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O PIBID E AS NOVAS FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO1
Larissa da Trindade Paulino PIBID/UEMG/Ciências Sociais
UEMG - Unidade Barbacena
Dr. Renato da Silva Melo Orientador
Resumo
O Pibid é um projeto de iniciação a docência que proporciona aos discentes um
incentivo e qualificação. Construindo o saber através da experiência de aprender e
ensinar, mostrando a realidade de uma sala de aula do ensino médio pela qual todo
professor passará pelos desafios e prazeres de sua profissão. Paulo Freire em seu Livro
Pedagogia do Oprimido nos da à esperança de que a educação é o melhor caminho para
se chegar à humanização, não somente na parte da educação mais também política,
social e econômica. Assim como também nos mostra esse viés da relação opressoroprimido através da relação professor-aluno, a importância de deixar com que os alunos
se expressem e entendam a realidade em que vivem. O Pibid por sua vez também
proporciona essa liberdade aos alunos e nos instiga cada vez mais em aprender e ensinar
nos relacionando, dialogando. Iniciei minha participação no ano de 2016 e nos outros
anos atuei como voluntária, o que me ajudou muito aprendendo com meus colegas
como funciona o projeto. Desde o inicio comecei os trabalhos na escola Alberto Vieira
com as oficinas “Sociologia do Esporte” e “Jornal Mural”. A oficina de sociologia do
esporte que é bastante requerida por trabalhar prática e teoria, como o futebol
sociológico usado para explicar a divisão de classe em Marx, como o vôlei sociológico
usado para explicar a coletividade em Emile Durkheim. Já a proposta da oficina Jornal
Mural é proporcionar comunicação entre os alunos e a comunidade escolar, pois as
informações disponibilizadas são escolhidas pelos alunos, como, textos, desenhos, dicas
de beleza, dicas de leitura curiosidades, sociólogo do mês, esporte entre outras coisas.
Todas as oficinas ocorreram de forma satisfatória os alunos participaram das atividades
de forma ativa, e estamos aprimorando nosso aprender e ensinar cada dia mais.
Palavras-chave: Pibid, opressor-oprimido, sociologia, experiência, formação.
1
Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho EDUCAÇÃO E PIBID: EXPERIÊNCIAS E
EXPECTATIVAS, do IX Congresso de Pesquisa e Extensão e IV Semana de Ciências Sociais
UEMG/Barbacena.
O Pibid e as novas fronteiras do conhecimento
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) tem
como objetivo incentivar e qualificar futuros professores. Em uma aproximação do
ensino superior com o ensino básico, contribuindo para a construção do saber,
diminuindo as diferenças econômicas e sociais existentes em nossa sociedade.
Paulo Freire é um grande escritor de referência internacional da educação, o
autor tinha uma leitura marxista que expressa em um de seus livros a “Pedagogia do
Oprimido” quando explica a sociedade na contradição opressor-oprimido.
Sua proposta era fazer com que as pessoas que são excluídas, deixadas de
lado pela lógica do sistema hegemônico da sociedade fossem transformadas. Ou seja, os
homens ao se descobrirem como oprimidos reconhecem a violência que estão sofrendo
pelos opressores e passam a buscar liberdade, a justiça, a recuperação da sua
humanização. Ao fazer essa descoberta os oprimidos começam o processo
revolucionário, porque anteriormente eles se espelhavam nos opressores para alcançar o
mesmo status, e saírem da pobreza, trocar de lugar e repetir as mesmas atitudes, pois
eles têm medo de encarar a realidade e problematizar, por que não podem “ser” na
sociedade. O autor busca em sua teoria: “A luta pela humanização, pelo trabalho livre,
pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como seres para si.”
(FREIRE, p.16, 2005).
Por outro lado os opressores se veem como pessoas generosas do qual
disponibiliza favores, trabalhos, promessas de melhora de vida para se manter no poder,
criam discursos falsos e ideológicos, em troca os oprimidos continuam alienados e sobre
a sombra desses opressores.
Com o passar do tempo ainda colocamos nossos jovens e alunos como
desinteressados sobre as coisas do mundo, como alienados, porém generalizando esta
concepção acabamos esquecendo que muitos são capazes de entender suas realidades e
aproxima-las a grandes conceitos teóricos como luta de classes, raça, coletividade entre
outros exemplos. Temos que despertar em nossos jovens o interesse sobre assuntos
sociais, econômicos e culturais. E isso gera medo por ambas às partes.
Freire diz que o objetivo é construir uma pedagogia libertadora e feita pelos
oprimidos, pois somente eles sabem a violência que sofrem, mas é importante que não
se deixem influenciar pelo opressor que existe em si mesmo e nem pelo medo. “Este
medo da liberdade também se instala nos opressores, mas obviamente de maneira
diferente. Nos oprimidos, o medo da liberdade é o medo de assumi-la. Nos opressores, é
o medo de perder a liberdade.” (FREIRE, 2005 p.36).
Um exemplo que podemos citar entre vários de opressor-oprimido é
professor-aluno, contemporaneamente ainda encontramos casos em que professores
tradicionais e autoritários não estabelecem uma prática educacional na qual exista
diálogo e dinâmica com os alunos ao invés disso existe uma disputa por espaços
coletivos, hierarquia de poder, de dominação e opressão, educadores que somente
depositam conteúdos em seus alunos. O Pibid quebra essa barreira, apresenta a proposta
de aprender e ensinar para a construção do saber proporcionando aos alunos, uma
relação educacional na qual podem construir juntos os projetos, e os alunos também são
protagonistas.
Na Escola Estadual Doutor Alberto Vieira Pereira, trabalhamos com as
oficinas de Jornal Mural, assim estimulando os alunos a pesquisarem formas de
comunicação motivando os alunos a escreverem e usar os recursos tecnológicos
oferecidos pela escola. Além de serem responsáveis pelos temas abordados o que os
leva a um desenvolvimento critico para os problemas da sociedade. Então os alunos
percebem o quanto é importante expressar suas ideias, mostrar o que aprendem, assim
eles tem um espaço disponibilizado para que mostrem textos, poesias ou desenhos que
tenham feito, estabelecendo diálogo com toda a escola e comunidade. A escolha do
nome do jornal foi feita através de votação ganhando assim o nome de “Voz Estudantil”
e posteriormente com o interesse de uma aluna que pensa em fazer faculdade de
jornalismo apresentou a ideia de transformar o jornal mural também em um blog, o que
nos motivou bastante apoiando sua ideia, a primeira e segunda edição já foram
publicadas no blog junto com fotos da quadrilha da escola no mês de junho.
Trabalhamos também com o projeto Sociologia do Esporte, que desperta um interesse
pelos alunos sempre que se inicia o Pibid, busca estabelecer a relação de conceitos
sociológicos de Max Weber, Karl Marx, Emile Durkheim entre outros sociólogos com o
esporte, estabelecendo relações e aproximando os conceitos com a realidade dos alunos.
Uma das dinâmicas que utilizamos foi o futebol sociológico com a introdução sobre
Marx e a divisão de classes e também o vôlei sociológico onde explicamos o conceito
de coletividade em Durkheim. Estabelecemos aqui à práxis, que seria ação e reflexão.
Freire diz que só se consegue transformar a sociedade quando os oprimidos
se reconhecem como oprimidos e entram em organização e diálogo revolucionário junto
com suas lideranças e as massas populares e exercem a ação e reflexão, a verdadeira
práxis, pois sem ela é impossível superar a contradição opressor-oprimido. “O homem
precisa ser capaz de captar a sua realidade, de conhecê-la” (FREIRE, 2005 p.44). Os
oprimidos precisam se inserir criticamente na realidade objetiva.
Esta revolução cultural se divide em duas partes. A primeira seria o
reconhecimento seguido da transformação; a segunda deixa de ser pedagogia do
oprimido para se tornar pedagogia dos homens em processo permanente de libertação.
Assim também se pode citar o texto de Miguel Arroyo “Políticas
educacionais, igualdades e diferenças”, que mostra a relação entre as políticas
educacionais e a superação das desigualdades, o papel do Estado e suas políticas e como
são classificados os desiguais da sociedade; considerados como irracionais, ignorantes,
selvagens, atolados em misticismo e no senso-comum, ou seja, os desiguais e oprimidos
são tachados como os grandes responsáveis pelo não avanço no desenvolvimento
econômico, social, cultural, escolar, etc. e pela situação em que estão, por não terem
tido acesso aos capitais culturais que a elite e os opressores tiveram. As elites, por outro
lado, criam políticas inclusivas na expectativa de dar igualdade aos desiguais, sem ao
menos dar a voz a eles que sofreram na pele os preconceitos, as desigualdades e as
violências.
A teoria de Freire nos traz a esperança da mudança de nossa realidade,
porém ainda encontramos muitos obstáculos para aplica-la, principalmente no campo da
educação. Muitas vezes nossos jovens são criticados, por expressar suas ideias de
maneiras diversas como em movimentos de rebelião, como também de rebeldia, porém
devemos refletir que muitas de suas decisões e ações são tomadas de acordo com sua
visão de mundo. Por conta da falta de entendimento claro dos discursos políticos e
educacionais. As pessoas não estabelecem diálogos, essa estrutura precisa ser
transformada, para que os oprimidos possam ser sujeitos de seu mundo, assim,
libertando também os opressores no ato da práxis do amor, da fé e esperança, para poder
transformar a sociedade.
A educação ainda não conseguiu tudo o que é proposto por Paulo Freire em
sua teoria, somente focando em pequenos atos da nossa vida conseguimos colocar em
prática seu pensamento, porem nós não podemos desistir de expandir para outros
campos além da educação. A participação no Pibid tem sido de grande importância para
minha formação, pois além dos desafios enfrentados mantemos a esperança de um
mundo melhor, e nada melhor do que manter esta esperança também em nossos jovens,
pois com eles aprendemos a vencer desafios e celebrar as vitórias.
Referências
ARROYO, Miguel G. “Politicas educacionais, igualdade e diferenças” RBPAE,
2011.
FRANÇA, Cristiane Silva; ALEXANDINA, Daniela Fantoni de Lima; SILVA, Kelly
da; MELO, Renato da Silva. “A prática educacional emancipadora pelo saber da
experiência”. In: PIBID: Construindo e práticas docentes. Ed. UEMG, 2014.
FREIRE, Paulo. “Justificativa da Pedagogia do Oprimido”. In: “Pedagogia do
Oprimido”. Ed. Paz Eterna S/A, 2005.
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