Problema Nº 1 - Instituto de Economia

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Lista de problemas Nº 1
Usando os conhecimentos técnicos obtidos no curso de Economia Internacional, bem
como em outros cursos, responda às questões abaixo.
1) Qual o enfoque teórico de ajuste externo que está implícito no argumento A
marcado no texto? Descreva os fundamentos e as implicações de política econômica
deste enfoque.
2) “Há erro de causalidade no argumento A visto que o fator determinante do déficit
público no Brasil é o serviço da dívida pública e não os gastos correntes ou os
investimentos”. Comente esta crítica. Apresente alguma evidência empírica em defesa
dos seus argumentos.
3) Na sua avaliação, quais são os principais determinantes da taxa de câmbio apreciada
no Brasil atualmente? Qual é a importância relativa de fatores como déficit público
(conforme o argumento do artigo), taxa de juro, liquidez internacional, expectativas,
balança comercial e regime cambial? Faça a sua análise partindo da série de taxa de
câmbio R$/US$ a partir de junho de 2008 (as fontes são os portais do Ipeadata e do
Bacen).
4) No argumento B, se o país é tão “bem visto” como está no artigo, por que o spread
do Brasil no mercado financeiro internacional ainda é elevado? Compare o spread do
Brasil com o de outros países, inclusive, da América Latina (veja os dados no portal do
Banco Central do Peru ou descubra alguma outra fonte de dados).
5) Na sua avaliação por que o entrevistado acha que o Brasil é “bem visto”. Que
indicadores apontariam nesta direção? Por outro lado, alguns analistas argumentam que
há sérios desequilíbrios de fluxo e de estoque e incertezas críticas e, portanto, é uma
ilusão imaginar que a economia brasileira esteja bem. Comente.
6) Em relação ao argumento B, há que se reconhecer a importância das condições
favoráveis de liquidez internacional. Entretanto, há analistas que afirmam que a alta taxa
de juro no país é mais importante para atrair investimento estrangeiro indireto e direto
(empréstimo intercompanhias) em “busca de ativos de risco” do que as condições do
lado real da economia brasileira. Comente.
7) No argumento C, retoma-se o foco do artigo - a redução da absorção interna (gasto
público) permitiria a queda da taxa de juro-, e a conclusão é que há “uma contradição: o
país está muito bem, mas tem uma taxa de juros de quase 11%.” Por outro lado,
analistas afirmam que não há qualquer contradição visto que o país não está muito bem;
muito pelo contrário. Comente.
8) Na sua avaliação, há alguma relação direta entre a taxa de juro e o fato do país estar
“bem” ou “mal”? Em certo período, um determinado país com taxa de juro real 0,25%
está melhor do que se tivesse taxa de juro real de 2,5%? Por que no Brasil a taxa de
juro tem estado recorrentemente elevada nos últimos 15 anos? Justifique suas respostas.
Apresente alguma evidência empírica e compare a taxa de juro no Brasil com a de
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outros países. Acesse os portais da OECD, FMI, BIS, The Economist (country
briefings), CEPAL, bancos centrais e outros.
9) Compare a evolução das taxas de câmbio nominal e real do Brasil e da Argentina a
partir de junho de 2008. Use as séries de dados mensais fornecidas pelos respectivos
bancos centrais. Por que estas taxas têm comportamentos distintos? Para análises
sucintas de gestão e desempenho macroeconômico veja, por exemplo, o Panorama
econômico da América Latina e do Caribe publicado pela CEPAL em dezembro de
2008 e dezembro de 2009 (disponível no portal da Cepal, Chile). Neste portal há
também informações recentes sobre políticas de ajuste em cada país da região frente à
crise global.
10) Discuta o seguinte argumento: “De modo geral, economistas e outros empregados
do sistema financeiro não têm bom desempenho como analistas macroeconômicos. E
eles, geralmente, desconhecem o realismo crítico”. Há problemas de formação técnica,
visão, valores e interesses?
Recomenda-se a leitura dos artigos sobre a macroeconomia brasileira que estão no livro
lançado em setembro de 2010: Os anos Lula: contribuições para um balanço crítico
2003-2010, Rio de Janeiro, Ed. Garamond. Uma seleção destes artigos (Carcanholo;
Filgueiras et al; Gonçalves) está disponível no portal:
www.ie.ufrj.br
Clicar docentes
Clicar Reinaldo Gonçalves
Clicar curso: Economia Brasileira
Ou
http://www.ie.ufrj.br/hpp/mostraArtigos.php?idprof=77&cat=23
Míriam Leitão e Valéria Maniero O Globo, 23.09.2010, p. 28.
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15h00m
COLUNA NO GLOBO
Câmbio errado
A taxa de câmbio está errada no Brasil, o real está supervalorizado. Quem diz isso é o economista José
Alfredo Lamy, da Cenário Investimentos. Reverter a situação é muito difícil. O dólar está caindo em
relação à maioria das moedas do mundo. Um dos motivos é o anúncio do Federal Reserve, que vai
despejar mais dólares na economia para tentar tirá-la da estagnação.
Lamy acha que o câmbio está errado e prescreve um caminho difícil:
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A
— É preciso cortar gasto público, trazer os juros para baixo e, assim, derrubar naturalmente o
excesso de valorização da moeda brasileira. Não tem outro caminho — diz o economista.
Hoje, o Brasil está neste desconforto: a moeda se valorizando, e isso reduz competitividade das
exportações, aumenta as importações e o déficit em transações correntes é cada vez maior. O desconforto
vem da dificuldade de se saber como evitar a valorização sem medidas que interfiram no sistema de
câmbio flutuante. O Ministério da Fazenda tem falado que tomará “medidas”, o Banco Central acha que o
aumento do déficit externo vai naturalmente provocar a desvalorização da moeda brasileira, porque ele é
um sistema que se corrige automaticamente. Mas hoje, há vários fatores agindo na mesma direção: a da
queda do dólar, aqui, e no resto do mundo.
Países exportadores de commodities estão com uma pressão adicional, porque as compras da China estão
elevando os preços desses produtos e ajudam a valorizar as moedas desses países. Segundo a Ativa
Corretora, em 23 de março de 2009, a relação do dólar australiano com o dólar americano estava 1,42
para 1; agora, está em 1,05. O gráfico abaixo, feito pela Tendências, mostra a valorização de algumas
moedas em 12 meses. No Brasil, há ainda a pressão da entrada de dólares pela capitalização da Petrobras,
mas Lamy acha que isso é temporário e não é o mais relevante. Para ele, o importante é o que se passa na
economia internacional.
— Neste momento, o mundo vive a expectativa da expansão monetária adicional nos Estados Unidos, que
vai acontecer em novembro. O FED deu um recado claro de que a inflação (1,30%) está abaixo do que é o
mandato (meta), ou seja, eles querem inflacionar a economia. Para isso, vão comprar títulos do Tesouro
para aumentar o afrouxamento monetário. Em momentos assim, há busca por ativos de risco e o Brasil
ainda é emergente, é ativo de risco — diz Lamy.
B
Ele acha que, enquanto o Brasil for bem visto como é agora, enquanto continuar a busca por ativos
de risco, o país conseguirá financiar tranquilamente seu déficit em conta corrente, mas alerta que o
desequilíbrio é crescente.
Para Lamy, o Brasil vive hoje a situação inversa da de 2002.
— Naquela época, o país tinha arrumado o lado fiscal, feito uma série de reformas, estava com a política
monetária correta e câmbio flutuante, tinha tudo para ser bem avaliado, mas pelas incertezas políticas, a
moeda ficou superdesvalorizada. Hoje, está muito bem avaliado, mas há uma série de sinais de que a
situação fiscal está se deteriorando e a política monetária não é mais tão autônoma quanto já foi. Em
economia, as coisas demoram a fazer efeito. Essas distorções podem acabar complicando a situação,
quando o quadro internacional mudar.
O economista alerta que há uma enorme incerteza no mundo com o rescaldo da crise. Europa ainda não
resolveu seu problema fiscal, a expansão monetária adicional dos Estados Unidos não levará à retomada
da economia.
— O mundo está muito ruim, os parâmetros pioraram e, por isso, o Brasil tem sido considerado bom,
relativamente aos outros, na área fiscal, mas não é bom para o Brasil a situação difícil do mundo — disse.
Por tudo isso, o economista não acredita que as compras de dólar do Fundo Soberano vão resolver o
problema.
C
— Não vejo muito sentido nessas compras do Fundo Soberano, já que o Banco Central tem
comprado naturalmente dólares. Se o Ministério da Fazenda quisesse ajudar, deveria cortar gastos
e diminuir a absorção doméstica, permitindo a queda dos juros. Porque é uma contradição: o país
está muito bem, mas tem uma taxa de juros de quase 11% — conclui.
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