Bases Celulares da Imunidade

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O Sistema Imunológico.
O Sistema Imune
Bases Celulares da Imunidade
O Sistema Imune Humano é Constituído de Trilhões de Linfócitos.
Os linfócitos são pertencentes à classe de células brancas do sangue e
são responsáveis pela especificidade imunológica. São encontrados em grande
número no sangue, na linfa e em órgãos linfóides especializados como o timo,
linfonodos, baço e apêndice cecal (dos vertebrados). Nos invertebrados as
células de defesa são os macrófagos e neutrófilos.
Em massa celular, o sistema imune é comparável a massa celular do
fígado ou do cérebro, constituindo um dos principais componentes do sangue e
sendo demonstrado apenas no final da década de 50, seu papel central na
imunidade, em experimento realizado com camundongos intensamente
irradiados, onde foi possível estabelecer que os linfócitos são células
responsáveis para respostas mediadas por células e resposta de anticorpo.
Linfócitos B Compõem a Resposta Humoral de Anticorpos, Linfócitos T
Compõem a Resposta Imune Mediada por Células.
Os linfócitos T são desenvolvidos no timo e são responsáveis pela
resposta imune mediada por células; os linfócitos B desenvolvem-se na medula
óssea de indivíduos adultos ou no fígado fetal e produzem anticorpos. Esta
especificidade foi demonstrada em experimentos com animais, onde
mostraram que a timectomia em animais neonatos impedia a resposta imune
mediada por células e em aves, com a remoção da Bursa de Fabricius, elas
não apresentavam a capacidade de produzir anticorpos, mas tinham resposta
mediada por células normal. O mesmo foi observado posteriormente em
crianças com deficiências na imunidade mediada por células geralmente
apresentando também alterações no timo e em crianças que não eram capazes
de produzir anticorpos, com imunidade mediada por células normal.
Existem duas classes de linfócitos T, os linfócitos T helper e T
citotóxicos. Os T helper auxiliam na produção de anticopos pelos linfócitos B e
os T citotóxicos matam as células infectadas, pois estão diretamente
envolvidas na defesa contra infecções, sendo referidas algumas vezes, em
associação às células B, como células efetoras.
Linfócitos Desenvolvem-se em Órgãos Linfóides Primários e Reagem
com Antígenos Estranhos em Órgãos Linfóides Secundários.
Os linfócitos se desenvolvem a partir de células primordiais
pluripotentes, que dão origem a todas as células do sangue. Estas célulastronco estão localizadas primariamente nos tecidos hematopoéticos. No feto os
linfócitos desenvolvem-se no fígado e no adulto principalmente na medula
óssea.
São considerados órgãos linfóides primários (central), os órgãos que
desenvolvem linfócitos a partir de células primordiais como o timo, tecidos
hematopoéticos e a Bursa de Fabrícius. Após amadurecimento dos linfócitos,
estes migram para os órgãos linfóides secundários (periféricos),
principalmente: linfonodos, baço e tecidos linfóides associados ao epitélio e
trato gastrintestinal, trato respiratório e pele. É principalmente nos órgãos
linfóides secundários que as células B reagem com antígenos estranhos.
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O Sistema Imunológico.
Marcadores de Superfície Celular Tornam Possível Distinguir e Separar
Células T e B.
As células B e T não ativadas são morfologicamente muito
semelhantes, porém quando ativadas estas células são distinguidas em
microscopia eletrônica. As células B ativadas diferenciam-se em células
secretoras de anticorpos, as mais maduras são as células plasmáticas que
mostram-se ocupadas com extenso retículo endoplasmático rugoso. As células
T ativadas contêm pouco retículo endoplasmático rugoso e não secretam
anticorpos, embora secretem uma grande variedade de mediadores chamados
de linfocinas, interleucinas ou citocinas. Proteínas da membrana plasmática
dos linfócitos podem servir como marcadores para diferenciar linfócitos T dos
B. A proteína Thy-1, por exemplo, são encontrados apenas nas células T, já
anticorpos contra proteínas CD4 e CD8 são largamente utilizadas para
distinguir e separar, respectivamente, linfócitos T helper de linfócitos T
citotóxicos.
O Sistema Imune Funciona através de Seleção Clonal.
O sistema imune é capaz de responder a milhões de diferentes
antígenos de uma forma bastante específica. A produção de anticorpos
específicos começou a ser compreendida apenas no início dos anos 50 com a
teoria da seleção clonal. Esta teoria baseia-se na proposição de que durante o
desenvolvimento, cada linfócito torna-se comprometido para reagir com um
antígeno em particular antes de serem expostos aos mesmos. Cada célula
expressa esse comprometimento na forma de receptores protéicos de
superfície celular que especificamente se acoplam ao antígeno. Dessa forma,
um antígeno estranho que o organismo realmente encontra, estimula
seletivamente, para agir (proliferam e amadurecem), aquelas células que
expressam receptores antígeno-específicos e estão, portanto já comprometidos
a responderem aos mesmos. Isto torna as respostas imunes específicas ao
antígeno. O sistema imune é composto de milhões de diferentes famílias, ou
clones de células, cada qual consistindo de células T ou B originários de um
ancestral comum, estando cada célula ancestral já comprometida a produzir
um receptor antígeno-específico particular, e todas as células de um clone
possuem a mesma especificidade antigênica.
Os receptores antígeno-específicos são codificados por genes que são
montados a partir de uma série de segmentos gênicos por uma forma
específica de recombinação genética que ocorre no início do desenvolvimento
celular, antes destes terem contato com o antígeno, possibilitando uma quase
ilimitada diversidade de antígenos.
A Maioria dos Antígenos Estimula Diferentes Clones de Linfócitos.
Grande parte das moléculas, incluindo virtualmente todas as proteínas
e muitos polissacarídeos, pode servir como antígeno. As porções do antígeno
que combinam com o sítio ligador de antígeno na molécula de anticorpo ou no
receptor de linfócitos são denominadas determinantes antigênicos (ou
epítopos). A maioria dos antígenos tem uma variedade de determinantes
antigênicos que estimulam a produção de anticorpos ou respostas de células T.
Alguns determinantes são mais antigênicos do que os outros e predominam na
resposta geral, sendo denominados de imunodominantes. A resposta policlonal
ocorre quando o antígeno estimula vários clones de linfócitos (mesmo assim é
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só uma pequena fração de linfócitos); quando somente poucos clones
respondem, são ditas oligoclonais, e quando a resposta é totalmente feita por
um único clone de células B ou T, é dita monoclonal. A exposição dos
antígenos aos poucos linfócitos é garantida por células apresentadoras de
antígenos especializadas nos órgãos linfóides secundários, através dos quais
células B e T recirculam continuamente.
A Maioria dos Linfócitos Recircula continuamente.
A maioria das células B e T recirculam continuamente entre o sangue e
os tecidos linfóides secundários. A recirculação de linfócitos depende de
interações específicas entre a superfície celular dos linfócitos e a superfície de
células endoteliais especializadas que recobrem as veias de pequeno calibre
nos órgãos linfóides secundários (vênulas pós-capilares de endotélio mais
alto). Estas migrações são guiadas por vários receptores-guias, nos linfócitos, e
pelos ligantes desses receptores, nas células endoteliais (denominados
contrarreceptores). Nos linfonodos temos a selectina (uma lectina) e integrina.
Há receptores guia para diversos órgãos e nos linfócitos ativados para tecidos
com focos de inflamação.
Memória Imunológica Ocorre Devido à Expansão Clonal e à Maturação
de Linfócitos.
O sistema imune pode memorizar, por isso desenvolvemos imunidade
por toda a vida para muitas doenças virais comuns após exposição inicial ao
vírus, e é por isso que a imunização funciona. A resposta imune primária ocorre
na primeira exposição ao antígeno. A resposta imune secundária ocorre após a
exposição prévia do antígeno, sendo uma resposta mais rápida e intensa
refletindo a memória imunológica antígeno-específica para um determinado
antígeno. O linfócito virgem é exposto ao antígeno e diferencia-se em linfócito
memória que numa nova exposição ao mesmo antígeno desenvolve uma
resposta mais eficiente e rápida.
Isto ocorre pois, como parte da resposta, alguns linfócitos proliferam e
amadurecem em células memória, processo denominado de expansão clonal,
que são capazes de responder mais rapidamente ao antígeno do que às
células virgens. Assim, na próxima vez, que o mesmo antígeno é encontrado, a
resposta imune ao mesmo é muito mais rápida e forte. Acredita-se também que
o estímulo contínuo pelo antígeno, que pode ocorrer nos órgãos secundários,
contribua para a manutenção da memória por longo período.
Falha na Resposta a Antígenos Próprios Ocorre Devido à Tolerância
Imunológica Adquirida.
Acredita-se que o sistema imune hereditariamente seja capaz de
responder a antígenos estranhos e próprios, mas poderia “aprender” durante
seu desenvolvimento a não responder aos antígenos próprios (tolerância
imunológica natural). A presença contínua de antígenos não-próprios, antes do
amadurecimento do sistema imune, leva a uma incapacidade de resposta
imunológica antígeno-específica conhecida como tolerância imunológica
adquirida.
Há fortes evidências de que a incapacidade de resposta do sistema
imune de um animal às suas macromoléculas é adquirida da mesma forma e
não é herdada. O processo de aprendizado que leva a autotolerância pode
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envolver morte dos linfócitos reativos ao próprio (deleção clonal) e isto ocorre
com muitos, ou inativação funcional das células, porém deixando-as vivas
(anergia clonal).
As doenças auto-imunes são causadas pela quebra da tolerância a
antígenos próprios, fazendo com que células T ou B (ou ambas) reajam contra
seus próprios tecidos.
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