com a mistura de
solo, areia e esterco bovino curtido com irrigação diária. A característica avaliada foi
o número de gemas caulinares desenvolvidas em cada tratamento aos 70 dias após
o plantio no canteiro.
a1)
a2
)
b1)
b2
)
Figura 1. Estacas caulinares apicais de roseira (Rosa sp.) e hibisco (Hibiscus sp.).
A) Padronização das estacas quanto ao tamanho de roseira (a1) e hibisco (a2); B)
Estacas de roseira (b1) e hibisco (b2) imersas em extrato aquoso de tubérculos de
tiririca (Fonte: Imagem pessoal Silva, 2014)
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo programa
estatístico SAEG (UFV, 2007) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
ao nível de significância de 0,10.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se diferença significativa no número de gemas caulinares emitidas
na testemunha e no extrato aquoso (F1;48=2,37; p<0,01). Porém, observou-se que
para estas duas espécies estudadas não houve efeito do extrato de tiririca na
emissão de gemas caulinares (Tabela 1) Apesar de não exercer efeito no número de
gemas caulinares em roseira e hibisco, diversos são os trabalhos que comprovam o
efeito da tiririca como indutor da emissão de gemas caulinares, dentre eles ARRUDA
et. al., (2009) testaram o efeito do extrato de tiririca em estacas de sapoti
(Sapotaceae: Achras sapota L.) e obtiveram melhor enraizamento das estacas
tratadas com extrato de tiririca. XAVIER et al., (2009) também verificaram que o
extrato dos tubérculos de tiririca pode induzir o enraizamento, consequentemente,
maior taxa de sobrevivência das estacas. Diante disso, diversos autores têm
observado este mesmo padrão de resposta uma vez que a tiririca possui atividade
sinergista ao do ácido indol acético (IAA) podendo ser utilizada como indutora de
crescimento em estacas (MAHMOUD et al., 2009).
Tabela 1. Média ± Erro Padrão do número de gemas caulinares de estacas
de roseira (Rosa sp.) e hibisco (Hibisco sp.) imersas em água destilada e no extrato
de tiririca.
Número de gemas *
Extrato aquoso
4,39 ± 0,61 A
Água destilada
(Testemunha)
5,71 ± 0,88 B
*As médias seguidas pela mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo
teste Tukey a p<0,10.
Além disso, verificou-se interação do comprimento das estacas com as
espécies de roseira e hibisco (F2;42=25,33; p<0,01). Observou-se que o comprimento
de 30 cm influenciou mais a emissão das gemas caulinares nas espécies de roseira
em relação ao hibisco, onde o comprimento da estaca de roseira apresentou valor
médio de 7,20 gemas caulinares (Tabela 2). Estudando a influência do comprimento
das estacas no desenvolvimento da parte aérea das mudas, LIMA et. al., (2010)
observaram que houve um incremento linear no número de gemas caulinares em
estágio de brotamento, assim estacas maiores apresenta um número maior de
brotações, como observado em roseira. O comprimento das estacas também se
relaciona linearmente com o desenvolvimento do sistema radicular, favorecendo
assim a desenvolvimento das gemas caulinares (LIMA et. al, 2006).
CONCLUSÃO
O extrato de tiririca não proporcionou maior emissão de gemas caulinares nas
espécies de roseira e hibisco. Porém existiu interação entre as espécies com o
comprimento da estaca. O comprimento de 30 cm foi o que mais influenciou a
emissão das gemas caulinares nas espécies de roseira em relação ao hibisco.
Assim, a escolha do comprimento adequado da estaca de acordo com a espécie é
essencial para a emissão de gemas caulinares.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 1505
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AGRADECIMENTOS
Piben (Programa Institucional de Bolsas de Apoio a Projetos de Ensino) pelos
recursos concedidos.
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