SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA AULA 2 CURSO: DIREITO PROF. JOÃO VALDIVINO LIMA FERREIRA O positivismo de Augusto Comte (1798 – 1857): - Ofereceu uma coexistência pacífica entre a ordem dos conservadores e o progresso dos revolucionários. - A criação da sociologia tem o objetivo de separar o conhecimento da teologia e da metafísica, dando-lhe um caráter positivo que mostra o que é a sociedade (ciência) e não o que deve ser (filosofia). TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS NOS ESTUDOS DE COMTE Prioridade do todo sobre as partes: significa que para compreender e explicar um fenômeno social particular, devemos analisá-lo no contexto global a que pertence; O progresso dos conhecimentos é característico da sociedade humana: a sucessão de gerações, com seus conhecimentos permite uma acumulação de experiências e de saber; O homem é o mesmo por toda parte e em todos os tempos: em virtude de possuir idêntica constituição biológica e sistema cerebral. Desses princípios básicos, Comte concluiu que todas as sociedades evoluem da mesma maneira e no mesmo sentido A LEI DOS TRÊS ESTADOS 1) Estado teológico: explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras (deuses). Divide-se em: Feitichismo – o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais a seres inanimados e animais. Politeísmo – atribui a diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da natureza humana (motivações, vícios e virtudes); Monoteísmo – crença num deus único. A LEI DOS TRÊS ESTADOS 2) Estado metafísico ou abstrato: busca nas entidades metafísicas, abstrata (idéias) explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos acontecimentos. 3) Estado positivo ou científico: o homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da observação científica e do raciocínio. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS QUE DISTINGUEM O POSITIVISMO DA FILOSOFIA (COMTE) Realidade: pesquisa de fatos concretos, acessíveis à nossa inteligência, deixando-se de lado a preocupação com mistérios impenetráveis referentes às causas primeiras e últimas dos seres; Utilidade: a busca de conhecimentos destinados ao aperfeiçoamento individual e coletivo do homem, desprezando-se as especulações ociosas, vazias e estéreis; Certeza: conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do próprio indivíduo e a comunhão espiritual em toda a espécie humana , abandonando-se as dúvidas indefinidas e os intermináveis debates metafísicos; Precisão: conhecimento que se opõe ao vago, baseando-se em enunciados rigorosos, sem ambiguidade; Organização:a grande tendência do positivismo é organizar, construir metodicamente, sistematizar o conhecimento humano; Relatividade: o conhecimento cientifico positivo não é absoluto, mas relativo. se não fosse relativo, não poderia admitir a continuidade de novas pesquisas, capazes de trazer teorias com teses oposta ao conhecimento estabelecido. assim, a ciência positiva é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos conhecimentos humanos. O PAPEL DO POSITIVISMO Segundo Comte, caracteriza-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. Cada proposição enunciada de maneira positiva deve corresponder a um fato, seja particular, seja universal. Deve haver por parte do cientista social a busca constante de leis imutáveis nos fenômenos sociais, à semelhança do que ocorre com os fenômenos físicos. O PAPEL DO POSITIVISMO Teve grande importância na evolução das ideias no Brasil, vários dos mais destacados propagandistas republicanos eram positivistas, e com a queda do Império ocuparam posições importantes na administração pública. O lema na bandeira brasileira “Ordem e Progresso”, derivou do Catecismo Positivista (1852), “O amor por princípio, a Ordem por base, e o Progresso por fim. Á essa nova ciência Comte denominou-a num primeiro momento física social, para posteriormente chamá-la “Sociologia”. Karl Marx (1818-1883) O método dialético proposto possui quatro características fundamentais: 1- Tudo se relaciona (lei da ação recíproca e da conexão universal); 2- Tudo se transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); 3- A mudança qualitativa; 4- A luta dos contrários. O papel do marxismo - Na concepção de Marx e Engels, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material. - A investigação de qualquer fenômeno social deveria partir da estrutura econômica da sociedade, que constituía a verdadeira base da história humana. O papel do marxismo - O conhecimento da realidade social deve se converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade. - Para os marxistas, a luta de classes, e não a harmonia social, constitui a realidade mais evidente da sociedade capitalista. HERBERT SPENCER (1820-19030) Aplica os princípios do processo evolutivo para todos os campos do conhecimento. Princípio segundo o qual a evolução se processa do mais simples para o mais complexo, do mais homogêneo para o mais heterogêneo e do mais desorganizado para o mais organizado. FERDINAND TONNIES (1855-1936) Sociólogo alemão dividiu os estudos, do ponto de vista metodológico em três partes: Sociologia pura ou teórica – Sistema integrado de conceitos básicos. Sociologia aplicada – que seria uma disciplina dedutiva que se utilizando da sociologia teórica, tem como finalidade entender a origem e o desenvolvimento das sociedades modernas. Sociologia empírica ou sociografia – que seria a descrição dos dados observados em contexto social. ÉMILE DURKHEIM Dois princípios básicos: consciência; solidariedade mecânica e orgânica. Consciência: o homem primitivo pensa, sente e age conforme determina ou prescreve o grupo a que pertence. Durkheim acusa a existência, em cada indivíduo, de duas consciências, a coletiva e a individual; ÉMILE DURKHEIM SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA: Origina-se das semelhanças entre os membros individuais. Essas sociedades não podem tolerar disparidades, a originalidade, o particularismo, tanto nos indivíduos quanto nos grupos, pois isso significa um processo de desintegração. Todavia, o progresso da divisão de trabalho faz com que a sociedade de solidariedade mecânica se transforme. ÉMILE DURKHEIM AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO: A observação dos fatos sociais, consiste em considerá-los como coisas. Somente assim, desvinculada de concepções filosóficas e não subordinada às noções biológicas e psicológicas. A sociologia pode manipular, com finalidade de estudo e análise, os fenômenos sociais. ÉMILE DURKHEIM AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO: Coisas opõem-se a idéias, como as coisas exteriores se opõem às interiores. Para explicar um fenômeno social, procurase a causa que o produz e a função que desempenha. Procura-se a causa nos fatos anteriores, sociais e não individuais; e a função, através da relação que o fato mantém com algum fim social. ÉMILE DURKHEIM AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO: A sociologia estuda fatos sociais. Uma proposição que estabeleça relação de regularidade entre eles é uma lei sociológica. ÉMILE DURKHEIM O QUE É FATO SOCIAL: toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter; a pressão dos fatos sociais manifesta-se de duas maneiras: subjetivamente, quando se impõem às nossas consciências; e, objetivamente através da reação que provoca no grupo a nossa não-submissão a eles. ÉMILE DURKHEIM ANOMIA (ausência de lei): Identifica-se com a desordem social, sendo analisada como indício de uma crise que, longe de libertar o indivíduo, deixa-o desorientado e pode, inclusive levar a sua destruição. SUICÍDIO: A causa encontrada foi o grau de coesão social, apesar das diferenças , a maioria dos suicídios ocorre por um excesso ou falta de integração do suicida na sociedade, ou quando ligado a uma crise social geral. ÉMILE DURKHEIM CLASSIFICOU O SUICÍDIO EM 4 CLASSES: EGOÍSTA – a pessoa sente-se socialmente desvinculada, o isolamento social marginaliza a pessoa, que deixa de ter sentimentos de solidariedade social (suicídio por falta de integração). ALTRUÍSTA – a pessoa encontra-se muito vinculada a um grupo social, ligada aos valores do grupo, esta pessoa não valoriza particularmente a sua vida e suicida-se facilmente por motivos de honra. ÉMILE DURKHEIM CLASSIFICOU O SUICÍDIO EM 4 CLASSES: FATALISTA – a pessoa encontra-se extremamente pressionada por regras de comportamento muito rígidas que o oprimem, levando ao desespero. Raro nas sociedades modernas, mas explica muitos suicídios no passado (ex:escravos). ANÔMICO – a pessoa vivencia uma situação de falta de limites e regras sociais. As perturbações de ordem coletiva desorientam os indivíduos, criando-se um desequilíbrio entre desejos e suas possibilidades de satisfação. A consequência é o sofrimento e o desespero que podem levar o indivíduo ao suicídio por falta de regulamentação. ÉMILE DURKHEIM CLASSIFICOU O SUICÍDIO EM 4 CLASSES: Nas duas primeiras o problema encontra-se na forma de inserção do indivíduo no grupo social (falta ou excesso de integração. Nas duas últimas o problema encontra-se nas próprias regras sociais (falta ou excesso de regulamentação). MAX WEBER (1864-1920) Estudos sobre a burocracia. sobre os sistemas estratificação social. a questão da autoridade. desenvolveu um instrumento de análise dos acontecimentos ou situações concretas que exigia conceitos precisos e claramente definidos, a que se chamou tipo ideal. Florestan Fernandes (1920-1995) O mais importante e fundador sociólogo brasileiro, em todo o seu trabalho a reflexão principal é sobre a desigualdade social. Procurou identificar as contradições da sociedade de classes, e o papel da sociologia diante dessa realidade. CULTURA NATUREZA DA CULTURA para os antropólogos, a cultura tem significado amplo: engloba os modos comuns e aprendidos da vida, transmitindo pelos indivíduos e grupos, em sociedade. “cultura... é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade.” LOCALIZAÇÃO DA CULTURA “INTRA-ORGÂNICA – dentro de organismos humanos (conceitos, crenças, emoções, atitudes)”. INTERORGÂNICA – dentro dos processos de interação social entre os seres humanos; EXTRA-ORGÂNICA – dentro de objetos materiais (machados, fábricas, ferrovias, vasos de cerâmica) situados fora do organismo humanos, mas dentro dos padrões de interação social entre eles”. A ESSÊNCIA DA CULTURA a cultura, para os antropólogos, de forma geral, consiste, em idéias e comportamento. IDÉIAS são concepções mentais de coisas concretas ou abstratas, ou seja, toda variedade de conhecimentos e crenças teológicas, filosóficas, científicas tecnológicas, históricas etc. exemplo: línguas, arte, mitologia e etc. ABSTRAÇÕES consiste naquilo que se encontra apenas no domínio das idéias, da mente, excluindo-se totalmente as coisas materiais. COMPORTAMENTO são modos de agir comuns a grupos humanos ou conjuntos de atitudes e reações dos indivíduos face ao meio social. CLASSIFICAÇÃO DA CULTURA CULTURA MATERIAL consiste em coisas materiais bens tangíveis, incluindo instrumentos, artefatos e outros objetos materiais, fruto da criação humana e resultante de determinada tecnologia. abrange produtos concretos, técnicas, construções, normas e costumes que regularizam seu emprego. CULTURA IMATERIAL refere-se a elementos intangíveis da cultura, que não têm substância material. entre eles encontram-se as crenças, conhecimentos, aptidões, hábitos, significados, normas, valores. CULTURA REAL é aquela em que, concretamente, todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam em suas atividades cotidianas. CULTURA IDEAL a cultura ideal (normativa) consiste em um conjunto de comportamentos que, embora expressos verbalmente como bons, perfeitos, para o grupo, nem sempre são frequentemente praticados. COMPONENTES DA CULTURA CONHECIMENTO todas as culturas, sejam simples ou complexas, possuem grande quantidade de conhecimentos que são cuidadosamente transmitidos de geração em geração. o conhecimento engloba também aspectos diferentes à organização social, à estrutura do parentesco, aos usos e costumes, às crenças, às crenças, às técnicas de trabalho etc. CRENÇAS crença é a aceitação como verdadeira de uma proposição comprovada ou não cientificamente. pessoais – as proposições aceitas por um indivíduo como certas, independentes das crenças dos demais”. CRENÇAS declaradas – as proposições que uma pessoa aparenta aceitar como verdadeiras, em seu comportamento público, e que as menciona apenas para defender ou justificar suas ações perante os outros”. públicos – as proposições que os membros de um grupo concordam, aceitam e declaram como suas crenças comuns”. CRENÇAS científicas, quando podem ser comprovadas (ida do homem à lua); supersticiosas, quando não se pratica determinada ação com medo que lhe aconteça algo ruim (não dar esmola pela janela para não ficas pobre); CRENÇAS extravagantes, quando fogem ao comum (a mulher grávida sentar-se no pilão para dar à luz mais facilmente). crenças benéficas, quando resultam em algum beneficio (podar as roseiras na lua nova, no mês de julho ou agosto, para que brotem viçosas); maléficas, quando causam mal a alguém (imolação de recém-nascidos para obter proteção de deuses). VALORES Os valores variam de acordo com a maior ou menor importância que os membros de uma sociedade lhes atribuem. Sendo um estado mental, uma realidade psicológica, o valor não pode ser medido pelos meios até agora descobertos, uma vez que sua realidade se encontra na mente humana. todavia, pode ser reconhecida sua existência, por meio da pesquisa social ou psicológica. EXEMPLOS DE VALORES: dominantes – liberdade de expressão, de religião, de direito à vida; secundários – servir café às visitas, agradecer cartões de boas-festas. QUATRO CRITÉRIOS DOS VALORES DOMINANTES: amplitude: valor revelado por meio de proporção e atividade de uma população (direitos humanos); duração: tempo de permanência do valor (liberdade religiosa); intensidade: grau elevado da procura e manutenção do valor (conquista da independência política); prestígio: importância dada ao valor pelos seus portadores (direito à propriedade). tipos de qualidade do valor tecnológico: qualidade do alimento; econômico: condições de comercialização; moral: alimento para todos: ricos e pobres; ritual: proibição de comer carne de porco (muçulmanos). de vaca (indianos); estético: apresentação de um prato alimentício; ASSOCIATIVO: JANTAR COMEMORATIVO. NORMAS normas são regras que indicam os modos de agir dos indivíduos em determinados situações. consistem, pois, em um conjunto de idéias, de convenções referentes àquilo que é próprio do pensar, sentir e agir em dadas situações. AS NORMAS IDEAIS: obrigatórias – não se pode fugir a elas (andar vestido); preferenciais – um modo de comportamento mais valorizado do que outro (juventude usar jeans); típicas – quando, entre vários modos de comportamento aceitáveis, um deles é mais usado (cabelos longos e colares dos hippies); ALTERNATIVAS – quando são aceitos diferentes modos de conduta, sem que haja diferença de valorização ou de frequência de uso (mulher usar calça comprida ou saia); RESTRITAS – formas de conduta aceitas apenas por alguns membros da sociedade (indumentária do monge budista); NORMAS COMPORTAMENTAIS – são os comportamentos reais dos indivíduos, em determinadas situações, que fogem às normas ideais. SÍMBOLOS Símbolos são realidades físicas ou sensoriais aos quais os indivíduos que os utilizam lhes atribuem valores ou significados específicos. comumente representam ou implicam coisas concretas ou abstratas. Pessoas, gestos, palavras, ordens, sinais sensoriais, fórmulas mágicas, valores, crenças, poder, solidariedade, sentimentos, cerimônias, hinos, bandeiras, textos sagrados, objetos materiais etc., que tenham adquirido significado específico, representante em um contexto cultural, por meio de atos, atitudes e sentimentos, constituem-se símbolos. OS SIGNIFICADOS PODEM SER: arbitrários: medida que não tem relação obrigatória com as propriedades físicas dos fenômenos que os recebem. exemplo: não há relação necessária entre a cruz (propriedade física) e os valores simbólicos que os cristãos lhe atribuem. OS SIGNIFICADOS PODEM SER: partilhados: quando o símbolo tem o mesmo significado para diferentes culturas (geral) ou para determinada sociedade (particular). exemplo: a palma, como aplauso, é conhecida em quase todas as situações humanas. a palma que o crente bate frente ao templo xintoísta, no japão, para chamar a atenção de seu deus (como a dizer: - estou aqui) é conhecida apenas entre os adeptos dessa religião. OS SIGNIFICADOS PODEM SER: referenciais: quando os símbolos referem-se a uma coisa específica. exemplo: a cor branca, símbolo de luto entre os chineses; hino nacional brasileiro. a simbolização permite ao homem transmitir seus conhecimentos aprendidos e acumulados durante as diferentes gerações. eles resguardam os valores considerados básicos para a perpetuação da cultura e da sociedade. “Grandes realizações são possíveis, quando se dá atenção aos pequenos começos.” (Lao Tzu)