Estudo corporativo colaborativo de Nectologia

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Estudo corporativo colaborativo de Nectologia - secção Haimovici
Acadêmico Bruno Brandão (Huck)
1- Os cefalópodes Coleoidea estão entre predadores nectônicos e bentônicos mais
diversificados e bem sucedidos dos oceanos. Enumere e discuta as principais adaptações
anatômicas funcionais e de estratégia de vida que possibilitam esta radiação.
Na evolução, o corpo dos cefalópodes tornou-se alongado no eixo dorso-ventral como
resultado de uma alteração do modo de locomoção, tornando-se o eixo antero-posterior
funcional. A concha dos cefalópodes difere da dos outros moluscos em ser septada e pela
presença do sifonúnculo. O animal sempre habita a ultima câmara, utilizando as anteriores,
cheias de liquido ou gás para alterar sua flutuabilidade. A concha é secretada pelo manto.
Originalmente o gás nas câmaras auxiliava apenas no equilíbrio dos primeiros cefalópodes que
devem ter sido bentônicos. A natação e a invasão do ambiente pelágico foi posterior e devida
a evolução do funil.
O primórdio da concha, formado durante o desenvolvimento embrionário fornece alguma
informação sobre as características dos cefalópodes primitivos. O desenvolvimento
embrionário era direto como nos atuais cefalópodes.
Observou-se dimorfismo sexual com conchas do mesmo tipo de duas a cinco vezes maiores
que outras.
A evolução dos cefalópodes tem que ser analisada no contexto da evolução dos vertebrados.
Até a aparição dos peixes foram os organismos marinhos dominantes. Nenhum outro grupo
tinha atingido o alto grau de desenvolvimento dos cefalópodes para transformar-se em
predadores ativos.
O sifonúnculo e as câmaras septadas possibilitaram a flutuabilidade neutra, tornando-se os
primeiros animais livremente nadadores de certo tamanho. Os Nautiloidea continuaram com
formas encouraçadas. Entre os Ammonoidea surgiram formas mais leves e de maior
capacidade de manobra que apresentaram uma elevada taxa de radiação e uma alta taxa de
extinção indicando uma pressão de seleção forte. A evolução foi no sentido de conchas mais
leves e com suturas mais complexas. Suturas mais complexas permitem suportar pressões
mais elevadas e ocupar águas mais profundas.
Paralelamente, no Devoniano, em fins do Paleozóico surge um grupo derivado de formas com
conchas retas que posteriormente tornam-se internas, se reduzem e perdem as câmaras. Os
belemnites, representantes desta linha evolutiva, eram predadores com ganchos nos braços e
invadiram as águas rasas. Estes por sua vez foram substituídos pelas formas atuais, mais leves
ainda de grande mobilidade, manobrabilidade e capacidade de mudanças de cor,
conseqüências de seu sistema nervoso central altamente desenvolvido.
2 - Indique as características em comum e as que diferenciam Nautilus dos Coleoidea?
Eles apresentam as seguintes semelhanças: simetria bilateral. Celomados Protostomados.
Vísceras concentradas numa "massa visceral". Corpo coberto por um epitélio e pelo manto
onde abriga o anus, os ctenideos, os nefroporos e os gonóporos. Metanefrídeos complexos.
Hemocele reduzido e sistema circulatório com artérias, veias e capilares. Epitélio com
cromatóforos e células refletivas. Pé transformado em coroa de tentáculos. Bico quitinoso.
Desenvolvimento direto, sem verdadeiros estágios larvais.
E de diferenças:
Nautilus: Concha externa, septada. Pé transformado numa coroa com 80-90 apêndices orais
sem ventosas, 2 formam um capuz córneo. Dois pares de brânquias e de nefrídios, quatro
corações branquiais. Bico quitinoso e calcário, rádula de 13 elementos. Locomoção lenta, por
expulsão de água através do funil por retração do corpo na última câmara da concha. Sexos
separados, nos machos quatro apêndices transformados em uma espádice. Sistema nervoso
ganglionar relativamente difuso, olhos com retina exposta, sem cristalino nem córnea,
ausência de cromatóforos, fotóforos e saco de tinta. Ciclo de vida longo, iteropáreo.
Detritívoros ou predadores de crustáceos durante a muda.
Coleiodea: Concha calcárea interna, quitinosa reduzida ou ausente. Oito ou dez apêndices com
ventosas e ou ganchos. Um par de brânquias e de nefrídios, dois corações branquiais. Bico
quitinoso, rádula de 7 elementos. Locomoção rápida por expulsão de água através de um funil
por contração do manto, movimentação lenta por meio de nadadeiras ou movimentos
medusóides. Sexos separados, machos com braço transformado em hectocótilo (maioria).
Sistema nervoso ganglionar complexo, cefalizado, olhos complexos com cristalino, presença de
cromatóforos (todos) e fotóforos (alguns) e saco de tinta. Ciclo de vida curto, semelpáreos.
Predadores ativos.
3 - Discuta as diferenças que frente as pressões evolutivas levaram aos Nautilus a quase
extinção e a radiação e diversificação dos Coleoidea.
A conquista da coluna de água foi caracterizada por importantes pressões ambientais de
natureza hidrostática, metabólica, sensoriais e de locomoção.
Com flutuabilidade neutra, foram os primeiros nadadores livres e os primeiros a se
transformarem em predadores nectônicos Surgiram as subclasses Nautiloidea e Ammonoidea.
Nautiloidea teve seu apogeu nos períodos Ordoviciano e Siluriano (500-400 milhões de anos).
Ammonoidea teve seu apogeu na era Mesozóica (200 milhões de anos). No período Jurássico
houve a radiação dessas formas, os ammonites, que atingiram diversidade cerca de sete vezes
maior que a dos cefalópodes atuais. Essa expansão ocorreu principalmente nos mares rasos e
quentes da era Mesozóica – foram os organismos dominantes nesses ambientes.
Porém, durante o Mesozóico ocorreu o que se chamou de uma revolução marinha
caracterizada por:
1) Aparecimento de predadores modernos como peixes ósseos e tubarões;
2) Aumento das adaptações defensivas dos organismos bentônicos;
3) Colonização das áreas profundas por animais da infauna bentônica;
4) Expansão dos oceanos resultante da deriva dos continentes – formação de ambientes
profundos;
5) Surgiram também cefalópodes mais leves com conchas internas, os Coloidea.
Na presença de predadores modernos, os grupos com concha devem ter sido eliminados até o
fim do Mesozóico (exceção Nautilus). Mais ágeis, os coleoidea sobreviveram em ambientes
rasos.
5- Explique as adaptações para permitir o equilíbrio hidrostático de Nautilus, Sépia e Spirula.
Gases contidos a pressão atmosférica em câmaras rígidas, alto custo energético, pouca
mobilidade, limitações em relação à profundidade.
Estabelece-se uma pressão osmótica (OP) pela retirada de íons salinos do fluido em contato
imediato com o epitélio sifuncular que se contrapõe a pressão hidrostática (HP) do sangue e a
água circundante. O bombeamento ativo de íons diminui o liquido das câmaras e aumenta a
flutuabilidade. O excesso de pressão hidrostática sobre a osmótica reduz o espaço de gás nas
câmaras da concha e diminui a flutuabilidade do organismo.
6- Explique as adaptações para regular a flutuabilidade das lulas da família Cranchidae e
Hisoteuthidae.
Acumulação de metabolismos de baixa densidade, substituição de íons pesados de sódio por
leves de amônia no celoma (Cranchidae) ou nos braços (Hisoteuthidae).
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