Circulação e Hemodinâmica

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UNIVERSIDADE DE SÃOPAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
RFI-5776 – Controle das Funções Neurovegetativas e Endócrinas
PRÁTICA
CIRCULAÇÃO E HEMODINÂMICA
I. Pressões Cardíacas e Periféricas
O método de medida direta da pressão sanguínea implica na canulação de um
vaso e a conexão da cânula a um manômetro de mercúrio. Uma vez que as respostas do
manômetro de mercúrio têm características muito lentas, neste experimento será utilizado
um transdutor elétrico de pressão o qual permite registros mais apurados das variações
de pressão durante o ciclo cardíaco.
A pressão no átrio direito situa-se, geralmente, em torno de 0 mm Hg, e a pressão
do ventrículo direito varia de aproximadamente 0 mm Hg, durante a diástole, a 22 mm Hg
durante a sístole. A pressão sistólica da artéria pulmonar atinge, no homem, cerca de 22
mm Hg, enquanto que a pressão diastólica na artéria pulmonar é de cerca de 8 mm Hg. A
pressão média na artéria pulmonar é da ordem de 13 mm Hg.
A pressão média no átrio esquerdo e nos ramos principais das veias pulmonares
são, no homem, da ordem de 4 mm Hg. No entanto, a pressão no átrio esquerdo varia,
mesmo em indivíduos normais, de um valor de 1 mm Hg até 8 a 10 mm Hg.
Uma vez que o ventrículo esquerdo é o responsável pelo bombeamento do sangue
através da circulação sistêmica, é óbvio que as pressões dentro do ventrículo esquerdo
sejam maiores do que em qualquer outra câmara cardíaca. A pressão arterial média,
medida na aorta, é de aproximadamente 96 mm Hg (120/80 mm Hg). A pressão no
ventrículo esquerdo varia de um valor 0 mm Hg durante a diástole, para um valor de 120
mm Hg durante a sístole.
II. Propagação do pulso arterial
Uma vez que o coração é uma bomba pulsátil, o sangue entra no sistema arterial
intermitentemente, causando pulsos de pressão nas artérias. Em um indivíduo adulto,
jovem, o pico do pulso arterial é cerca de 120 mm Hg durante a sístole, e de cerca de 80
mm Hg durante a diástole, ou seja, quando do seu valor mais baixo. A diferença entre
estas duas pressões é 40 mm Hg e é chamada de pulso arterial.
A ejeção do sangue do ventrículo esquerdo para a aorta causa uma distensão
inicial da porção proximal da mesma, e é somente neste segmento da árvore arterial que
a pressão sobe imediatamente. A causa disto é a inércia do sangue na aorta, a qual
impede o movimento brusco do sangue das artérias centrais para as periféricas. A
elevação da pressão na aorta gradualmente suplanta a inércia do sangue, e faz com que
este último se mova para a periferia. Isto faz com que haja uma transmissão de uma onda
de pressão da aorta proximal, para a porção distal, com a aorta se distendendo à medida
em que a onda progride.
A velocidade de transmissão do pulso arterial ao longo da aorta é 3 a 5 m/s, ao
longo das grandes artérias de cerca de 7 a 10 m/s, e nas pequenas artérias de 15 a 35
m/s. O aumento na velocidade de transmissão nos pequenos vasos se deve à diminuição
da distensibilidade dos mesmos.
Preparação Experimental
O cão será anestesiado com Nembutal (40 mg/kg i.v.) e a traquéia entubada. Em
seguida a veia jugular anterior direita e a artéria femoral esquerda serão isoladas e
ligadas distalmente. Ambos os vasos serão canulados com catéteres apropriados,
tomando-se o cuidado de introduzí-los exatos 10 cm e não ligá-los com muita força visto
que deverão, segundo o protocolo experimental, serem avançados até o coração. Calibre
os transdutores para o registro das pressões venosa e arterial. Conecte ao cão os
eletródios (agulhas) sub-cutaneamente para o registro do EEG fazendo a derivação II
(pata anterior direita negativa, pata posterior esquerda positiva e pata posterior direita o
eletródio indiferente).
O registrador deverá registrar no canal 1 o EEG, no canal 2 a pressão arterial, e no
canal 3 a pressão venosa.
Protocolo Experimental
Uma vez preparado o cão com os catéteres venoso e arterial e os eletródios para o
ECG faça um registro controle, simultâneo, das pressões arterial e venosa e do ECG. A
velocidade do papel deverá ser de 25 mm/s e o registro com esta velocidade não deverá
ultrapassar uma página do papel. Observe que este registro corresponde à onda de
pressão arterial situada 10 cm acima da entrada do cateter na artéria femoral. Anote estas
informações e as que se seguirão, preenchendo a ficha apropriada. A seguir, introduza
cuidadosamente o cateter arterial com incrementos de 10 cm, e registre as três variáveis
com velocidade de 25 mm/s, anotando a que distância o registro está sendo feito a partir
do orifício de entrada no vaso. Preencha a ficha. Avance o catéter até passar pela válvula
aórtica e registre a pressão do ventrículo esquerdo. Movimentos cuidadosos do cateter
para frente e para trás e às vezes de rotação à esquerda ou à direita, auxilia a passagem
pela válvula aórtica. Que alterações ocorreram na pressão arterial quando o cateter
passou pela válvula aórtica? Ao passar pela válvula aórtica faça uma marca no cateter no
seu ponto de entrada no vaso. Esta marca no cateter dará a distância da válvula aórtica
até o ponto de entrada no vaso. O avanço do cateter através da válvula mitral permitirá o
registro da pressão do átrio esquerdo. Registre, identifique, e preencha a ficha apropriada.
Sabendo-se a distância da válvula aórtica até o orifício de entrada no vaso calcule
a velocidade de propagação do pulso arterial. O complexo QRS do ECG determina o
tempo zero para o início da onda de pressão. Sabendo-se a velocidade do papel (25
mm/s) e o tempo zero, calcula-se o tempo que o pulso arterial levou para percorrer uma
determinada distância.
Para cada determinada distância da válvula aórtica calcula-se a velocidade de
propagação do pulso arterial. Compare as velocidades de propagação do pulso nos
diferentes territórios registrados.
Deixe o cateter registrando a pressão no ventrículo esquerdo e passe a trabalhar
com o cateter venoso.
Usando a mesma técnica de manipulação avance o cateter venoso até o ventrículo
direito. Cuidado com o ajuste da sensibilidade do transdutor quando o cateter atingir o
ventrículo direito. Reduza a sensibilidade do transdutor adequadamente. Porque é
necessária a redução da sensibilidade? Faça um registro simultâneo com velocidade de
25 mm/s das pressões ventriculares esquerda e direita e da derivação II. Identifique o
registro e preencha a ficha de anotações.
Em seguida avance cuidadosamente o cateter venoso até atingir a artéria
pulmonar. Faça um registro simultâneo das pressões ventricular esquerda e da artéria
pulmonar e do ECG, retire gradualmente o cateter venoso até o átrio direito observando
as alterações na pressão. Em cada território (artéria pulmonar, ventrículo direito e átrio
direito) faça um registro com velocidade de 25 mm/s e anote.
Todos os registros têm em comum a derivação II do ECG. Tomando-se o complexo
QRS como tempo zero para cada ciclo é possível fazer um gráfico composto dos eventos
do ciclo cardíaco similar aos observados nos livros texto. Através da sequência de
registros obtidos construa um gráfico composto mostrando a pressão aórtica, pressão
ventricular esquerda, pressão atrial esquerda, pressão da artéria pulmonar, pressão do
ventrículo esquerdo, pressão do átrio esquerdo e a derivação II do ECG. Indique no
gráfico os eventos significantes do ciclo cardíaco, tais como: abertura e fechamento das
válvulas mitral, tricúpide, pulmonar e aórtica, período da sístole, período da diástole;
componentes do ECG; componentes A, C e V da onda de pressão atrial direita.
Uma vez que as sensibilidades dos dois canais de pressão foram diferentes, na
composição do gráfico as escalas de pressão deverão ser idênticas.
Pressão Venosa: Distância do ventrículo direito à entrada do cateter no vaso:
Posição do
cateter
Distância da
ponta do
cateter (cm)
1
10
2
cm.
Distância do
ventrículo
direito (cm)
Pressão
venosa
(mm Hg)
Tempo do QRS
ao pulso (s)
....
....
....
....
3
....
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....
....
4
....
....
....
....
Ventrículo
....
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....
....
direito
Pressões (mm Hg)
Ventrículo
Tempo do QRS ao pulso (s)
sistólica
média
diastólica
pulso
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....
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direito
Artéria
Pulmonar
Átrio
direito
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