Alunos de Publicidade e Propaganda Num Trabalho Sobre Sartre

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A distinção entre essência e existência corresponde a distinção entre
conhecimento intelectual e conhecimento sensível. Os sentidos põem em
contato com os seres particulares e contingentes, únicos que realmente
existem, ao passo que a inteligência permite aprender as idéias ou
essências, gêneros e espécies universais, meras possibilidades de ser, em
si mesmas inexistentes. Sabe-se, no entanto, desde Sócrates, que o objeto
da ciência é o universal e não o particular, quer dizer a essência e não a
existência. Platão tenta resolver essa contradição hipostasiando as idéias,
atribuindo-lhes a realidade, no mundo supra-sensível ou topos ouranoú
(lugar do céu). Poder-se-ia dizer que é em nome da existência que
Aristóteles critica a teoria platônica das idéias, sustentando que as idéias,
ou essências, não estão fora mas dentro das próprias coisas, as quais,
feitas de matéria e de forma, contem, em si mesmas, o universal e o
particular, a essência e a existência.
Em oposição as filosofias que se poderia chamar ‘essencialistas’, as
filosofias existencialistas partem do pressuposto de que a existência e
anterior a essência, tanto ontológica quanto epistemologicamente ,quer
dizer tanto em relação ao ser, ou à realidade, quanto em relação ao
conhecimento. Na perspectiva do existencialismo, as idéias, ou as
essências, não são anteriores às coisas, pois não se acham previamente
contidas nem na inteligência de Deus nem na inteligência do homem. As
idéias, ou essências, são contemporâneas das coisas, são as próprias
coisas consideradas de determinado ponto de vista, em sua
universalidade e não em sua particularidade. Síntese do universal e do
particular, o indivíduo existente é redutível ao pensamento, ou inteligível,
na medida em que contem o universal, a essência humana, por exemplo,
nesse homem determinado, e irredutível, enquanto particular, esse
homem com características que o distinguem de todos os demais e o
tornam único e insubstituível.
A afirmação da anterioridade ou do primado da existência em relação a
essência, entendida aqui como existência humana, implica uma série de
teses que distinguem o existencialismo das filosofias essencialistas. O
primado da liberdade em relação ao ser, subjetividade, em relação a
objetividade, o dualismo, o voluntarismo, o ativismo, o personalismo, o
antropologismo, seriam algumas das características desse tipo ou
modalidade de filosofia. O existencialismo não é nem uma teologia, ou
filosofia de Deus, nem uma cosmologia, ou filosofia do mundo, da
natureza. O existencialismo é, fundamentalmente, uma antropologia, quer
dizer, uma reflexão filosófica sobre o homem, ou melhor, sobre o ser do
homem enquanto existente.
Na perspectiva antropológica, surgem os temas ou problemas
característicos do pensamento existencial. A finitude, a contingência e a
fragilidade da existência humana; a alienação, a solidão e a comunicação,
o segredo, o nada, o tédio, a náusea, a angústia e o desespero; a
preocupação e o projeto, o engajamento e o risco, são alguns dos temas
principais de que se tem ocupado os representantes do existencialismo.
Para essa filosofia, a angústia e o desespero, por exemplo, deixam de ser
sintomas mórbidos, objetos da psicopatologia, para se tornarem
categorias ontológicas que propiciam acesso á essência da condição
humana e do próprio ser.
A idéia de existência, como já se observou, não é nova. Com a mesma
palavra, ousía , Platão designa a essência e a existência, e a crítica de
Aristóteles ao idealismo platônico pressupõe o hilomorfismo, ou teoria do
ser entendido como existente, feito de matéria e de forma. Platão, sem
dúvida, é idealista, mas é uma experiência existencial, a vida e a morte de
Sócrates, que o leva a filosofar.
A existência precede a essência, por Jean-Paul Sartre
"Quando concebemos um Deus criador, esse Deus idenficamos
quase sempre como um artífice superior; e qualquer que seja a
doutrina que consideremos, trate-se duma doutrina como a de
Descartes ou a de Leibniz, admitimos sempre que a vontade segue
mais ou menos a inteligência ou pelo menos a acompanha, e que
Deus, quando cria, sabe perfeitamente o que cria.
Assim, o conceito do homem, no espírito de Deus, é assimilável ao
conceito de um corta-papel no espírito do industrial; e Deus
produz o homem segundo técnicas e uma concepção, exatamente
como o artífice fabrica um corta-papel segundo uma definição e
uma técnica. Assim, o homem individual realiza um certo conceito
que está na inteligência divina.
No século XVIII, para o ateísmo dos filósofos, suprime-se a noção
de Deus, mas não a idéia de que a essência precede a existência.
Tal idéia encontramo-la nós um pouco em todo o lado:
encontramo-la em Diderot, em Voltaire e até mesmo num Kant. O
homem possui uma natureza humana; esta natureza, que é o
conceito humano, encontra-se em todos os homens, o que significa
que cada homem é um exemplo particular de um conceito
universal - o homem; para Kant resulta de universalidade que o
homem da selva, o homem primitivo, como o burguês, estão
adstritos à mesma definição e possuem as mesmas qualidades de
base. Assim, pois, ainda aí, a essência do homem precede essa
existência histórica que encontramos na natureza. (...)
O existencialismo ateu, que eu represento, é mais coerente.
Declara ele que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual
a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder
ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou,
como diz Heidegger, a realidade humana.
Que significará aqui o dizer-se que a existência precede a
essência? Significa que o homem primeiramente existe, se
descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal
como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque
primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como
a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que
não há Deus para a conceber.
O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer
que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se
deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais
que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É
também a isso que se chama a subjetividade, e o que nos
censuram sob este mesmo nome. Mas que queremos dizer nós com
isso, senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma
pedra ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é que o
homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada,
é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se
projetar no futuro. (...)
Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem
é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do
existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e
de lhe atribuir a total responsablidade da sua existência. E,
quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não
queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita
individualidade, mas que é responsável por todos os homens."
Jean-Paul Sartre
"A existência precede a essência". Eis a frase fundamental do
existencialismo. Para melhor compreender o significado dela, é preciso
rever o que quer dizer essência. A essência é o que faz com que uma
coisa seja o que é, e não outra coisa. Por exemplo, a essência de uma
mesa é o ser mesmo da mesa, aquilo que faz com que ela seja mesa e
não cadeira. Não importa que seja de madeira, fórmica ou vidro, que seja
grande ou pequena; importa que tenha as características que nos
permitam usá-la como mesa.
No famoso texto O existencialismo é um humanismo, Sartre usa
como exemplo um objeto fabricado qualquer, como um livro ou um
corta-papel: neles a essência precede a existência; da mesma forma, se
imaginarmos um Deus criador, o identificamos a um artífice superior que
cria o homem segundo um modelo, tal qual o artífice fabrica um
corta-papel. Daí deriva a noção de que o homem tem uma natureza
humana, encontrada igualmente em todos os homens. Portanto, nessa
concepção, a essência do homem precederia a existência. Não é essa, no
entanto, a posição de Sartre ao afirmar que a existência precede a
essência: "Significa que o homem primeramente existe, se descobre,
surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o
concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não
é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber.
O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que
seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após
este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz.
Tal é o primeiro princípio do existencialismo".
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Sua preocupação é de que o homem, diante de suas ínumeras escolhas
assuma a responsabilidade de uma opção. Para Sartre o existencialismo
é uma doutrina que torna a vida humana possível, por outro lado declara
que toda a verdade e toda a ação implicam um meio e uma subjetividade
humana, o homem existe, se descobre, surge no mundo e só depois se
define, ou seja, não é mais do que faz.
Essa responsabilidade é que gera a angústia, pois cada indivíduo está
pronto a escolher tanto a si como a humanidade, não escapa a essa
situação.
Apesar da mistura de valores deste século, apesar do homem viver
sozinho e sem ajuda nessa confusão, ele é livre e responsável pela sua
liberdade. Somos livres para dar sentido a qualquer coisa, mas temos que
dar sentido a alguma coisa.
A fenomenologia é usada como método de análise das situações
existenciais em sua evolução mostra-se fiel ao concreto existencial.
O ato de assumir o ser, caracteriza a realidade humana, existir é assumir
o ser, portanto a realidade humana é sempre um eu que compreende a si
próprio fazendo-se humano por tal característica.
O princípio de Sartre é a não existência de Deus, o homem não tem ao
que se apegar. Somos livres, sós e sem desculpas.
Chega a conclusão de que nada justifica a existência, o tédio dos dias e
das noites, caminhos obscuro e deserto, o cotidiano. Mas isso não o livra
da liberdade e da responsabilidade, que são da essência do homem, uma
liberdade sem conteúdo se torna amargura, náusea.
Um conjunto de valores intermediários entre Deus e o homem que
morreram para Sartre, e não "Deus que esta morto" como diz Nietzsche.
Tudo é gratuito, o homem se encontra na consciência da liberdade, e na
possibilidade de forjar nossa própria vida.
Uma vez não tendo essência, a liberdade deve-se fazer, se criar. A
consciência se lança no futuro se distanciando do passado.
A necessidade de escolha deve sempre se impôr, ou seja, deve sempre
estar dentro dos meus projetos.
O cumprimento, mas ao mesmo tempo o entrave à minha liberdade, é a
existência do outro para quem me torno objeto. Sartre vê duas atitudes
possíveis:
Fenômeno amor: reconhecendo e admitindo o amado como
sujeito livre, porém o outro me olha como objeto. O esforço de
todos os meios para conquistar o amado, mas se não há
reciprocidade vem o fracasso e isso nunca se concretizará.
Desejo sexual: que é voltar-se para o outro usando-o como
instrumento e ferindo sua liberdade, não é vontade de obter prazer,
nem corpo e sim desejo de possuir a consciência, a liberdade do
outro, que alimente o desejo sexual.
A qualquer momento pode haver a paralisação do objeto pelo outro,
surgindo o ódio, o conflito e luta, não há a tolerância da liberdade do
outro, o que acontece é aniquilação do outro, mas isso não muda o fato
de que um dia ele existiu e fez de mim objeto de meu projeto.
Sartre considera que o materialismo aniquila o homem, o espírito se
relaciona com a matéria, mas não o é. O trabalho dá sentido à matéria, a
capacidade de imaginar que as coisas poderiam ser diferentes que torna
o homem capaz de ir além da situação particular em que se encontra no
momento. E aí que o indivíduo se torna objeto e contribui para a história.
O papel do existencialismo é insistir na especificidade de cada
acontecimento.
Para Sartre o desespero significa que o homem se limita a contar com o
que depende de sua vontade ou com o conjunto de probabilidades que
tornam possível a ação. Agir sem esperança é agir sem contar com os
outros homens, que além de desconhecidos, são livres, pois não há
‘natureza humana’ na qual seja possível agarrar-se.
O ponto de partida do existencialismo sartriano, como já havia sido dito, é
a subjetividade, o cogito cartesiano, que apreende a verdade absoluta da
consciência na intuição de si mesma. Na subjetividade existencial, porém,
...
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