Apesar da visão marxista ser a oposição`` clássica`` à visão pluralista

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Apesar da visão marxista ser a oposição'' clássica'' à visão pluralista; de
certa forma, o modelo corporativista incorpora elementos das duas teorias,
pretendendo complementá-las a partir dos novos dados empíricos que a
evolução das relações políticas e econômicas na sociedade industrial moderna,
vem apresentando.
Partindo da maneira como é organizada este tipo de sociedade, que é
através das grandes corporações, e como os grupos de interesse, se organizam
no processo de ação coletiva, para os teóricos que adotam um modelo
corporativista, qualquer coisa na sociedade moderna está aberta a negociação,
até mesmo as bases do capital. Embora reconhecendo a desigualdade de poder
entre diferentes grupos não atribuem à estrutura de classes, como os marxistas,
mas à organização e à mobilização. As organizações conseguem poder
quando, adquirem o monopólio da representatividade formal de uma categoria
particular de interesses funcionais. Assim, embora os interesses de classe
consistam em uma das bases para a organização e o reconhecimento público,
não são a única.
Segundo o modelo corporativista, nas sociedades industriais complexas,
é mais importante para a política e para as relações de poder quando os grupos
se constituem em torno de funções sócio-econômicas do que quando formamse em torno de preferências políticas; uma vez que a medida que a economia
competitiva dá lugar a monopolística e a intervenção estatal na economia, os
grupos deixam de apenas refletir interesses, passando também a formá-los,
negociando políticas com as agências estatais. Quando os interesses se
localizam no processo de produção e trata-se de políticas públicas, o poder dos
grupos pluralistas torna-se limitado.
Teóricos que vêm utilizando este modelo reconhecem, que os grupos
corporativados mais importantes são ao mesmo tempo organizações de classe,
por exemplo, nos países capitalistas, os sindicatos apesar do poder que possam
deter, jamais conseguem ser tão poderosos quanto as organizações capitalistas,
que possuem uma vantagem estrutural no processo de produção
Cawson, que é um dos teóricos do corporativismo sugere a aplicação do
modelo corporativista para se compreender as duas modalidades diferentes
que assumem as relações entre Estado e organizações de representação nas
sociedades industriais modernas. Uma que é o "mesocorporativismo", ou seja,
analisando a articulação entre agências estatais e interesses organizados em
setores específicos, para a formulação e implementação de políticas setoriais e
a outra aplicação seria o "macrocorporativismo" resultaria da comparação dos
sistemas capitalistas democráticos, verificando-se os diferentes padrões de
relação entre Estado e interesses organizados, refletindo portanto um
equilíbrio de poder mais permanente entre Estado e as organizações de
interesses mais abrangentes com as políticas públicas expressando ao mesmo
tempo o resultado da negociação entre os "parceiros sociais".
6-Corporativismo e sua aplicação no campo da saúde.
A aplicação do conceito de corporativismo enquanto intermediação de
interesses privados no campo da saúde implica algumas definições mais
precisas. Trata-se de entender quais são os grupos que participam da
negociação corporativa de políticas públicas; classificando-se os grupos em
função de sua posição na estrutura econômica, pode-se diferenciá-los em
grupos de produtores e consumidores de bens e serviços. Entre os primeiros
agrupam-se tanto os trabalhadores assalariados como empresários, pois têm a
mesma capacidade de poder obstruir o processo de produção e ambos na
medida que se organizam, adquirem uma posição de força que lhes dá acesso
às estruturas corporativas e à negociação de políticas públicas.
Os grupos de consumidores ou usuários de bens e serviços coletivos
estão em desvantagem estrutural em relação aos produtores pois não têm o
poder de obstruir o processo de produção; mas podem vir a formar
movimentos importantes na mobilização por políticas atendendo a seus
interesses.
O corporativismo, segundo Cawson era para os fortes e o pluralismo
para os fracos uma vez que os grupos mais sujeitos ao processo de
corporativização são os produtores, pois são reconhecidos pelo Estado.
Essa corporativização varia de acordo com o tipo de grupo incorporado;
Offe coloca que os objetivos do Estado são bem diferentes ao conceder o
direito de representação funcional para sindicatos e para outros grupos. Para as
organizações da classe trabalhadora, o que se quer conseguir é restrição,
disciplina, responsabilidade. No caso do grupo de interesse comum ao qual é
concedido um status público e direito a "auto-administração" o principal
motivo é a delegação, devolução e transferência de questões e demandas
políticas a uma arena onde elas não afetam diretamente a estabilidade do
governo central e a coesão de seu partido de apoio ou coalizão partidária.
Então o corporativismo por um lado restringe a base de poder das
organizações das classes trabalhadoras estabilizando sua ação política, por
outro, cede poder de estado a grupos privados.
Quanto à segmentação do grupo de produtores entre proprietários de
capital e proprietários da força de trabalho, a posição de classe do grupo será
decisiva para conformar sua relações com o Estado capitalista. O capital pode
exercer seu poder de obstrução, mesmo quando não está organizado enquanto
grupo de interesse, ao passo que a obstrução da força de trabalho só se torna
um instrumento de poder ser realizada coletivamente. O objetivo que conduz a
atuação de qualquer capitalista é o grupo. Porém ao contrário das empresas,
não existe um padrão de "racionalidade" segundo o qual os trabalhadores
possam "otimizar" entre objetivos conflitivos, por isso o equilíbrio ótimo entre
esses objetivos deve ser calculado coletivamente, por uma organização .Logo,
para as organizações da classe trabalhadora certos princípios não
individualistas como " solidariedade" e "disciplina" são fundamentais e a
eficácia de sua ação política depende do fato de conseguirem suspender as
ligações de seus membros com os incentivos monetários individualistas.
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