cap-40-Paisagens vegetais do Brasil

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PAISAGENS VEGETAIS DO BRASIL
Ecossistemas, biomas e formações vegetais
1- Quando estudamos os seres vivos em seu hábitat, ou meio ambiente, costumamos utilizar o conceito de ecossistema: um
sistema ou conjunto formado pelos seres vivos – animais, vegetais e microorganismos – e pelas condições ambientais das quais
eles estão integrados (solo,
águas, luz solar, clima e
relevo). Um ecossistema, no
entanto, é uma paisagem
natural que não tem uma
definição especial – uma escala
de abrangência – muito bem
definida e pode ser tanto um
pequeno brejo quanto uma
imensa região. Por exemplo,
quando
falamos
em
ecossistema amazônico, em
virtude de a Amazônia ser uma
imensa região, na realidade nos
referimos a milhares de
ecossistemas
vizinhos
e
integrados numa paisagem
maior, o bioma.
1.1- O conceito de bioma,
portanto, diz respeito a um
imenso ecossistema, uma
paisagem natural, geralmente
definido pela vegetação (a
Taiga, a Savana, as Pradarias,
etc.), que abrange uma área de
milhares – ou milhões – de
quilômetros quadrados. O
termo bioma é de origem norteamericana, e os europeus em
geral, para se referir ao mesmo
fenômeno, preferem falar em
biocenose ou formação florestal (ou paisagem vegetal).
1.2- No Brasil, por causa da imensidão de nosso território (mais de 8,5 milhões de km²), existem várias paisagens vegetais, ou
biomas. Todavia, devemos lembrar que a vegetação natural de uma área – e, juntamente com ela, a fauna – constitui,
geralmente, o primeiro elemento da paisagem que o homem modifica. Os seres vivos não domesticados – plantas e animais,
como pássaros, insetos, etc. – em regra, são profundamente afetados pela ação humana, sobretudo quando há o crescimento
econômico da região com a abertura de estadas e construção de hidrelétricas, de cidades, de fábricas, etc. assim, um estudo (e
um mapa) sobre as paisagens vegetais originais do Brasil será sempre relativo a algo que quase não existe mais ou que está em
franco processo de transformação.
1.3- Quando os colonizadores portugueses chegaram ao país, no século XVI, existiam duas imensas florestas que ocupavam a
maior parte do nosso atual território: a mata Atlântica, na porção leste ou oriental, que logo foi praticamente desmatada; e a
floresta Amazônica, na parte oeste e norte, que em grande parte ainda permanece.
1.4- Além da floresta Amazônica (ou Amazônia) e da mata Atlântica, costuma-se reconhecer as seguintes paisagens vegetais no
território brasileiro: a caatinga, a mata de araucária, o cerrado, o Pantanal, os campos e as vegetações litorâneas.
A Floresta Amazônica
2- A floresta Amazônica, ou floresta latifoliada, abrange cerca de 45% ou pouco mais de 50% da área total do país, embora
venha sendo intensamente derrubada nas últimas décadas. Calcula-se que de 10% a 20% de sua biomassa (massa vegetal) total
já tenha sido desmatada pela ação humana. Mesmo assim, ela ainda é a mais importante formação vegetal do mundo,
abrangendo não só o Brasil (onde se localiza a sua maior parte), mas também áreas de países ou territórios vizinhos: Bolívia,
Colômbia, Venezuela, equador, Peru, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
2.1- È uma floresta heterogênea, com milhares de espécies vegetais (muitas ainda sem classificação científica) e perene, ou seja,
sempre verde – não perde as folhas no verão-inverno, como as árvores de climas temperados e frios. É uma mata densa e
intrincada, em que as plantas crescem bastante próximas umas das outras e são comuns plantas parasitas. Costuma ser dividida
em três tipos de matas, de acordo a sua proximidade com os rios.:
 Mata de igapó: ao longo dos rios e permanentemente inundada pelas cheias fluviais. Suas plantas, de menor porte, são
hidrófilas (adaptadas à umidade), possuindo como espécies comuns a vitória régia,. As orquídeas, as bromélias e outras.
 Mata de várzea: sujeita às inundações periódicas ao longo do rios, onde se destacam a seringueiras (Hevea brasiliensis), a
sumaúma e outras.
 Mata de terra firme, ou caaetê: recobre os baixos planaltos sedimentares, áreas não afetadas pelas inundações fluviais. Esse
tipo de mata abrange a maior parte da floresta Amazônica e possui plantas de maior porte em relação aos dois anteriores, como
a castanheira (Bertholletia excelsa), o caucho, a quaruba (que chega a atingir 60 m de altura), o guaraná e outras espécies.
2.2- A floresta amazônica é um gigante tropical com quase 6 milhões de km², incluindo as partes localizadas em outros países
sul-americanos, onde vive e se reproduz mais de um terço das espécies existentes no planeta. Apesar dessa riqueza, o
ecossistema local é frágil. A floresta vive do seu próprio material orgânico, em meio a um ambiente úmido, com chuvas
abundantes. A menor imprudência pode causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado. A floresta abriga cerca de 2500
espécies de árvores (um terço da madeira tropical do planeta) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a
América Latina.
2.3- A fauna é muito rica e variada. Os insetos estão presentes em todos os estratos da floresta. Os animais rastejadores, os
anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes, como o esquilo, convivem nos níveis baixo e médio. Nos
locais mais altos, estão beija-flores, araras, papagaios, periquitos e inúmeros tipos de macacos, que se alimentam de frutas,
brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distancia, exploram as árvores altas. O nível intermediário é habitado por
jacus, gaviões, corujas e centenas de pequenas aves. No estrato terrestre, encontram-se jabutis, cutias, pacas, antas, etc. Os
mamíferos aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez,
servem de alimento para grandes felinos e cobras de grande porte.
2.4- Entre as principais espécies ameaçadas da Amazônia, destacam-se o mogno (madeira) e onça-pintada.
A mata Atlântica
3- A mata atlântica, ou floresta latifoliada tropical, corresponde, mais ou menos, ao domínio do clima tropical úmido. Esse nome
foi dado pelos colonizadores portugueses por causa de sua localização entre o litoral e o interior do país. Na atualidade,esse tipo
de vegetação, onde aparecia o pau-Brasil e plantas de madeira nobre como cedro, a peroba e o jacarandá, quase não existe,
pois grande parte dela (96% de sua área original) já foi dizimada, restando apenas alguns trechos esparsos em encostas de
montanhas, como na serra do mar.
3.1- Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna impressiona nessa formação florestal. A maior parte das espécies de animais
brasileiros ameaçados de extinção é originária da mata atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça pintada, o tatu canastra e
a arara-azul-pequena. Fora dessa lista, também vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cutias, quatis,
etc. apesar da imensa devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na mata atlântica é
espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta, os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta.
A caatinga
4- A caatinga é uma vegetação típica do clima semi-árido do sertão Nordestino. Constitui um tipo de vegetação pobre, com
plantas xerófilas (adaptadas à aridez), principalmente cactáceas (xiquexique, mandacaru, faveiro). Aparecem também arbustos e
pequenas árvores, tais como o juazeiro, a aroeira e a braúna. É uma mata seca que perde as suas folhas durante a estação em
que há escassez de chuvas, a estação seca. Apenas o juazeiro, com suas raízes profundas que conseguem captar água do
subsolo, e algumas palmeiras não perdem as folhas durante a estação seca.
4.1- A fauna da caatinga é abundante em répteis, entre os quais se destaca um grande número de lagartos e cobras. Existem
alguns roedores e muitos insetos e aracnídeos. A dificuldade de obter água é um obstáculo para a existência de grandes
mamíferos na região, onde, porém, são encontrados cachorros do mato e outros animais que se alimentam principalmente de
roedores. Na caatinga, vive a ararinha azul, ameaçada de extinção. Da região são também o sapo-cururu, a asa-branca, a cutia,
o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba e o sagüi-do-nordeste, entre outros animais.
4.2- quando chove, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas
plantas. A fauna, que emagreceu durante a estação seca, volta a engordar.
A mata de Araucária
5- A mata de araucária, ou floresta aciculifoliada, corresponde, mais ou menos, às de clima subtropical. Nele predominam os
pinheiros (Araucaria angustifólia), embora apareçam também a erva-mate, a imbuia, diversos tipos de canela, cedros e ipês. É,
portanto, uma mata relativamente homogênea, que apresenta uma diversidade bem menor que a das demais formações
florestais do país. Até há alguns anos, foi a vegetação brasileira mais bem aproveitada para a fabricação de móveis
(especialmente no Paraná) e encontra-se hoje quase totalmente desmatada. Calcula-se que apenas cerca de 5% de sua área
original ainda permaneça.
5.1- Quanto à fauna típica da Araucária, podemos destacar a cutia e grimpeiro. A cutia, um mamífero, é a principal responsável
pela disseminação do pinheiro, pois enterra o pinhão para comê-lo depois; dessa prática, nascem novas araucárias. O grimpeiro,
uma ave, representa a simbiose perfeita com a floresta, comendo larvas que atacam as araucárias.
O Cerrado
6- O cerrado é um tipo de vegetação mista, com plantas de médio porte misturadas com gramíneas, próprio do clima tropical
úmido, ou semi-úmido, do Brasil central. Geralmente, o cerrado típico apresenta dois estratos de plantas : um arbóreo, com
árvores de pequeno porte (a lixeira, o pau-santo, o pequi); outro herbáceo, de gramíneas ou vegetação rasteira.
6.1- Costuma-se considerar o cerrado como um tipo se savana, vegetação típica de clima tropical semi-úmido em solos
relativamente pobres. As savanas são bastante comuns na áfrica, continente que por sinal já foi ligado á América do Sul e
apresenta algumas condições climáticas e pedológicas (de solos) mais ou menos semelhantes às dos nosso continente.
6.2- Cerca de 45% da vegetação dos cerrados foi destruída, processo que se acelerou nas últimas décadas por causa da
expansão da agropecuária no Brasil central, com plantações de soja, principalmente, e também outros cultivos e criações.
6.3- O cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São
Francisco e Prata), o que favorece a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. Estima-se que a flora da região possua
10 mil espécies de plantas diferentes, muitas das quais são usadas na fabricação de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do
uso medicinal e alimentício. Quanto à fauna, são 759 espécies de aves de reproduzindo na região, onde se encontram 180
espécies de répteis e 190 de mamíferos, inclusive 30 tipos de morcegos catalogados na área. O número de insetos é
surpreendente. Somente na região do distrito federal, há noventa espécies de cupins, mil de borboletas e quinhentas de abelhas
e vespas.
O pantanal
7- O complexo do pantanal é uma vegetação extremamente heterogênea, que abrange a planície ou depressão do pantanal
mato-grossense, que se localiza a oeste do Brasil, nas vizinhanças do Paraguai e da Bolívia, em terras dos estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse complexo de vegetações, podemos encontrar desde plantas hidrófilas (nas áreas alagadas
pelo rio) até as xerófilas (nas áreas altas e secas), além de diversos tipos de palmeiras (buriti, carandá), gramíneas (como o
capim-mimoso) e trechos de bosques dominados pelo quebracho, árvore da qual se extrai o tanino, utilizado na indústria de
couro.
7.1- A localização estratégica do Pantanal, que sofre influência de diversos ecossistemas – cerrado, chaco, Amazônia e mata
Atlântica –, associada a ciclos anuais e plurianuais de cheia e seca e temperaturas elevadas, faz com que ele seja o local com a
maior concentração da fauna da Américas, comparável às áreas de maior densidade da áfrica. Jacarés, araucária, papagaios,
tucanos e o emblemático tuiuiú são parte da paisagem pantaneira. Sua biodiversidade inclui mais de 650 espécies diferentes de
aves, 262 espécies de peixes, 1100 espécies de borboletas, 80 de mamíferos e 50 de répteis.
7.2- Uma das principais características do Pantanal é a dependência de quase todas as espécies de plantas (cerca de 1700) e
animais com relação ao fluxo das águas. Durante os meses de outubro a abril, as chuvas aumentam o volume dos rios, que, em
virtude da pouca declividade do terreno, extravasam os seus leitos e inundam a planície. Nessa época, muitos animais buscam
refúgio nas terras “firmes”, espalhando-se pelas áreas não inundas. Peixes se reproduzem e plantas aquáticas entram em
floração.
7.3- Ao final do período de chuvas, entre junho e setembro, as águas baixam lentamente e voltam ao seu curso normal, deixando
os nutrientes que fertilizam o solo. As aves se aglomeram em imensos ninhais, iniciando a reprodução antes da maioria das
espécies dos outros ecossistemas brasileiros. Mamíferos e répteis migram internamente, acompanhando as águas. No auge da
seca, a fauna se concentra em torno das lagoas e pequenos cursos de água – os corixos –, o que facilita sua observação, tanto
por turistas quanto por coletores e caçadores.
Os campos
8- Os campos constituem um tipo de vegetação rasteira (herbácea) localizada principalmente no sul do Brasil, onde predominam
diversos tipos de capim: barba-de-bode, gordura, mimoso, Jaraguá, etc.
8.1- Descendo pelo litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem é marcada pelos banhados, isto é, ecossistemas alagados com
densa vegetação de juncos, gravatás e aguapés que criam um habitat ideal para uma grande variedade de animais, como garças,
marrecos, veados, onças-pintadas, lontras e capivaras. O banhado do Taim é o mais importante, por causa da riqueza do solo.
As vegetações litorâneas
9- As vegetações litorâneas são características das terras baixas e planícies do litoral. Como o próprio nome diz, elas constituem
vários tipos de vegetação diferentes, englobadas como vegetações litorâneas pela proximidade com o litoral. Aí aparecem os
manques, ou manguezais (áreas de solos pantanosos), a vegetação de praias, a de dunas e a das restingas.
ATIVIDADES
Explique o que são ecossistemas, biomas e formações florestais e faça uma lista com as principais formações florestais do
Brasil.
II- Quais eram as duas maiores florestas que existiam no Brasil no início da colonização? Mencione as principais características
delas e diga qual foi mais dizimada e qual ainda permanece em grande parte, procurando explicar o porquê disso.
III- Faça uma relação das principais espécies vegetais e animais de cada formação florestal do Brasil. Diga quais estão
ameaçadas de extinção.
I-
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