Lucas

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O tempo e o clima
É muito comum haver confusão entre o que é tempo e o que é clima. Porém, estes são dois fenômenos
diferentes, mesmo que se encontrem inter-relacionados.
No dia-a-dia, a previsão do tempo é a estimativa do que se espera que ocorra em termos de temperatura
e de precipitação pluvial em um curto período. Nesse sentido o tempo está constantemente mudando: em
um certo dia pode fazer sol pela manhã, mas chover pela noite ou podemos ter uma semana chuvosa e
outra ensolarada. Já a sucessão dos tipos de tempo registrados por um determinado período é o clima.
Assim, para definir o clima com maior exatidão, é necessário considerar a média das variáveis climáticas
em um longo período.
De acordo com Mozar de Araújo Salvador, meteorologista da Coordenação Geral de Desenvolvimento e
Pesquisa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), para fazer a média do clima são utilizados dados
do período médio de 30 anos. “Já a previsão do tempo é questão de dias, semanas”.
Para o nosso tema, cabe destacar que a mudança do clima influencia a freqüência e a intensidade desses
eventos (temperatura, chuvas, etc.).
O clima na imprensa
A cobertura dispensada pela imprensa à ampla agenda das alterações climáticas concentra-se, do ponto
de vista terminológico, na idéia de aquecimento global: 70% dos textos publicados em 50 jornais, no
período 2005–2007, utilizam essa expressão, enquanto os 30% restantes focalizam mudanças climáticas.
Fonte: Pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira. ANDI e Embaixada Britânica.
Variabilidade climática
É importante esclarecer o conceito de variabilidade climática. A ciência descobriu que o clima varia
naturalmente, independentemente das ações antrópicas, ou seja, mesmo que o ser humano não
habitasse o planeta as estações do ano não teriam sempre as mesmas temperaturas. Isso porque, antes
de qualquer coisa, o clima é dependente da intensidade da radiação solar.
A aproximação e o afastamento entre o Sol e a Terra, em determinados ciclos, determinam o maior ou
menor grau de incidência de radiação solar e, portanto, o grau de aquecimento ou resfriamento da Terra
ao longo de períodos históricos.
Mozart Salvador lembra que as alterações na temperatura dos oceanos influenciam diretamente a
variabilidade climática do planeta. “O exemplo mais popular é o El Niño, que a cada três ou quatro anos
aquece as águas do Pacífico. La Niña, por sua vez, esfria o Pacífico e provoca redução na temperatura
da Terra”. Ele explica também que o fenômeno chamado Oscilação Decanal do Pacífico – um ciclo mais
longo, que leva de 20 a 30 anos e resulta na variação de temperatura do oceano – também influencia
diretamente o clima. “Atualmente estamos entrando numa fase fria dessa oscilação. Se de fato ela se
estabelecer, poderemos ter uma pequena redução da temperatura do planeta”.
Especialistas destacam que o impacto da variabilidade climática não é uniforme e que, ao mesmo tempo
em que em algumas partes do planeta há aquecimento, em outras pode estar ocorrendo esfriamento.
Assim, em determinadas regiões, o resultado das mudanças climáticas que estão ocorrendo atualmente
pode ser o de temperaturas mais baixas em algumas épocas do ano. Mesmo assim, a média de
temperatura anual pode ser mais alta. Da mesma forma, em alguns lugares pode chover mais e em
outros menos.
Aquecimento ou mudança do clima
As mudanças do clima e o aquecimento global estão inter-relacionados, mas não são o mesmo
fenômeno. Como vimos, é natural que a Terra passe por alterações climáticas, esfriando e esquentando
em diferentes momentos. “Em séculos passados, lagos ficaram anos congelados na Europa e longos
períodos de clima estável foram sucedidos por glaciações”, explica Salvador. Outra confusão comum é
pensar que qualquer evento atípico ou extremo é resultado da mudança do clima. Se, por exemplo, há um
inverno muito rigoroso, ou um período muito quente, isso não significa que esteja ocorrendo uma
mudança climática, pois na história do planeta sempre houve extremos de frio e de calor,
independentemente desse tipo de fenômeno.
Já o aquecimento global, no contexto dos debates atuais, é realmente um aumento da temperatura além
do natural – e da capacidade da atmosfera em reter calor. Em resumo, a questão do aquecimento da
Terra está diretamente relacionada à quantidade de energia que entra (via radiação solar) e sai (via calor)
da Terra.
“Aí entra em cena a polêmica sobre as causas desse aquecimento: qual parcela diz respeito às causas
naturais e qual resulta da contribuição das atividades humanas, com o progressivo aumento na
concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera nos últimos 150 anos”, questiona Mozar.
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