O que é um grupo

Propaganda
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
Introdução
Na cadeira semestral de Dinâmica de Grupo I foi proposto que se elaborasse um
trabalho ou se fizessem determinado número de perguntas sobre a matéria de cada
aula. Escolhendo uma destas opções a avaliação na cadeira seria contínua.
Assim, decidi que seria melhor optar pela a avaliação contínua e fazer um trabalho.
Após algum tempo de reflexão e depois de examinar a matéria das aulas, escolhi
como tema para o trabalho “ OS GRUPOS “, numa visão geral desta temática.
O trabalho foi elaborado com o intuito de ser objectivo, simples e coeso, mas que
abordasse o tema dos grupos na sua globalidade, focando os pontos mais relevantes.
O trabalho é subdividido em seis capítulos:
I.
O que é um grupo? → onde se faz a definição do conceito de grupo
II.
Kurt Lewin e a dinâmica de grupo → síntese dos trabalhos elaborados
por K. Lewin e a sua teoria
III.
Estrutura e processos de grupo → breve abordagem da estrutura dos
grupos
IV.
Steiner e as tarefas do grupo → visão de I.D. Steiner sobre as tarefas que
cabem ao grupo
V.
Estatutos e papeis → definição do que é estatuto e do que é papel, e a sua
importante função dentro do grupo
VI.
A liderança num grupo → a importância da liderança em todos os
grupos, a sua função e definição de três tipos diferentes de liderança.
Sendo um grupo um todo organizado que visa um determinado objectivo e
analisando os pontos focados neste trabalho, denota-se que este aborda os temas
chave e fulcrais num grupo e portanto vê esta temática na sua generalidade. Os
pontos são focados clara e objectivamente, num grande poder de síntese.
ALEXANDRA BASTOS
1
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
O que é um grupo?
“ O indivíduo quando se integra num grupo vai perdendo o sentimento do eu em
detrimento do sentimento de nós “
A psicologia social estuda os factos sociais, como expressões comuns de sujeitos
particulares, a partir da sua elaboração pessoal de mensagens em interacção, assim,
centra o seu estudo nos grupos, de que os sujeitos fazem parte.
O indivíduo desde que nasce até que morre, vive integrado em núcleos com
características próprias, quer de forma sucessiva quer simultânea. No seu dia-a-dia
cada indivíduo participa no grupo de que faz parte.
Um grupo é a soma de indivíduos, a existência de uma estrutura organizadora de
conjunto e a interacção entre os diferentes membros constitutivos. Este conjunto de
pessoas tem de formar um todo organizado dentro do qual se manifestam reacções
apropriadas e conducentes à prossecução de objectivos comuns. O funcionamento do
grupo não resulta da simples adição de comportamentos individuais, mas de um
dinamismo global que vai determinando, influenciando e aferindo as condutas
individuais.
Pode-se distinguir grupo estruturado de grupo não estruturado. Um grupo
estruturado é a família, a turma, o governo, a colectividade desportiva, etc.; um grupo
não estruturado é um agregado de pessoas onde não existe qualquer tipo de ordem
social, por exemplo as pessoas que estão na fila à espera do autocarro.
Kurt Lewin e a dinâmica de grupo
Kurt Lewin1 ( fig. 1 ) dedicou-se na universidade de Berlim ao estudo da psicologia
infantil ( percepção e memória ). Contudo, deu particular importância à psicologia
aplicada, isto é, psicologia cujo objectivo reside na solução de problemas sociais e
humanos que se enfrentam na vida quotidiana.
Lewin, emigrou para os Estados Unidos e, aí, dedicou-se a partir de 1935 ao estudo
dos fenómenos de grupo, com a colaboração de alguns dos seus antigos alunos.
Realizou estudos sobre dinâmica de grupo, termo criado por si e, elaborou
experimentações em grupos, concluindo que nestes pode encontrar-se a força
necessária para modificar atitudes individuais, mesmo as mais tradicionais e
enraízadas. Participou, nomeadamente em Nova Iorque, em investigações sobre o
comportamento de integração de diversos grupos étnicos, de lealdade no grupo e em
procedimentos para a dinamização das comunidades.
Em 1935, K. Lewin, publica “ Uma Teoria Dinâmica da Personalidade “ e, em
1936, “ Princípios da Psicologia Topológica “.
No que diz respeito à dinâmica de grupo elaborou uma teoria que se caracteriza
pelos seguintes aspectos:
as alterações efectuadas em grupo são mais eficientes do que as tentativas
para as realizar individualmente
um grupo exerce uma certa pressão sobre os seus membros. Esta pressão é
proporcional ao seu teor atractivo
1
Kurt Lewin (1890-1947), prussiano judeu
ALEXANDRA BASTOS
2
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
só se pode falar de grupo, quando existe o desejo dos seus membros se
manterem coesos
um factor que contribui para a coesão do grupo é a verificação individual de
que, em grupo, se têm mais possibilidades de atingir as próprias finalidades
o tempo e as interacções no grupo conduzem ao desenvolvimento de
finalidades e padrões de acção comuns. Um grupo pode servir de referência
porque fazer parte dele significa aderir aos seus padrões
a boa organização e a produtividade de um grupo traduzem-se pela
diversidade dos seus membros, isto é, devem ser qualitativamente diferentes para
que os membros se mantenham interdependentes.
A contribuição de Lewin demonstrou que uma psicologia que procure elucidar os
problemas comportamentais através do estudo da personalidade torna-se incompleta,
visto que os comportamentos de grupo dependem tanto das particularidades
individuais, quanto das situações sociais.
Partindo desta tese, Lewin dividiu o estudo da psicologia de grupo em seis áreas,
que viriam a ser desenvolvidas pelos seus continuadores:
1. Relações intergrupais2
2. Participação no grupo
3. Treino de líderes que se estendeu ao âmbito da situação clínica e também à
psicologia das organizações
4. Produtividade de grupo3
5. Comunicação e difusão da influência social4
6. Percepção social que contribui para os estudos em atribuição causal5
Estrutura e processo de grupo
Os factores que determinam a formação de um grupo podem ser de várias naturezas,
tais como: biológica, social e psicológica. A diversidade de tais características
explica os processos de interacção nos indivíduos, de forma a constituírem um grupo.
Quando um grupo se constitui, dá-se início a uma estrutura que se desenvolve em
diversos sentidos. Daí resultam relações dos membros uns com os outros, destacamse posições e verifica-se uma interacção: desenvolvem-se determinadas tarefas
específicas e papeis segundo uma hierarquia, realizam-se, ainda, redes de
comunicação, desencadeiam-se conflitos e criam-se expectativas.
Na investigação relativa aos fenómenos grupais é importante a sua estrutura
comunicacional, uma vez que os problemas de comunicação condicionam de forma
muito significativa as relações entre os membros do grupo.
2
F. Heider e S. Asch
Lippitt, French e Festinger
4
Festinger, Schachter e Deutsch
5
F. Heider
3
ALEXANDRA BASTOS
3
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
Steiner e as tarefas do grupo
Em 1976, o psicólogo social I.D. Steiner utilizou três critérios de classificação para
as tarefas do grupo.
O primeiro critério corresponde à questão de saber se a tarefa pode ou não ser
subdividida em subcomponentes, ou seja, se é divisível ou unitária.
O segundo critério distingue entre qualidade e quantidade, comparando optimização
com maximização.
O terceiro critério diz respeito à forma como os membros dos grupos combinam as
suas contribuições individuais para produzir o resultado final.
As tarefas podem ser disjuntivas, conjuntivas, compensatórias, aditivas ou
discricionárias.
Uma tarefa disjuntiva é aquela que requer uma decisão de aceitar uma de duas
alternativas, as tarefas conjuntivas são aquelas que requerem que cada elemento do
grupo execute a tarefa. Uma tarefa compensatória é aquela em que a decisão do
grupo é tomada com base na média das soluções individuais e as tarefas aditivas é
quando o resultado depende da colaboração de todos os elementos. Finalmente, as
tarefas discricionárias são aquelas que permitem alternativas.
Estatutos e papeis
Em qualquer grupo social é possível estabelecer-se o estatuto de cada membro, bem
como o papel que lhe cabe desempenhar. Estatuto é o lugar, posição, condição ou
nível social que cada indivíduo ocupa numa estrutura social ou grupo, relativamente
a todos os restantes membros. É o conjunto de comportamentos e atitudes que um
indivíduo pode legitimamente pretender da parte dos outros, ou seja, é aquilo com
que se pode contar dos elementos do grupo social.
O estatuto liga-se à posição hierárquica ocupada pelo indivíduo, conferindo-lhe
direitos e um determinado reconhecimento social. Se cada um tem o seu estatuto
próprio que lhe confere direitos enquanto participante na vida em grupo, tem também
que retribuir algo à sociedade, desempenhando tarefas e assumindo condutas que os
outros esperam dele.
Considera-se duas categorias de estatuto social: estatutos impostos, aqueles que são
prescritos ao indivíduo a partir do seu nascimento, sem depender da sua vontade e,
estatutos adquiridos, aqueles que dependem da iniciativa, do esforço ou escolha do
indivíduo.
O papel social é o conjunto das atitudes e comportamentos que cada um, como
membro de uma colectividade, patenteia a essa mesma colectividade. É o papel
desempenhado pelo indivíduo que lhe determina e assegura o devido lugar no
sistema social e, lhe confere o direito ao estatuto.
O bom funcionamento do sistema social assenta na reciprocidade de direitos e
deveres. Estatutos e papeis, embora diferentes, têm de ser compatíveis. Quando o
indivíduo se conforma com o papel que desempenha e respeita o estatuto dos outros,
está a contribuir para a manutenção do equilíbrio social.
Pode-se, também, dizer que os indivíduos não representam um único papel, mas
vários. Seleccionam diversos modos de conduta, distingem-nos, organizam-nos e
adoptam-nos com vista a objectivos definidos de acordo com a multiplicidade de
estatutos que detêm.
ALEXANDRA BASTOS
4
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
A liderança num grupo
A função de liderança deve ser considerada dentro de um grupo, uma vez que desta
partem as decisões necessárias à sobrevivência do grupo.
São atribuídas tarefas à liderança, tratamento das informações do sistema social, a
fim de decidir sobre os comportamentos a adoptar ( função de inteligência ); definir o
investimento de energias no grupo ( função motivacional ); proceder de forma a que
os membros do grupo desenvolvam uma certa consciência de grupo ( função de
autoconsciência ).
Não existem grupos sem esta função de liderança.
À pessoa que se encontra a desempenhar a função de liderança dá-se o nome de
líder.
É importante estudar o fenómeno de liderança como manifestação das interacções
no grupo ( dinâmica de grupo ). Assim, considera-se a liderança como um caso
especial de influencia social, o do exercício do poder a partir de uma determinada
posição na estrutura do grupo, caracterizando três estilos de liderança.6
→ O estilo “ laissez-faire “ : o comportamento do grupo, assim como o do seu líder,
oscila de maneira mais ou menos incoerente. O grupo não visa objectivos claros,
muda de objectivos e metodologia sem fundamentação suficiente. Aqui os conflitos
são frequentes.
→ O estilo autoritário: empobrecimento das decisões e soluções, primeiro no
interior do grupo e, depois, até na sua relação como exterior. Diminuição da
criatividade. Os membros do grupo perdem iniciativa, tornam-se inquietos e
desconfiados.
→ O estilo democrático: tendência ao aumento de liberdade e profundidade de
comunicação entre os membros do grupo. Aumento da criatividade do grupo e
melhoria da qualidade das decisões e soluções.
6
Segundo a teoria de Kurt Lewin
ALEXANDRA BASTOS
5
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
Conclusão
Findo o trabalho é assaz importante salientar a sua precisão na abordagem da
temática dos grupos, isto porque de uma forma simples e coesa retractou todos os
aspectos considerados mais importantes e numa forma acessível e bastante
compreensível.
Os objectivos propostos foram alcançados e o trabalho demonstra a sua
objectividade e clareza na abordagem de cada ponto.
Refere-se os capítulos II, V & VI como os mais importantes, visto que Kurt Lewin
foi um homem importantíssimo para o estudo dos fenómenos de grupo, sendo este
que introduziu o conceito de dinâmica de grupo; denota-se, também a importância
dos estatutos e papeis e a sua relação, não há grupo sem membros, nem membros
sem estatuto e papel; por fim salienta-se, ainda, a questão da liderança que é
indubitavelmente fulcral para o bom funcionamento de um grupo para que este atinja
as metas traçadas.
Em suma, penso que o trabalho está bem conseguido e que tem interesse para a
cadeira e que tem a ver com a matéria dada.
ALEXANDRA BASTOS
6
DINÂMICA DE GRUPO I
OS GRUPOS
Bibliografia
ABRUNHOSA, Maria Antónia & LEITÃO, Miguel,(1978),Introdução à
psicologia, Edições Asa;
DAVIDOFF, Linda,(1983), Introdução à psicologia, McGraw Hill;
GLEITMAN, H.,(1993),Psicologia, Gulbenkian;
LIMA, M.L.,(1993),Psicologia social, Gulbenkian;
MESQUITA, Raul & DUARTE, Fernanda,(1997),Psicologia geral e aplicada,
Plátano Editora;
SPRINTHALL, Norman & SPRINTHALL, Richard,(1993), Psicologia
educacional, McGraw Hill;
VALA,J. & MONTEIRO, M.B.,(1993),Psicologia social, Gulbenkian.
ALEXANDRA BASTOS
7
Download