OCIDENTE ORIENTE OCTAVIO IANNI GT21: Sociologia

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OCIDENTE ORIENTE
OCTAVIO IANNI
GT21: Sociologia da Cultura Brasileira
Coordenadora: Paula Montero
XX Encontro Anual da ANPOCS
Caxambú, 22 a 26 de outubro de 1996
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Já não se pode mais falar em Oriente e Ocidente como
antigamente. No fim do século vinte, quando já se anuncia o início do
próximo milênio, o ocidentalismo e o orientalismo adquirem outros
significados. São configurações e polarizações que se reafirmam,
influenciam e modificam. São tantos e tais os processos e as estruturas que
os articulam, que ao mesmo tempo em que um e outro se reafirmam também
se transfiguram.
Muito do que tem sido a história do mundo moderno e
contemporâneo, tem sido inclusive a história das relações entre o Oriente e
o Ocidente, naturalmente em distintas articulações. Essa é uma história que
pode ser lida como da ocidentalização do mundo, mas sempre envolvendo
também a orientalização do mundo. Desde o fim do século quinze, quando
Vasco da Gama desembarca na Índia, até o fim do século vinte, quando o
toyotismo desembarca nos Estados unidos da América do Norte e na
Europa, está em curso um vasto, intrincado, surpreendente e fascinante
processo de ocidentalização do mundo, assim como de simultânea
orientalização do mundo. Da mesma forma que em todas as outras situações
do contato, negociação, acomodação, tensão e conflito, ou interdependência,
também no que se refere ao contraponto Oriente e Ocidente desenvolvem/se
mudanças epidérmicas ou transformações profundas. Em todos os casos, são
alterações que afetam o modo de ser de uns e outros, indivíduos e
coletividades, ou povos e nacionalidades, tanto quanto culturas e
civilizações. O que poderia ter sido o modo de ser primordial de cada um,
em sua originalidade, autonomia e potencialidade, isto se altera mais ou
menos profundamente no longo tempo e conforme o lugar, sendo que de
modo mais evidente em algumas conjunturas históricas.
Sim, muito do que tem sido a história do mundo moderno e
contemporâneo, no que se refere ao contraponto Oriente e Ocidente,
envolve tanto uma contínua e reiterada afirmação de ocidentalismo como de
orientalismo. Esse o contexto em que se afirmam a reafirmam identidades,
singularidades e originalidades de uns e outros, ao mesmo tempo que uns e
outros se inserem em um amplo processo de transculturação. Transformamse mais ou menos drasticamente os quadros sociais e mentais de referência
de uns e outros. Muito do que eram as realidades e os conceitos que
pareciam distinguir o Oriente e o Ocidente em épocas passadas, remotas ou
recentes, estão sendo paulatinamente alterados, recriados ou simplesmente
abandonados.
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Vale a pena refletir sobre esse enigma da história mundial. Esse
é um enigma que tem mudado de figura no longo do tempo, e conforme o
lugar, mas reitera-se periodicamente, umas vezes em tranquilas e outras em
drásticas polarizações; sempre compreendendo nítidas transfigurações.
Quando se trata do contraponto Ocidente e Oriente, cabe
sempre reconhecer que a recíproca Oriente e ocidente é evidente, ainda que
diferente. Não é fácil, mas cabe evitar o ponto de vista unilateral, seja
ocidentalista seja orientalista. Quando focalizados desde a perspectiva que
se abre com a hipótese da história universal, ambos podem ser vistos em
suas originalidades e em suas reciprocidades. Mais que isso, a perspectiva
que se abre com a hipótese da história universal, quando o olhar
desterritorializado pode flutuar pelo mundo afora, permite desvendar
matizes, sombras, articulações e movimentos desconhecidos ou
insuspeitados. Nesse sentido é que vale a pena refletir sobre esse enigma da
história moderna e contemporânea, em busca de novos ângulos de análise,
ou de outros esclarecimentos sobre o que parecia explicado.
Quando se examina o contraponto Oriente e Ocidente em
perspectiva histórica ampla, logo se revelam duas configurações
geohistóricas distintas. São interpendentes e complementares, mas
reafirmam-se diferentes. Desde a chegada de Vasco da Gama na Índia, em
1498, essas duas configurações começam a constituir-se em moldes cada
vez mais sistemáticos, com perfis crescentemente nítidos; mas sempre se
modificando no curso do tempo e conforme o lugar. No fim do século vinte,
continuam vigentes, modificadas mas evidentes. São configurações
geohistóricas que se constituem, modificam e reiteram no curso do
mercantilismo, colonialismo, imperialismo e globalismo. Essa,
naturalmente, é uma história que envolve diferentes manifestações de
nacionalismo, etnicismo, racismo e fundamentalismo, compreendendo não
somente o capitalismo, mas também o socialismo.
Cabe reconhecer que o mercantilismo, o colonialismo e o
imperialismo desempenham papeis decisivos no desenho dos contornos e
meandros do Oriente e Ocidente, como configurações geohistóricas
distintas, simultaneamente justapostas, interdependentes, polarizadas,
antagônicas e cúmplices. O que predomina no longo dessa história,
compreendendo sempre também a geografia, é o Ocidente sobre o Oriente.
As exigências e imposições do mercantilismo, colonialismo e imperialismo,
vistos como processos sociais de ampla invergadura e fundas implicações,
essas exigências e imposições emanam, desde o começo, a partir da Europa
Ocidental, aonde se enraíza o capitalismo, visto não só como modo de
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produção, mas também como processo civilizatório. Posteriormente, nos
séculos dezenove e vinte, as exigências e imposições passam a emanar
também dos Estados Unidos, como outra manifestação do ocidentalismo,
civilização ocidental e capitalismo.
Desde fins do século quinze, está em andamento a acumulação
originária na Europa Ocidental, processo esse de grande envergadura,
envolvendo feitorias, entrepostos, capitanias, enclaves e colônias, bem
como a pirataria e a instituição de várias modalidades de trabalho
compulsório, dentre as quais destaca-se o regime de trabalho escravo. Sim, a
acumulação originária está na base das grandes navegações marítimas, dos
descobrimentos e das conquistas que os europeus realizam em praticamente
todos os continentes, ilhas e arquipélagos. Passa pela exploração de recursos
e produções locais, a escravatura, a pirataria e, portanto, o estabelecimento
de sistemas coloniais. É assim que se forma e desenvolvem os sistemas
coloniais espanhol, português, holandês e inglês, além de outros. Aos
poucos, no longo dos séculos dezenove e entrando pelo vinte, formam-se os
vários sistemas imperialistas, abarcando colônias e estados nacionais
formalmente soberanos, como os que se criam com a primeira onde de
descolonização ocorrida no Novo Mundo, no fim do século dezoito com a
independência dos Estados Unidos da América do Norte, e nos começos do
século dezenove com a independência de colônias ibéricas. O imperialismo
compreende uma fase já bastante avançada do capitalismo, e em escala
mundial, como modo de produção e processo civilizatório. Tanto é assim,
que na passagem do século dezenove ao vinte o mundo todo está desenhado,
cartografado e dividido entre as nações imperialistas, compreendendo
principalmente a Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Itália,
Portugal, Rússia e Japão. São vários e diferentes os sistemas imperialistas
sob os quais são colocados a Índia, a Indochina, a China, a Oceania, a
África e inclusive os estados nacionais da América Latina e do Caribe.
Nesse sentido é que o mercantilismo, o colonialismo e o
imperialismo desempenham papéis decisivos no desenho dos contornos e
meandros do Oriente e Ocidente. Formam-se a transformam-se como
configurações geohistóricas, simultaneamente distintas, justapostas,
interdependentes, polarizadas, antagônicas e cúmplices.
É evidente que o contraponto sempre esteve e continua a estar
empregnado de polarizações ideológicas, compreendendo xenofobias,
etnicismos ou racismos. Ao lado das simpatias, acomodações e
cumplicidades, expressas em níveis individuais e coletivos, manifestam-se
as mais diversas expressões de intolerância. Isso é evidente no
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comportamento de ingleses, franceses, alemães, holandeses, belgas, russos,
norte-americanos e outros, tanto quanto no comportamento de japoneses,
chineses, hindus e outros; sem esquecer árabes de vários quadrantes. São
polarizações e intolerâncias que se alteram, atenuam, reiteram ou acentuam,
conforme o jogo das foças sociais. Desde os primeiros contatos iniciados
com a chegada de viajantes, conquistadores, colonizadores, missionários,
comerciantes, pesquisadores e outros, nos começos da história moderna, são
evidentes os sinais de intolerância, de par-em-par com os de cumplicidade.
São comportamentos individuais e coletivos, expressando simultaneamente
polarizações e acomodações entre os diferentes povos, nações e
nacionalidades que compõem cada uma das configurações geohistóricas.
O que sobressai, no entanto, no curso da história, é o
ocidentalismo impondo-se no Oriente, como um todo e em suas diferentes
nações e nacionalidades. Desde os primeiros contatos de portugueses,
espanhóis, holandeses, ingleses, franceses e outros com os povos, as
culturas e as civilizações da Ásia e Oceania, em geral predomina a
arrogância e a prepotência, juntamente com a conquista, a ocupação e a
exploração1. Essa a realidade: as polarizações, intolerâncias e acomodações
são elementos importantes e constantes no modo pelo qual se formam e
desenvolvem as configurações geohistóricas que desenham os contornos e
os meandros do Oriente e Ocidente.
Note-se, no entanto, que as polarizações, os antagonismos e as
cumplicidades entre essas configurações estão influenciadas principalmente
pelo Ocidente, a Europa Ocidental e os Estados Unidos, a Civilização
Judaico- Cristã; ou melhor, o capitalismo, como modo de produção e
processo civilizatório. Aos poucos, as mais diversas esferas da vida social
de hindus, chineses, japoneses, árabes e outros, compreendendo culturas e
civilizações, são influenciados por princípios ou diretrizes tais como os
seguintes: liberdade e igualdade de proprietários organizados em contrato;
mercado, compreendendo capital, tecnologia e força de trabalho, além das
mercadorias enquanto bens de consumo e produção; moeda, câmbio, lucro,
juro, poupança, empréstimo; produtividade e lucratividade; administração,
contabilidade, calculabilidade e racionalidade. Simultaneamente,
desenvolve-se o comércio, a urbanização, a industrialização, a secularização
1
K.M. Panikkar, A Dominação Ocidental na Ásia, trad. de Nemésio Salles, 3ª.edição, Editora Paz e Terra,
Rio de Janeiro, 1977; Eric R.Wolf, Europe and the People Without History, University of Califórnia Press,
Berkeley, 1982; G.V. Scammell, The First Imperial Age (European Overseas Expansion:1400-1715),
Routledge, Londres, 1992; Edward W.Said, Orientalismo (O Oriente como Invenção do Ocidente), trad. de
Tomás Rosa Bueno, Companhia das Letras, São Paulo, 1990; Samir Amin, L’Eurocentrisme (Critique
d’une Idéologie), Anthropos, Paris, 1988.
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e a individuação, além do consumismo. E desenvolvem-se as classes sociais,
os partidos políticos, os sindicatos, as correntes de opinião pública,
juntamente com os desenvolvimentos dos meios de comunicação em geral, e
da mídia em particular. É assim que instituições, padrões e valores sócioculturais originários do Ocidente difundem-se no Oriente, umas vezes
conflitando-se e outras mesclando-se com os orientais. Aliás, em várias
partes do Oriente já se desenvolviam princípios e diretrizes semelhantes ou
compatíveis com os que chegam do Ocidente. Ao lado da vigência e
reafirmação de tradições, instituições e ideais característicos do shintoismo,
confucianismo, taoismo, hinduismo, budismo e islamismo, entre outros mais
característicos do Oriente, difundem-se e generalizam-se instituições,
padrões e valores característicos do capitalismo, como modo de produção e
processo civilizatório.
“Nos tempos modernos, representantes do mundo ocidental
partiram para outras partes do globo armados de poderosa tecnologia,
acompanhada de poderosas formas de organização do trabalho e comércio, e
com a determinação de atrair recursos, terra e povos para a sua grande
economia mundial. Se fossem necessárias revoluções políticas e sociais para
produzir revoluções industriais, não hesitaram em realiza-las. Em geral, no
entanto, eles têm sido apenas parcialmente conscientes dos efeitos
catastróficos do que consideram meramente “fazer negócios”. Assim, os
mais importantes contatos culturais dos tempos modernos têm produzido a
revolução industrial, uma revolução nas formas de trabalho e nas
instituições relativas ao trabalho, para uns e outros dos povos envolvidos.
Simultaneamente, as revoluções industriais criaram fronteiras étnicas e
raciais, pois, em nenhuma região industrial importante do mundo um único
grupo étnico forneceu o total da força de trabalho, desde os dirigentes ao
trabalho não qualificado... Tudo funcionou com, e desenvolveu
posteriormente, o complexo de instituições conhecidas como capitalismo.
(...) Uma observação interessante e aparentemente paradoxal é que a
indústria capitalista moderna, que desenvolveu uma ideologia forte, e às
vezes brutal, de indiferença pelas pessoas, de preferência pela melhor
mercadoria, pelo melhor indivíduo para a tarefa, e que tem demonstrado
grande ímpeto, quase uma missão, para banir crenças, costumes e
instituições que se antepõem no caminho do desenvolvimento industrial,
essa indústria deveria também tornar-se - e não meramente, como seria de
esperar - uma agressiva e espetacular mescladora de povos, além de uma
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grande e às vezes teimoso agente de discriminação étnica e racial; e um
viveiro de doutrinas e estereótipos”2
Também entre os povos do Oriente está em andamento um
processo de “desencantamento do mundo”. A despeito de suas diversidades
e peculiaridades culturais e civilizatórias, são alcançados, recobertos ou
impregnados por instituições, padrões e valores sócio-culturais
secularizados, burocrático-legais, pragmáticos, tecnocráticos ou racionais,
segundo as determinações da reprodução ampliada do capital. Aos poucos,
modelam-se estados nacionais em conformidades com os princípios
jurídico-políticos difundidos ou importandos desde as metrópoles
colonialistas e imperialistas. São muitas as expressões do capitalismo, como
processo civilizatório, ou do capital como agente “civilizador”, que se
difundem na Índia, China, Japão e outras partes da Ásia, Oceania e África,
muitas vezes englobadas por europeus e norte-americanos como segmentos
do Oriente3.
São muitos os relatos, os depoimentos e as crônicas, bem como
os ensaios e as monografias, ou as ficções e as fantasias, que entram nessa
história, participando mais ou menos decisivamente no desenho dessas
configurações. Aos poucos, no curso dos acontecimentos e das narrações,
constroem-se os perfis de uma e outra configuração geohistórica, como duas
formações distintas ou justapostas, mas interdependentes, polarizadas,
antagônicas e cúmplices. Desde os relatos de Marco Polo, continuamente
recuperados e reinterpretados no curso do tempo, até as fabulações de Italo
Calvino, nas quais o contraponto continua no longo da história, são muitas
as narrativas literárias e científicas que entram no desenho e redesenho das
configurações e movimentos do Oriente e Ocidente, tomados cada um em si
mesmo e ambos no contraponto de suas reciprocidades e polarizações.4
2
Heverett Cherrington Hughes e Helen MacGill Hughes, Where Peoples Meet ( Racial and Ethnic
Frontiers), The Free Press, Glencoe, Illinois, 1952, pp. 61-61 e 66-67. Consultar também: E. Franklin
Frazier, Race and Culture Contacts in the Modern World, Alfred A. Knopf, Nova York, 1957; Thomas
Sowell, Race Politique et Économie ( Une Approche Internationale), trad. de Raoul Audouin e François
Guillaumat, Presses Universitaires de France, Paris, 1986; Marc Ferro, História das Colonizações (Das
Conquistas as Independências: Séculos XIII a XX), trad. de Rosa Freire D’Aguiar, Companhia das Letras,
São Paulo, 1996.
3
Jonathan D. Spence, Em busca da China Moderna (Quatro Séculos de História), trad. de Tomas Rosa
Bueno e Pedro Maia Soares, Companhia das Letras, São Paulo, 1996; Hermann Kulke e Dietmar
Rothermund, A History of Índia, Routledge, Londres, 1995; Endymion Wilkinson, Japan Versus The West
(Image and Reality), Penguin Books, Londres, 1991; Roland Oliver, A Experiência Africana (Da PréHistória aos Dias Atuais), trad. de Renato Aguiar, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1994.
4
Marco Polo, O Livro das Maravilhas, trad. de Elói Braga Jr., L&PM Editores, Porto Alegre, 1985; Italo
Calvino, As Cidades invisíveis, trad. de Diogo Mainardi, Companhia das Letras, São Paulo, 1990.
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A rigor, no contraponto Oriente e Ocidente, o que se constrói
são tipos ideais, principalmente. Além das diversidades e interdependências,
o que sobressai são duas construções típico-ideais. O Oriente, para os
ocidentais, é uma construção imaginada, ainda que inspirada em fatos,
conjunturas críticas, transformações evidentes. Ao lado dos acontecimentos,
sobressaem os traços selecionados, originais, diferentes, estranhos, exóticos,
demarcados. Pode ser um artifício narrativo, uma forma de sublinhar a
diferença ou uma técnica de dominação. Simultaneamente, os europeus e
norte-americanos estão construindo a si próprios como diferentes e
nitidamente demarcados, ou melhor, como originais, referentes, parâmetros
e emblemas. Constroem o próprio desenho desenhando os outros. Ao
caracterizar os asiáticos, ou hindus, chineses, japoneses e outros, como
orientais, caracterizam-se a si próprios como ingleses, franceses,
holandeses, alemães, norte-americanos ou ocidentais. Algo que já se havia
esboçado antes dos tempos modernos, nas narrativas de Esquilo, Alexandre
o Grande, Heródoto e Marco Polo, no que se refere à Ásia, ou aos bárbaros
e civilizados, nos tempos modernos começa a desenhar-se como Oriente e
Ocidente.
Esse o vasto e complexo cenário geohistórico, envolvendo
culturas e civilizações, no qual se vão delineando os diferentes traços,
contornos e meandros que constituíram o Oriente e o Ocidente como duas
configurações típico-ideais, simultaneamente distintas, justapostas,
interdependentes, polarizadas antagônicas e cumplices. O que pode ter sido
a realidade, em termos de fatos, relações, processos e estruturas de
dominação e apropriação, compreendendo mercantilismo, colonialismo,
imperialismo e globalismo, isso tudo se traduz em narrativas literárias e
científicas. Mas umas e outras realizando a descrição e a interpretação, a
decantação e a fabulação, de tal modo que o que resulta é a invenção, o tipo
ideal, a ficção5
5
Edward W. Said, Orientalismo (O Oriente como Invenção do Ocidente), citado; Samir Amin,
L’Eurocentrisme (Crítique d’Une Ideologie), citado; Endymion Wilkinson, Japan Versus The West (Image
and Reality), citado; V.S. Naipul, Índia: A Wounded Civilization, Wintage Books, Nova York, 1978.
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Sim, todos estão, todo o tempo, inseridos na dialética dos
espelhos, na auto-imagem construída no reflexo do outro. É daí que emanam
os impasses e dilemas, assim como as perspectivas e os horizontes. Mais
que isso, é daí que emanam tanto as mutilações como as invenções,
envolvendo sempre reiteração e transformação, ou transculturação e
transfiguração.
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