NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN (pitfalls) e Pontos de Escuta. Para os anfíbios, os cantos das espécies são específicos e, portanto, através deles é possível a identificação. Para isso foi utilizado um gravador digital. 5.2.3.1.2.1.2.1 Busca Ativa Para vasculhar o ambiente e auxiliar na possível contenção de répteis foi utilizado um gancho herpetológico (Figura 180 A). Devido aos anfíbios e répteis terem atividades variadas ao longo do dia, as buscas ativas foram realizadas na ADA e AID tanto durante o dia quanto à noite ao longo de trilhas pré-existentes, bem como nas regiões alagadiças, como foi o caso da ADA do empreendimento durante a estação climática do inverno (Figura 180 B). A) B) Figura 180. A) Gancho herpetológico utilizado para auxiliar no encontro dos répteis e anfíbios. B) Busca Ativa para encontro dos anfíbios e répteis durante o dia na ADA do empreendimento. As trilhas e transectos foram percorridas com velocidade de aproximadamente 2 a 3 km/h, havendo assim tempo suficiente para o pesquisador olhar cuidadosamente para os dois lados da trilha e nos distintos substratos, como no chão, sobre bromélias ou sub-bosque, sobre galhos e cipós suspensos onde eventualmente pode haver espécimes descansando ou forrageando. A procura por animais atropelados nas rodovias de acesso também foi realizada durante os deslocamentos da equipe com veículos. Com o auxílio de uma embarcação foi realizado um transecto com o intuito de amostrar a fauna de cágados e jacarés nas margens do rio dos Sinos, mais especificamente nas proximidades da ADA (Figura 181). __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-501 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Figura 181. Transecto na Orla do rio dos Sinos para a observação de cágados e jacarés. Além de percorrer transectos lineares pré-existentes no campo, com auxílio de GPS, as áreas foram exploradas tanto durante o dia quanto à noite (período entre às 7 h e 11 h da manhã e 6 h e 22 h da noite). Tais atividades compreenderam aproximadamente 40 horas por campanha, levando em consideração os cinco dias de cada campanha (Tabela 82), totalizando 80 h de buscas pelas espécies da herpetofauna no presente diagnóstico. Considera-se de extrema importância a exploração investigativa em toda a área próxima ao empreendimento como mostra a Figura 182 Tabela 82. Esforço amostral da Busca Ativa para encontro das espécies da herpetofauna – Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Campanhas Esforço Amostral (horas) 1 40 2 40 TOTAL 80 __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-502 - NIDERA Sementes LTDA Figura 182. Transectos e trilhas percorridas durante a Busca Ativa pelas espécies da herpetofauna nas amostragens realizadas na ADA e AID do empreendimento. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico ACQUAPLAN - 5-503 - NIDERA Sementes LTDA 5.2.3.1.2.1.2.2 ACQUAPLAN Armadilhas de Interceptação e Queda (Pitfall Traps with Drift Fences, adaptado de Cechin & Martins, 2000) Em todas as campanhas realizadas para elaboração deste diagnóstico, foram instaladas duas pitfalls com três baldes de 35 litros cada, e lonas plásticas com dimensões 10 m de comprimento e 0,5 m de altura dispostas no solo, formando uma cerca guia em forma linear entre os baldes (Figura 183). Uma pitfall foi instalada na ADA e uma pitfall na AID, ou seja, duas pitfalls instaladas por campanha amostral. O esforço amostral das pitfalls instaladas está apresentado na Tabela 83. A localização destas armadilhas e suas respectivas coordenadas geográficas estão na Figura 184 e Tabela 84, respectivamente. A) B) C) D) Figura 183. A) Pitfall instalada às margens do rio dos Sinos na ADA durante a Campanha 1 e Campanha 2. B) Pitfall instalada na mata da AID durante as Campanhas 1 e 2. C) Fisionomia do local onde a Pitfall da ADA foi instalada. D) Fisionomia onde a Pitfall da AID foi instalada. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-504 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Tabela 83. Esforço amostral das Pitfalls instaladas – diagnóstico da herpetofauna – Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Número de Número de Total de Campanha Dias/campanha Horas/dia Baldes da Pitfall pitfalls horas 1 5 3 24 2 720 2 5 3 24 2 720 TOTAL (horas) 1.440 Tabela 84. Coordenadas Geográficas de localização das pitfalls instaladas nas Campanhas 1 e 2 – diagnóstico da herpetofauna – Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Coordenada geográfica Campanha Área 1 2 SIRGAS 2000 Ambiente Lat Long ADA -51.23874 -29.92650 Margem do rio dos Sinos AID -51.27480 -29.92391 Floresta __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-505 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Figura 184. Localização das pitfalls instaladas para captura da herpetofauna na ADA e AID do empreendimento - Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-506 - NIDERA Sementes LTDA 5.2.3.1.2.1.2.3 ACQUAPLAN Pontos de Escuta (PE) ("Survey at Breeding site"; adaptado de Scott Jr. & Woodward, 1994). A metodologia Pontos de Escuta se constitui na escuta e gravação das vocalizações dos machos em potenciais sítios reprodutivos (corpos d’água que propiciam o acasalamento e postura de ovos) (Figura 185). Estas vocalizações auxiliam na identificação de indivíduos que não são facilmente visualizados. Foram efetuados cinco Pontos de Escuta na ADA e cinco pontos na AID em cada campanha amostral (Tabela 85 e Figura 186). Figura 185. Gravação e anotação dos dados referentes à vocalização dos anfíbios durante os Pontos de Escuta realizados em campo. Tabela 85. Coordenadas geográficas de localização dos Pontos de Escuta realizados no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Coordenada Geográfica (SIRGAS 2000) Pontos de Escuta Lat Long PE-01 -51.23879 -29.92630 PE-02 -51.23819 -29.92618 PE-03 -51.23720 -29.92616 PE-04 -51.23603 -29.92460 PE-05 -51.23547 -29.92421 PE-06 -51.27682 -29.92411 PE-07 -51.27674 -29.92424 PE-08 -51.27670 -29.92432 PE-09 -51.27667 -29.92443 PE-10 -51.27680 -29.92433 __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-507 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Figura 186. Localização dos Pontos de Escuta efetuados nas Campanhas 1 e 2 nas áreas de influência (ADA e AID) do empreendimento para diagnóstico da herpetofauna – Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-508 - NIDERA Sementes LTDA 5.2.3.1.2.1.2.4 ACQUAPLAN Registros Ocasionais (RO) Os Registros Ocasionais são referentes aos registros efetuados durante os deslocamentos até e entre as áreas de amostragem, de carro ou a pé pelos integrantes da equipe de campo. 5.2.3.1.2.1.3. Análise dos Dados Índices estatísticos foram calculados a partir dos resultados obtidos nas duas campanhas (Campanhas 1 e 2) realizadas para o diagnóstico da herpetofauna do Estudo de Impacto Ambiental. Com base na baixa diversidade de répteis encontrados (n=1), os testes e análises foram aplicados somente para o grupo dos anfíbios. A Frequência de Ocorrência (FO) foi calculada através da presença e ausência de registros obtidos a partir do método Pontos de Escuta. Foram consideradas “ocasionais” as espécies com 20% de ocorrência nos pontos; “incomuns” entre 21-40%; “comum”, entre 41-60%; “abundante”, entre 61-80%, e “frequente”, entre 81-100%. Para verificar a suficiência amostral nas áreas analisadas, foi aplicada a análise estatística de Curva de Rarefação Individual, descrita por Krebs (1989). Este método utiliza uma matriz de presença e ausência das espécies registradas nas amostragens quantitativas. O número de espécies registradas é influenciado pelo número de indivíduos encontrados e número de amostras realizadas. De acordo com Goetelli & Colwell (2001), para minimizar este problema, é interessante ilustrar o aumento do número de espécies através de uma Curva de Rarefação. De forma simplificada, a Curva de Rarefação é produzida por repetidas reamostragens ao acaso das espécies que contribuem para a formação da Curva do Coletor, que também será apresentada no presente diagnóstico. 5.2.3.1.2.2. Resultados e Discussão A seguir estão descritos os resultados obtidos durante as duas campanhas (Campanha 1 e 2) efetuadas na região do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Esses resultados são apresentados separadamente para os anfíbios e répteis. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-509 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN 5.2.3.1.2.2.1. Anfíbios Após as duas campanhas de amostragem realizadas no presente Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas foram registradas oito espécies de anfíbios através dos métodos de amostragens de dados primários na ADA e AID, representando 21% do total estimado das, aproximadamente, 38 espécies de possível ocorrência para a região, segundo as referências bibliográficas consultadas para os dados secundários (Tabela 86). Durante a Campanha 1 foram registradas oito espécies. Já na Campanha 2 foram registradas cinco espécies, nenhuma destas considerada um novo registro em relação à Campanha 1. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-510 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Tabela 86. Lista das espécies de anfíbios com provável ocorrência para a região do estudo e espécies registradas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Nome Comum Táxons Espécie/Família Ambiente Status de Conservação Tipo de Registro ADA AID Bufonidae Rhinella dorbignyi (Duméril & Bibron, 1841) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Rhinella arenarum (Hensel, 1867) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Rhinella henseli (A. Lutz, 1934) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Rhinella granulosa (Spix, 1824) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Rhinella icterica (Spix, 1824) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Rhinella fernandezae (Gallardo, 1957) sapo B LC-IUCN/MMA/RS Melanophryniscus atroluteus (Miranda-Ribeiro, 1920) sapinho-de-barriga-vermelha B LC-IUCN/MMA/RS Melanophryniscus tumifrons (Boulenger, 1905) sapinho-de-barriga-vermelha B LC-IUCN/MMA/RS râzinha B LC-IUCN/MMA/RS A, P X Microhylidae Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799) Hylidae Dendropsophus sanborni (Schmidt, 1944) perereca B-V LC-IUCN/MMA/RS A X Dendropsophus minutus (Peters, 1872) perereca B-V LC-IUCN/MMA/RS A X Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Hypsiboas pulchellus (Duméril & Bibron, 1841) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) sapo-ferreiro B LC-IUCN/MMA/RS Scinax berthae (Barrio, 1962) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Scinax alter (B. Lutz, 1973) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Scinax squalirostris (A. Lutz, 1925) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Scinax x-signatus (Spix, 1824) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Scinax granulatus (Peters, 1871) perereca B LC-IUCN/MMA/RS __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-511 - X NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Nome Comum Táxons Espécie/Família Ambiente Status de Conservação Scinax hayii (Barbour, 1909) perereca B LC-IUCN/MMA/RS Trachycephalus mesophaeus (Hensel, 1867) perereca-leitosa F LC-IUCN/MMA/RS Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) rã-assobiadora B LC-IUCN/MMA/RS Leptodactylus gracilis (Duméril & Bibron, 1841) rã B LC-IUCN/MMA/RS Leptodactylus latinasus Jiménez de la Espada, 1875 rã B LC-IUCN/MMA/RS Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) rã B LC-IUCN/MMA/RS Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) rã B LC-IUCN/MMA/RS Physalaemus biligonigerus (Cope, 1861 “1860″) rã B LC-IUCN/MMA/RS Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 rã-cachorro B LC-IUCN/MMA/RS Physalaemus gracilis (Boulenger, 1883) rã-chorona B LC-IUCN/MMA/RS Physalaemus riograndensis Milstead, 1960 rã B LC-IUCN/MMA/RS Physalaemus henselii (Peters, 1872) rã B LC-IUCN/MMA/RS Odontophrynus americanus (Duméril & Bibron, 1841) sapo-de-enchente L LC-IUCN/MMA/RS Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) sapo B LC-IUCN/MMA/RS rã-boiadora B LC-IUCN/MMA/RS F LC-IUCN/MMA/RS Tipo de Registro ADA AID V-P X X V-A-P X X V-A-P X X V-P X V-A-P X Leptodactylidae Leiuperidae Cycloramphidae Pseudidae Pseudis minuta Günther, 1858 Gymnophiona Typhlonectidae Chthonerpeton indistinctum (Reinhardt & Lütken, 1862″1861″) cobra-cega Caecilidae Siphonopidae __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-512 - X NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Nome Comum Táxons Espécie/Família Ambiente Status de Conservação Siphonops annulatus (Mikan, 1820) cecília B LC-IUCN/MMA/RS Siphonops paulensis Boettger, 1892 cecília B LC-IUCN/MMA/RS Tipo de Registro ADA AID Legenda: Status de Conservação conforme SEMA (2014) e MMA (2008): VU= Vulnerável; EN= Em Perigo; CR= Criticamente em Perigo; LC= Pouco Preocupante, NT= Quase Ameaçada e EW= Extinta na Natureza. Status de conservação conforme padrão IUCN - 2014 - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Registros: (V) registro visual; (A) registro auditivo; (P) pitfall. Ambiente: (F) florestas; (V) sob vegetação; (S) solo; (B) banhados (L) ambiente lótico. Rio Grande do Sul= RS e Ministério do Meio Ambiente= MMA. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-513 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN As espécies registradas na Campanha 1 (inverno) são características de áreas abertas e amplamente distribuídas. As espécies que foram amostradas somente através de gravação de vocalização para posterior identificação. Foram elas: Dendropsophus sanborni (perereca) e Dendropsophus minutus (perereca). Já as que proporcionaram a captura e (ou) registro fotográfico foram: Rhinella fernandezae (sapo), Leptodactylus latrans (rã), Leptodactylus gracilis (rã-assobiadeira), Physalaemus gracilis (rã-chorona), Odontophrynus americanos (sapo-de-enchente) e Pseudis minuta (rã-boiadeira) (Figura 187). __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-514 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN A) B) C) D) E) Figura 187. A) Leptodactylus latrans; B) Leptodactylus gracilis; C) Physalaemus gracilis; D) Odontophrynus americanos; E) Pseudis minuta. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-515 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Durante a Campanha 2 (primavera), nenhum novo registro foi obtido. As espécies que proporcionaram o registro fotográfico foram: Leptodactylus latrans (rã) e Pseudis minuta (rã-boiadeira) (Figura 188). Já as que foram registradas somente através de Pontos de Escuta foram: Physalaemus gracilis, Dencropsophus samborni e Dendropsophus minutus. A) B) Figura 188. A) Leptodactylus latrans; B) Pseudis minuta. Na Figura 189 estão apresentadas as Curvas de Acúmulo de Espécies e de Rarefação de Espécies. O acúmulo de espécies ao longo do eixo “X” foi baseado nos dez dias de amostragens realizados nas duas campanhas, cada uma com cinco dias de amostragem. A partir do último dia de amostragem da Campanha 1, não houveram novos registros de anfíbios (Figura 189 A). Na Curva de Rarefação (Figura 189 B), a qual faz reamostragens dos resultados e propõe uma curva estatisticamente proporcional, nota-se o acréscimo constante da curva e o razoável intervalo de confiança. A Curva de Rarefação tende a complementar a Curva de Acúmulo de Espécies (Curva do Coletor), que se mostrou constante devido às últimas amostragens não obterem acréscimo de dados. No entanto, tende ao crescimento se um maior número de amostragens fosse efetuado, pois, existe um maior número de espécies de possível ocorrência. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-516 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN A) B) Figura 189. A) Curva de Acúmulo de Espécies de anfíbios; B) Curva de Rarefação de Espécies de anfíbios. A Tabela 87 apresenta a Frequência de Ocorrência do registro das espécies amostradas, considerando os 10 Pontos de Escuta por campanha (cinco pontos em cada área de influência em cada campanha, n=20) considerando a ADA e AID do empreendimento. A espécie Physalaemus gracilis foi a espécie com maior ocorrência nos Pontos de Escuta (FO= 30) realizados. No entanto, essa espécie é considerada Incomum (entre 21-40%) na área de estudo. No mesmo grupo, entre as mais frequentes espécies registradas está a rãboiadeira (Pseudis minuta) com Frequência de Ocorrência representada por 25% e também considerada Incomum nas áreas de influência do empreendimento. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-517 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN A Frequência de Ocorrência das espécies segundo os Pontos de Escuta resultou em espécies Ocasionais e Incomuns, não ocorrendo espécies Comuns, Abundantes ou Frequentes nos pontos amostrados. Isto pode ter ocorrido pelo fato de que as espécies mais escutadas estavam presentes em alguns dos pontos e também pela inexistência de vocalizações em outros Pontos de Escuta. Nota-se a predominância das espécies Physalaemus gracilis, Pseudis minuta e Dendropsophus sanbornii na ADA do empreendimento. Já na AID do empreendimento as espécies Physalaemus gracilis e Dendropsophus minutus foram as mais frequentes. Ressalta-se que nenhuma das espécies frequentes são espécies de interesse conservacionista e todas são comuns em ambientes modificados. Tabela 87. Frequência de Ocorrência (FO) de anfíbios nos Pontos de Escuta obtidos durante o levantamento de dados primários no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. % FO % FO % FO Status Táxons n ADA ADA n AID AID Total Geral Leptodactylus gracilis 1 10 0 0 5 Ocasional Physalaemus gracilis 3 30 3 30 30 Incomum Pseudis minuta 3 30 2 20 25 Incomum Dendropsophus sanbornii 3 30 0 0 15 Ocasional Leptodactylus latrans 2 20 1 10 15 Ocasional Dendropsophus minutus 1 10 3 30 20 Ocasional Conforme pode ser visto na Figura 190 cinco espécies foram amostradas pelas pitfalls e seis espécies pelos Pontos de Escuta. As espécies amostradas pelas Armadilhas de Interceptação e Queda (pitfalls) foram: Leptodactylus gracilis, Physalaemus gracilis, Leptodactylus latrans, Rhinella fernandezae e Odontophrynus americanos. Já através dos Pontos de Escuta foram amostradas também as espécies Leptodactylus gracilis, Physalaemus gracilis e Leptodactylus latrans, além das duas espécies do gênero Dendropsophus (D. Sambornii e D. minutus) e a espécie Pseudis minuta. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-518 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Figura 190. Número de espécies de anfíbios registradas no Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas a partir das metodologias pitfall e Pontos de Escuta. Se tratando da Riqueza de espécies de anfíbios da ADA e AID, a Figura 191 demonstra a similaridade entre as duas áreas de influência. Na ADA e AID, sete e seis espécies foram amostradas respectivamente. As espécies Dendropsophus sanbornii e Odontophrynus americanus foram exclusivas das amostragens na ADA, enquanto que a AID do empreendimento teve como espécie exclusiva (não ocorrendo na ADA) o sapo Rhinella fernandenzae. Figura 191. Número de espécies de anfíbios registradas durante as campanhas amostrais na ADA e na AID do empreendimento. Durante as amostragens realizadas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual do Delta do Jacuí (publicação de fevereiro de 2014), estudo no qual o esforço __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-519 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN amostral não foi perfeitamente descrito ao longo do documento, foram encontradas 24 espécies de anfíbios. A ocorrência de Floresta Semidecidual com presença de áreas abertas e áreas alagadas comprova a similaridade das áreas - Parque Estadual Delta do Jacuí e áreas amostradas no presente Estudo de Impacto Ambiental. No Plano de Manejo do Parque Estadual do Delta do Jacuí os anfíbios mais frequentes durante as amostragens foram: Dendropsophus sanbornii, Hypsiboas pulchellus, Leptodactylus latrans, Scinax squalirostris e Scinax berthae. Apesar da ocorrência frequente de Dendropsophus sanbornii no Plano de Manejo do Parque e nas amostragens do presente EIA, bem como da presença abundante da perereca Leptodactylus latrans em ambos estudos, as outras espécies registradas no Plano de Manejo não foram registradas durante as duas campanhas (Campanha 1 e 2) do presente EIA, porém, como são todas espécies associadas a ambientes antropizados, pode-se hipotetizar que possivelmente também habitam a ADA e AID do futuro empreendimento. Já no Estudo para Implantação da Arena Grêmio (PROFILL, 2009), realizado nas redondezas do início da rodovia federal BR-448, não foram amostradas espécies representantes do grupo dos anfíbios. As áreas amostradas apresentam-se muito antropizadas, demonstrando similaridade com a região do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Quanto aos trabalhos relevantes realizados na redondeza das áreas de influência do presente Estudo de Impacto Ambiental, podem-se citar também os Estudos de Impacto Ambiental para a Implantação da nova ponte sobre o Delta do Jacuí (POLAR, 2010) e para a implantação da Rodovia do Parque (BR- 448) (STE, 2008), estes resultaram em 21 e 11 registros de anfíbios, respectivamente. As oito espécies amostradas no presente EIA do Terminal Graneleiro Nidera Canoas foram registradas nos dois EIAs (da Ponte sobre o Delta do Jacuí e da BR- 448/RS). Através de amostragens em ambientes mais preservados do que aqueles encontrados na ADA do Terminal é compreensível obter um maior número de registros de espécies como os encontrados nos estudos amibientais acima citados. Nenhuma espécie com possível ocorrência na área do empreendimento é considerada ameaçada de extinção conforme a Lista de Espécies Ameaçadas do Estado do Rio Grande do Sul (SEMA, 2014), Livro Vermelho das Espécies Ameaçada de Extinção (MMA, 2008) ou Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-520 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Naturais (IUCN, 2014) das espécies ameaçadas. No entanto, algumas espécies possuem maior interesse tratando-se de sua conservação. Para o presente diagnóstico, apresentase somente a espécie: Trachycephalus mesophaeus: espécie dependente de substratos arbóreos, no qual os utilizam como micro habitat. Os indivíduos da espécie são comumente avistados dentro de bromélias em alturas superiores a dois metros. Pouco se sabe sobre seu comportamento na região sul do Brasil, mas devido a dependência das espécies a árvores de grande porte, estas se tornam vulneráveis em regiões abertas e com alta antropização. A retirada da mata pode acarretar em impactos nas populações de espécies com comportamentos peculiares como o da perereca-leitosa (T. mesophaeus) (BORGES-MARTINS et al., 2007). Somente uma espécie de anfíbio está classificada como Indicadora de Qualidade Ambiental, dentre as quais possam ter ocorrência e/ou são registradas para a região do empreendimento: Melanophryniscus tumifrons - espécie que ocorre nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A espécie é natural de áreas abertas, a reprodução é explosiva e ocorre em poças temporárias. O sapinho-de-barriga-vermelha (M. tumifrons) ocorre em áreas preservadas e seu relato identifica áreas com alta qualidade ambiental (GARCIA et al., 2004). Dentre as espécies de anfíbios com relevante interesse médico ou sanitário, as quais possam ocorrer ou são registradas para a região do empreendimento são as do gênero Rhinella (R. fernandezae). Esta foi registrada no presente diagnóstico através da pitfall. As espécies deste gênero são consideradas tóxicas para homem, mas principalmente, para os animais domésticos, por serem facilmente ingeridas ou mordidas por eles. Os cães são as vítimas mais frequentes de intoxicação por bufonídeos, principalmente durante a noite e após as chuvas. Os sinais clínicos incluem vômitos, cegueira, dor abdominal, convulsões, estupor e coma. A manifestação dos sinais clínicos se dá rapidamente após a intoxicação, a morte pode ocorrer 15 minutos após o aparecimento dos sinais clínicos. A morte dos mesmos está relacionada ao efeito cardiotóxico do veneno que leva à morte por fibrilação ventricular (SAKATE & OLIVEIRA, 2000). Espécies cinegéticas são aquelas espécies alvo intenso de caça, tanto para alimentação quanto para esporte. Por esse motivo, são importantes indicadoras da pressão de caça em uma determinada região. Dentre as espécies de anfíbios cinegéticas com possível ocorrência na região do Terminal Graneleiro Nidera Canoas está Leptodactylus latrans, __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-521 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN espécie nativa, amplamente utilizada para consumo de sua carne (MACHADO & BERNARDE, 2002). Dentro da classificação de espécies exóticas, Lithobates catesbeianus é uma espécie exótica originária da América do Norte, mas que foi introduzida no Brasil por empreendedores que viram na espécie, potencialidades comerciais pelas qualidades nutricionais e sabor delicado da carne. Tratando-se de um táxon de grande porte e com grande plasticidade fenotípica, causa forte impacto sobre as comunidades de anfíbios nativos, através da competição e predação (MACHADO & BERNARDE, 2002). 5.2.3.1.2.2.2. Répteis A partir da realização das duas campanhas amostrais (Campanha 1 e 2) para coleta dos dados primários à elaboração do presente diagnóstico, foi possível obter apenas um registro de répteis. Isto representa apenas 2,3% das 43 espécies de possível ocorrência para as áreas de influência do empreendimento, segundo as referências bibliográficas consultadas para os dados secundários. A lista de provável ocorrência das espécies de répteis para a região do presente estudo e a registrada durante as campanhas amostrais está apresentada na Tabela 88. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-522 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Tabela 88. Lista de provável ocorrência das espécies de répteis na região do estudo (ADA, AID e AII) e registradas no Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas. Táxons Espécie/Família Nome Comum Ambiente Status de Conservação cágado-preto B-S NT-IUCN/LC-MMA/RS Phrynops hilarii (Duméril & Bibron, 1835) cágado-de-barbichas B-S LC-IUCN/MMA/RS Hydromedusa tectifera Cope, 1869 cágado B-S LC-IUCN/MMA/RS tartaruga-verde-e-amarela B-S LC-IUCN/MMA/RS jacaré-do-papo-amarelo B LC-IUCN/MMA/RS Amphisbaena trachura Cope, 1885 cobra-cega S LC-IUCN/MMA/RS Amphisbaena kingii (Bell, 1833) cobra-cega-de crista S LC-IUCN/MMA/RS cobra-de-vidro F LC-IUCN/MMA/RS lagartixa-das-paredes T LC-IUCN/MMA/RS lagartixa do-campo F LC-IUCN/MMA/RS Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 lagarto-do- papo-amarelo T LC-IUCN/MMA/RS Teius oculatus (D’Orbigny & Bibron, 1837) lagarto-verde, teiú T LC-IUCN/MMA/RS Tipo de Registro ADA AID TESTUDINES Pleurodira Chelidae Acanthochelys spixii (Duméril & Bibron, 1835) Emydidae Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron, 1835) CROCODILIA Eusuchia Alligatoridae Caiman latirostris (Daudin, 1802) SQUAMATA Amphisbaenidae Sauria Diploglossidae Ophiodes striatus (Spix, 1825) Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Teiidae Cercosaura schreibersii Wiegmann, 1834 V Serpentes __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-523 - X NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Táxons Espécie/Família Nome Comum Ambiente Status de Conservação muçurana-preta A LC-IUCN/MMA/RS Atractus reticulatus (Boulenger, 1885) cobra-da-terra A LC-IUCN/MMA/RS Echinanthera sp cobra A LC-IUCN/MMA/RS Helicops infrataeniatus (Jan, 1865) cobra-d’água B LC-IUCN/MMA/RS Lygophis flavifrenatus (Cope, 1862) jararaca-listrada B LC-IUCN/MMA/RS Erythrolamprus jaegeri (Günther, 1858) jararaquinha-verde B LC-IUCN/MMA/RS Erythrolamprus miliaris (Linnaeus, 1758) cobra-preta, cobra-lisa B LC-IUCN/MMA/RS Erythrolamprus poecilogyrus (Wied, 1825) cobra-verde-do-capim A LC-IUCN/MMA/RS Erythrolamprus almadensis (Wagler, 1824) jararaquinha-do-campo A LC-IUCN/MMA/RS Lygophis anomalus (Günther, 1858) jararaquinha-d’água A LC-IUCN/MMA/RS Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril, 1854 coral-falsa A LC-IUCN/MMA/RS Phalotris lemniscatus (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra–cipó- arenada A LC-IUCN/MMA/RS Philodryas aestiva (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) cobra-cipó F LC-IUCN/MMA/RS Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) cobra verde das –árvores F LC-IUCN/MMA/RS Philodryas patagoniensis (Girard, 1858) papa-pinto, parelheira A LC-IUCN/MMA/RS Ptychophis flavovirgatus Gomes, 1915 cobra-espada-de-água A LC-IUCN/MMA/RS Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911) corredeira F LC-IUCN/MMA/RS Sibynomorphus ventrimaculatus (Boulenger, 1885) corredeira A LC-IUCN/MMA/RS Thamnodynastes strigatus (Günther, 1858) cobra-espada A LC-IUCN/MMA/RS Thamnodynastes hypoconia (Cope, 1860) cobra-espada F LC-IUCN/MMA/RS Tomodon dorsatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cobra-espada A LC-IUCN/MMA/RS Tomodon ocellatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cobra-espada A LC-IUCN/MMA/RS Xenodon merremii (Wagler, 1824) boipeva A LC-IUCN/MMA/RS Xenodon dorbignyi (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) boipeva A LC-IUCN/MMA/RS cobra-cipó F LC-IUCN/MMA/RS Tipo de Registro ADA AID Dipsadidae Boiruna maculata (Boulenger, 1896) Colubridae Chironius bicarinatus (Wied, 1820) __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-524 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Táxons Espécie/Família Nome Comum Ambiente Status de Conservação Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820) jararaca–do-banhado A LC-IUCN/MMA/RS Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) cobra-espada F LC-IUCN/MMA/RS Bothrops alternatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 cruzeira, urutu A LC-IUCN/MMA/RS Bothrops jararaca (Wied, 1824) jararaca, jararaca-do-mato F LC-IUCN/MMA/RS Bothrops pubescens (Cope, 1870) jararaca-pintada A LC-IUCN/MMA/RS cobra coral A LC-IUCN/MMA/RS Tipo de Registro ADA AID Viperidae Elapidae Micrurus altirostris (Cope, 1859) Legenda: Status de Conservação conforme SEMA (2014) e MMA (2008): VU= Vulnerável; EN= Em Perigo; CR= Criticamente em Perigo; LC= Pouco Preocupante, NT= Quase Ameaçada e EW= Extinta na Natureza. Status de conservação conforme padrão IUCN - 2014 - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Registros: (V) registro visual; (A) registro auditivo; (P) pitfall. Ambiente: (F) florestas; (V) sob vegetação; (S) solo; (B) banhados (L) ambiente lótico. Rio Grande do Sul= RS e Ministério do Meio Ambiente= MMA. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-525 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Durante a Campanha 1 (inverno) foi avistada somente uma espécie de réptil, o que não ocorreu na Campanha 2 (primavera), na qual não foram amostrados indivíduos da reptiliofauna. Um indivíduo da espécie Salvator merianae (lagarto-teiú) foi avistado na AID, no entanto, não foi possível realizar o registro fotográfico (Figura 192). Figura 192. Exemplo de Salvator http://www.reptile-database.org/. merianae. Fonte: Os répteis são comumente o grupo menos amostrado nos estudos que tem como objetivo o inventariamento da fauna local. Os indivíduos da ordem Reptilia precisam de energias externas como fonte de aquecimento do próprio corpo para adquirir disposição para a caça, digestão, acasalamento e deslocamento. As serpentes e lagartos são avistados em deslocamento ou em repouso em locais que às proporcionam temperaturas propícias. Estes são um dos motivos pelos quais sua diversidade é maior nos trópicos e em estações mais quentes. No entanto, mesmo com a chegada da primavera, ou seja, com o aumento das temperaturas, não foi possível registrar indivíduos deste grupo nas áreas de influência do empreendimento. Ao se tratar da ADA, esta se mostrou pouco atrativa para ser utilizada pela reptiliofauna devido a propensão da área a concentração de água, o que dificulta o deslocamento destas espécies, assim como a procura por presas e realização da termorregulação. Os locais amostrados na AID, originalmente composta por um fragmento de mata (formação Floresta Semidecidual), também não se mostraram propícios ao encontro de répteis, isto pelo alto grau de antropização visualizado, principalmente pela ação humana __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-526 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN e utilização de áreas para a pecuária. A AID já não possui as espécies arbóreas características de sub-bosque e os indivíduos arbóreos de grande porte também apresentam-se descaracterizados em relação à sua formação original, apresentando uma grande presença de Eucalyptus sp, aspectos no qual demonstram forte antropização. Estas características identificadas nas áreas amostradas não descartam a ocorrência da herpetofauna na ADA e AID, mas sim podem ser um dos aspectos da baixa diversidade de espécies e densidade de indivíduos observada neste estudo. Os estudos utilizados para a formulação do Plano de Manejo do Parque Estadual do Delta do Jacuí (publicação de fevereiro de 2014) demonstraram a ocorrência de aproximadamente 26 espécies, o que demonstra a possível ocorrência de mais espécies nas áreas de influência do presente Estudo. Bujes (2008) fez amostragens nas ilhas das Flores e da Pintada a procura de Quelônios. Neste trabalho foram encontradas cinco espécies que utilizam a região do Delta do Jacuí como habitat natural. Além da espécie exótica Trachemys scripta também foram relatadas as espécies Phrynops hilarii, Hydromedusa tectifera, Trachemys dorbigni e Acantochelys spixii. Todas estas podem utilizar as áreas de influência do empreendimento para a nidificação, caça e deslocamento devido à similaridade e proximidade dos ambientes, no entanto, não foram registradas nas campanhas amostrais da herpetofauna deste diagnóstico. No Estudo de Impacto Ambiental Grêmio Arena (PROFILL, 2009), não foram obtidos registros de indivíduos da reptiliofauna durante as amostragens. Já no Estudo de Impacto Ambiental para a Construção da BR-448/RS (STE, 2008), foram relatadas apenas seis espécies de répteis, estas foram todas espécies comuns em locais antropizadas como: Trachemys dorbigni, Phrynops hilarii, Helicops infrataeniatus, Philodryas patagoniensis, Thamnodynastes strigatus e Salvator merianae. No processo de implantação da nova ponte do Guaíba (POLAR, 2010), no qual o esforço amostral do Estudo de Impacto Ambiental foi efetuado em áreas dentro do Parque Estadual do Delta do Jacuí, foram relatadas 14 espécies de répteis, mas, nenhuma está presente nas listas de espécies ameaçadas de extinção. Na Campanha 1 (inverno) do presente diagnóstico, efetuada no mês de junho de 2014, a ADA e seu entorno não proporcionaram boas condições para o deslocamento dos répteis. __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-527 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Com a alta pluviosidade da semana de campo, tanto a reptiliofauna quanto os grupos faunísticos que estes se alimentam (anfíbios e pequenos roedores) não foram amostrados em grandes quantidades, aspectos que reforçam a teoria da baixa diversidade de répteis e anfíbios em épocas frias e chuvosas das regiões subtropicais do Brasil (GARCIA et al., 2008). Durante a Campanha 2 (primavera), efetuada no mês de outubro, as amostragens também foram pobres em número de espécies e indivíduos de répteis. A ADA ainda concentrava muita água, impossibilitando a utilização da área pela reptiliofauna como abrigo ou termorregulação. A ADA, no entanto, apresentou a ocorrência da anfibiofauna, o que pode provavelmente atrair serpentes à caça de alimento. Moradores da região declararam constatar indivíduos da espécie Bothrops jararaca (jararaca) sob árvores supostamente fugindo do alague constante da ADA, fato que não foi constatado pela equipe. Entre as espécies de répteis com possível ocorrência para a região, segundo dados bibliográficos consultados, apenas a espécie Acanthochelys spixii apresenta-se como quase ameaçada (NT – Near Treatened), conforme a IUCN/2014. Esta espécie não foi registrada pela equipe, no entanto as áreas amostradas propiciam a ocorrência desta espécie devido a presença de regiões alagadiças e áreas abertas que propiciam a nidificação. Bujes (2008) relatou a presença de 16 indivíduos dessa espécie durante as amostragens realizadas na ilha da Pintada, no Parque Estadual Delta do Jacuí. As espécies de répteis indicadoras de qualidade ambiental são as citadas como de ocorrência para ambientes preservados, sem alta interferência antrópica. Para a região de estudo deste diagnóstico destaca-se Micrurus altirostris, espécie sempre associada a regiões abertas e preservadas não muito tolerantes a alterações antrópicas (BORGESMARTINS et al., 2007). 5.2.3.1.2.2.2.1 Espécies de Interesse Médico ou Sanitário Espécies de interesse médico e sanitário são espécies que podem trazer algum dano ao ser humano ou a fauna associada como animais domésticos e animais de corte: Gênero Bothrops: Apesar de o veneno ser considerado menos tóxico quando comparado aos demais grupos (Crotalus e Micrurus), acidentes com as “jararacas” representam 88% dos acidentes ofídicos no Brasil (FREITAS & SILVA, 2006). Para as áreas de influência do empreendimento são citadas em estudos as espécies B. jararaca (jararaca), B. alternatus (cruzeira) e B. pubescens (jararaca-pintada). __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-528 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Também são consideradas espécies de répteis cinergéticas de possível ocorrência na região: Caiman latirostris – jacaré-de-papo-amarelo – já foi amplamente utilizada de maneira ilegal, para consumo de sua carne e comércio do couro (fabricação de artigos diversos). Atualmente, existe criação dessa espécie em cativeiro (SARKIS-GONÇALVES et al., 2001); Salvator merianae – teiú – frequentemente utilizada de forma ilegal para consumo humano, em algumas regiões do Brasil. As espécies de répteis exóticas com potencial invasor de possível ocorrência na região do Terminal Graneleiro Nidera Canoas são: Hemidactylus mabouia – lagartixa – é uma espécie exótica, originária da África, introduzida em praticamente todas as regiões do mundo por intermédio de embarcações. É encontrada em diversos locais, onde ocorram alterações ambientais e influência antrópica. Eventualmente pode ser encontrada em fragmentos florestais (ANJOS, 2004). Trachemys scripta – Espécies nativa dos Estados Unidos e introduzida no Brasil com intuito de criação como pets. Bujes (2008) fez o primeiro relato da espécie em ambiente natural (Delta do Jacuí) e também relatou a predação do mexilhão-dourado pela espécie. 5.2.3.1.2.3. Considerações Finais - Herpetofauna O histórico de ocupação da região do Terminal Graneleiro Nidera Canoas, principalmente pelo crescimento das cidades, desenvolvimento industrial e usos do território envolvendo a rizicultura, silvicultura e pecuária, gradativamente resultou em significativa perda das coberturas de solo originais, principalmente florestas e campos, que foram convertidos nas mais diversificadas formas de uso. O termo herpetofauna é utilizado para indicar o conjunto faunístico de répteis e anfíbios, seres vivos de grande importância ecológica, atuando em diversos processos, tais como o controle de populações de animais como mamíferos, invertebrados, aves e outros répteis. Anfíbios e répteis são animais particularmente sensíveis a mudanças ambientais, em especial os anfíbios, cujos ciclos de vida dependem da disponibilidade de fontes de água doce, muitas vezes com características físico-químicas e estruturais muito específicas. Após análise dos resultados obtidos nas amostragens realizadas para a elaboração do diagnóstico da herpetofauna para o Estudo de Impacto Ambiental do Terminal Graneleiro Nidera Canoas, constata-se que foram registradas através dos métodos de coletas de dados primários, oito espécies de anfíbios e uma espécie de réptil nas Áreas Diretamente __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-529 - NIDERA Sementes LTDA ACQUAPLAN Afetada e de Influência Direta do empreendimento. Estes números representam aproximadamente 21% e 2,3% das espécies de possível ocorrência para a região, respectivamente, segundo os dados secundários consultados. Esse número de espécies registradas pode estar relacionado justamente às interferências do homem na ADA e AID do empreendimento, o que pode interferir na disponibilidade de alimento e abrigo para as espécies da herpetofauna, bem como outros fatores como a presença de locais bem preservados próximos, como a Área de Proteção Ambiental do Delta do Jacuí, localizada adjacente à área do empreendimento, e que abriga, segundo seu Plano de Manejo, populações significativas de répteis e anfíbios. 5.2.3.1.3. Avifauna 5.2.3.1.3.1. Métodos Para amostrar a avifauna presente nas áreas de influência (ADA e AID) do Terminal Graneleiro Nidera Canoas, localizado no Município de Canoas, Estado do Rio Grande do Sul, foram realizadas diferentes metodologias descritas a seguir. Cabe destacar que não foram coletadas espécies da avifauna, para suportar o presente diagnóstico. 5.2.3.1.3.1.1. Levantamento de Dados Secundários Foram realizadas buscas bibliográficas em fontes consagradas e disponíveis que tratam da avifauna local: ACCORDI et al. (2001); ACCORDI & BARCELOS (2006); BENCKE (2001); BENCKE et al. (2010); FZB (2014). As referências foram consultadas objetivando a caracterização da avifauna nas Áreas de Influência Indireta, Direta e Diretamente Afetada pelo empreendimento, formulando também uma lista das espécies com provável ocorrência na região do presente estudo. As espécies listadas foram classificadas quanto o seu status de conservação em âmbito mundial – União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2014); nacional – Ministério do Meio Ambiente (MACHADO, 2008); e estadual – Decreto N°57.797 de setembro de 2014 (SEMA, 2014). A ordem taxonômica, a nomenclatura científica e popular seguiu o padrão recomendado pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos – 11ª edição (CBRO, 2014). __________________________________________________ EIA - Estudo de Impacto Ambiental Capítulo V – Diagnóstico Ambiental do Meio Biótico - 5-530 -