Informática na Educação

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Informática na Educação
INTRODUÇÃO
A utilização de computadores na educação é tão remota quanto o advento comercial dos
mesmos. Esse tipo de aplicação sempre foi um desafio para os pesquisadores preocupados com a
disseminação dos computadores na nossa sociedade. Já em meados da década de 50, quando
começaram a ser comercializados os primeiros computadores com capacidade de programação e
armazenamento de informação, apareceram as primeiras experiências do seu uso na educação.
Por exemplo, na resolução de problemas nos cursos de pós-graduação em 1955 e, como máquina
de ensinar, foi usado em 1958, no Centro de Pesquisa Watson da IBM e na Universidade de Illinois
- Coordinated Science Laboratory (Ralston & Meek, 1976, p. 272).
No entanto, a atividade de uso do computador pode ser feita tanto para continuar
transmitindo a informação para o aluno e, portanto, para reforçar o processo instrucionista,
quanto para criar condições do aluno construir seu conhecimento.
Quando o computador transmite informação para o aluno, o computador assume o papel de
máquina de ensinar e a abordagem pedagógica é a instrução auxiliada por ele. Essa abordagem
tem suas raízes nos métodos tradicionais de ensino, porém ao invés da folha de instrução ou do
livro de instrução, é usado o computador. Os software que implementam essa abordagem são os
tutoriais e os de exercício-e-prática.
A INFLUÊNCIA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO AMERICANA E FRANCESA NO BRASIL
A Informática na Educação, no Brasil, nasceu a partir do interesse de educadores de algumas
universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como
Estados Unidos da América e França. Em 1971 a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em
Educação Aplicada ao Ensino Superior (I CONTECE), realizada na Universidade Federal de São
Carlos, E. Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth, E.U.A., minstrou um seminário
intensivo sobre o uso de computadores no ensino de Física (Souza, 1983). Em 1982, no I Seminário
Nacional de Informática na Educação, realizado em Brasília, Mme. Françoise Faure, encarregada
da Área Internacional da Direção Geral das Indústrias Eletônicas e de Informática da França,
ministrou uma das duas palestras técnicas do evento - a outra foi ministrada por Felix Kierbel,
Diretor do Centro Nacional de Ensino de Informática do Ministério da Cultura e Educação da
Argentina (Seminário Nacional de Informática na Educação 1 e 2, 1982).
BREVE VISÃO HISTÓRICA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, como em outros países, o uso do computador na educação teve início com
algumas experiências em universidades, no princípio da década de 70. Em 1971, foi realizado na
Universidade Federal de São Carlos um seminário intensivo sobre o uso de computadores no
ensino de Física, ministrado por E. Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth, E.U.A.
(Souza, 1983). Nesse mesmo ano, o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras promoveu,
no Rio de Janeiro, a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em Educação Aplicada ao Ensino
Superior (I CONTECE). Durante essa Conferência, um grupo de pesquisadores da Universidade de
São Paulo (USP), acoplou, via modem, um terminal no Rio de Janeiro a um computador localizado
no campus da USP (Souza, 1983).
Na UFRJ, em 1973, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde e o Centro LatinoAmericano de Tecnologia Educacional (NUTES/CLATES) usou software de simulação no ensino de
Química. Na UFRGS, nesse mesmo ano, realizaram-se algumas experiências, usando simulação de
fenômenos de Física com alunos de graduação. O Centro de Processamento de Dados desenvolveu
o software SISCAI para avaliação de alunos de pós-graduação em Educação. Em 1982, o SISCAI foi
traduzido para os microcomputadores de 8 bits como CAIMI, funcionando como um sistema CAI e
foi utilizado no ensino do 2º grau pelo grupo de pesquisa da Faculdade de Educação (FACED),
liderado pela Profa. Lucila Santarosa.
Introdução
Os cenários social, tecnológico, político e econômico têm sofrido grandes mudanças neste
final de século promovendo o surgimento de novas atividades, ao mesmo tempo que outras
funções desaparecem ou são transformadas. O crescimento exponencial do volume de
informação, a geração de novos produtos, o advento de novas teorias ou a nova aplicação de
teorias já largamente conhecidas, têm acarretado constantes reavaliações do processo de
trabalho. A tecnologia está mudando tão rápido, a competição global está forçando uma
dramática redução nos tempos decorridos entre o surgimento de uma inovação, sua entrada no
mercado, eliminando a oportunidade do sujeito compreender e acompanhar as novas tecnologias
da informática e da comunicação. Atualmente, uma das soluções para a globalização dos
mercados, são as associações. Portanto, os conceitos chave desta nova era é a
colaboração/cooperação entre os sujeitos e a comunicação virtual, eliminando distâncias,
aproximando as pessoas e aumentando a produtividade através de métodos cooperativos de
trabalho virtual.
Essa nova realidade redefine o perfil do sujeito deste fim de século. É preciso formar
profissionais que aprendam de forma não convencional e que saibam trabalhar cooperativamente
para gerar soluções inovadoras e competitivas.
O ensino convencional não tem dado condições aos sujeitos de se prepararem no tempo
adequado a todas essas transformações. Educação ainda está associada com treinamento,
baseado físicamente em instituições, restrito a cronogramas pré-definidos de cursos; essa
estrutura implica em deslocamento de aprendizes e de professores. Nesta estrutura é difícil
manter-se constantemente atualizado em relação à novas informações que acarretam novas
relações e, portanto, a geração contínua de conhecimentos.
E a Educação? Como ela responde - ou deve responder - ao desafio de preparar o homem
para este novo mundo onde a cooperação substitui a competição e o presencial pelo virtual, como
modelo básico nas relações entre os sujeitos? Esta é uma das questões para pensar em um novo
modelo de formação/atualização profissional do individuo da nova era.
Cabe a escola forjar o novo sujeito que será capaz de participar ativa e criativamente deste
processo, criticá-lo e refiná-lo. A Educação precisa se reorganizar para incluir em seu processo
educativo uma pedagogia, metodologias, técnicas e recursos que permitam um novo paradigma
que substitui a competição (alienante e individualizante) pela cooperação entre os sujeitos e a
necessidade do físico pelo virtual.
Educação à Distância
Dentro do quadro descrito, uma das alternativas é trabalhar com uma tecnologia de ponta
aplicada à educação, que é a Educação à Distância (EAD), como uma possibilidade para construção
de um novo modelo educacional. A EAD se constitui em necessidade pelas razões que sempre a
justificaram e ainda porque o ritmo acelerado de mudanças sociais, políticas, econômicas,
culturais, educacionais, entre outras, passa a exigir uma educação continuada de todos os sujeitos.
Atualmente, na passagem da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento, ela
tem funções fundamentais como: (a) garantir a atualização de informações e o desenvolvimento
de novos talentos em todas as áreas, impedindo que as defasagens aumentem; (b) ajudar a
desenvolver novas habilidades para uma mesma profissão cujas atividades variam e se
transformam rápidamente; (c) ajudar a desenvolver competências que permitam mudanças de
uma profissão para outras emergentes, no curso da vida. Assim, a EAD assume novas concepções:
não só podendo atender sujeitos em interação social de modo cooperativo, mas também
passando a servir à aprendizagem contextualizada, na vida, tanto para as novas gerações como
para os sujeitos em atividades que precisam constantemente reaprender o antes aprendido, ou
aprender novas representações e novas formas de conhecimentos e de práticas.
A EAD introduz novas concepções de tempo e de espaço em Educação e contribui para
mudanças substanciais nas instituições de ensino. Esta pode ser desenvolvida para formar
profissionais, desenvolvendo com eles novos talentos, mecanismos cognitivos, atitudes, valores e
novas teorias, que dizem respeito à autonomia na aprendizagem e na construção de
conhecimentos dos sujeitos. Mas para isso, é preciso utilizar as novas tecnologias da informática e
da comunicação na EAD. Portanto, a quais estamos nos referindo?
Texto impresso, telefone, correio terrestre e aéreo, gravador, retroprojetor, rádio, televisão,
fax, videocassete, todas são tecnologias já largamente testadas. Mas as referidas tecnologias não
serviram para alterar a hierarquização do ensino. Suas possibilidades de uso expressam um
paradigma empiricista de dependência do aprendiz a uma organização lógica, social, psicológica
de ensino, que concebe a aprendizagem como uma mudança imposta de fora para dentro.
Quando estamos nos referindo a novas, estamos significando as tecnologias interativas da
informática e da comunicação, as tecnologias eletrônicas que estão tornando possível a
inteligência distribuída na sociedade, a inteligência coletiva, os computadores, os sistemas de
simulações, os hipertextos, as multimídias, as redes de computadores que asseguram a
interconectividade e a interoperabilidade, ultrapassando os limites de espaço e tempo físico.
Essas novas tecnologias - os computadores e as redes internacionais de computadores aportam recursos completamente inusitados e transformadores que poderão dar à EAD uma
concepção totalmente nova.
A EAD passa a dispor de comunicação interativa entre grupos de educação presencial e
grupos de educação não formal em processos dialeticamente sincrônicos e diacrônicos. Ambientes
dinâmicos virtuais de aprendizagem podem proporcionar o desenvolvimento de conhecimentos
tanto a nível individual quanto cooperativo.
Computação Cooperativa
Uma das modalidades de EAD, que suportam a aprendizagem cooperativa, são os sistemas
de CSCW - Computer Supported Cooperative Work. A área de CSCW ou Computação Cooperativa
tem produzido uma vasta lista de títulos em artigos, técnicas e programas que dão suporte a estes
novos ambientes computacionais cooperativos de aprendizagem. Entre eles podemos citar
editores de textos e gráficos cooperativos, editores de diagramas cooperativos, ambientes de
desenvolvimento cooperativo de programas, sistemas de mensagens, listas de discussão, sistemas
de teleconferência, entre outros.
Estes tipos de ferramentas proporcionam formas de Aprendizagem Cooperativa (AC), um
projeto de educação voltada para a cooperação como alternativa, pela falência dos métodos
tradicionais de ensino baseados na competição. Através de estratégias para valorizar e fomentar a
interação entre sujeitos, a AC desenvolve habilidades de trato social, valoriza a interação
produtiva entre individuos, privilegiando a produção em grupo.
Existem diferentes técnicas de aprendizagem cooperativa que têm se mostrado eficiente
tanto no domínio cognitivo - aumento da capacidade de aprendizado e do desempenho
acadêmico - quanto no afetivo e social - aumento de autoconfiança pessoal e da confiança do
grupo. Há uma vasta bibliografia de relatos de casos em que alunos marginalizados em escolas
multiraciais nos EUA, passaram a ser bem aceitos nos grupos quando o foco de atenção da
atividade escolar passou a ser a produção em grupo, através da cooperação. Uma das grandes
conquistas desta forma de aprendizagem, é a formação de grupos com relações afetivas muito
fortes que, sistematicamente, cooperam e assumem como responsabilidade de todo o grupo o
sucesso de cada sujeito que os compõem.
Portanto, é preciso integrar a EAD com os sistemas de CSCW e à Aprendizagem Cooperativa,
como uma das propostas que busca responder às necessidades de um novo paradigma
educacional. Assim, as instituições educacionais deverão tornar-se ambientes criados
especialmente para a aprendizagem, um lugar rico em recursos por ser um lugar privilegiado,
onde os sujeitos podem construir os seus conhecimentos, segundo os “estilos” individuais de
aprendizagem. Portanto, esses novos ambientes de aprendizagem caracterizam-se pela
cooperação, interatividade, individualização da aprendizagem, assincronia ou sincronia
(dependendo do tipo de ferramenta utilizada), entre outros.
Como pode ser observado, estes novos ambientes podem mudar o papel do aprendiz e do
professor. Este deixaria de ser um aprendiz que necessita estar físicamente no seu ambiente de
aprendizagem para se tornar um aprendiz-virtual, ou um tele-aprendiz e, o professor, um teleprofessor.
Existem inúmeros ambientes computacionais cooperativos no mercado. Na área de
educação os sistemas de mensagens, conferência síncrona e assíncrona são muito usados entre
aprendizes e professores, para esclarecer dúvidas, distribuir e recolher exercícios, trabalhos,
avisos. O que está faltando são estudos efetivos e consistentes em relação à análise destes
ambientes direcionados aos aspectos sociais, cognitivos e afetivos dos sujeitos envolvidos, e não
somente técnicos, ou complementares a uma aprendizagem realizada fora do ambiente
computacional. É preciso direcionar o estudo das teorias construtivistas em relação ao uso destes
sistemas, os efeitos e resultados do processo de aprendizagem do sujeito, de acordo com as
mesmas.
Alguns dos sistemas que existem no mercado e que podem ser utilizados com fins
educacionais: HABANERO [HAB 97]; MOLE [WHI 96]; CoNote [DAV 95]; Collaborative Notebook
[EDE 96]; CORE [PAY 96]; ARCOO [BAR 94]; MULEC [TOR 95]; Microsoft Netmeeting [NET 97];
Microsoft Chat [CHA 97]; ENVY/400 [ENV 93]; CuSeeme [CUS 95]; Chat Touring [BUR 96], entre
outros.
Conclusões
A EAD ganhou uma nova força com o aparecimento dos sistemas de CSCW. Entretanto,
alguns dos fatores principais relacionados ao insucesso de muitos destes ambientes é a dificuldade
de uso por parte dos sujeitos, imaturidade no seu desenvolvimento, excesso de “bugs”, o que
acarreta a falta de confiança dos sujeitos que os utilizam e peso na máquina, já que precisam de
muitos recursos para poderem rodar. Além disso, na maioria das vezes eles não são utilizados com
vistas ao desenvolvimento/aprendizado cooperativo dos sujeitos.
Logo, as NTIC representam o surgimento de uma nova forma de relação e de uma nova
cultura do aprendiz/tele-aprendiz, a necessidade de produzir um conhecimento que explique as
possibilidades de construção partilhada dos conhecimentos a partir do desenvolvimento destes
novos ambientes de aprendizagem. Mas para isso, é preciso conhecer mais sobre o potencial que
oferece a comunicação, a coordenação e a cooperação através destes ambientes, como fatores
cruciais da aprendizagem do aprendiz/tele-aprendiz.
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