Crustacea

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Crustacea
As principais características dos crustáceos são: corpo dividido em cefalotórax
(fusão da cabeça e do tórax – a “cabeça” dos camarões e lagostas) e abdome,
mandíbulas utilizadas para se alimentar, dois pares de antenas (órgãos
sensoriais), cinco ou mais pares de patas no cefalotórax e respiração branquial
(predominantemente aquáticos). A grande maioria apresenta sexos separados,
mas existem algumas espécies hermafroditas, como as cracas. Os ovos são
incubados até o nascimento das larvas, geralmente planctônicas e passam por
metamorfose para chegar à forma adulta. Mudança da “casca”. Assim como os
demais artrópodes, os crustáceos precisam trocar seu exoesqueleto para poder
crescer, já que se encontram “aprisionados” em seu interior. Dessa maneira,
eles literalmente abandonam o esqueleto velho, seu corpo mole cresce
rapidamente e eles produzem um novo esqueleto, maior que o anterior, que vai
endurecer e continuar seu papel protetor. Esse mecanismo é conhecido como
“muda” ou “ecdise”. Em algumas ocasiões chegamos a encontrar um
exoesqueleto velho abandonado e imaginamos que se trata de um animal
morto, tamanha é a perfeição da troca efetuada. Os hábitos de vida dos
crustáceos são os mais variados, predominando espécies marinhas, mas
também sendo encontrados em águas salobras, água doce e até em ambiente
terrestre. Existem espécies parasitas (os isópodes – semelhantes ao “tatuzinhode-jardim” – que aparecem sobre a pele e brânquias de muitos peixes e até de
tubarões); espécies de vida livre (a grande maioria, como os camarões e
lagostas); as cracas, que são os únicos crustáceos que produzem uma concha
calcária e vivem fixos a algum substrato; espécies planctônicas
(microcrustáceos do plâncton), nectônicas (camarões que nadam na coluna
d’água) e bentônicas (a maioria, vivem associados ao fundo do mar).
Chilopoda
Os membros da classe Chilopoda, conhecidos vulgarmente como centopéias
ou lacraias são animais alongados, achatados ou vermiformes com 15 ou mais
pares de pernas. As centopéias estão distribuídas por todo o mundo, tanto em
regiões temperadas como tropicais. Podem ser encontradas facilmente em
locais protegidos, no solo, húmus ou debaixo de pedras, cascas de árvores e
troncos. São animais muito ativos, correm muito e são predadores; alimentamse de aranhas, insetos, e outros animais pequenos. Existem aproximadamente
3.000 espécies descritas, distribuídas em quatro ordens principais. A ordem
Geophilomorpha é composta de centopéias longas e filiformes adaptadas para
viver no solo. As ordens Scolopendromorpha e Lithobiomorpha contêm
centopéias achatadas, com corpo forte, que vivem em fendas em pedras, e
cascas de árvores e no solo. Os Scutigeromorpha abrangem quilópodos de
longas pernas, alguns dos quais vivem dentro ou ao redor de habitações
humanas. A Scutigera coleoptrata, por exemplo, é freqüentemente encontrada
em banheiros e pias no Hemisfério Norte. A maior centopéia descrita é a
espécie tropical americana Scolopendra gigantea, que atinge um comprimento
de 26 cm. Outras formas tropicais, principalmente escolopendromorfos,
podem medir de 18 a 24 cm, mas a maioria das espécies européias e
americanas medem de 3 a 6 cm de comprimento. As centopéias de zonas
temperadas têm em geral cor marrom-avermelhada, enquanto muitos
escolopendromorfos tropicais possuem coloração variada e vibrante, alguns
com padrões de listras coloridas. A maioria das centopéias têm hábitos
crípticos e/ou vida noturna. Esse hábito não representa não somente uma
proteção contra predadores, mas também contra dessecação. À noite, elas
saem à procura de alimento e novas moradias. Os escolopendromorfos
constróem um sistema de galerias no solo ou sob pedras e troncos que contêm
uma câmara no interior da qual o animal se esconde. A cabeça é convexa nos
escutigeromorfos; e achatada nas outras ordens, com as antenas localizadas na
margem frontal. Cada antena é formada por 14 ou mais segmentos. A base da
mandíbula é alongada e encontra-se na região ventro-lateral da cabeça. Os
lobos gnatais são portadores de vários dentes grandes e de uma espessa franja
de cerdas. Debaixo das mandíbulas, há um par de primeiras maxilas, que
forma um lábio inferior funcional. Um par de segundas maxilas sobrepõe-se
ao primeiro. Cada primeira maxila tem um palpo curto. Nos
escutigeromorfos, as segundas maxilas são delgadas e semelhantes a pernas,
mas em outras centopéias elas são curtas, fortes e em forma de palpo.
Cobrindo todos os outros apêndices bucais, há um grande par de garras de
veneno, também chamadas de maxilípedes, pois são, na verdade, os
apêndices do primeiro segmento do tronco, envolvidos na alimentação. Cada
garra é curvada em direção à linha mediana ventral, e termina num gancho
pontiagudo, que é a saída do ducto da glândula de veneno, localizada dentro
do apêndice. É a esses apêndices que se refere o nome Chilopoda. As grandes
coxas das garras de veneno e o esternito daquele segmento formam uma
grande placa que cobre a parte inferior da cabeça. Atrás do primeiro segmento
do tronco, que possui as garras de veneno, encontram-se 15 ou mais
segmentos portadores de pernas. As placas tergais variam bastante em
tamanho e número, dependendo dos hábitos locomotores. As coxas das pernas
estão inseridas lateralmente em cada placa esternal. Entre o último segmento
com pernas e o telson terminal, estão dois pequenos segmentos sem pernas -
os segmentos pré-genital e genital. Além das garras de veneno, há outras
adaptações para proteção. O último par de pernas nas centopéias é o mais
longo e podem ser usadas na defesa através de "beliscões". Os geofilomorfos
possuem glândulas repugnatórias no lado ventral de cada segmento e alguns
litobiomorfos são portadores de numerosas glândulas repugnatórias
unicelulares nos últimos quatro pares de pernas, que eles chutam em direção
de um inimigo, expelindo gotas adesivas. Com exceção dos geofilomorfos, as
centopéias estão adaptadas para correr e muitas das suas peculiaridades
estruturais estão associadas com a evolução de uma marcha rápida. As pernas
longas capacitam o animal a dar passadas mais largas. Além disso, há um
aumento progressivo no comprimento da perna, da parte anterior para a
posterior, o que permite que as pernas posteriores se movam por fora das
pernas anteriores, reduzindo, assim a interferência. Nesse aspecto, os
escutigeromorfos são os mais desenvolvidos e são ativos ao ar livre, onde
podem tirar melhor vantagem da sua velocidade. Para reduzir a tendência de
ondular, o tronco é reforçado por placas tergais dispostas alternadamente nos
litobiomorfos e por placas tergais grandes e imbricadas nos escutigeromorfos.
Os segmentos distais das pernas dos escutigeromorfos permitem ao animal
apoiar grande parte da perna no substrato, como um pé, para diminuir o
deslizamento. Em contraste com os outros quilópodos, os geofilomorfos
vermiformes estão adaptados para cavar em solo fofo ou humo. Eles não
empurram o solo com as pernas, como os diplópodos, mas a força de
propulsão é fornecida pela extensão e contração do tronco, como nas
minhocas. Espécies européias podem aumentar o comprimento do corpo em
até 70%. Essa elasticidade é facilitada pela presença de músculos
longitudinais fortes na parede do corpo e por uma parede pleural elástica. As
pernas são curtas e ancoram o corpo como as cerdas de uma
minhoca. Acredita-se que a classe, como um todo, é predadora. Pequenos
artrópodos formam a maior parte da dieta, mas algumas centopéias
alimentam-se de minhocas, caracóis e nematóides. A presa é detectada e
localizada por contato através das antenas, ou com as pernas em Scutigera e,
então, é capturada e morta, ou atordoada com as garras de veneno. Certas
espécies não se alimentam quando desprovidas de suas antenas. Após a
captura, a presa é sustentada pelas segundas maxilas e garras de veneno,
enquanto as mandíbulas e as primeiras maxilas desempenham a ação
manipuladora requerida para a ingestão. Os geofilomorfos, que possuem
mandíbulas fracamente armadas e menos móveis, podem digerir parcialmente
a presa antes da ingestão. O trato digestivo é um tubo reto, com o intestino
anterior ocupando de 10 a 70% do comprimento, dependendo da espécie. O
intestino posterior é curto. As secreções salivares são fornecidas pelas
glândulas associadas em cada um dos apêndices alimentares. Grande
centopéias são freqüentemente temidas, mas o veneno da maioria delas,
embora doloroso, não é suficientemente tóxico para ser letal ao homem. O
efeito é geralmente similar à picada de uma vespa. Registros de mortes
humanas causadas por Scolopendra gigantea não foram comprovados. A
espécie Scolopendra heros, além da picada, faz pequenas incisões com suas
pernas ao andar; quando o animal é irritado, derrama nessas feridas um
veneno produzido perto das coxas, causando inflamação. As trocas gasosas
são efetuadas através de um sistema de traquéias. Com exceção dos
escutigeromorfos, os estigmas encontram-se na região pleural membranosa
acima e logo atrás das coxas. Basicamente, há um par de estigmas por
segmento. O estigma, que não pode ser fechado, abre-se em um átrio revestido
de pêlos cuticulares (tricomas) que podem reduzir a dessecação ou impedir a
entrada de partículas de pó. Os tubos traqueais se abrem na base do átrio e
terminam em pequenos tubos cheios de líquido que fornecem oxigênio
diretamente para vários tecidos. As centopéias geofilomorfas que habitam a
zona entre marés vivem em algas, pedras e conchas. O ar retido dentro do
sistema traqueal é provavelmente suficiente durante a submersão na maré alta,
embora em algumas espécies, ar adicional é armazenado na superfície das
coxas e é alojado como uma bolha na extremidade enrolada do tronco. Talvez
associado com seus hábitos mais ativos, e com uma taxa metabólica mais alta,
o sistema traqueal dos escutigeromorfos é semelhante a um pulmão e
provavelmente evoluiu independentemente daquele dos outros quilópodos. Os
estigmas situam-se próximos à margem posterior das placas tergais, exceto as
oito placas posteriores que cobrem os segmentos portadores de pernas. Cada
estigma se abre em um átrio do qual se estendem dois grandes leques de curtos
tubos traqueais. Geralmente há um único par de túbulos de Malpighi, que
consistem de um ou dois pares de tubos delgados ramificados que se originam
na parte posterior do mesêntero na sua junção com o intestino. Os detritos
passam do sangue, através das finas paredes dos túbulos, para o lúmen, e
depois para o intestino. Grande parte dos detritos nitrogenados é excretada
como amônia e não como ácido úrico. Os quilópodos requerem ambiente
úmido para manter um balanço hídrico apropriado, pois o tegumento não
possui a cutícula cerosa dos insetos e aracnídeos. Desta maneira, a maioria dos
quilópodos vive sob pedras e troncos, e só são ativos na superfície da terra à
noite. Os geofilomorfos, diversos escolopendromorfos e alguns litobiomorfos
habitantes de cavernas não possuem olhos. Outros quilópodos possuem de
poucos a muitos ocelos. Nos escutigeromorfos, os ocelos estão agrupados e
organizados de modo que formam olhos compostos. As unidades ópticas das
quais existem até 200, formam um grupo compacto em cada lado da cabeça e
tendem a ser alongados com bastonetes óticos convergentes. Em Scutigera sp,
a superfície corneana é muito convexa, como nos olhos compostos dos insetos
e crustáceos, e cada unidade é similar a um omatídeo. Entretanto, não há
evidência de que esses olhos compostos funcionem mais do que na simples
detecção do claro e escuro. Muitos quilópodos são negativamente
fototrópicos. Um par de órgãos de Tomosvary está presente na base das
antenas de todos os litobiomorfos e escutigeromorfos. Cada órgão sensorial
consiste de um disco com um poro central, para o qual convergem as
extremidades de células sensoriais. Os poucos estudos sobre os órgãos de
Tomosvary sugerem que eles detectam vibrações, talvez auditivas. O último
longo par de pernas de muitos quilópodos tem uma função sensorial,
especialmente nos litobiomorfos e escutigeromorfos; elas estão modificadas
para formar um par de apêndices anteniformes, dirigidos para trás. O ovário é
um órgão tubular único localizado acima do intestino e o oviduto se abre
numa saída mediana ventral do segmento genital posterior, sem pernas. A
abertura feminina é ladeada por um pequeno par de apêndices, chamados de
gonópodos. Nos machos há de 1 a 24 testículos, localizados acima do
intestino médio. Os testículos estão ligados a um único par de ductos
espermáticos que se abrem através de um gonóporo mediano no lado ventral
do segmento genital. O segmento genital possui pequenos gonópodos. A
transmissão de espermatozóides é indireta nos quilópodos, como nos outros
miriápodos. Em geral, o macho constrói uma pequena teia de fios de seda
secretada por uma fiandeira localizada no átrio genital. Um espermatóforo,
de até vários milímetros, é colocado na teia. A fêmea apanha o espermatóforo
e o coloca na sua abertura genital. Os gonópodos de cada sexo auxiliam na
manipulação do espermatóforo. O macho geralmente só produz um
espermatóforo ao encontrar a fêmea, e freqüentemente há um comportamento
inicial de corte. Cada indivíduo pode apalpar a extremidade posterior do
parceiro com as antenas enquanto o casal se move em círculos. Este
comportamento pode durar até uma hora antes do macho depositar o
espermatóforo. O macho então "sinaliza" para a fêmea (ex.: mantendo as
pernas posteriores ao lado do espermatóforo enquanto gira a parte anterior do
corpo e toca nas antenas da fêmea). Ela responde rastejando-se em direção do
macho e apanhando o espermatóforo. Tanto os escolopendromorfos quanto os
geofilomorfos põem e depois incubam os ovos em grupos de 15 a 35. Esses
quilópodos alojam-se em cavidades feitas em madeira podre ou no solo e se
enrolam sobre a massa de ovos. A fêmea guarda os ovos desta maneira
durante o período de eclosão e dispersão dos jovens. Nessas ordens o
desenvolvimento é epimórfico, isto é, o jovem apresenta todos os segmentos
quando eclode. Nos escutigeromorfos e litobiomorfos, os ovos são
depositados isoladamente no solo após serem carregados por um curto período
de tempo entre os gonópodos femininos. O desenvolvimento é anamórfico, ou
seja, na eclosão, o jovem tem apenas parte dos segmentos do adulto. Ao
eclodir, o jovem de Scutigera tem 4 pares de pernas e nas seis mudas
seguintes passa por estágios com 5 a 13 pares de pernas. Existem, ainda, 4
estágios epimórficos com 15 pares de pernas antes da maturidade ser atingida.
O desenvolvimento de Lithobius é similar, embora os jovens recém-eclodidos
tenham 7 pares de pernas. Em algumas espécies são necessários vários anos
para que as formas jovens atinjam a maturidade sexual.
Diplopoda
Os membros da classe Diplopoda, conhecidos vulgarmente como piolhos de
cobra ou imbuás, formam a maior classe de miriápodos, compreendendo
mais de 8.000 espécies descritas. Esses artrópodos são encontrados em todo o
mundo, especialmente nos trópicos, embora as faunas mais conhecidas
habitem o Hemisfério Norte. Em geral têm hábitos crípticos e evitam a luz.
Vivem debaixo de folhas, pedras, cascas de árvores e no solo. Alguns habitam
antigas galerias de outros animais, como minhocas; outros são comensais de
ninhos de formigas. Um grande número de diplópodos habita cavernas. A
maioria dos diplópodos tem cor preta ou marrom; algumas espécies são
vermelhas ou alaranjadas, e não são raros os padrões manchados. Alguns
diplópodos do sul da Califórnia são luminescentes. Uma característica
distintiva da classe é a presença de segmentos duplos no tórax
(diplossegmentos) derivados da fusão de dois somitos originalmente
separados. Cada diplossegmento tem dois pares de pernas, de onde deriva o
nome da classe. A condição de segmentação dupla é também evidente
internamente, pois existem dois pares de gânglios ventrais e dois pares de
óstios cardíacos dentro de cada segmento. A cabeça dos diplópodos tende a
ser convexa dorsalmente e achatada ventralmente, com o epistômio e o labro
estendendo-se para a frente das antenas. Os lados da cabeça estão cobertos
pelas bases convexas das mandíbulas muito grandes. Distalmente, a
mandíbula porta um lobo gnatal que possui dentes e uma superfície raspadora.
O assoalho da câmara pré-bucal é formado pela maxila, freqüentemente
chamada gnatoquilário. É uma placa larga, achatada, fixada à superfície
ventral posterior da cabeça. O assoalho posterior da câmara pré-bucal possui
um lobo mediano e dois laterais, que em diferentes grupos de diplópodos
representam a hipofaringe. O tronco pode ser achatado, como na ordem
Polydesmoidea; ou essencialmente cilíndrico, como nos familiares piolhos de
cobra da ordem Juliformia. O segmento típico (diplossegmento) é coberto por
um tergo dorsal convexo que, em muitas espécies, estende-se lateralmente
como uma saliência, chamada carena ou paranoto. Ventrolateralmente,
existem duas placas pleurais, e ventralmente, duas placas esternais. Também é
comum a presença de uma placa esternal mediana. As placas esternais são
portadoras de pernas. Primitivamente, as placas que compõem um segmento
podem estar separadas e distintas, mas geralmente houve coalescência em
graus variados. Nos membros da ordem polidesmóideos e juliformes, todas as
placas estão fundidas formando um anel cilíndrico. Os segmentos anteriores
diferem consideravelmente dos outros e não são, provavelmente,
diplossegmentos. O primeiro (colo) é desprovido de pernas e forma um grande
colarinho atrás da cabeça. Os segundo, terceiro e quarto segmentos possuem
apenas um par de pernas. Em alguns polidesmóideos os últimos 1-5 segmentos
também são desprovidos de pernas. O corpo termina no télson, no qual o ânus
se abre ventralmente. O tegumento é duro, particularmente os tergitos e,
como o tegumento dos crustáceos, está impregnado com sais de cálcio. A
superfície é lisa, mas em alguns grupos o tergo possui cristas, tubérculos,
espinhos ou cerdas isoladas. A anatomia externa descrita acima aplica-se à
subclasse Chilognata, que contém a grande maioria dos diplópodos. Os
membros da pequena subclasse Pselaphognata são bastante diferentes. O
tegumento é mole e coberto com fileiras de espinhos ocos em forma de
escamas. O tronco é composto por 11-13 segmentos, dos quais os quatro
primeiros são portadores de um único par de pernas cada; os dois últimos são
desprovidos de pernas. O tamanho dos diplópodos varia muito. Os
pselafognatos são minúsculos, algumas espécies medem 2mm de
comprimento. Existem também quilognatos que medem menos que 4mm mas
a maioria dos membros desta subclasse tem vários centímetros de
comprimento. Os maiores diplópodos são as espécies tropicais da família
Spirostreptidae, que podem ter 28cm de comprimento. O número de
segmentos também é extremamente variável, de 11, nos pselafognatos, a mais
de 100 nos juliformes. Além disso, nos juliformes o número varia dentro de
certos limites até numa mesma espécie. Em geral, os diplópodos andam
lentamente sobre o solo. Embora lenta, essa marcha exerce uma poderosa
força de propulsão, capacitando o animal a abrir caminho através do humo e
solo fofo. A força é exercida inteiramente pelas pernas, e é com a evolução
desta marcha que a estrutura diplossegmentada está provavelmente associada.
O movimento em direção posterior é ativado por ondas ao longo do
comprimento do corpo e é de duração maior do que o movimento para a
frente. Assim, a qualquer momento, mais pernas estão em contato com o
substrato do que levantadas. O número de pernas envolvidas em uma única
onda é proporcional à quantidade de força requerida para o impulso. Desta
maneira, quando o animal está correndo, 12 pernas ou menos podem compor
uma onda, mas quando está empurrando, uma única onda pode envolver até 52
pernas.
O hábito de empurrar com a cabeça é mais desenvolvido nos juliformes, que
cavam no solo ou em húmus compacto. Isto se reflete nos segmentos
cilíndricos rígidos, lisos e fundidos, na cabeça arredondada e na disposição de
pernas próximo à linha mediana do corpo. Os diplópodos da ordem
Polydesmoidea, que são os mais poderosos, abrem fendas forçando com toda a
superfície dorsal de seu corpo. A carena lateral desses diplópodos protege as
pernas localizadas lateralmente. A capacidade de trepar é notável em espécies
que habitam locais rochosos. Estes diplópodos são mais rápidos, e podem
subir em superfícies lisas segurando-se com as pernas opostas. A velocidade
destes habitantes de rochas pode ser 20 vezes maior que a dos juliformes
típicos. A velocidade está relacionada aos hábitos predadores e saprófagos e a
necessidade de cobrir distâncias maiores para encontrar alimento. Para
compensar a falta de velocidade na fuga de predadores, muitos mecanismos
protetores evoluíram nos diplópodos. O esqueleto calcário protege as regiões
superiores e laterais do corpo. Os juliformes protegem a superfície ventral
mais vulnerável, enrolando o tronco em espiral quando em repouso ou
perturbados. Os membros da ordem Glomerida podem se enrolar como uma
bola. O corpo dos glomerídeos é bastante convexo dorsalmente e achatado
ventralmente e contém apenas 15 a 17 segmentos do tronco. O último tergito
está expandido lateralmente e cobre a cabeça quando o animal está enrolado.
As glândulas repugnatórias estão presentes em muitos diplópodos, incluindo
os polidesmóideos e o s juliformes. Geralmente há apenas um par de glândulas
por segmento, embora elas estejam totalmente ausentes em alguns segmentos.
As aberturas se encontram nos lados das placas tergais, ou nas margens dos
lobos tergais. Cada glândula consiste de um grande saco secretor, que se
esvazia em um ducto para o exterior através de um poro externo. O principal
componente da secreção pode ser um aldeído, quinona, fenol ou cianeto de
hidrogênio. A secreção é tóxica ou repelente a pequenos animais, e em
algumas espécies tropicais grandes é cáustica à pele humana. O fluido é
geralmente exsudado lentamente, mas algumas espécies podem liberá-lo como
um jato de 10 a 30 cm de distância. A ejeção é provavelmente causada pela
contração dos músculos do tronco, adjacentes ao saco secretor. Quase todos os
diplópodos são herbívoros, alimentando-se principalmente de vegetação em
decomposição. O alimento é umedecido por secreções e mastigado ou raspado
pelas mandíbulas. Entretanto, algumas famílias exibem um progressivo
desenvolvimento de peças sugadoras, com degeneração das mandíbulas,
culminando com a formação de um rostro perfurante para sugar seiva vegetal.
Curiosamente, uma dieta carnívora foi adotada por algumas espécies, e as
presas mais comuns incluem opiliões, minhocas e insetos. Como as minhocas,
alguns diplópodos ingerem solo do qual a matéria orgânica é digerida. O trato
digestivo é tipicamente um tubo reto com um longo intestino médio. As
glândulas salivares se abrem na cavidade pré-bucal. O par anterior está
localizado na cabeça, e o par posterior fica ao redor do intestino anterior. O
intestino médio possui uma membrana peritrófica semelhante à dos insetos.
Uma constricção separa o intestino médio do longo intestino posterior (reto).
Os diplópodos respiram por um sistema de traquéias. Existem quatro
estigmas por diplossegmento, localizados logo na frente e lateralmente a cada
uma das coxas. Cada estigma se abre em uma bolsa traqueal interna da qual
surgem numerosas traquéias. O coração situa-se na parte posterior do tronco,
mas na parte anterior uma curta aorta continua até a cabeça. Existem dois
pares de óstios laterais para cada segmento, com exceção dos segmentos
anteriores, nos quais há um único par. Os túbulos de Malpighi surgem de
cada lado da junção dos intestinos médio e posterior e frequentemente são
longos e enrolados. Como os quilópodos, os diplópodos não possuem uma
epicutícula cerosa, e a maioria das espécies é muito sensível à dessecação. Os
poucos quilópodos que vivem em áreas muito secas possuem sacos coxais que
aparentemente absorvem água, como gotas de orvalho. Os olhos podem estar
totalmente ausentes ou pode haver de 2 a 80 ocelos. Estes estão dispostos
perto das antenas em uma ou várias fileiras, ou em grupos laterais. A maioria
dos diplópodos é fototrópica negativa, e mesmo as espécies sem olhos têm
fotorreceptores no tegumento. As antenas contêm pêlos tácteis e outras
projeções supridas de quimiorreceptores. O animal tende a bater com as
antenas no substrato enquanto move. Como nos quilópodos, os órgãos de
Tomosvary estão presentes em muitos diplópodos e podem ter função
olfativa. Um par de longos ovários tubulares fundidos encontra-se entre o
intestino médio e o cordão nervoso ventral. Dois ovidutos se estendem para
frente até o terceiro segmento, onde cada um se abre em um átrio ou vulva. As
vulvas são bolsas protáteis que se abrem na superfície ventral, perto das coxas.
Quando retraída, a vulva é coberta externamente por uma peça esclerotizada
em forma de capuz, e internamente um pequeno opérculo cobre a abertura do
oviduto. Na base da vulva, um sulco leva até um receptáculo seminal. Os
testículos ocupam posições correspondentes às dos ovários, mas são tubos
pares com conexões transversais.Na parte anterior do corpo, cada testículo se
abre em um ducto espermático, que se dirige até um par de pênis, perto da
coxa do segundo par de pernas, ou se abre em um único pênis mediano. A
transferência de esperma nos diplópodos é indireta, por não haver introdução
direta de peças do aparelho reprodutor masculino na fêmea. Entretanto, há
necessidade de acasalamento, para que o macho "entregue" seu esperma à
fêmea. As aberturas genitais são localizadas na parte anterior do tronco, entre
o segundo e terceiro segmentos. Os órgãos copuladores geralmente são
apêndices do tronco modificado (gonópodos). Na maioria dos diplópodos, um
ou ambos os pares de pernas do sétimo segmento agem como gonópodos.
Quando o macho carrega os gonópodos com espermatozóide, ele insere os
dois pênis coxais do terceiro segmento através de um anel formado por
estruturas em forma de foice chamadas telopoditos. Os machos comunicam
sua identidade e intenção à fêmea de diversas maneiras. O sinal é táctil na
maioria dos juliformes, quando o macho sobe no dorso da fêmea por meio de
almofadas especiais das pernas. Contato das antenas, batidas com a cabeça e
estridulação são outros métodos usados. Algumas espécies produzem
feromônios que estimulam o comportamento de acasalamento. Durante o
"acasalamento", o corpo do macho está enrolado sobre ou estendido ao lado
do corpo da fêmea, de modo que os gonópodos estão opostos à vulva, e o
corpo da fêmea é sustentado pelas pernas do macho. Os gonópodos estão
protraídos e os espermatozóides são transferidos através da ponta do
telopodito ao interior da vulva. Os ovos dos diplópodos são fecundados no
momento da postura e, dependendo da espécie, são produzidos de 10 a 300
ovos de uma só vez. Alguns depositam os ovos em grupos no solo ou húmus.
Outros põem ovos isolados protegidos num estojo em forma de taça. Muitos
diplópodos constroem um ninho para a deposição dos ovos. Certas espécies
constróem esse ninho utilizando excremento, que seca rapidamente. A fêmea
pode permanecer enrolada ao redor do ninho por várias semanas. O
desenvolvimento dos quilópodos é anamórfico. Os ovos da maioria das
espécies eclodem em algumas semanas e os jovens recém-eclodidos
geralmente possuem apenas os três primeiros pares de pernas e sete ou oito
segmentos do tronco. A cada muda, segmentos e pernas são adicionados ao
tronco. Muitos diplópodos tecedores de seda sofrem a muda dentro de câmaras
especialmente construídas, similares aos ninhos, e é nessa câmara que o
animal sobrevive em estações secas. O exoesqueleto desprendido é geralmente
comido, talvez para auxiliar na reposição de cálcio. A partenogênese parece
ocorrer em algumas famílias. Os diplópodos vivem de 1 a mais de 10 anos,
dependendo da espécie.
Molusca
Os moluscos (filo mollusca) são animais de corpo mole (mollis= mole), não
segmentado, viscoso, com simetria bilateral, podendo existir representantes
assimétricos, alguns possuem uma concha, podendo ela ser interna ou externa.
O corpo é dividido em cabeça, pé e massa visceral. A maioria dos
representantes é marinha. Possuem grande importância econômica, pois
podem ser utilizadas na alimentação, fabricação de adorno, como pérolas e
objetos de colecionadores.
Existem mais de 110 mil espécies descritas. Os moluscos são animais
triblásticos, celomados, protostômios, esquizocélicos e hiponeuros. O corpo
dos moluscos é divido em cabeça, pé e massa visceral. Na cabeça encontramos
órgãos sensoriais como tentáculos e olhos. Os pés servem para locomoção e
têm caráter sistemático. Nos cefalópodes os pés foram transformados em
tentáculos. Na massa visceral encontramos as vísceras. Na epiderme existe
uma dobra chamada manto, que secreta a concha. O manto envolve o corpo do
animal. Possuem células produtoras de muco na epiderme. Entre a parede do
corpo e o manto encontramos a cavidade do manto. A concha secretada é um
exoesqueleto calcário. Possuem um sistema digestório completo, ou seja,
possuem boca e ânus. Na boca existe uma estrutura chamada rádula, que é
formada por vários dentes de quitina, que raspam o substrato para obtenção de
alimentos. Os bivalves não possuem rádula. A digestão é inicialmente
extracelular, no estômago, nas glândulas digestórias é extracelular. Os
bivalves possuem um estilete cristalino, estrutura localizada entre o estômago
e o intestino, numa bolsa chamada ceco gástrico e serve para facilitar a
digestão liberando enzimas. A circulação nos moluscos é do tipo aberta ou
lacunar, pois o sangue que são do coração cai em cavidades ou lacunas que
vão banhar as células. O coração ocupa a posição dorsal e fica em uma
cavidade chamada pericárdica. Possui um ou dois átrios, e 1 ventrículo. O
sangue das células volta ao coração pelas lacunas. Nos cefalópodes a
circulação é do tipo fechada. Os moluscos possuem pigmentos respiratórios
chamados hemocianina e, principalmente os cefalópodes possuem
hemoglobina. A respiração nos moluscos é do tipo branquial ou pulmonar, ou
cutânea, dependendo do habitat. As brânquias ficam na cavidade do manto e
possuem cílios que participam na movimentação da água promovendo as
trocas gasosas. A excreção é feita por metanefrídios. Cada metanefrídio possui
um ducto com duas aberturas: uma para a cavidade pericárdica, chamada
nefróstoma, de onde retira as excretas, e um poro excretor, chamado
nefridióporo, por onde saem as excretas. É do tipo ganglionar. Os gânglios são
unidos entre si por cordões nervosos. Os cefalópodes possuem uma intensa
cefalização.
Os gânglios cerebróides ficam na cabeça e inervam principais estruturas
cerebrais, os gânglios pediosos inervam os pés e são responsáveis pela
locomoção e os gânglios viscerais inervam as vísceras. Podem ser
hermafroditas ou dióicos, a fecundação pode ser interna ou externa e o
desenvolvimento pode ser direto ou indireto. Gastropoda: São representantes
desta classe o caramujo, o caracol e a lesma. Podem possuir uma concha
calcárea, secretada pelo manto, todas sendo univalvas. São os únicos moluscos
com representantes terrestres. Seu corpo é dividido em cabeça, pé e massa
visceral. Na cabeça há tentáculos e olhos, nos pés há uma glândula produtora
de muco. Os caracóis são hermafroditas. Bivalvia: São representantes desta
classe as ostras, mexilhões e mariscos. Sua concha é dotada de duas valvas.
Possuem uma cabeça atrofiada e um pé em forma de martelo. Não possuem
rádula. Os pés secretam filamentos para fixação, chamado bisso. A respiração
é branquial. Algumas partículas de alimento podem ficar retidos nas
brânquias, e pela atividade dos cílios, são levadas até a boca. São
exclusivamente aquáticos, com representantes de água doce e marinhos.
Possuem grande importância econômica. Podem ser utilizados na alimentação
e algumas espécies produzem pérolas. Quando algum corpo estranho entra na
concha de uma ostra ela produz várias camadas de substância chamada nácar.
Sucessivas deposições desta substância formam a pérola. Desta forma a pérola
é uma estrutura de defesa. Cephalopoda: São representantes desta classe as
lulas, os polvos, nautilos e argonauta. São animais marinhos. As lulas
possuem uma concha interna. Esse animais possuem uma intensa cefalização e
os pés foram transformados em tentáculos. As lulas possuem 10 tentáculos e o
polvo, 8. Apresentam rádula. Os olhos são grandes e a circulação é do tipo
fechada. Possuem estruturas de defesa como cromatóforos. Quando se sentem
ameaçados soltam esses pigmentos que turvam a água e confundem os
predadores. Polyplacopora ou Amphineura: São exclusivamente marinhos e a
concha é formada por oito placas articuladas que ficam na posição dorsal.
Rastejam-se no fundo do mar, se alimentando de algas que conseguem raspar
com a rádula na superfície das rochas. Possuem dois cordões nervosos, por
isso são chamados de Amphineura. Possuem respiração branquial.
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