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PEDAGOGIA DA TERRA
*Abraão Jacinto Pereira
Resumo
Neste trabalho será exposto assuntos relacionados a Educação do Campo e suas relações
com a sociedade do meio rural.
Palavras-chave; Pedagogia, Educação, Campo.
Introdução
O debate sobre educação do campo iniciou na 1ª Conferência Nacional Por
Uma Educação Básica do Campo, realizada em 1998 na cidade de Luziânia, Goiás,
onde iniciou-se um movimento de luta por uma educação do campo e para o povo do
campo.
Esta educação que propomos estudar é representada por sujeitos concretos e
busca o seu recorte numa camada social específica (a dos camponeses), sem descartar a
universalidade do processo educacional. Visto que a função primordial da educação é
antes de tudo a formação intelectual, social e política de seres humanos.
Ao refletirmos sobre a educação que é realizada no campo devemos pensar no
sentido que damos a este local, pois não devemos perder de vista que a educação é um
processo social que contribui para as lutas do povo que ali reside. Por isso a educação,
quando vinculada às questões do campo não deve ser compatibilizada com o modelo de
agricultura capitalista, que hoje no Brasil é expresso pelo agronegócio e pelos grandes
latifúndios, causando a expulsão dos camponeses de seu ambiente. Desta maneira, devese pensar num ambiente de inclusão deste camponês, buscando na reforma agrária, na
agroecologia popular, na agricultura camponesa a combinação entre educação e campo.
*Acadêmico do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo – Universidade Federal de
Roraima./Auxiliar Administrativo – Secretaria de Agricultura do município de Caracaraí – RR.
E-mail: [email protected]
Discussão
Até no século XX as pessoas pensava que o papel da escola era o de tentar
superar todos os atrasos sociais e econômicos de uma nação. Hoje sabemos que este não
é um papel unicamente da escola.
Pensava se também que com o aparecimento das escolas públicas todos os
cidadãos teriam o acesso a educação de qualidade, prevalecendo o principio da
igualdade entre os cidadãos. Porem as escolas vieram com uma educação bastante
diferente do que as pessoas imaginava ser, e as camadas mais pobres não alcançaram
uma educação de qualidade.
Neste caso, as condições de ensino estavam determinadas e eram consideradas
igualitárias devendo prevalecer apenas os dons individuais. Assim se houvesse fracasso
escolar, a responsabilidade não seria da escola, mas do próprio indivíduo que não teria
tido competência ou não teria se esforçado o suficiente para ser aprovado. Essa ideia
ainda permanecem na mente de muitos professores que cultuam a educação tradicional.
A partir dos anos de 1960, Pierre Bourdieu formula respostas para a profunda
crise em que a escola se encontrava naquele momento de reflexões acerca de
sua função, enquanto esta buscava reinterpretar o seu papel na sociedade
acabava abandonando todo o otimismo pedagógico das épocas anteriores.
(Camila Ramal)
Com as respostas de Bourdieu nasce outro pensamento, porém ocultamente
muitos achavam que dependem do individuo e não de uma pedagogia eficaz que vê
todos os ângulos de uma classe de alunos.
A Educação do Campo veio para dar outra visão sobre essa antiga concepção,
ela trouxe uma nova pedagogia especialmente para as pessoas do campo.
Na década de 60 a educação perdeu o seu antigo papel de democratização e
transformação da sociedade e passa a ser vista como uma instituição que legitima,
mantem e colabora com a divisão de classes e dos previlegios sociais. A pedagogia da
educação para o campo tem como objetivo levar as comunidade rurais um ensino de
qualidade e diminuir este contraste entre campo e cidade.
No interior da instituição escolar a sociedade se reproduz e por isso que a
educação deve ser flexível, pois ela tem que ter espaço para o desenvolvimento de
indivíduos de todos os segmentos.
Para Bourdieu o homem não é um sujeito de caráter autônomo, é um indivíduo
que carrega consigo uma bagagem social herdada em seu ambiente interno ou externo.
Externamente o individuo tem uma história vivida pelos pais e o seu convívio atual,
internamente ele tem uma natureza, ou seja um pensamento individual ou formalizado
que vai conflitar com o exterior ou consorciar-se. Isso leva o individuo a ter duas opções
de linhagem a seguir.
Com a apreensão prévia do capital cultural a escola torna-se apenas a extensão
da família, visto que as crianças da elite já trazem de casa o maior ou menor domínio da
língua. Nas classes dominantes, há uma maior colaboração da família em relação à
escola. Porem no campo está colaboração está ausente por que muitos pais tem baixa
escolaridade e outros são analfabetos, nestes casos os professores devem trabalhar com
uma metodologia diferente em relação ao dever de casa, pois em certas situações a
tarefa para casa passa a prejudicar o aluno.
A cultura escolar do ‘pára-casa’, que é uma estratégia metodológica para
maior absorção e fixação dos conteúdos, na maioria das vezes é vista pelos
alunos/as como castigo e punição, pois esta cultura nem sempre é
contextualizada na realidade local, e não considera as condições pessoais. Na
zona rural é muito comum encontrar estudantes que tem pai ou mãe com
pouca escolarização e até mesmo analfabetos, o que torna a tarefa de fazer o
dever de casa um compromisso difícil, penoso e desagradável (JOSILMA,
MARLÚCIA, MARIA DO CARMO, MARIA ELIZABETE, SIMONE E
HELENA – Turma do LECAMPO 2008).
No caso das elites econômicas o investimento na escolaridade pode ser bem
menor do que no campo onde as pessoas dependem exclusivamente, dos certificados
escolares para ascenderem socialmente nos diferentes mercados simbólicos
(matrimônio) e na busca de um trabalho reconhecido e valorizado e até mesmo na
modernização das técnicas de produção, as pessoas do campo que não concluírem o
ensino básico terão dificuldades para acompanhar a revolução verde que está invadindo
o meio rural do oriente ao ocidente.
A escola não domina a formação do individuo, quem rege o processo de
formação do individuo é puramente o capitalismo, é ele que determina que tipo de
educação cada classe social recebera e até que limite de conhecimento pode ser passado
para cada classe, existe uma falta de informação muito grande em relação às camadas
mais baixa da sociedade, um exemplo é as pessoas do campo que nem todos tem uma
televisão em casa para assistir um jornal, e estão longe da internet e de outros meios
como revistas e publicações científica. Países como Israel o governo investe em mais de
cem publicações por ano para cada cidadão, isso significa que além da internet e da
televisão os israelenses tem informações detalhadas dos eventos científicos atuais, o
nível de conhecimento destas pessoas é altamente elevado em relação à maioria dos
brasileiros que mesmo os da elite não acompanham tão de perto assim o mundo
científico, pois não está na nossa cultura.
É importante que o educador do campo inclua em seu currículo assuntos da
atualidade e relacione-os com a situação da comunidade em que trabalha, traduzindo
assim o conteúdo para a realidade do aluno. E uma forma de enriquecer o conhecimento
do discente campesino.
Na educação do campo deve se valorizar a realidade do aluno, um método
importante é a “narrativa autobiográfica”, aplicando esse método o professor terá a
oportunidade de conhecer cada aluno em detalhes que serão importantes na formulação
de metodologias de trabalhos, ou seja nos planos de aulas. Além de valorizar é
importante divulgar, e uma forma de divulgação é através da aplicação da disciplina de
Iniciação Científica, nesta disciplina o professor pode explorar o conhecimento do aluno
em relação a sua comunidade, despertar o mesmo no sentido dos problemas
comunitários e da curiosidade sobre o mundo da pesquisa científica, expor ou apresentar
os resultados e até mesmo publicar em instrumentos de comunicações.
A não-propagação dos saberes tidos como úteis é outra acusação geralmente
feita à instituição escolar, o que é previsível em uma sociedade técnico-industrial e
capitalista, no qual tudo é medido pelo lucro e pelo utilitarismo. A discussão
educacional, porém, não pode se guiar por essa concepção. Porem a educação deve
preparar o cidadão para viver nesta sociedade exploratória, daí a importância dos
movimentos sociais em conjunto com a educação do campo na formação dos indivíduos
do campo. Por que a educação capitalista cria cidadãos para o trabalho e consumo, mas
não cria o cidadão político e democrático, e isso é um dos compromissos dos métodos
da educação dos movimentos sociais ruralistas.
Conclusões
A educação do campo deve ser uma educação diferenciada, mas acima de tudo
voltada para a formação de seus sujeitos, afim de que possam interferir em sua realidade
na busca de uma vida humana mais plena.
A educação do campo deve ser mais que uma extensão da família ela tem que
superar os limites da educação tradicional. Deve despertar no individuo um cidadão
filosófico que crie condições de ir além das fronteiras de sua cultura.
Referências Bibliográficas
NOGUEIRA, C. M. M.; NOGUEIRA, M. A. “A sociologia da educação de Pierre
Bourdieu: limites e contribuições.” Educação e Sociedade. [online] Campinas, abr.,
v.23, n.78, 2002. [citado 20 Fevereiro 2005], p.15-35. Disponível na World
WideWeb:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S10173302002000
200003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0101-7330. Acesso em: 20 de Abril de 2012.
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