II Seminário sobre Novos Saberes em Água e Saúde Água

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II Seminário sobre Novos Saberes em Água e Saúde
Água, Produção de Alimentos e Saúde: na perspectiva transdisciplinar
Promoção: Observatório Transdisciplinar em Água, Saúde e Educação _ OASE
Realização: EAPSUS/FEPECS/SES-DF - CET-Água - REATA
Mesa Redonda: Novos paradigmas para a produção de alimentos e o cuidado
com a vida
Tema: “Agrofloresta: cuidado com a água e com a saúde”
FABIANA PENEREIRO*
Ao considerar o Planeta Terra como um único organismo, percebemos que a água é a
substância que conecta tudo, todas as formas de vida, no tempo e no espaço; dilui e
faz fluir, é um veículo por excelência. A água carrega em si matéria e informação, e,
em analogia com o organismo humano, funciona como um complexo sistema
circulatório. Agroflorestas sucessionais biodiversas, ao reproduzirem a estrutura e
função de uma floresta, criam mais vida e recursos para a vida no lugar, cuidam do
solo, da água, da biodiversidade e acolhem o ser humano. A sucessão, que é a mola
propulsora da vida, funciona de modo que um consórcio de espécies sempre dará
lugar a outro, distinto, se aquele já cumpriu sua função de preparar o lugar para
espécies um pouco mais exigentes, melhorando e otimizando as condições
ambientais. Nesse sistema de produção, mudamos o foco de controlar o sistema para
o de dialogar com todas as formas de vida, observando suas ações e seus resultados,
e fazemos nossas intervenções no sentido de sempre aumentar a vida do lugar. Ao
plantar muitas espécies, a maioria diretamente por sementes, de forma adensada, e
cobrir o solo com matéria orgânica, criamos condições para que a comunidade de vida
faça sua parte. Formigas “lava-pé” afofam a terra, minhocas estruturam o solo,
deixando-o mais poroso, mais permeável. As diferentes espécies de plantas
desempenham diferentes funções, criando diferentes nichos. Como objetivo,
vislumbramos a abundância de vida, e como consequência, temos alimentos e água
de qualidade, e retorno econômico. Fazemos parte dessa grande comunidade de vida.
Ao produzir alimentos sem agrotóxicos e fertilizantes químicos, cuidamos da saúde do
planeta e da saúde de todas as outras formas de vida, fundamentalmente da nossa. É
sempre bom lembrarmos que as consequências de nossos atos destrutivos no
Planeta, cedo ou tarde, recaem sobre nós, contra nós, significando a expulsão de
nossa própria espécie da comunidade de vida. Quando nossas ações passam a ser
benéficas para todas as formas de vida, também trazem benefícios para nossa própria
espécie. Criar sistemas produtivos, biodiversos, belos, sentimo-nos cumprindo nossa
função como partícipes da grande teia da vida. A satisfação em podermos ser
cocriadores é imensa. O bem estar, base da boa saúde, é alcançado, por meio da
agrofloresta, com alimentação saudável, água pura e alegria de viver.
* Doutora em Educação pela UnB; Mestre em Ciências Florestais pela ESALQ/USP; Engenheira Agrônoma
pela mesma universidade; coordenou e executou projetos com pesquisa e educação agroflorestal no
contexto amazônico pelo Arboreto/PZ/UFAC/Acre; colaborou no desenvolvimento da metodologia de
Educação Agroflorestal na formação de técnicos extensionistas; trabalhou na elaboração da proposta da
Escola da Floresta no Acre, que oferece curso técnico agroflorestal, dentre outros; membro-fundadora da
ONG Mutirão Agroflorestal; consultora autônoma, desenvolvendo trabalhos relacionados à Agroecologia,
agrofloresta e educação por todo o Brasil.
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