A Divisão do Trabalho em Karl Marx e Adam Smith Ugo Urbano

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A Divisão do Trabalho em Karl Marx e Adam Smith
Ugo Urbano Rivetti
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo
1. Objetivos
O conceito de divisão do trabalho desempenha
um papel central no pensamento social tanto de
Marx como de Adam Smith, na medida em que
expressa as respectivas imagens de mundo
social de ambos os autores, revelando, desse
modo, o aspecto eminentemente sociológico do
esquema formulado por cada um deles. O
presente trabalho procura analisar essas
imagens,
enfatizando
suas
diferenças,
semelhanças e, especialmente, como elas se
relacionam quanto à ênfase que colocam seja
no aspecto da manutenção da ordem social, no
caso de Smith, ou no aspecto da mudança
social e do controle coercitivo, no caso de Marx.
O objetivo central consiste, portanto, em
examinar os principais aspectos sociológicos de
suas abordagens por meio do tratamento
dedicado por cada um ao conceito de divisão do
trabalho.
No esquema elaborado por Smith a divisão do
trabalho surge vinculada à tendência humana à
integração social. Além disso, o processo pelo
qual as tarefas são repartidas e atribuídas a
operadores diferentes são definidas em função
de aspectos técnicos, como a exigência de um
nível maior de eficiência, de maiores índices de
produção, etc. Em Smith, portanto, a divisão do
trabalho assume a forma de um fenômeno
social que acompanha o processo de integração
social, resultando de necessidades e exigências
técnicas. Já em Marx, a divisão do trabalho é
definida em função de aspectos eminentemente
sociais,
aspectos
ligados
ao
estágio
manufatureiro da indústria e às relações sociais
implicadas por esse estágio social. Desse modo,
no esquema de Marx a divisão do trabalho é
inserida em um momento histórico específico,
estando associado a uma situação social
particular.
4. Conclusões
2. Material e Métodos
Foram utilizados tanto textos dos próprios
autores
como
de
comentadores
contemporâneos. Com relação a Adam Smith,
foram estudados os três primeiros capítulos de
A Riqueza das Nações (Cap.1 “A Divisão do
Trabalho”, Cap. 2 “O Princípio que Dá Origem à
Divisão do Trabalho” e Cap. 3 “A Divisão do
Trabalho Limitada pela Extensão do Mercado”).
Quanto à Marx, a pesquisa voltou-se para o
capítulo que trata especificamente da divisão do
trabalho (Cap. 12 “Divisão do Trabalho e
Manufatura”). Os textos de comentadores
contemporâneos utilizados estão reunidos na
obra Crítica da Divisão do Trabalho organizada
por André Gorz. Por fim, foram utilizados os
capítulos referentes à Adam Smith e Marx do
trabalho de Claudio Napoleoni Smith, Ricardo,
Marx, respectivamente os capítulos 3 (“Adam
Smith”) e 5 (“Trabalho abstrato, troca e capital
em Marx”). A leitura desses textos foi orientada
no sentido de ressaltar as questões
propriamente sociológicas e ligadas à temática
da divisão do trabalho, de modo a manter o
enfoque original da pesquisa.
3. Resultados
A partir dos resultados verificados, é possível
concluir que Smith e Marx diferem de forma
decisiva quanto ao processo social que
enfatizam. De um lado Smith associa a divisão
do trabalho a uma tendência humana à
integração social. Marx, por outro lado, vincula o
mesmo fenômeno social ao controle coercitivo
exercido por uma classe sobre outra e no
interior de um modo de produção característico,
o capitalista, e dentro de um estágio particular, o
manufatureiro.
5. Referências Bibliográficas
[1] GORZ, André. Crítica da divisão do trabalho.
São Paulo: Martins Fontes, 2001.
[2] MARX, Karl. O Capital – Crítica da Economia
Política. Livro Primeiro, vol. 1. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.
[3] NAPOLEONI, Claudio. Smith, Ricardo, Marx.
Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
[4] SMITH, Adam. A riqueza das nações. São
Paulo: Nova Cultural, 1996.
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