OSTEOARTROSE

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OSTEOARTROSE
Sônia Colbeich Trajano
Fisioterapeuta
É um distúrbio não inflamatório das articulações caracterizado por deterioração da
cartilagem, eburnação do osso e também por formação de proeminências ósseas
denominadas osteofítos. Constitui a forma mais comum de acometimento articular no
idoso.
Sinonímia
Osteoartrite
Artrite traumática
Incidência
A osteoartrose ocorre quase que exclusivamente em pessoas de meia idade para
mais, possivelmente pela alteração na composição e estrutura da cartilagem articular (
perda da água, proliferação celular, aparecimento de gordura e outros fatores). Também
contusões, fraturas, luxações e até pequenos traumatismos são freqüentes.
Etiologia
A observação clínica sugere que as artroses não devem resultar de causa única,
mas de uma série delas, constituindo uma verdadeira gama de etiologias e que estas causas
podem não só interrelacionar-se, como também exercer cada qual maior papel nesta ou
naquela articulação. Este ponto de vista tem ainda a seu favor o fato de que a artrose pode
ser produzida experimentalmente de diferentes modos e maneiras, alguns até,
aparentemente, opostos e conflitantes: manipulação endócrina e metabólica (jujum, diabete,
deficiência de somototrofina, administração de corticoesteróides), injeção intra articular de
vários materiais, indução de vários defeitos cirùrgicos, imobilização e compressão,
patelectomia, luxação de rótula, secção de ligamentos cruzados, meninsectomia parcial,
extenso manejo cirúrgico articular, uso excessivo da articulação, etc.
As artroses são classificadamente divididas em idiopáticas (primária), quando o
agente determinante é desconhecido e o secundário quando o agente causal é identificado.
As idiopáticas são consideradas mais comuns que as secundárias.
A lista de causa das artroses secundárias é ampla e sua sistematização bastante
difícil, pois podem ser gerais (sistêmicas) ou locais, congênitas ou adquiridas.
As causas das artroses secundárias pode ser:
-
-
Doença inflamatória: artrite reumatóide e doenças assemelháveis (artrite
séptica, artrite tuberculosa)
Doenças metabólicas: gota, hemacromatose, condroxalcitose, doença de
Kashin-Beck, doença de Paget
Doenças endócrinas: diabete, acromegalia, alterações ligadas aos hormônios
sexuais, hiperadrenocorticismo
Disúrbios neuropáticos: tabis dorsalis, diabete, meningomielocele,
seringomielia, secção de nervo periférico
Defeitos do desenvolvimento ou abiotróficos e doenças congênitas ou
hereditárias: displasia congênita do quadril, doença de Legg-Perthes-Calvé,
deslizamento das epífises da cabeça femoral, alterações da cabeça femoral e
das relações do colo femoral, síndrome unha patela, osteonicodisplasia
hereditária, condrodisplasia familiar, doença de Wilson, hemofilia.
Trauma: agudo (macrotraumas) com ou sem fratura, crônico (microtrauma)
postural ou ocupacional
Outras: necrose avascular, hemartroses associadas e discrasias sangüíneas
hemangiomas, etc.
É indiscutível e conhecido há muito tempo, o fato que a artrose predomina e
aumenta nos indivíduos mais velhos e idosos, mas não é verdade que seja doença exclusiva
da velhice, pois pode ser encontrada tanto em suas formas centrais como periféricas em
jovens ou mesmo em crianças
Patogenia
A diversidade das artroses secundárias, mostra claramente que inúmeras causas, e
não uma única, participam de sua etiologia. Por outro lado os mecanismos que a explicam
ou procuram explicar são variados. Em termos de artroses idiopáticas, dar-se-á,
provavelmente, o mesmo. Ao que tudo indica, nenhuma teoria pode isoladamente
esclarecer todos os aspectos das artroses idiopáticas sendo admissível que existam diversas
etiopatogenias. É também possível que múltiplas causas desencadeiam o processo através
de uma via final comum.
Admitindo-se que a artrose comece pela cartilagem, cabe determinar qual seu
componente que primeiro se altera. O assunto permanece aberto. Pela constituição do
tecido especula-se que a alteração inicial se faz na célula cartilaginosa, nos proteoglicans ou
no colágeno.
Na artrose tanto o colágeno quanto os proteoglicans estão grandemente alterados,
por ação mecânica ou degradação, culminando na completa perda de ambos, com exposição
do osso subcondral.
A anatomia patológica da artrose primária e secundária praticamente é a mesma. É
difícil também estabelecer a seqüência exata das lesões. Por outro lado, mesmo nas lesões
mais simples, é impossível isolar uma única anormalidade de que não se acompanhe de
outras.
Ocorre fibrilação de cartilagem que sob efeito de pressão fissura-se por estar
fragilizada. Isso ocorre devido a modificações metabólicas. Após seguem as lesões ósseas:
espessamento e condensação óssea, osteófitos, corpos estranhos, intra-articulares, lesões
sinoviais (aparecem tardiamente é mais discreto que a artrite reumatóide).
A cartilagem perde rigidez e a elasticidade normal acarretando uma má
distribuição de pressões e o aumento de atrito entre as superfícies articular, levando a
destruição óssea.
Radiologia
Nos estágios iniciais, a aparência pode ser normal. Subseqüentemente, as
alterações vistas incluirão:
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Diminuição do espaço articular. Isto reflete o desaparecimento gradual da
cartilagem
Esclerose (densidade aumentada) do osso subjacente à cartilagem à medida
que ocorre o processo de eburnificação
Formação de osteófitos nas margens articulares
Alterações cistícas no osso periarticular
Deformidade causada por subluxação
Presença de corpos livres
Irregularidade das superfícies ósseas
Embora os osteófitos sejam típicos da osteoartrose, sua presença sozinho não
implica que outras alterações radiológicas aparecerão. A perda do espaço articular,
esclerose subcondral e a presença de cisto são talvez índices mais confiáveis de destruição
da cartilagínea progressiva.
Exames Laboratoriais
Não há anormalidades específicas na osteoartrose, exceto em alguns casos de
doença secundária em que podem haver provas específicas para a doença primária.
Hemoglobulina, leucometria, contagem de plaquetas e VSG são normais.
Exames para fator reumatóide são negativos. Proteínas séricas são normais.
O líquido sinovial mantém sua viscosidade e tem consistência mucóide. O
conteúdo protéico raramente está acima de 3g/100ml.
Sinais e Sintomas
A sintomatologia, a evolução e o prognóstico das artroses variam em função da
articulação considerada. Dessa afirmação sobressai a importância de uma boa avaliação
clínica de cada caso.
No indivíduo idoso a osteoartrose apresenta sintomas limitados a poucas
articulações, sendo mais freqüentemente acometidas as articulções interfalangeanas distais
das mãos, coluna cervical e lombar, joelhos, quadris, primeira articulação
metatarsofalangeana. O principal sintoma é a dor que aparece à movimentação e quando a
articulação suporta grande peso, melhorando com o repouso. Geralmente o paciente refere
que com a mudança de tempo “as juntas doem mais”. Rigidez articular após períodos de
repouso podem ocorrer, mas não é tão intensa quanto a artrite reumatóide. Apenas uma
pequena proporção de pacientes com alterações articulares tem queixa, podendo-se afirmar
que não há uma boa correlação entre os sintomas e o grau de degeneração articular
anatômico ou radiológico.
O aumento do volume das articulações é devido principalmente ao crescimento da
cartilagem e do osso propriamente dito, o que é particularmente
visível nas
interfalangeanas proximais (nódulos de Bouchard) e interfalangeanas distais (nódulos de
Heberden). Pode aparecer um aumento significativo de líquido sinovial, particularmente no
joelho, porém sem sinais inflamatórios exuberantes. Nessa articulação, os sinais iniciais da
doença são creptação, dor e posteriormente edema e erosão que levam a uma dificuldade de
locomoção do paciente e mais tarde à deformidade. A dor pode levar à atrofia do músculo
quadíceps por desuso.
A osteoartrose dos quadris é bastante invalidante devido a limitação de
movimentação dos membros inferiores. O paciente anda com dificuldade, tornando-se
quase impossível levantar de uma cadeira baixa ou subir escadas. A dor é referida a nádega,
virilha, região interna da coxa e região do nervo ciático.
A doença degenerativa da coluna vertebral é comum e o processo patológico
primário é a degeneração dos discos intervertebrais, corpos vertebrais, articulações
apofisárias posteriores. Embora a queixa de dor na coluna faça parte do dia a dia de um
grande número de pacientes geriátricos, é pequeno o número de indivíduos sintomáticos
(rigidez, dor, dificuldade de movimentação), se levarmos em conta que a coluna vertebral é
o local mais comum de alterações radiológicas no homem devido a osteoartrose. O
acometimento freqüente é em C4 a C7, T8 e L3, locais onde a movimentação da coluna é
máxima. A formação de osteófitos no foramem intervertebral ou prolapso de um disco
podem provocar compressão de raiz nervosa, levando a dor e/ou parestesias no trajeto
nervoso. A osteoartrose cervical pode levar a sintomas de isquemia cerebral com vertigem e
distúrbios visuais quando há compressão da arteria vertebral pelo deslocamento do disco
cervical ou presença de osteófitos.
Tratamento
O tratamento das artoses continua sendo basicamente sintomático tendo como
principal objetivo o alivio da dor, a restauração da função articular e a prevenção da
incapacidade ou progressão da doença.
Medidas Gerais
a) Preparação psicológica do paciente: dar conhecimento ao paciente da
cronicidade de sua patologia mas que de modo geral não é uma moléstia grave
e incapacitante ou anquilosante, que poderá passar longos períodos
assintomático e períodos com dor.
b) Repouso: é útil para proteger a articulação do desgaste
c) AVDs e ocupação deve receber orientaçãoes no caso destes serem veículos de
trauma
d) Obesidade: pode ser fator agravante
e) Defeitos posturais: causam irritação crônica das articulaçãoes, através de
microtraumas
Medicamentoso
a) Analgésicos
b) Antinflamatórios não hormonais
c) Infiltrações
Fisioterapia
a) Avaliação para considerar todos os aspectos relevantes com referência ao
paciente
b) Controle da dor – trações, calor superficial ou profundo, frio, correntes
elétricas, ultra-som, hidroterapia, terapia manual
c) Prevenir tensões ou lesões adicionais nas articulações afetadas
d) Melhora da força muscular
e) Manter ou melhorar a independência funcional.
Bibliografia
AZUL, Luis G S. CLÍNICA DO INDIVÍDUOP IDOSO. Ed. Guanabara
Koogan, RJ, 1981.
DOWNIE, Patrick H CASH FISIOTERAPIA
REUMATOLOGIA. São Paulo, Ed. Panamericana, 1987.
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ORTOPEDIA
GRANDES TEMAS DA MEDICINA. Ed. |Nova cultural, São Paulo, 1986
SEDA, Hilton, REUMATOLOGIA. Ed Cultura médica, 2º edição RJ, 1982
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