1 Texto 1: Amplitude e Aplicação da Psicologia Psicologia é uma

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TEXTO 1: AMPLITUDE E APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA
Psicologia é uma palavra que tem, para o leigo, um significado bem pouco definido. Ela pode
sugerir muitas coisas para uma mesma pessoa e também coisas diferentes para pessoas diferentes.
Um levantamento breve das expectativas comuns de quem vai iniciar seus estudos em Psicologia
indica bem essa diversidade de concepções: alguns acreditam que vão estudar as causas e
características dos diversos tipos de desequilíbrio mental; outros esperam aprender a lidar com
crianças em suas várias etapas de desenvolvimento; outros pretendem alcançar as regras do bom
relacionamento interpessoal; a maioria deseja, de uma forma mais vaga, “compreender o ser
humano”.
Esta lista de expectativas indica a necessidade de algumas palavras de advertência sobre a
Psicologia:
É preciso questionar aquela crença generalizada de que todos nós somos “um pouco psicólogos”,
comprovada pela nossa quase infalível capacidade de “julgar” as pessoas. Essa crença errônea de
que todos são conhecedores natos da “natureza humana”, faz as pessoas esquecerem que seus
julgamentos, na maioria das vezes, podem estar sendo embasados em dados não científicos.
Ou seja, é preciso deixar claro que a Psicologia vem se desenvolvendo a base de esforços sérios, de
métodos que exigem observação e experimentação, cuidadosamente controladas. Não se trata, pois,
de uma coleção de “palpites” sobre o ser humano, sua conduta e seus processos mentais.
O tarô, a astrologia, a quiromancia, a numerologia, entre outras, são práticas adivinhatórias que não
são aceitas e nem fazem parte da Psicologia. Algumas pessoas procuram tais práticas por que
buscam soluções rápidas para seus problemas. Da mesma forma, a auto-ajuda, a neurolingüistica ou
as terapias alternativas (cromoterapia, aromaterapia, florais de Bach etc.) são terapias que não têm
nenhum vínculo com a Psicologia. O uso desses métodos como acompanhamento psicológico, fere
o Código de Ética dos profissionais de Psicologia.
A Psicologia é uma ciência. Sendo assim, o estudante deve adotar uma postura científica, rejeitando
toda concepção que não tiver sido submetida a estudos e comprovação rigorosos e desconfiando
sempre de “conhecimentos naturais” sobre as pessoas.
Outro problema se acrescenta: muitos pseudopsicólogos escrevem livros, dão conferências, atuam
em “clínicas”, montam “testes” em revistas populares e, assim, tristemente contribuem para
fornecer uma falsa imagem da Psicologia, podendo ser altamente prejudiciais, tanto por iludirem os
incautos como por desmoralizarem a ciência.
Novamente aqui é necessário o pensamento crítico. Os estudantes devem perguntar-se qual a
formação de tais pessoas, de onde provem seus “conhecimentos”, quais os fundamentos dos “testes”
e dos procedimentos “clínicos”.
Uma outra advertência se refere ao uso do vocabulário psicológico. Palavras como “inteligência”,
“personalidade”, “criatividade” e muitas outras são usadas pelo público leigo com sentido diverso (e
bastante indefinido) daquele que têm no vocabulário científico. Este fato causa dificuldades para o
estudante, que precisa aprender a significação que tais termos recebem em Psicologia.
Terminadas as advertências, voltemos ao nosso foco: Afinal, o que estuda a Psicologia? O que se
entende por Psicologia? Esta não é uma pergunta fácil de ser respondida, mas nossa expectativa é
que uma resposta satisfatória possa ser alcançada ao término desse curso introdutório, depois de
termos examinado, ao menos de forma rápida, a história da Psicologia, seus métodos de pesquisa e
suas principais abordagens atuais.

PSICOLOGIA:
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No decorrer da história da humanidade, o homem tem demonstrado interesse em conhecer suas
origens. Podemos observar, por exemplo, nos símbolos deixados pelos egípcios, há milênios, sua
preocupação com o ser humano. Encontramos desenhos/símbolos retratando seus sentimentos de
angústia, ansiedade, alegria, tristeza e sua própria história.
Na Grécia antiga, os filósofos, preocupados com o saber, se voltaram para todas as áreas do
conhecimento, especulando sobre os mais diversos aspectos da Psicologia.
No entanto, é curioso observarmos que as primeiras ciências que se desenvolveram foram
justamente as que tratam do que está mais distante do homem, como por exemplo, a Astronomia.
Às que se referem ao que lhe está mais próximo, ou as que a ela se referem diretamente a ele, como
a Psicologia, são as que tiveram desenvolvimento mais tardio.
Sem buscar as causas de tal fenômeno, verifica-se que, realmente, a Psicologia é uma das ciências
mais jovens.
Mas, mesmo antes que existisse uma ciência a respeito, o homem procurou explicar a si mesmo.
As primeiras explicações sobre o ser humano e sua conduta foram de natureza sobrenatural, tal
como as explicações para todos os eventos. Assim como a tempestade era um indício da cólera dos
deuses, e a boa colheita do seu favoritismo, o homem primitivo acreditava que um comportamento
estranho e insólito era causado por “maus espíritos” que habitavam o corpo da pessoa.
O termo "Psicologia" é de origem grega,  , formado pelas palavras psique - que significa alma (e
alma era defendida pelos gregos como a fonte da vida, o que animava ou dava vida ao corpo) - e
logos que significa estudo. Portanto, etimologicamente1 Psicologia significa o estudo da alma.
A palavra "alma" foi adquirindo inúmeras conotações e passou a ser inadequada para o contexto da
Psicologia. A Psicologia, por ser uma ciência recente, apresenta uma diversidade de objetos de
estudos, como comportamento, consciência, personalidade, inconsciente, entre outros.

PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA:
A Psicologia, enquanto preocupação humana vinculada à Filosofia, já tem dois milênios de história.
Seu aparecimento se deu entre os gregos, no período anterior à era cristã.
No entanto, enquanto ciência independente a Psicologia é jovem, tendo pouco mais de cem anos.
Foi somente em 1879, na Universidade de Leipzig, Alemanha, que Wilhelm Wundt fundou o
primeiro Laboratório de Psicologia Experimental. A partir deste fato, a Psicologia se desvinculou
das especulações filosóficas e passou para o campo da ciência, por meio da utilização do método
científico.
Com o status de ciência, a Psicologia passa a cumprir as exigências da comunidade científica.
Assim, como toda ciência, a Psicologia passa a usar métodos científicos rigorosos, além de procurar
entender, predizer e controlar os fenômenos que estuda.

OBJETO DE ESTUDO:
É muito comum ouvirmos que a Psicologia estuda o Homem. Porém, sabemos que o Homem é
estudado por todas as ciências humanas: Antropologia, Política, Economia etc. Dada à
complexidade que é o ser humano, cada ciência humana ocupa-se de uma de suas partes,
caracterizando esta parte como o seu objeto de estudo.
Na Psicologia, o objeto é o comportamento e a matéria prima é o ser humano. Tudo o que a
Psicologia criar, pensar ou disser será sobre a vida dos seres humanos. Considera-se comportamento
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A etimologia se preocupa com o estudo das palavras, de sua história, e das possíveis mudanças de seu significado.
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toda e qualquer ação: pensar, brincar, andar, odiar, falar, escrever, correr, cantar, aprender,
esquecer, amar, trabalhar, sonhar, gritar, estudar, etc. Um dos aspectos que a Psicologia busca
compreender é porque uma pessoa comporta-se de uma maneira e não de outra.
Apenas os comportamentos do homem (ou seja, o que ele faz) pode ser medido objetivamente, mas
isso não significa que sentimentos, pensamentos e outros fenômenos deixem de ser estudados por
não serem observáveis. Eles são inferidos através do comportamento.
A partir da conduta das pessoas é que se inferem manifestações físicas como dores, cansaço, malestares, indisposições (para comer, sexo, trabalhar, etc.); manifestações sociais como a necessidade
de prestígio, valorização, reconhecimento, status, introversão etc. e manifestações de estados
emocionais como medo, ansiedade, agressividade, etc.
Apesar do comportamento humano ser o principal interesse da Psicologia, esta também estuda o
comportamento animal, com o objetivo de, através dele e consideradas as devidas diferenças,
melhor compreender algumas dimensões análogas do comportamento humano.
Dentre os seres vivos, é sem dúvida o homem que apresenta o repertório comportamental mais
complexo. Por isso o objetivo de estudar o comportamento humano não é nada fácil de ser
alcançado. Os psicólogos admitem que ainda não conhecem todas as respostas dos problemas
relacionados ao comportamento humano, mas desejam não apenas compreender, como também
predizer tais fenômenos. Isso porque, no momento em que ficassem estabelecidas às condições
diante das quais um determinado evento ocorre, seria possível antecipar sua ocorrência se tais
condições estivessem presentes.
Quando uma ciência atinge esse nível de desenvolvimento em relação a um tópico qualquer, ela
também pode tornar possível o controle de um determinado fenômeno, eliminando as condições
favorecedoras do fenômeno se ele for indesejável.
Em ciências como a Física, por exemplo, as etapas de predizer e controlar fenômenos já estão em
níveis bastante adiantados em vários tópicos.

APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA:
A distinção que se costuma fazer entre ciência “pura” e “aplicada” é dizer que a primeira busca o
conhecimento desinteressado, ao passo que a segunda investiga a aplicação prática dos temas em
alguma área de atividade humana.
Tal distinção é, na verdade, apenas acadêmica, estabelecida para fins didáticos, já que ambas estão
intimamente relacionadas.
Muitos cientistas que se dizem “aplicados” fizeram grandes contribuições para o conhecimento
básico e, inversamente, outros, aparentemente “puros”, descobriram fatos que foram quase
imediatamente aplicados a problemas práticos.
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Subcampos da Psicologia “básica” ou "pura”
Subcampos da Psicologia Aplicada
 Psicologia Geral: busca determinar o objeto, os  Clínica: a área clínica é mais conhecida pelas
métodos, os princípios gerais e as ramificações
terapias, que podem ser individuais ou em grupo,
da ciência;
e tem como objetivo levar o indivíduo a se
conhecer melhor, trabalhar seus mecanismos de
defesa, controlar suas angústias, ansiedades,
 Psicologia Fisiológica: procura investigar o
medos e fazer uso adequado de seus potenciais,
papel que eventos e estruturas fisiológicas
visando aproveitá-lo ao máximo. Ajuda na
desempenham no comportamento;
maneira de trabalhar o isolamento em
internações prolongadas; busca compreender e
tratar doenças físicas causadas pelas emoções.
 Psicologia do Desenvolvimento: estuda as
mudanças que ocorrem no ciclo vital de um  Educação: estudam-se todas as fases do
desenvolvimento humano e de aprendizagem. O
indivíduo;
que o indivíduo aprende, como e o que faz com
este conhecimento em que momento do
desenvolvimento ele acontece. A Psicologia
 Psicologia Animal ou Comparada: tenta
Educacional
tem
evoluído
tanto
no
estudar o comportamento animal com o objetivo
aproveitamento
do
potencial
humano
e
na
de, comparando com o comportamento humano,
facilitação
da
aprendizagem
de
indivíduos
melhor compreende-lo. Também tem por
normais como na elaboração de programas
objetivo estudar o comportamento animal por si.
específicos para indivíduos excepcionais. Suas
pesquisas auxiliam também na construção de
treinamentos
adequados
dentro
das
 Psicologia Social: investiga todas as situações, e
organizações.
suas variáveis, em que a conduta humana é
influenciada e influencia outras pessoas e  Organizacional: nome genérico que se dá a um
grupos;
conjunto de aplicações de dados da Psicologia
que possibilitam desde promover melhor
planejamento dos instrumentos de trabalho do
 Psicopatologia: ramo da Psicologia interessado
homem até indicar o trabalhador mais adequado
no comportamento anormal, como as neuroses e
para cada função ou promover treinamentos que
psicoses;
favoreçam
o
desenvolvimento
das
potencialidades
dos
trabalhadores.

 Psicologia da Personalidade: denominação da  Jurídica: a Psicologia Jurídica envolve a
aplicação dos conhecimentos da Psicologia no
área que busca a integração ampla e
campo do Direito. Servem como exemplos as
compreensiva dos dados obtidos por todos os
contribuições sobre a confiabilidade do
setores da investigação psicológica.
depoimento feito por testemunhas, a avaliação
dos efeitos da excitação emocional sobre o
desempenho de delinqüentes e criminosos, o
fornecimento de pareceres sobre guarda de
menores em casos de separação dos cônjuges,
etc.
A Psicologia é uma ciência de um campo de aplicação muito amplo, o que justifica plenamente sua
importância e a denominação de que tem recebido de “a ciência do século”.

PROFISSIONAIS EM PSICOLOGIA
A Psicologia, no Brasil, é uma profissão reconhecida por lei, ou seja, a Lei 4.119, de 1962,
reconhece a existência da Psicologia como profissão.
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São psicólogos (habilitados ao exercício profissional) aqueles que completam o curso de graduação
em Psicologia e se registram no órgão profissional competente.
O exercício da profissão, na forma como se apresenta na Lei 4.119, está relacionada ao uso (que é
privativo dos psicólogos) de métodos e técnicas da Psicologia para fins de diagnóstico psicológico,
orientação e seleção profissional e solução de problemas de ajustamento.
Ao refletirmos sobre a finalidade do trabalho do psicólogo precisamos ter em mente que uma das
concepções que vêm ganhando espaço é a do psicólogo como profissional de saúde,
independentemente da área em que ele escolha atuar. Ou seja, um profissional que aplica
conhecimentos e técnicas da Psicologia para promover a saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é o “estado de bem-estar físico, mental e
social, não se limitando á ausência de doença”, o que nos remete ao conceito do homem enquanto
um ser biopsicossocial. Logo, ao falarmos de saúde, estamos fazendo referência a um conjunto de
condições, criadas coletivamente, que permitem a continuidade da própria sociedade. Estamos
falando, portanto, das condições (de alimentação, educação, lazer, participação na vida social, etc.)
que permitem a um conjunto social produzir e se reproduzir de modo saudável.
Nessa perspectiva, o psicólogo, como profissional de saúde, deve empregar seus conhecimentos de
Psicologia na promoção de condições satisfatórias de vida, na sociedade em que vive e trabalha, isto
é, em que está comprometido como cidadão e como profissional.
Assim, o psicólogo tem seu trabalho relacionado às condições gerais de vida de uma sociedade,
embora atue enfocando seus indivíduos.
Reafirmamos que a profissão do psicólogo deve ser caracterizada pela aplicação dos conhecimentos
e técnicas da Psicologia na promoção da saúde. Esse trabalho pode ser realizado nos mais diversos
locais: consultórios, escolas, hospitais, creches, orfanatos, empresas, sindicatos de trabalhadores,
bairros, presídios, instituições de reabilitação de deficientes físicos e mentais, ambulatórios, postos
e centros de saúde e outros.
Colocadas a finalidade do trabalho do psicólogo, podemos agora citar algumas das áreas e locais
nos quais ele trabalha:
 Psicólogo Clínico: estes psicólogos estão engajados na aplicação de princípios psicológicos no
diagnóstico e tratamento dos problemas emocionais e comportamentais.
 Psicólogo Hospitalar: o psicólogo hospitalar pode desenvolver trabalhos terapêuticos com os
pacientes hospitalizados, bem como programas de apoio para familiares dos doentes e para
profissionais da equipe (médicos, enfermeiras, etc.).
 Psicólogo Organizacional: esses psicólogos estão envolvidos com problemas tais como a
seleção de pessoas mais apropriadas para determinados cargos, desenvolvimento de programas de
treinamento para o emprego, projetos para a melhoria do relacionamento das pessoas no ambiente
organizacional, aumento da produtividade e motivação.
 Psicólogo Escolar: estes psicólogos trabalham individualmente com crianças para avaliar
problemas de aprendizagem e emocionais. Uma vez que o início de sérios problemas emocionais
pode ocorrer nas séries iniciais, muitas escolas de primeiro grau empregam psicólogos, cuja
qualificação combina conhecimentos em desenvolvimento infantil, educação e Psicologia Clínica.
 Psicólogo Educacional: esses profissionais são especialistas em aprendizagem e ensino. Eles
podem trabalhar ou prestar consultoria em escolas, onde pesquisam sobre métodos de ensino e
ajudam a treinar professores e psicólogos escolares.
 Orientador Vocacional: profissional que desenvolve um trabalho destinado a adolescentes que
têm dúvidas sobre qual profissão escolher (tanto cursos universitários quanto técnicos) ou para
quem iniciou um curso de graduação, mas desistiu ou está desistindo. O psicólogo enquanto
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orientador vocacional pode oferecer elementos, por meio de instrumentos e métodos apropriados,
para que essa importante escolha seja feita de maneira madura e consciente.
 Orientador Profissional: enquanto orientador profissional o psicólogo direciona seu trabalho
para auxiliar pessoas que já têm uma profissão, porém querem buscar uma recolocação
profissional (mudar de empresa ou de profissão) tanto por estarem desempregadas quanto por
desejarem encarar novos desafios profissionais, além de auxiliar aposentados que procuram uma
nova atividade. Nesse trabalho, o psicólogo ajuda o cliente a fazer uma retrospectiva de sua
história profissional, entender o mercado de trabalho atual, estabelecer metas realistas para sua
carreira e traçar estratégias para alcançá-las.
 Psicólogo Jurídico: atuando no âmbito da Justiça o psicólogo jurídico pode desempenhar
múltiplas tarefas, colaborando, por exemplo, no planejamento e execução de políticas de
cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, e/ou centrando sua atuação na emissão de
laudos para os juristas, sendo comum o parecer desse profissional, ser solicitado em questões
relacionadas a guardas de crianças, adoções, concessão de liberdade condicional etc. A atuação
técnica do psicólogo, nesses casos, fornece subsídios ao processo judicial. Esse profissional
também pode, através de seus conhecimentos técnicos, contribuir para a formulação, revisão e
interpretação das leis.
 Psicólogo do Esporte: o psicólogo do esporte atua como consultor, acompanhando atletas,
equipes esportivas e os demais profissionais envolvidos: técnicos, preparadores físicos e
fisioterapeutas. Esse profissional estuda as pessoas e seus comportamentos em contextos
esportivos e de exercício, investigando os processos psicológicos e suas manifestações nas
atividades esportivas, atléticas e de educação física em geral. Suas intervenções, que ocorrem na
forma de aconselhamento individual e em grupo, pautam-se particularmente na resolução de
problemas de adaptação do esportista, motivação, treinamento, desempenho e aspectos
psicossociais do esporte.
 Psicólogo Pesquisador: os psicólogos que trabalham com pesquisas estão mais ligados à Ciência
Psicológica enquanto corpo de conhecimentos, produzindo-os ou transmitindo-os. Os
pesquisadores podem estudar várias áreas do comportamento humano ou animal, a partir da
necessidade de subsidiar os demais profissionais da Psicologia com conhecimentos atualizados
sobre o comportamento do homem individualmente ou em grupo.
 Psicólogo Psicometrista: o psicólogo que trabalha na pesquisa, elaboração e validação dos testes
psicológicos.
 Psicólogo do Trânsito: a Psicologia do Trânsito pode ser definida como uma área da Psicologia
que estuda o comportamento do homem no ambiente do trânsito. Cabe ao psicólogo do trânsito
colaborar na elaboração e implantação de ações de engenharia e operação de tráfego; desenvolver
ações sócio-educativas com pedestres, ciclistas, condutores infratores e outros usuários da via;
desenvolver ações educativas com diretores e instrutores dos Centros de Formação de
Condutores, examinadores de trânsito e professores dos diferentes níveis de ensino; realizar
pesquisas científicas para elaboração e implantação de programas de saúde, educação e segurança
do trânsito; participar do planejamento e realização das políticas de segurança para o trânsito;
analisar os acidentes de trânsito, considerando os diferentes fatores envolvidos para sugerir
formas de evitar e/ou atenuar as suas incidências; desenvolver estudos sobre o fator humano para
favorecer a elaboração e aplicação de medidas de segurança; desenvolver estudos de campo e em
laboratório, do comportamento individual e coletivo em diferentes situações no trânsito para
sugerir medidas preventivas; estudar os efeitos psicológicos do uso de drogas e outras substâncias
químicas na situação de trânsito; prestar assessoria e consultoria a órgãos públicos e privados nas
questões relacionadas ao trânsito e transporte;
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 Psicólogo Professor: há, ainda, a possibilidade do psicólogo se dedicar ao magistério de ensino
superior, trabalhando no sentido de contribuir com a formação dos jovens, dando-lhes mais uma
possibilidade de enriquecer a leitura e compreensão que têm do mundo.
Fica claro, portanto, que a Psicologia possui conhecimentos importantes para a compreensão da
realidade, e por isso é utilizada, pelos psicólogos ou por outros profissionais, em vários locais e
frentes de trabalho.
Os psicólogos também precisam dos conhecimentos de outras áreas da ciência para construir uma
visão mais sistêmica do fenômeno estudado. Na Educação, por exemplo, o psicólogo tem
necessidade dos conhecimentos da Pedagogia, da Sociologia e da Filosofia.

RELAÇÃO DA PSICOLOGIA COM OUTRAS CIÊNCIAS
De um modo geral o foco de interesse da Psicologia é o comportamento do indivíduo. Os
psicólogos estudam também o comportamento de pequenos grupos, mas à medida que o número de
componentes dos grupos aumenta maior é a necessidade da Psicologia buscar subsídio em outras
ciências para melhor compreender os comportamentos envolvidos.
Quando os grupos são tribos ou nações, por exemplo, ciências como a Antropologia e a Sociologia
ajudam a Psicologia a compreender como os fatores sociais, que são numerosos, podem afetar cada
indivíduo. A Psicologia, por sua vez, dá sua contribuição às ciências sociais, pois a despeito do
tamanho dos grupos (mesmo que seja uma grande nação), o comportamento é realmente emitido
por indivíduos, cada um dos quais sujeitos aos mesmos processos psicológicos.
Considerar o ambiente em que o indivíduo está inserido, no que diz respeito à situação sócioeconômica, contexto político e histórico e até mesmo condições geográficas, é de grande
importância para a Psicologia, tendo em vista que o indivíduo não vive dissociado de seu arcabouço
social.
Por outro lado, existe toda uma série de fatores provenientes de cada indivíduo, que influenciam
suas ações, sendo que alguns deles são investigados pela Psicologia. A bagagem genética com que
cada indivíduo nasce pode ser um importante determinante das respostas do indivíduo ao ambiente
em que vive. Ou seja, os aspectos fisiológicos, químicos, neurológicos e glandulares do organismo
humano podem afetar o comportamento do indivíduo de maneira significativa.
Daí a necessidade da Psicologia relacionar-se intimamente com diversas ciências humanas e
biológicas, de forma a estudar o indivíduo de maneira sistêmica, uma vez que entende o homem
como um ser biopsicossocial, que não só sofre influências de sua subjetividade (psicológico) como
também de sua herança biológica e do contexto social e cultural em que está inserido.
O objeto de estudo da Psicologia é o homem, objeto este que deve ser compreendido em sua
amplitude, evitando-se a tentação de empregar mal a perspectiva psicológica, aplicando-a fora do
contexto que lhe é peculiar, a partir de simplificações.
Por exemplo, os processos biológicos são de grande importância para a compreensão do homem, no
entanto, a preocupação desmedida com os mesmos pode acarretar na compreensão do ser humano
apenas como um membro do reino animal, portador de algumas poucas características distintivas.
Tal ponto de vista pode ser muito útil para o biólogo, mas representa uma perda da perspectiva
psicológica, segundo a qual todo comportamento individual resulta de uma interação única entre
forças psicológicas, biológicas e sociais.
O diagrama representado na Figura 1 ilustra a reunião dessas forças e sua expressão no
comportamento individual.
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Figura 1: Relação da Psicologia com outras ciências
Antropologia
CIÊNCIAS HUMANAS
Economia História
Política
Sociologia Geografia
Fatores externos ou
sociais
INDIVÍDUO
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
BIOQUÍMICA

FISIOLOGIA NEUROLOGIA NEUROFISIOLOGIA BIOLOGIA
PSICÓLOGOS, PSIQUIATRAS E PSICANALISTAS
Psicólogos, psiquiatras e psicanalistas pertencem a três
grupos de profissões distintas. Um mesmo profissional
só pode pertencer a mais de um grupo se tiver mais de
uma formação (por exemplo, alguém formado em
Medicina e também em Psicologia, ou um Psiquiatra
que fez também a formação psicanalítica).
Descreveremos abaixo algumas informações sobre as três profissões para facilitar a compreensão
das características de cada uma:
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PSIQUIATRA:
Todo psiquiatra é um médico, ou seja, fez o curso de Medicina e se especializou
em psiquiatria, tendo sua prática profissional fiscalizada e regulamentada pelo
Conselho Federal de Medicina.
De acordo com a legislação brasileira, por serem médicos, os psiquiatras podem
receitar drogas para o tratamento de seus pacientes, quando estas são necessárias. Dessa forma, a
psiquiatria enfoca os aspectos fisiológicos das manifestações psíquicas indesejáveis, tendo uma
metodologia de tratamento essencialmente medicamentosa.
PSICANALISTA:
Os psicanalistas podem ter qualquer formação acadêmica, desde que sejam
titulados em um curso de quatro a oito anos ministrado pela Sociedade
Psicanalítica, na qual devem ser credenciados, tendo sua prática profissional
vinculada a esta instituição.
Apesar de poderem ter qualquer graduação, muito raramente esses profissionais têm outra que não
seja Psicologia ou Psiquiatria. No entanto, diferenciam-se dos demais psicólogos e psiquiatras por
basearem sua prática terapêutica em princípios exclusivamente psicanalíticos (freudianos).
A Psicologia e a Psicanálise surgem no contexto em que se percebeu que as manifestações psíquicas
não se devem única e exclusivamente ao aspecto biológico do ser humano.
PSICÓLOGO:
Os psicólogos são profissionais cuja formação universitária é realizada numa
faculdade de Psicologia, na qual aprendem as mais diferentes abordagens
terapêuticas.
Para exercerem regularmente a sua profissão devem ser credenciados nos
Conselhos Regionais de Psicologia, respondendo profissionalmente ao Conselho Federal de
Psicologia.
É comum o trabalho multidisciplinar, ou seja, a união de esforços entre psicólogo/psiquiatra ou
psicanalista/psiquiatra, sempre visando o melhor atendimento ao paciente. Isso ocorre pois,
dependendo da problemática, um único profissional não é auto-suficiente para o tratamento do
indivíduo como um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATKINSON, R. Introdução à Psicologia. São Paulo: Artes Médicas, 1995.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São
Paulo: Saraiva, 1999.
BRAGHIROLLI, E. M. et al. Psicologia Geral. São Paulo: Vozes, 2002.
DAVIDOFF, L. L. Introdução à Psicologia. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2001.
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