Painel: Sobre Etnografia

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Painel: Sobre Etnografia
Que problemas metodológicos estão em jogo na prática etnográfica? Que soluções e
compromissos nela se vão impondo? E como vive a etnografia fora da antropologia?
Que tem a etnografia não-antropológica a ensinar aos antropólogos? É ou não é afinal
obrigação partilhar o modo como cada um de nós transforma um método em modo de
conhecimento? O painel prolonga as reflexões do WIE – Workshop Informal de
Etnografia – onde estes e outros problemas têm sido debatidos desde 2003.
Etnógrafos em diferentes fases da investigação irão explicitar os dilemas que têm
enfrentado na sua utilização da etnografia. O painel põe em cena problemas
desafiantes que obrigam a repensar políticas, limites e éticas do trabalho de campo.
Coordenadores: Susana Durão* e Gonçalo Praça**
* Bolseira FCT, doutoramento em Antropologia, ISCTE/CEAS.
Rua Coelho da Rocha 71, 4º Dtº, 1350-073 Lisboa
914288833
[email protected]
**Bolseiro FCT, doutoramento em Sociologia, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Rua da Fé, 18, 4º, 110-150 Lisboa
966660818
[email protected]
Comunicações
Perplexidades de um sociólogo aprendiz de Antropologia Social
Existem tensões e quebras de sentido entre o modo como se aprende e se reporta a
Antropologia e a Sociologia em Portugal. Ambas têm tradições de saber-fazer ciência
(culturas científicas) que geram contradições e ambiguidades nos modos de fazer
etnografia que se tornam muito evidentes para quem tem, como eu, um percurso de
atravessamento das duas disciplinas. Darei dois exemplos deste facto e especularei
sobre o que é que eles representam.
Palavras-chave: culturas científicas; Antropologia, Sociologia, quebras de sentido
Telmo Caria
Professor Associado de Ciências Sociais do Departamento de Economia, Sociologia e
Gestão (DESG) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Av. Almeida Lucena, 1
5000-660 Vila Real, Portugal
[email protected]
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Fakeways (?) A etnografia de práticas performativas
Etnografia tornou-se uma palavra-chave para muita da reflexão contemporânea sobre
a cultura e sobre a sociedade concretizada sob a forma de objecto estético. Numa
modernidade tardia em que os discursos e as vozes (e respectivos agentes) se
multiplicam, sobrepõem, interagem e anulam, o ruído é por vezes ensurdecedor
reclamando, ou uma abordagem ortodoxa do método, ou uma abordagem irónica.
Tendo trabalhado mais de 8 anos num contexto académico diferente daquele em que
realizei a minha formação, observei as diversas apropriações desse método como
legitimador de um discurso que no limite é unicamente uma avaliação estética. Na
minha comunicação proponho reflectir em torno da noção de etnografia de “objectos
performativos” invocando para tal o meu próprio trabalho de terreno (com um grupo
rock português), confrontando-o com a produção artística do músico escocês Momus,
na sua “etnografia” pessoal exposta através do seu blog, e no seu trabalho a que deu o
nome de “fake ethnomusicology”.
Etnografia, antropologia
epistemologia
da
música,
práticas
performativas,
metodologia,
Pedro Félix
Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa/ Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas
R. S. Sebastião da Pedreira nº 38, 2º Esq.
1050-209 Lisboa
[email protected]
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Living Up To The Hype? Metodologias de Investigação, Etnografia e Tecnologias
da Informação
Nos últimos anos tem-se assistido, no campo das ciências sociais, ao desenvolvimento
de um conjunto heterogéneo de novas tecnologias e de novos instrumentos de
pesquisa. A este respeito podem referir-se, entre outros, novos recursos digitais
(fotográficos, áudio e vídeo), programas quantitativos e qualitativos de recolha,
tratamento e análise de informação, de gestão bibliográfica e de gestão de informação.
Estas ferramentas possuem virtualidades não negligenciáveis em termos de
metodologias, métodos e técnicas de investigação. Porém, apesar das suas (muitas)
potencialidades, esses meios têm motivado duas atitudes distintas. Por um lado,
formas de resistência à tecnologia e de ludismo científico. Por outro lado, atitudes de
algum fetichismo tecnológico. Esta situação torna premente uma reflexão em torno
dos (des)usos que se fazem e dos usos que se poderiam fazer destes novos meios. E,
claro, remete para algumas questões que é necessário levantar. Como lidar
criticamente com estes instrumentos? Quais as possibilidades e limites destas
ferramentas? Quais os seus impactes nas práticas de investigação? Quais os seus
efeitos nos campos das metodologias qualitativas e da etnografia? Que novas
competências são necessárias para lidar com estas mudanças? Este texto não pretende
dar respostas definitivas a estas questões. Pelo contrário. Procura, apenas, reflectir
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sobre elas, levantar eixos de questionamento e contribuir para esse debate, tão
importante quanto urgente.
Palavras-chave: tecnologias da informação, etnografia, metodologias qualitativas
João M. Nogueira
CET-ISCTE e IMP-FMUL
Telm: (+351) 966 378 536
Telm: (+351) 933 544 871
Telm: (+351) 918 659 294
Av. dos Bombeiros Voluntários, 4, 3D, 1675-106 Pontinha.
URL: http://jnogueira.com
Email: joã[email protected]
IM (MSN): joã[email protected]
VoIP (Skype): joao.m.nogueira
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O Workshop Informal de Etnografia: preocupações práticas de jovens
etnógrafos portugueses
O que é a etnografia? Como se faz a etnografia? Como é possível esta actividade? E
que interesse podem ter estas perguntas? Assim postas, muito pouco. Todas elas têm
sido trabalhadas em dezenas de manuais e tratados mais ou menos normativos – e há
respostas para os variados gostos. Mas o que é a etnografia na prática, como se está a
fazer de facto, como é possível em que condições específicas? Esta comunicação olha
quase-etnograficamente para um grupo de jovens etnógrafos em acção. No âmbito de
um workshop (WIE, workshop informal de etnografia), cerca de 30 pessoas, de
variadas origens disciplinares, em diferentes etapas de formação e em diversas
instituições de ensino, encontram-se com alguma regularidade ao vivo ou, mais
frequentemente, online. Pretende-se aqui fazer uma descrição simples e inicial desta
iniciativa: quem são estas pessoas, o que fazem, como trabalham, que preocupações
têm. Mas ao longo da descrição deverá também começar a emergir um retrato da
etnografia como objecto múltiplo, criado por práticas distintas. Deverão também
começar a revelar-se alguns limites, constrangimentos e falhas da formação e prática
etnográficas no Portugal dos nossos dias.
Palavras-chave:
multiplicidade
workshop
informal
de
etnografia,
Gonçalo Praça
Doutorando em Sociologia
Universidade de Coimbra, Faculdade de Economia
R. da Fé, 18, 4º
1150-150 Lisboa
[email protected]
96 666 08 18
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práticas
etnográficas,
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O sexo na cidade! etno-geografias de (homo)sexualidades urbanas
As etnografias como metodologia de labor científico têm-se constituído como uma
das novidades metodológicas da geografia contemporânea. Esta novidade, fruto de
profundas alterações epistémicas da geografia humana, nomeadamente o intitulado
'cultural turn', produziu novos modelos de 'construção' de 'conhecimento' geográficos.
A investigação sobre género, sexualidades, espacialidades e territórios, uma das mais
inovadoras áreas temáticas da ciência geográfica tem construído o seu modelo de
conhecimento através da utilização das 'etnografias' – nomeadamente urbanas – como
caminhos possíveis da investigação sobre as sexualidades humanas. A nossa
apresentação, nasce de uma prática de trabalho de campo etnográfico junto da
comunidade lésbica, gay e bissexual da cidade de Coimbra, e pretenderá discutir o
papel da etnografia – e dos processos e discussões epistémicas e éticas com ela
relacionados – no conhecimento geográfico e social sobre a sexualidade humana
Palavras-chave: geografia das sexualidades, etnografia, estudos gays, lésbicos e queer
Paulo Jorge Vieira
Investigador Júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Licenciado em Geografia pela Universidade de Coimbra.
Aluno do Programa de Mestrado e Doutoramento “Pós-Colonialismos e Cidadania
Global”, Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra.
[email protected]
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