O SR

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR/PE pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: Nos últimos dois
anos, a Academia Brasileira de Letras – ABL, entidade de prestígio
internacional que teve como primeiro presidente Machado de Assis e
secretário-geral, Joaquim Nabuco, concedeu, por unanimidade, sua
maior condecoração, o “Prêmio Machado de Assis” a dois escritores
do Nordeste que se notabilizaram nacionalmente. Em 2006, a
Francisco César Leal, poeta e crítico de poesia, pelo conjunto de sua
obra e, este ano, a Roberto Cavalcanti de Albuquerque, também pelo
conjunto da sua obra de especialista em Direito, Economia e também,
como sociólogo, cientista político e consultor de organizações
internacionais.
César Leal nasceu em Saboeiro, Ceará, mas logo veio para o
Recife, aos 28 anos. Amigo de Abgar Renault, foi laçado
literariamente, em Minas Gerais, ao lado de Affonso Ávila, Laís Corrêa
de Araújo e Rui Mourão. No Recife, recebeu-o Mauro Mota nas
páginas do Diário de Pernambuco e, mais tarde, ingressou na
Universidade Federal de Pernambuco onde fundou o programa de
pós-graduação (mestrado e doutorado) em Letras e Lingüística, ali
ensinando Teoria da Poesia, Teoria da Literatura e Literatura
Brasileira.
Para José Guilherme Merquior, é “o poeta brasileiro mais
preocupado com a teoria do poema.”
Seus amigos no Recife sempre foram Francisco Brennand e sua
mulher, a poetisa Deborah Brennand, Ariano Suassuna e Tomás
(Bébé) Seixas, todos discutindo, nos fins de semana no Engenho São
Francisco, literatura e os movimentos literários de vanguarda no Brasil,
em Pernambuco e no mundo. Todos eles sempre atualizados pelas
leituras e viagens ao Sul do país e ao exterior.
Ao longo destes anos, César Leal publicou 22 livros, entre os
quais Tempo e Vida na Terra (que reúne boa parte da sua produção
literária). Seus poemas estão traduzidos para o inglês e alemão.
Entre os prêmios recebidos por César Leal, destacou-se o
“Prêmio Nacional de Poesia”, pela Fundação Cultural do Distrito
Federal, em 1970; o “Prêmio Olavo Bilac”, da Academia Brasileira de
Letras, em 1987; o “Prêmio da Fundação Nacional Pró-Memória”, em
1988; o “Prêmio Menéndez y Pelayo”, do Instituto de Cultura
Hispânica, em 1956.
Foi o primeiro poeta brasileiro a gravar, ao vivo, poemas para
Universidade de Harvard (1970). Em 2000, integrou o “Prêmio Luís de
Camões”.
Resta lembrar que César Leal é especialista em Dante Alighieri,
o grande poeta clássico italiano, tendo sido distinguido pelo governo
italiano com a condecoração, no grau de Cavaleiro, da “Ordem do
Mérito da República Italiana.”
Para Cassiano Ricardo, o longo poema de César Leal intitulado
“A Quinta Estação”, é “o mais belo já publicado no Brasil e no mundo
sobre a sorte dos homens, roçando entre o profético e o poético
absoluto.”
Sobre
Roberto
Cavalcanti
de
Albuquerque,
gostaria
de
mencionar sua parceria intelectual com Marcos Vinícios Vilaça,
presidente re-eleito da Academia Brasileira de Letras, co-autor do
clássico ensaio sociológico Coronel, Coronéis sobre poder e mando no
Nordeste do Brasil já traduzido para o inglês, francês, espanhol,
italiano e alemão.
Roberto Cavalcanti exerceu intensa atividade como professor na
Faculdade de Direito do Recife, sendo titular de Economia da
Universidade Federal de Pernambuco, professor visitante de Harvard,
do Instituto Internacional de Administração Pública da França, membro
do corpo permanente da Escola Superior de Guerra (1985-90) e
integrou os altos escalões da administração pública brasileira
(Ministérios do Planejamento, do Interior, IPEA). Atualmente, é diretor
do INAE – Instituto Nacional de Altos Estudos, ao lado de João Paulo
dos Reis Veloso.
Entre os seus livros, destaco Crise Política e Reforma das
Instituições do Estado Brasileiro, Cinco Décadas da Questão Social no
Brasil e os Grandes Desafios do Crescimento Sustentado, Nordeste:
Sugestões para uma Estratégia de Desenvolvimento, Gilberto Freyre e
a Invenção do Brasil.
Roberto Cavalcanti de Albuquerque é considerado um dos mais
notáveis “quadros” do país, como diriam os franceses, pois a sua
experiência nos setores público e privado e a sua capacidade
intelectual o credenciam a ocupar qualquer posto de direção ou
coordenação no setor de planejamento econômico e social no Brasil.
Faço uma interrupção neste discurso de elogio a dois grandes
intelectuais do país, para uma nota de elogio póstumo a Manoel
Correia de Andrade, notável geógrafo e historiador, que faleceu no
último dia 22 no Recife, uma personalidade ligada aos movimentos
sociais do Estado e ao seu meio universitário. Manoel Correia deixa
uma obra fundamental de referência nos campos da Geografia
Humana e Historiografia Social, tendo sido professor da Universidade
Federal de Pernambuco, membro da Academia Pernambucana de
Letras e, durante vários anos, pesquisador da Fundação Joaquim
Nabuco, tendo entrado nessa instituição a convite de Gilberto Freyre.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado!
Sala das Sessões, em 11 de setembro de 2007.
Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
2º. Vice-Presidente
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