diarreia crónica secundária a colite a citomegalovirus em

Propaganda
Abstract Nº PO-SE-56
DIARREIA CRÓNICA SECUNDÁRIA A COLITE A CITOMEGALOVIRUS EM DOENTE RENAL CRÓNICO: UM SINAL
DE IMUNODEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA À URÉMIA?
Márcio Viegas ( 1 ); Cristina Cândido Cândido ( 1 ); Ana Fernandes ( 1 ); Sofia Coelho ( 1 ); Ana Farinha ( 1 ); Ana Natário ( 1 ); Lúcia Parreira ( 1
); José Vinhas ( 1 );
( 1 ) - Centro Hospitalar de Setúbal, Nefrologia, Setúbal, Portugal;
Introdução: A infeção a Citomegalovirus (CMV), nomeadamente a colite, é comum em doentes com síndrome de
imunodeficiência humana adquirida ou sob terapêutica imunossupressora. Embora haja uma elevada prevalência de
seropositividade para CVM na população geral e imunocompetente, a infeção secundária a este vírus é rara nesta
população. A imundeficiência é cada vez mais relatada como uma complicação urémica em doentes renais crónicos.
Caso Clínico: Doente do género masculino, 89 anos, com antecedentes pessoais de doença renal crónica (DRC)
estadio 4 secundária a provável nefropatia diabética, diabético tipo 2 (DM2) não insulinotratado e doença pulmonar
obstrutiva crónica (DPOC) sob ventilação não invasiva noturna. Internado por quadro de diarreia com duas semanas de
evolução. Apresentava 4 a 5 dejeções líquidas diárias, sem muco ou sangue e dor abdominal difusa sem sinais de
irritação peritoneal, sem febre ou outra sintomatologia. Encontrava-se sob antibioterapia empíricia com ciprofloxacina
há uma semana, prescrita em ambulatório por estas queixas. Negava viagens recentes ou outros factores
epidemiológicos relevantes para o quadro clínico. Nos 2 meses prévios ao internamento, referia já episódios
autolimitados, com duração máxima de 2 dias, de dejeções com as mesmas características descritas anteriormente.
Neste período a referir ainda agravamento da função renal até valores de creatinina sérica de 6,1mg/dL (valor basal
de 3,0mg/dL) e ureia sérica de 257mg/dL (valor basal de 170mg/dL). Analiticamente à admissão a destacar ainda
PCR de 11,0mg/dL, leucócitos de 6,400/µL com 79% de neutrófilos e hiponatremia de 121mmoL/L em provável
contexto das perdas gastrointestinais. Na investigação etiológica inicial realizou rectosigmoidoscopia que evidenciou
mucosa com alterações potencialmente compatíveis com colite pseudomembranosa, mas com pesquisa de toxina de
Clostridium difficile nas fezes e coproculturas negativas. Iniciou metronidazol oral que cumpriu durante 14 dias sem
melhoria significativa das queixas gastrointestinais e com manutenção do agravamento da função renal com
necessidade temporária de hemodiálise. Foi repetida rectosigmoidoscopia que evidenciou alterações macroscópicas
típicas de colite a CMV com confirmação por biópsia da mucosa intestinal. O doente iniciou tratamento com
ganciclovir (cumpriu um mês de tratamento) com melhoria clinica e analítica do quadro gastrointestinal e com
repetição da biópsia da mucosa cólica ao dia 21 de tratamento com melhoria macroscópica dos sinais de inflamação e
já sem alterações compatíveis com colite a CMV a nível histológico. Cumpriu 1 mês de ganciclovir.
Conclusão: Dado a raridade de infecções a CMV em doentes sem o diagnóstico de SIDA, sob efeito de terapêutica
imunossupressora ou com imunodeficiência congénita, este caso pode alertar para o facto de a urémia,
principalmente em fases mais avançadas de DRC como é o caso deste doente, poder ser suficientemente
imunodepressora para causar uma infecção oportunista como a colite a CMV. Em doentes renais crónicos, apesar de
pouco comum, este é um diagnóstico a ter em conta em situações de diarreia aguda ou crónica como neste caso.
Download