Aula 3 - Instituto de Economia

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CURSO ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA I
AULA 3: AS FINANÇAS NA REPÚBLICA VELHA
1. O SISTEMA FINANCEIRO ERA ATROFIADO
. existiam apenas bancos
. comerciais – para desconto de duplicatas
. hipotecários – para financiamento imobiliário
. não existiam bancos de investimento
. para o investimento público e privado se recorria a crédito externo
. através da colocação de bônus no mercado internacional
. no Brasil, no final do Império
. a dívida pública externa era de 30 milhões de libras
. a dívida privada externa era de 15 a 20 milhões de libras
. cerca de 7 milhões para financiar importações
. o restante para investimento privado (ferrovias)
. o país era um ótimo pagador
. mas as oscilações cambiais ameaçavam o pagamento
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2.1.CÂMBIO
. 4 tipos de regimes cambiais:
. flutuação livre (= “limpa”): não intervenção
. fixo: governo dita a taxa e
. compra excessos de oferta e aumenta reservas
. usa reservas para suprir excessos de demanda
. fixa cotas: contingenciamento
. flutuação “suja” – intervenção do BACEN como
comprador/vendedor
. bandas estreitas e largas
. Padrão-Ouro (vide abaixo)
. tipos de taxas de câmbio:
. poder de compra de 1 unidade da moeda nacional sobre
uma divisa
. ex: 1 real compra 0,50 dólares
. preço de 1 unidade de uma divisa em moeda nacional
. ex. 1 dólar custa 2 reais
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. determinantes do saldo do Balanço de Pagamentos na República
Velha:
. entrada de divisas determina oferta de cambiais
. exportações
. entrada de capitais de risco e de empréstimo
. saídas de divisas determina demanda de cambiais
. importações
. despesas com serviços
. saída de capitais de risco e de empréstimo
. remessa de lucros e do serviço da dívida
. determinação das pressões sobre a taxa de câmbio na República
Velha
(Gustavo Franco: nenhuma equação resiste a teste)
. função do saldo BP em relação à oferta interna de moeda e
às expectativas
. problema: como definir o nível ótimo para a oferta de moeda
. atratividade do Padrão-Ouro resultava da inexistência de arbítrio
sobre a oferta de moeda (i.e. de política monetária)
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. o Padrão-Ouro segue 3 regras simples:
. cada país fixaria o valor de sua moeda em ouro
. i.e. sua taxa de câmbio
. livre conversibilidade ouro-moeda assegurada por reservas
em ouro ou divisas
. livre movimentação internacional de ouro de divisas
. Funcionamento do Padrão-Ouro: geração de equilíbrio externo
automático
. superávit BP -> entrada líquida de ouro -> expansão dos
meios de pagamento -> baixa taxa de juros -> fuga de
capitais + ^ investimento -> ^ demanda interna ->
^ preços domésticos em relação aos importados ->
^ imports + redução exports -> déficit comercial ->
fim do superávit BP
. déficit BP -> saída líquida de ouro -> redução dos meios de
pagamento -> alta da taxa de juros -> atração de
capitais externos e redução do investimento -> redução
da demanda interna -> redução dos preços
domésticos em relação aos importados -> redução de
imports e ^ exports -> superávit balança comercial ->
fim do déficit BP
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. o resultado é sempre o equilíbrio do BP – EM TEORIA
. na prática ocorrem muitos problemas
. Problemas derivados da adoção do Padrão-Ouro por economias
primário-exportadoras (Celso Furtado):
. dependência de poucos produtos tornava economia
vulnerável a choques de preços
. elevadas dívidas externas tornavam saldo comercial
insuficiente para equilibrar BP, exigindo
. entrada de capitais ou
. desvalorização cambial
. logo eram vulneráveis a flutuações nas economias centrais,
cujas recessões reduziam importações e fluxos de
capitais para periferia
. necessidade de manter reservas elevadas, ainda assim
muitas vezes insuficientes
o que gerava desvalorização cambial
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. desvalorização cambial elevava renda interna dos exportadores
. mas criava problemas para o governo
. Brasil: depreciação cambial gerava crise nas finanças federais:
. receitas fixas (imposto de importação calculado sobre
câmbio fixo)
. despesas crescentes (divisas para serviço da dívida)
. consequência:
. desvalorização prejudicava governo
. valorização prejudicava exportadores
. a alternativa era a estabilização cambial
. na época isto era sinônimo de padrão-ouro
. lei de 1846: paridade de 27 pence por mil réis (cerca de 10
mil réis por libra)
. atingir a paridade exigiria:
. forte apreciação cambial
. grandes reservas
. instituição financeira forte bastante para impedir
especulação cambial
. só se atingiu em 1889
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