Declaração da IEAB sobre as leis homofóbicas em discussão em

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Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
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Dom Maurício José Araújo de Andrade
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Declaração da IEAB sobre as leis homofóbicas em discussão em Uganda
"Clareza de mente significa igualmente clareza de paixão. Por causa disso uma grande e clara mente ama
ardentemente distinguindo claramente aquilo que ama" (Blaise Pascal)
A sociedade internacional tem ao longo de sua história conquistado novos estágios de consciência e liberdade e
superado gradativamente diversas formas de exclusão de seres humanos por razões de raça, situação econômica,
cultura, crença e sexualidade. Entendemos esse processo como decorrente do amor de Deus por toda a
humanidade. A Igreja, como parte desse processo, tem a responsabilidade de defender corajosamente o avanço
do respeito a todas as pessoas, baseado na lei do amor.
Ela mesma no passado foi conivente com formas de discriminação e em muitos casos promoveu a exclusão de
pessoas, revelando sua incapacidade de responder às demandas de seu tempo. O Espírito de Deus, no entanto,
tem desafiado a Igreja a compreender que a ninguém é dado o direito de agir, ou consentir que se aja, em
desfavor de qualquer pessoa. Nesse processo de gradativa iluminação espiritual, a Igreja tem conseguido integrar
aqueles e aquelas que até em passado recente eram discriminados por sua cor, opinião, gênero e sexualidade.
Expressamos, à luz do Evangelho , nosso profundo desacordo com as medidas legais que estão sendo estudadas
em Uganda para oficializar uma inaceitável perseguição às pessoas homossexuais. Primeiramente, pelo fato de
que essas medidas representam o retorno a uma época de barbárie e ignorância. É um recuo gravíssimo no campo
dos direitos humanos, inaceitável em nosso tempo. E, em segundo lugar, porque a nenhum cristão é permitido
perseguir ou mesmo ameaçar seus semelhantes por razões de divergência quanto à vivência de sua sexualidade.
Divergir, é legítimo, perseguir, é abominável.
A possível aprovação dessas medidas exige um claro e eloqüente testemunho contra a imposição de um estado
policial e na defesa de que cada pessoa seja livre para viver plenamente sua condição pessoal, incluindo a
sexualidade, dentro dos critérios do amor, do respeito mútuo e do compromisso com a vida. Em um mundo onde a
pobreza e a fome matam mais que as guerras, a preocupação dos governos deve voltar-se para fomentar uma
sociedade onde não haja pessoas excluídas por quaisquer razões. Leis que venham a promover discriminação e
exclusão, inclusive por condição sexual, além de serem abomináveis por contrárias aos direitos humanos, só
mascaram e não resolvem nem de longe os reais problemas que a sociedade ugandense necessita enfrentar.
Concluímos este documento lembrando que o maior desejo de Deus é que vivamos em amor. Nossa fé nos diz que
“não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos sois um só em Jesus
Cristo” (Gl 3, 28). A Lei já foi cumprida por Jesus e agora resta-nos manifestar a graça divina presente no mundo
através de um amor ardente e compassivo por todos os seres humanos.
"O Senhor ama o direito e a justiça. A Terra está cheia do seu infalível amor" (Salmo 33:5)
Mauricio Andrade,
Primaz do Brasil
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