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História de Portugal I
Aula n.º 4
Os Lusitanos
A Romanização
Os Lusitanos
Os lusitanos constituíam a maior e a mais importante das etnias, que, na
II Idade do Ferro, habitavam a região situada entre os rios Tejo e Douro.
A antiga Lusitânia ultrapassaria, porém, as fronteiras do actual território
português e estender-se-ia até à região de Cáceres, hoje território
espanhol.
Sob o ponto de vista económico e social, existiam acentuadas diferenças
entre as comunidades que viviam no litoral e as que viviam no interior
desta vasta região.
O litoral com terras férteis, rios navegáveis e clima ameno contrastava
com o interior montanhoso de terras áridas e onde as comunicações
eram difíceis.
Por outro lado, os povoados do litoral, além da maior riqueza das terras
puderam ainda estabelecer contactos comerciais com os povos
mediterrânicos.
Os povos do interior, mais isolados, dedicavam-se fundamentalmente à
pastorícia, tendo uma vida mais difícil e mais pobre.
A Romanização
Na sua luta pelo domínio do Mediterrâneo Ocidental os romanos chegaram
à Península Ibérica em 218
decursos da II Guerra Púnica.
a. C, em perseguição dos cartagineses, no
Ao contrário dos outros povos que chegaram até estas paragens, os
romanos não se limitaram a comerciar ou a fazer da Península uma
simples área de influência militar.
Efectuaram, sim, uma verdadeira conquista do território, seguida do
estabelecimento de medidas de administração que perduraram durante
séculos e das quais ainda hoje há vestígios importantes no território
português.
Por toda a parte, dominaram as populações locais e impuseram a sua
cultura e acção civilizadora, deixando marcas que vieram a influenciar as
civilizações futuras, como a língua latina, da qual deriva o português; o
direito romano, que é, ainda hoje, uma das bases da legislação
portuguesa; as grandes obras públicas, algumas ainda hoje utilizadas; e as
suas cidades, que estiveram na origem de muitas das mais importantes
cidades portuguesas.
A conquista da Península
A disputa entre Roma e Cartago pelo domínio do Mediterrâneo Ocidental
começara a manifestar-se desde o século VI a.C.. Sucessivos tratados
foram assinados entre as duas potências, que repetidamente seriam
desrespeitados. Uma primeira guerra eclodiu entre os dois estados quando
os exércitos de Roma atacaram Messina, então sob o domínio de Cartago.
Este conflito designado por I Guerra Púnica, saldou-se pela vitória dos
romanos.
A II Guerra Púnica
No tempo do general cartaginês Aníbal Barca, a guerra
reacendeu-se de novo. Este general, um dos grandes génios militares da
Antiguidade, pretendia atravessar a Península com os seus exércitos, para
poder atacar os romanos pelo norte.
Temendo este perigo e visando cortar a possibilidade de abastecimento às
tropas de Aníbal pela retaguarda, no ano de 218 a.C. duas legiões
romanas, entraram na Península Ibérica em perseguição dos exércitos de
Cartago.
A Hispânia foi então palco de sangrentas lutas, que terminaram com a
expulsam dos cartagineses em 206 a.C.. Roma vencia, assim, a II
Guerra Púnica e conquistava todo o litoral leste da Península, até à
margem esquerda do Guadalquivir.
As Primeiras Lutas com os Lusitanos
Os romanos instalaram-se na Península, controlando o território
conquistado e impondo a sua administração, o que originou as primeiras
revoltas por parte dos povos locais, especialmente os lusitanos, com os
quais tiveram de travar uma longa guerra.
A partir de 194 a.C. começaram a dar-se as primeiras confrontações
entre lusitanos e romanos.
Arrastados pela má situação económica que viviam, os lusitanos
saquearam as regiões mais ricas do vale de Guadalquivir. Quando se
retiravam, carregados com os despojos, foram surpreendidos pelos
romanos que lhes deram uma pesada derrota.
Por mais alguns anos, os lusitanos continuaram com as suas razias, tendo
chegado mesmo a provocar fortes baixas aos exércitos romanos, mas
acabando sempre por ser derrotados.
Após cerca de vinte anos de relativa acalmia, a guerra voltou a reacenderse com maior violência.
Entre 155 a.C. e 150 a.C. os combates sucederam-se, sendo
frequentemente favoráveis aos lusitanos. Neste último ano, devido a um
reforço dos exércitos romanos presentes na Península, os lusitanos foram
derrotados e assinaram a paz mediante a promessa do general romano
Sérvio Sulpício Galba
de que lhes seriam atribuídas terras onde se
pudessem instalar.
Porém, Galba não tinha intenção de cumprir o prometido e, fazendo
concentrar os lusitanos em três lugares diferentes depois de deporem as
armas, chacinou-os sem piedade, matando mais de 8 mil homens. Entre
os poucos que se escaparam, encontrava-se Viriato.
Viriato
Comandados por Viriato, os lusitanos reiniciaram a guerra contra os
romanos a partir de 147 a.C. Durante oito anos, Viriato conduziu os
lusitanos a sucessivas vitórias sobe as poderosas legiões romanas, muitas
vezes aliadas a exércitos de outros povos peninsulares. Em 140 a.C.
depois de mais uma vitória lusitana, foi assinado um acordo de paz em
que os romanos reconheciam independência aos lusitanos e declaravam
Viriato «amigo do povo romano».
No anos seguintes, porém, os romanos quebraram as tréguas e enviaram
de novo os seus exércitos contra Viriato. Perseguido pelos romanos, o
chefe lusitano resolveu enviar três embaixadores ao comandante romano
com propostas de paz. Mas este conseguiu subornar os enviados, que, de
regresso ao seu acampamento, assassinaram Viriato enquanto dormia.
Privado do seu chefe e exausto por tantas lutas, o exército lusitano já
não podia resistir ao romano, pelo que negociou a paz em troca de
terras para se instalar.
Funerais de Viriato
“Os lusitanos, tendo vestido
magnificamente
Viriato,
queimaram-no numa altíssima
pira e sacrificaram-lhe muitas
vítimas; e tanto os soldados de
infantaria como os de cavalaria,
correndo à roda, armados em
pelotões, dirigiram-lhe louvores;
e até que a pira se extinguiu,
todos tiveram de volta dela.
Acabado que foi a cerimónia
fúnebre, celebraram-se combates
corpo a corpo sobre o sepulcro.
Tal saudade Viriato deixou de si.
Adaptado de Religiões da Lusitânia, vol. III, p.
14, trad. De J. Leite de Vasconcelos, Lisboa,
1913.
A Morte de Viriato, pintura de José de Madrazo. Museu
do Prado, Madrid
Sertório
Só então começou de facto a ocupação romana do extremo ocidental
da Hispânia, tendo-se efectuado no ano seguinte a primeira grande
campanha militar para a ocupação do Norte do actual território
português. Apesar da vitória romana, continuou a ser difícil a pacificação
do território porque os lusitanos continuavam as suas investidas contra os
invasores.
A guerra reacendeu-se com mais vigor em 80 a.C, quando os lusitanos
convidaram para os chefiar Sertório, general romano que fora expulso de
Roma. Sertório reorganizou o exército lusitano e, durante oito anos,
travou uma feroz luta contra os romanos, tendo-lhes provocado pesadas
derrotas. Em
72 a.C. foi assassinado durante um banquete.
Privados do seu chefe, os lusitanos foram novamente vencidos, mas,
apesar da derrota, não deixaram de continuar com as suas pilhagens e
investidas nas terras ocupadas pelos romanos, o que terá sido uma das
razões para a vinda de Júlio César para a Hispânia, a fim de pacificar o
território. Apesar das suas vitórias em várias campanhas, Júlio César não
conseguiu pacificar todo o território da Península Ibérica, porque vários
povos se foram sucessivamente sublevando. As lutas prosseguiram até ao
tempo do imperador Vespasiano, no ano 60
da era cristã.
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