8 Análise Conjuntural PANORAMA ATUAL DA ECONOMIA GOIANA A crise econômico-financeira originada nos Estados Unidos, em 2008, denominada Crise dos Subprime, afetou toda a economia mundial. A atual crise da União Europeia, chamada de Crise da Dívida Pública da Zona do Euro, também se constitui em continuidade daquela crise. A crise econômico-financeira afetou a economia brasileira no final de 2008 e, sobretudo, em 2009, desacelerando-a em um momento em que se encontrava aquecida. Desde então, o Governo Federal tomou várias medidas anticíclicas com o objetivo de conter a desaceleração da economia e de preservar os níveis de renda e de emprego, como a ampliação da oferta de crédito e a redução das taxas de juros. Tais medidas não impediram que o PIB brasileiro caísse -0,3%, em 2009, mas que alcançasse 7,5%, em 2010. A economia brasileira apresentou crescimento modesto do PIB em 2011, quando alcançou 2,7%. Este percentual de crescimento foi próximo ao percentual de crescimento do PIB mundial naquele ano (3%). Esse cenário foi mais favorável à economia goiana, quando comparada à brasileira. O PIB goiano cresceu mais rápido do que o brasileiro. As vendas no comércio varejista e a balança comercial indicam que o comércio goiano esteve mais aquecido do que o brasileiro e a atividade industrial goiana também cresceu a taxas superiores às nacionais. Tal realidade decorre do processo de reprimarização da economia brasileira, com ampliação da importância da produção de matérias-primas agropecuárias e minerais e dos setores de atividade industrial que se apoiam no uso intensivo de recursos naturais1. 1 No Centro-Oeste, em especial no Estado de Goiás, teve curso uma grande expansão da produção de matérias primas e da produção de bens agroindustriais. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 9 Análise Conjuntural 1 Produto Interno Bruto 2 A Tabela 1 mostra o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o goiano entre 2008 e 2011, sendo que este último corresponde a cerca de 2,5% do PIB do país. O Gráfico 1 apresenta a taxa de crescimento dos PIBs em questão comparados ao mundial, no mesmo período. Pode-se notar que o crescimento do PIB de Goiás foi superior ao brasileiro, mas acompanhou este em suas oscilações. Tanto o PIB brasileiro quanto o goiano superaram o mundial em taxa de crescimento no intervalo 2008-2010. Já em 2011, a taxa de crescimento do PIB mundial alcançou a do PIB brasileiro. Quanto ao PIB per capita, os últimos dados disponíveis são de 2009, quando o brasileiro atingiu R$ 16.917,66 e o goiano, R$ 14.446,683. Tabela 1 – Produto Interno Bruto no Brasil e em Goiás: 2008 – 2011 (milhões de R$) Ano PIB Brasil Goiás 2008 3.032.204 75.271 2009 3.239.404 85.615 2010 3.770.085 94.298 2011 4.143.015 103.446 Fonte: Elaboração própria com dados do IBGE. 2 O Produto Interno Bruto (PIB) mede a produção e a renda gerada por uma economia em determinado período. É um indicador bastante utilizado para apontar a evolução do desenvolvimento da economia em questão. 3 Dados do IBGE. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 10 Análise Conjuntural Taxa de variação do Produto Interno Bruto no Mundo, no Brasil e em Goiás - 2008-2011 (%) 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 2008 2009 2010 2011 Mundo 1,3 -2,25 4,3 2,7 Brasil 5,2 -0,3 7,5 2,7 Goiás 8 0,9 10,7 4,1 Gráfico 1 – Taxa de Variação do Produto Interno Bruto no Mundo, no Brasil e em Goiás - 2008-2011 Fonte: Elaboração própria com dados do IBGE e do Banco Mundial (apud Google Public Data). 2 Vendas no Varejo 4 No tocante às vendas no varejo, os dados do IBGE, de maio de 2012, indicam que todas as 27 unidades da Federação apresentaram resultados positivos em comparação a maio de 2011. Nesse período, o crescimento brasileiro foi de 8,9%, e o goiano, 9,2%. O Gráfico 1.2 mostra a evolução do índice. Nota-se que o comércio goiano apresentou-se mais aquecido do que o brasileiro. 4 As vendas no varejo são um bom indicador do aquecimento do mercado e do nível de consumo. Os dados utilizados são os do volume de vendas e excluem as vendas de veículos, motocicletas, partes e peças. Os dados foram retirados dos Indicadores do IBGE: Pesquisa Mensal de Comércio. Maio 2012. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Comercio_e_Servicos/Pesquisa_Mensal_de_Comercio/Fasciculo_Indicadores_IBG E/pmc_201205caderno.pdf> Acesso em: 20/07/2012. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 11 Análise Conjuntural Volume de Vendas no Comércio Varejista no Brasil e em Goiás 2011/5-2012/5 (Base 2011=100) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Brasil 2011/ 2011/ 2011/ 2011/ 2011/ 2011/ 2011/ 2011/ 2012/ 2012/ 2012/ 2012/ 2012/ 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 98 Goiás 98,6 95,4 98,6 99 96,6 100,5 101,6 137,6 101,7 97 106,9 101,5 106 94,8 99,8 100,1 96,3 100,6 99,1 135,6 102,6 95,1 105,8 104,3 107,6 Gráfico 2 – Volume de Vendas no Comércio Varejista no Brasil e em Goiás - 2011/5 – 2012/5 (Base 2011 = 100) Fonte: IBGE. Pesquisa Mensal de Comércio. 3 Variação Bruta de Capital Fixo 5 Os níveis de investimento da economia brasileira variaram muito entre 2008 e 2011. Conforme demonstrado no Gráfico 3, declinaram no último trimestre de 2008 e ao longo de 2009. A retomada dos níveis de investimento teve curso no decorrer de 2010. Todavia, declinaram de modo acentuado ao longo de todo o ano de 2011 e no primeiro trimestre de 2012. A ampliação dos níveis de investimento público não tem sido suficientes para assegurar que os níveis de investimento se situem em torno de 18% ou 20% do PIB. 5 A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mede o aumento ou a redução dos bens de capital em uma economia. É um indicador muito utilizado para aferir o grau de investimento na economia. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 12 Análise Conjuntural Formação Bruta de Capital Fixo no Brasil - 2008/T3 - 2012/T1 25 20 15 10 5 0 -5 -10 2008 2008 2008 2009 2009 2009 2009 2010 2010 2010 2010 2011 2011 2011 2011 2012 /T2 /T3 /T4 /T1 /T2 /T3 /T4 /T1 /T2 /T3 /T4 /T1 /T2 /T3 /T4 /T1 FBCF 15,7 16,7 13,6 6,4 -1,2 -8,2 -6,7 2,5 12,5 21,2 21,3 16,3 11,5 7 4,7 2,1 Gráfico 3 – Formação Bruta de Capital Fixo no Brasil - 2008/T3 – 2012/T1 Fonte: Elaboração própria com dados do IBGE - Séries Históricas. 4 Índice de Preços ao Consumidor 6 O comportamento da inflação brasileira pode ser analisado a partir do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O Gráfico 4 permite comparar esse comportamento em relação a outros países, posto que compara o IPC brasileiro ao dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Argentina e Chile. Pode-se perceber que a taxa de inflação brasileira foi superior à dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Chile, mas relativamente estável e não alta, como a da Argentina. Como na maior parte dos países apresentados, com exceção do Japão e da Argentina, a taxa de inflação brasileira caiu no começo de 2012. 6 O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é calculado tendo por base uma cesta fixa de bens e serviços habitualmente consumida pela maioria das famílias em uma economia. É um indicador bastante utilizado para medir a taxa de inflação. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 13 Análise Conjuntural Índice de Preços ao Consumidor no Brasil e Outros Países - Jan - Maio de 2012 (Variação em 12 meses) 12,0 10,0 Argentina 8,0 6,0 Brasil 4,0 Chile EUA 2,0 0,0 Alemanha Japão Jan Fev Mar Abr Mai Brasil 5,3 4,6 4,4 4,2 4,4 EUA 2,9 2,9 2,7 2,3 1,7 Alemanha 2,1 2,3 2,1 2,1 1,9 Chile 4,2 4,4 3,8 3,5 3,1 Argentina 9,7 9,7 9,8 9,8 9,9 Japão 0,1 0,3 0,5 0,4 0,2 Gráfico 4 – Índice de Preços ao Consumidor no Brasil e Outros Países - Jan – Mai 2012 (Variação em 12 meses) Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central - Dados Consolidados. 5 Atividade Industrial 7 O Índice de Atividade Industrial (IAA) pode ser analisado por meio da Tabela 2, que considera o período compreendido entre maio de 2011 e abril de 2012. Pode-se perceber que o desempenho da indústria goiana supera o da brasileira, principalmente no ramo da Indústria de Transformação. Grande parte do impulso dessa indústria decorreu da expansão do setor químico, que cresceu 36%, em 2011 (SEGPLAN, 2012)8. No entanto, o crescimento da indústria de transformação vem desacelerando desde outubro de 2011. 7 O índice de Atividade Industrial é utilizado para medir o desempenho de uma economia nos segmentos que compõem o setor industrial. 8 O crescimento do setor químico foi puxado pelo ramo farmoquímico. Todavia, saliente-se que se trata de um ramo fortemente marcado pela condição “maquiladora” (ou “indústria maquiladora”), posto que praticamente se restringe a compor e embalar produtos farmacêuticos. Não por acaso os produtos farmacêuticos (na forma de insumos elaborados) representam 26,9% do total das importações de Goiás (SEPIN, 2012). Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706) 14 Análise Conjuntural Tabela 2 – Atividade Industrial no Brasil e em Goiás: Mai/2011 – Abr/2012 (Base 2002 = 100) Brasil Goiás Indústria Indústria Indústria de Indústria Indústria Indústria de Geral Extrativa transformação geral Extrativa transformação mai-11 134,24 151,83 133,33 172,55 168,4 172,9 jun-11 129,34 151,03 128,21 180,95 155,02 183,13 jul-11 133,18 155,6 132,01 192,5 152,36 195,87 ago-11 139,52 155,71 138,68 178,07 155,35 179,98 set-11 132,29 151,26 131,3 193,18 153,39 196,52 out-11 134,19 153,16 133,2 173,57 164,87 174,3 nov-11 132,01 153,06 130,91 185,36 166,11 186,98 dez-11 119,78 155,45 117,92 159,55 139,95 161,19 jan-12 113,19 139,83 111,8 162,77 149,16 163,91 fev-12 115,69 140,68 114,39 158,25 153,22 158,67 mar-12 129,02 147,18 128,07 186,51 153,51 189,28 abr-12 118,45 144,53 117,09 157,91 153,66 158,27 Fonte: Elaboração própria com dados do IBGE. 6 Balança Comercial As exportações e as importações goianas em 2011 cresceram, respectivamente, a taxas de 38,6% e 37,2%, em relação a 2010. O fluxo de comércio total obtido foi de US$ 11.333.592.000,00. A Tabela 3 permite comparar a balança comercial goiana à brasileira. A goiana cresceu, em exportações e importações, 11,8 e 12,7 pontos percentuais a mais do que a brasileira. Goiás exportou principalmente produtos primários (75,5%) e industrializados intensivos do uso de recursos naturais (24,5%). Os principais produtos importados foram veículos, partes e acessórios (37,7%) e produtos farmacêuticos (26,9%) (SEPIN, 2012). Tabela 3 – Balança Comercial em Goiás e no Brasil (Em US$ 1000 FOB) Goiás Brasil Exportação Importação Exportação Importação 2010 4.044.661 4.175.313 201.915.285 181.768.427 2011 5.605.193 5.728.399 256.039.575 226.243.409 38,6% 37,2% 26,8% 24,5% Variação Fonte: Elaboração própria com dados da SEGPLAN – GO/ SEPIN. Boletim de Conjuntura Econômica e do Mercado de Trabalho do Estado de Goiás, v.1, n. 1, out, 2012. (ISSN 2316-8706)