TBC - Teatro Brasileiro de Comédia

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Índice
Cronologia Histórico Literário____________________________________02
A semana de Arte moderna de 1922________________________________03
Oswald de Andrade_____________________________________________09
O anjo pornográfico Nelson Rodrigues______________________________14
Ziembinski e Os Comediantes____________________________________16
Teatro Brasileiro de Comédia TBC_________________________________17
Resumo do Teatro completo de Nelson Rodrigues_____________________20
Conclusão____________________________________________________34
Fontes e Referencias ___________________________________________35
Cronologia Histórico Literário
1889 – Proclamação da República, permanecendo, entretanto o poder nas mãos da
oligarquia representada pelos donos de terras.
1914 – Início da 1º guerra mundial que duraria até 1918. No período o Brasil desenvolve o
seu parque industrial, sob a forma de indústria de substituição.
1922 – Realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna, reunindo um grupo de
artistas que se propõe a renovar a arte brasileira, dando-lhe um caráter eminentemente
nacional.
1929 – Estou da bolsa de Nova York
1930 – Início do Estado Novo, sobre a ditadura de Getúlio Vargas, que duraria até 1945 e
seria uma base de desenvolvimento da economia interna.
1939 – Começo da Segunda Guerra Mundial que termina em 1945.
1940 – Criação do grupo teatral Os Comediantes, que encerraria suas atividades em 1947,
elevando o espetáculo teatral no Brasil a um alto nível.
1943 – Estréia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, considerado um marco na
dramaturgia brasileira.
1948 - Franco Zamparini funda o Teatro Brasileiro de Comedia (TBC) na rua Major
Diogo em São Paulo.
1954 – Ano do IV Centenário de São Paulo
1956 – Início do Governo Kubitschek, que terminaria em 1960, caracterizando-se pela
rápida industrialização, alta inflação e grande euforia desenvolvimentista. Formação do
Arena como grupo teatral estável.
1964 – Deposição do Presidente João Goulart e início de uma nova fase de vida política
brasileira, com o golpe militar.
1968 – Edição do Ato institucional nº 5, que restringiu a liberdade de expressão. A censura
foi exercida não só sobre os meios de comunicação de massa, como também sobre as
próprias obras artísticas.
1976 – A arte volta a ter um compromisso com a problemática social, em virtude da
gradativa liberação da censura.
1980 – Procura de novos caminhos para a arte, dentro do processo de redemocratização do
país.
A SEMANA DE ARTE MODERNA
A exposição de Anita Malfatti
Em 1917, depois de Estudar na Europa e nos Estados Unidos, Anita Malfatti retorna ao
Brasil e realiza uma mostra de seus quadros em São Paulo. Com uma técnica de vanguarda,
a sua pintura surpreende o público, acostumado com o realismo acadêmico, comum e sem
ousadia. Mas, em geral, as reações são favoráveis até que Monteiro Lobato, crítico de artes
de O Estado de São Paulo, escreve um artigo feroz intitulado Paranóia ou mistificação, no
qual acusa toda a Arte moderna:
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas(..) A
outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz
de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como
furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se dêem como novos, precursores de uma
arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a
paranóia e com a mistificação.(...) Essas considerações são provocadas pela exposição da
senhora. Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética
forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
A reação da elite paulistana, que confiava cegamente nas opiniões e gostos pessoais do
autor de Urupês, é imediata: escândalo, quadros devolvidos, uma tentativa de agressão à
pintora, a mostra fechada antes do tempo.
O artigo demolidor serve, entretanto, para que os jovens "futuristas" brasileiros, até então
dispersos, isolados em pequenos agrupamentos, se unam em torno de um ideal comum:
destruir as manifestações artísticas que remontavam ao século XIX, especificamente, no
caso da literatura, o parnasianismo poético, medíocre e superado. Neste sentido, a
exposição de Anita Malfatti funciona como estopim de um movimento que explodiria na
Semana de Arte Moderna.
Quatro estréias promissoras
Ainda em 1917, são editados livros de poemas de quatro jovens autores. Percebe-se neles o
quão forte era a herança parnasiana, e mesmo a simbolista ou a romântica, mas se pode
enxergar também algo de novo. Propriamente uma realização. Ainda com timidez, eles
intentavam caminhos alternativos:
Há uma gota de sangue em cada poema - Mário de Andrade
Almeida
/
Cinzas
das
horas
-
Juca Mulato - Menotti del Picchia
/
Nós - Guilherme de
Manuel
Bandeira.
As esculturas de Brecheret
Em 1920, os jovens paulistas descobrem as esculturas de Brecheret. Impregnadas de
modernidade, constituirão uma das bandeiras da Semana, pois Brecheret fora contratado
para realizar o Monumento às Bandeiras e ao apresentar às autoridades as maquetes da
obra, teve o trabalho recusado. Anos depois, o monumento seria erigido, tornando-se um
símbolo de São Paulo e a escultura pública mais admirada no país.
Mas, naquele instante, o caso Brecheret fornece munição à rebeldia estética que germinava
na capital paulista. Ou como diria Menotti Del Picchia: "Foi sua arte magnífica que abriu os
nossos cérebros, (...) criado entre nós uma arte forte, liberta, espontânea."
Antecedentes e Organizadores
Por volta de 1912, Oswald de Andrade, recém-chegado da Europa, começa a divulgar,
através de jornais paulistas, as novas correntes estéticas européias, principalmente as idéias
futuristas de Marinetti (autor italiano). Mas, essas idéias não encontram grande
receptividade a não ser em grupos reduzidos de jovens intelectuais, ainda sufocados pela
linguagem anacrônica da arte dominante.
Um possível diálogo entre Oswald e Mário de Andrade, organizadores do evento, com
Graça Aranha, a quem convidam a participar por ser um renomado escritor e poder dar
prestígio ao evento:
Graça Aranha pergunta sobre o que se trata a reunião. Oswald de Andrade diz que seu
amigo Di Cavalcanti teve a esplêndida idéia de realizar um grande festival para mostrar o
que há de mais moderno na arte.
Mário fala que apesar de já possuímos belos trabalhos como O Pirralho do Oswald, as
exposições de Anita Malfatti, a revista Orpheu com Ronald Carvalho, as caricaturas de Di
Cavalcanti, nós ainda não conseguimos acabar com a soberania do Parnasianismo.
É preciso criar algo de novo,diz Oswald, que choque, que mostre a nossa real arte, a arte
moderna, a arte do Brasil... e precisamos contar com o apoio de escritores como você, com
prestígio, para atrair uma grande quantidade de pessoas.
Graça Aranha acha muito interessante, ainda mais que vem a defender propostas tão
nobres. Ele aceita o convite.
Então Oswald vai atrás de patrocínio, com fazendeiros. E Mário cita o Teatro Municipal
para o local do evento.
O evento
Finalmente, em fevereiro de 1922, realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. O
objetivo dos organizadores era acima de tudo a destruição das velhas formas artísticas na
literatura, música e artes plásticas. Paralelamente, procuravam apresentar e afirmar os
princípios da chamada arte moderna, ainda que eles mesmos estivessem confusos a respeito
de seus projetos artísticos. Oswald de Andrade sintetiza o clima da época ao afirmar: "Não
sabemos o que queremos. Mas sabemos o que não queremos”.A proposição de uma semana
(na verdade, foram só três noites) implicava uma amostragem geral da prática modernista.
Programaram-se conferências, recitais, exposições, leituras, etc. O Teatro Municipal foi
alugado. Toda uma atmosfera de provocação se estabeleceu nos círculos letrados da capital
paulista. Havia dois partidos na cidade: o dos futuristas e o dos passadistas.
1° Noite:
A conferência de abertura de Graça Aranha, intitulada 'A Emoção Estética na Arte
Moderna'. Veja abaixo:
“Para muitos de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje
é uma aglomeração de "horrores". Aquele Gênio suplicado, aquele homem amarelo,
aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida se não são jogos da fantasia de
artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida.
Não está terminado o vosso espanto. Outros horrores vos esperam. Daqui a pouco,
juntando-se a esta coleção de disparantes, uma poesia liberta, uma música extravagante,
mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do Passado.”
A conferência de Graça Aranha não chegou a causar espanto, ao contrário da música de
Ermani Braga, que fazia uma crítica a Chopin - o que levaria a pianista Guiomar Novaes a
protestar publicamente contra os organizadores da semana. A noite prosseguiu com a
conferência 'A Pintura e a Escultura Moderna do Brasil', de Ronald Carvalho, três solos de
piano de Ermani Braga e três danças africanas de Villa-Lobos.
2° Noite:
Anunciava como grande atração a pianista Guiomar Novaes, que, apesar do protesto,
compareceu e se apresentou. Houve conferência de Menotti del Picchia sobre arte e
estética, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade
recitava sua Paulicéia desvairada, inclusive a Ode ao burguês, a vaia era tão grande que
não se ouvia, do palco, o que Paulo Prado gritava da primeira fila da platéia.
O mesmo aconteceu quando Ronald de Carvalho lê um poema de Manuel Bandeira, o qual
não comparecera ao teatro por motivos de saúde: Os sapos. Trata-se de uma ironia
corrosiva aos parnasianos, que ainda dominavam o gosto do público. Este reage através de
vaias, gritos, patadas, Sob um coro de relinchos e miados, gente latindo como cachorro ou
cantando como galo, interrompendo a sessão. Oswald de Andrade debochou do fato,
afirmando que, naquela ocasião, revelaram-se "algumas vocações de terra-nova e galinha
d'angola muito aproveitáveis".
Mas, metaforicamente, com sua iconoclastia pesada, que se mostra hostil a princípios sãos
ou moralistas, o poema delimita o fim de uma época cultural:
Enfunando os sapos,
saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos
A luz os deslumbra. Em ronco que aterra,
Borra o sapo-boi:
Meu pai foi à guerra!
Não foi! - Foi! - Não Foi! O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: -Meu cancioneiro é bem martelado. O meu verso é bom
Frumento sem joio
Faço rimas com
Consoantes de apoio. Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a forma:
Reduzi sem danos
A formas e a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...
Urra o sapo-boi:
- Meu pai foi rei! - Foi!
- Não foi! - Foi! - Não foi!
Brada era um assomo
O sapo tanoeiro
A grande arte é como lavor de joalheiro Outros, sapos-pipas
(Um mal cabe em si)
Falam pelas tripas
- Sei! - Não sabe! - Sabe! Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é Que soluças tu,
Transido de frio
Sapo-cururu
Da beira do rio..."
3° Noite
Realizou-se o terceiro e último grande festival, com apresentação de músicas de VillaLobos. O público já não lotava o teatro e comportava-se mais respeitosamente. Exceto
quando o maestro Villa-Lobos entra em cena de casaca e... chinelos; o público interpreta a
atitude como futurista e vaia. Mais tarde o maestro explicaria que não se tratava de
futurismo e sim de um calo arruinado...
Principais participantes da Semana
Literatura:
Mário de Andrade - Oswald de Andrade - Graça Aranha - Ronald de Carvalho Menotti del Picchia - Guilherme de Almeida - Sérgio Milliett
Música
e
Artes
Anita Malfatti - Di Cavalcanti - Santa Rosa - Villa-Lobos - Guiomar Novaes
Plásticas:
A importância estética da Semana
Se a Semana é realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas européias
nem sempre bem assimiladas, conforme acentuam alguns críticos, ela significa também o
atestado de óbito da arte dominante. O academicismo plástico, o romantismo musical e o
parnasianismo literário esboroam-se por inteiro. Ela cumpre assim a função de qualquer
vanguarda: exterminar o passado e limpar o terreno.
É possível, por outro lado, que a Semana não tenha se convertido no fato mais importante
da cultura brasileira, como queriam muitos de seus integrantes. Há dentro dela, e no
período (1922-1930), certa destrutividade gratuita, certa ironia superficial e enorme
confusão no plano das idéias..
Com efeito, os autores que organizaram a Semana colocaram a renovação estética acima de
outras preocupações importantes. As questões da arte são sempre remetidas para a esfera
técnica e para os problemas da linguagem e da expressão. O principal inimigo eram as
formas artísticas do passado. De qualquer maneira, a rebelião modernista destrói a oposição
sistemática a paixão pelas coisas antigas - que impedia as criações mais revolucionárias e
complexas - e inaugurar o império da experimentação, algo de indispensável, para a
fundação de uma arte verdadeiramente nacional.
Caberia ainda ao próprio Mário de Andrade - verdadeiro líder e principal teórico do
movimento - sintetizar a herança de 1922:



A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em expressar a
realidade brasileira.
A atualização intelectual com as vanguardas européias.
O direito permanente de pesquisa e criação estética.
A Semana e a realidade brasileira
A Semana de Arte Moderna insere-se num quadro mais amplo da realidade brasileira.
Vários historiadores já a relacionaram com a revolta tenentista e com a criação do Partido
Comunista, ambas de 1922. Embora as aproximações não sejam imediatas, é flagrante o
desejo de mudanças que varria o país, fosse no campo artístico, fosse no campo político.
Um dos equívocos mais freqüentes das análises da Semana consiste em identificá-la com os
valores de uma classe média emergente. Ela foi patrocinada pela elite agrária paulista. E os
princípios nela expostos adaptavam-se às necessidades da refinada oligarquia do café. Uma
oligarquia cosmopolita, cujos filhos estudavam na Europa e lá entravam em contato com o
"moderno". Uma oligarquia desejosa de se diferenciar culturalmente dos grupos sociais.
Enfim, uma classe que marcaria a primeira fase modernista - a expressão contraditória de
suas aspirações ideológicas.
Outro equívoco é considerar o movimento como essencialmente antiburguês. O poema Ode
ao burguês, de Mário de Andrade, e alguns escritos de outros participantes da Semana
podem levar a esta conclusão. Mas não esqueçamos que a burguesia rural, vinculada ao
café, apoiou os jovens renovadores. E, além disso, toda crítica dirigia-se a um tipo de
burguesia urbana, composta geralmente de imigrantes, inculta, limitada em seus projetos,
sem grandeza histórica, ao contrário das camadas cafeicultoras, cujo nível de refinamento
cultural e social era muito maior.
Neste caso, os modernistas se comportam como aqueles velhos aristocratas que
menosprezam a mediocridade dos "novos-ricos". No início da década de 30, Oswald de
Andrade já perceberia o quão contraditória era a sua crítica ao universo das classes
citadinas. Daí o prefácio do romance Serafim Ponte Grande, em 1933.
A situação "revolucionária" desta bosta mental sul-americana, apresentava-se assim: o
contrário do burguês não era o proletário - era o boêmio! As massas, ignoradas no
território e como hoje, sob a completa devassidão econômica dos políticos e dos ricos. Os
intelectuais brincando de roda.
Repercussão na Imprensa
Veja o que os jornais diziam sobre o evento, nesse fragmento retirado de um dos mais
conceituados da época:
'Ao público chocado diante da nova música tocada na Semana, como diante dos quadros
expostos e dos poemas sem rima... Sons sucessivos, sem nexo, estão fora da arte musical:
são ruídos, são estrondos... são disparates como tantos e tão cabeludos que nesta semana
conseguiram desopilar os nervos do público paulista, que raramente ri a bandeira
despregada.'
Resultados
Apesar das vaias e da dura crítica da imprensa nossas artes jamais foram as mesmas. Logo
em seguida é lançada a revista Klaxon, porta-voz das idéias modernistas, herdeiros da
Semana de 1922.
Oswald Andrade
Em 11 de janeiro de 1890 nasce em São Paulo José Oswald de Sousa Andrade,
Inicia seus estudos, em 1900, na Escola Modelo Caetano de Campos.
Em 1901, vai para o Ginásio Nossa Senhora do Carmo. Tem como colega Pedro Rodrigues
de Almeida, o “João de Barros” do ”Perfeito Cozinheiro das Almas desse mundo...”.
Em 1903, transfere-se para o Colégio São Bento. Lá tem como colega o futuro poeta
modernista
Guilherme
de
Almeida.
Em 1905, com o São Paulo em ebulição — surge o bonde elétrico, o rádio, a propaganda, o
cinema — participa da roda literária de Indalécio Aguiar da qual faz parte o poeta Ricardo
Gonçalves.
Em 1908, conclui os estudos no Colégio São Bento com o diploma de Bacharel em
Humanidades.
Em 1909 inicia sua vida no jornalismo como redator e crítico teatral do “Diário Popular”,
assinando a coluna "Teatro e Salões". Ingressa na Faculdade de Direito.
Em 1910, monta um atelier com o pintor Oswaldo Pinheiro, no Vale do Anhangabaú.
Conhece o Rio de Janeiro, e fica hospedado na residência de seu tio, o escritor Inglês de
Souza. Passa o primeiro Natal longe da família em Santos, numa hospedaria de carroceiros
das
docas.
No ano seguinte, com a ajuda financeira de sua mãe, funda “O Pirralho”, cujo primeiro
número
é
lançado
em
12
de
agosto.
Em 1912, viaja à Europa. Visita vários países: Itália, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, França,
Espanha. Conhece durante a viagem a jovem dançarina Carmen Lydia, que Oswald batiza
em Milão. Morre em São Paulo sua mãe, no dia 6 de setembro. Retorna ao Brasil, trazendo
a estudante francesa Kamiá. Reassume sua atividade de redator de “O Pirralho”, onde
publica crônicas em português macarrônico com o pseudônimo de Annibale Scipione.
No ano seguinte, participa das reuniões da Vila Kirial e conhece o artista plástico Lasar
Segall.
Escreve
“A
recusa”,
drama
em
três
atos.
Nasce o seu filho, José Oswald Antônio de Andrade, com Kamiá, em 1914. Torna-se
Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio São Bento, onde foi aluno do abade Sentroul.
Cursa
Filosofia
no
Mosteiro
de
São
Bento.
Em 1915, participa do almoço em homenagem a Olavo Bilac, promovido pelos estudantes
da Faculdade de Direito. Torna-se membro da Sociedade Brasileira dos Homens de Letras,
fundada em São Paulo por Bilac. Chega ao Brasil a dançarina Carmen Lydia, com quem
mantém um barulhento namoro. Faz viagens constantes de trem ao Rio a negócio ou para
acompanhar
Carmen
Lydia.
No ano seguinte, publica em “A Cigarra” o primeiro capítulo — e, depois, lança, com
Guilherme de Almeida, as peças teatrais “Theatre Brésilien — Mon Coeur Balance” e
“Leur Âme”, pela Typographie Asbahr. Faz a leitura das peças em vários salões literários
de São Paulo, na Sociedade Brasileira de Homens de Letras, no Rio de Janeiro e na redação
“A Cigarra”. Publica trechos de “Memórias Sentimentais de João Miramar” na “A Cigarra”
e na “A Vida Moderna”. Sofre de artritismo. Volta a estudar Direito, cujo curso havia
interrompido em 1912. Recebe o convite de Valente de Andrade para fazer parte do “Jornal
do Comércio”, começa seu trabalho como redator. Vai regularmente a Santos, em
companhia de Carmen Lydia. De vez em quando viajava pro Rio. Naquela cidade freqüenta
a roda literária de Emílio de Meneses, João do Rio, Alberto de Oliveira, Eloi Pontes,
Olegário Mariano, Luis Edmundo, Olavo Bilac, Oscar Lopes e outros. Passa temporada em
Aparecida do Norte. Está escrevendo o drama “O Filho do Sonho”.
Em 1917, conhece Mário de Andrade. Defende a pintora Anita Malfatti das críticas
violentas feitas por Monteiro Lobato ("A exposição de Anita Malfatti", no “Jornal do
Comércio”, São Paulo, 11/01/1918). Participa do primeiro grupo modernista com Mário de
Andrade, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto e Di Cavalcanti. De 1917 a 1922 escreve
regularmente
no
“Jornal
do
Comércio”.
Trabalha em “A Gazeta”, em 1918. Começa a compor “O perfeito cozinheiro das almas
desse
mundo...”.
Fecha
a
revista
“O
Pirralho”.
Em 1919 é o orador do “Centro Acadêmico XI de Agosto” da Faculdade de Direito.
Pronuncia a palestra "Árvore da Liberdade". Bacharel em Direito, é escolhido orador da
turma. Morre seu pai, em fevereiro. Casa-se, com Maria de Lourdes Castro Dolzani de
Andrade.
No ano seguinte edita “Papel e Tinta”, assinando com Menotti del Picchia o editorial e
escrevendo regularmente para o periódico. Descobre o escultor Brecheret. Escreve em “A
Raposa” artigo elogiando Brecheret com texto ilustrado com fotos de trabalhos do artista.
Em 1921 faz a saudação a Menotti del Picchia no banquete oferecido para políticos e poetas
no Trianon. Revela Mário de Andrade poeta. Participa da caravana de jovens escritores
paulistas ao Rio de Janeiro, a fim de fazer propaganda do Modernismo. Torna-se o líder
dessa
campanha
preparatória
para
a
Semana
de
Arte
Moderna.
Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo. Faz
conferência, em 18 de setembro, comemorativa ao centenário da Bandeira Nacional. É um
dos participantes do grupo da revista “Klaxon”, onde colabora. Integra o grupo dos cinco
com Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Menotti del Picchia.
Faz viagem a Portugal e Espanha, acompanhado de Tarsila. Reside em Paris, no atelier de
Tarsila.
Em
1924
Visita seu filho na Suíça, em março de 1925. Em agosto retorna ao Brasil. Candidata-se à
Academia Brasileira de Letras. Oficializa o noivado com Tarsila do Amaral. Faz nova
viagem
à
Europa,
com
Tarsila.
Chega ao Brasil em 16 de agosto. Casa-se com Tarsila do Amaral.
No ano seguinte, volta ao Rio para a exposição de Tarsila, com Anita Malfatti, Waldemar
Belisário, Patricia Galvão (Pagu).
Separa-se de Tarsila do Amaral. Rompe com Mário de Andrade e Paulo Prado. Viaja à
Bahia
com
Pagú.
No dia 1º de abril de 1930 casa-se com Pagú numa cerimônia pouco convencional. O
acontecimento foi simbólico, realizado no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Nasce
seu filho Rudá Poronominare Galvão de Andrade com a escritora Patrícia Galvão (Pagú).
No ano seguinte, deixa Pagú e une-se à pianista Pilar Ferrer. Publica “A Escada
Vermelha”, terceiro romance de “A trilogia do exílio”, e “O Homem e o Cavalo”, com capa
de seu filho, Oswald de Andrade Filho.
No dia 24 de dezembro, assina contrato ante-nupcial em regime de separação de bens com
Julieta
Bárbara
Guerrini.
Se casa com a escritora Julieta Bárbara, tendo como padrinho o jornalista Casper Líbero, o
pintor
Portinari.
Em 1939, viaja à Europa, com sua mulher Julieta, para participar do Congresso do Pen
Club, que não se realizou por causa da guerra. Passa uma temporada em Águas de São
Pedro,
em
tratamento
de
saúde.
Candidata-se à Academia Brasileira de Letras pela segunda vez, enviando uma carta aberta
aos
imortais,
em
1940.
No ano de 1942, expõe trabalhos de pintura na Sala dos Intelectuais, no VII Salão do
Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Publica “Cântico dos Cânticos para Flauta e
Violão”, dedicado à sua futura mulher, Maria Antonieta d’Alkmin. Lança, em 2ª edição
pela
Globo,
“Os
Condenados”.
Casa-se
com
Maria
Antonieta
d'Alkmin,
em
1943.
Em 1944, pronuncia na Faculdade de Direito a conferência "Fazedores da América",
publicada no “Diário de S.Paulo”. Inicia a série “Telefonema”, publicada no “Correio da
Manhã”, até 1954. Viaja a Belo Horizonte, faz uma conferência na Exposição de Arte
Moderna,
organizada
pelo
Prefeito
Juscelino
Kubstichek.
Nasce sua filha Antonieta Marília. Participa do Congresso de Escritores em São Paulo.
Candidata-se a delegado regional da Associação Brasileira de Escritores e perde a eleição.
Nasce
seu
filho
Paulo
Marcos.
Em 1950, escreve “O antropófago”. É homenageado com um banquete, no Automóvel
Clube, pelo aniversário de 60 anos, saudado por Sérgio Milliet. Candidata-se a deputado
federal pelo PRT, com o seguinte slogan: “Pão – Teto – Roupa – Saúde – Instrução”.
Escreve, em 1952, “Introdução à antropofagia”. Profere discurso de saudação em
homenagem a Josué de Castro, representante da ONU, por iniciativa da Secretaria
Municipal
de
Cultura
de
São
Paulo.
Tenta
em
vão
vender
sua
coleção
de
quadros.
Em 1954, escreve o ensaio “Do órfico e mais cogitações" e "O primitivo e a antropofagia”.
Envia comunicação, por intermédio de Di Cavalcanti, para o Encontro de Intelectuais, no
Rio de Janeiro. Publica o primeiro volume das “Memórias — Um homem sem profissão”,
com
capa
de
seu
filho,
Oswaldo
Jr.
Falece em São Paulo, em 22 de outubro de 1954, na sua residência. É sepultado, no
cemitério
da
Consolação,
em
São
Paulo.
É homenageado postumamente pelo Congresso Internacional de Escritores, em 1954. Em
1990, no centenário de seu nascimento, a “Oficina Cultural Três Rios” passa a se chamar
“Oficina Cultural Oswald de Andrade; é lançado o filme “Cem Oswaldinianos”, de Adilson
Ruiz e instalado painel na estação República do Metrô paulista.
OBRAS
Humor:
Revista “O Pirralho” — crônicas em português macarrônico sob o pseudônimo de Annibale
Scipione (1912 — 1917)
Poesia:
Pau-Brasil (1925)
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927)
Cântico dos cânticos para flauta e violão (1945)
O escaravelho de ouro (1946)
Romance:
A trilogia do exílio: I — Os condenados, II —A estrela de absinto, III — A escada
vermelha (1922-1934)
Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
Serafim Ponte Grande (1933)
Marco Zero: I - A revolução melancólica, II — Chão (1943).
Memórias: Um homem sem profissão (1954)
Teatro:
A recusa (1913)
Théâtre Brésilien — Mon coeur balance e Leur Âme (1916) (com Guilherme de Almeida)
O homem e o cavalo (1934)
A morta (1937);
O rei da vela (1937).
O rei floquinhos (1953)
Manifestos:
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924)
Manifesto Antropófago (1928)
Manifesto Ordem e Progresso (1931)
Teses, artigos e conferências publicadas:
O meu poeta futurista (1921)
A Arcádia e a Inconfidência (1945)
A sátira na poesia brasileira (1945)
Versões e adaptações:
Filme “O homem do Pau-Brasil”, de Joaquim Pedro de Andrade, baseado na vida de
Oswald de Andrade (1980)
Filme “Oswaldinianas”. Formado por cinco episódios, dirigidos por Julio Bressane, Lucia
Murat, Roberto Moreira, Inácio Zatz, Ricardo Dias e Rogério Sganzerla (1992)
Publicações póstumas:
A utopia antropofágica – Globo
Ponta de lança – Globo
O rei da vela – Globo
Pau Brasil – Obras completas – Globo
O santeiro do mangue e outros poemas – Globo
Obras completas – Um homem sem profissão – Memórias e confissões sob as ordens de
mamãe – Globo
Telefonema – Globo
Dicionário de bolso – Globo
O perfeito cozinheiro das almas desse mundo – Globo
Os condenados – A trilogia do exílio – Globo
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade – Globo
Os dentes do dragão – Globo
Mon coeur balance – Le Âme - Globo
O Anjo Pornográfico Nelson Rodrigues
Em 23 de Agosto de 1912 em Recife de Pernambuco nasce Nelson Falcão
Rodrigues um dos maiores dramaturgos brasileiros, filho de Maria Éster Falcão Rodrigues
e Mário Rodrigues. Nelson morou em Pernambuco até os cinco anos de idade e em 1917
muda-se com sua família para a Aldeia Compita no Rio de Janeiro.
Na adolescência freqüentou a escola Prudente de Morais onde o próprio Nelson
comenta “Aos nove anos sou considerado gênio por alguns, um tarado em potencial pelas
professoras e um maluco pelas alunas. Nessa época, vivo a minha primeira experiência
como escritor, ao concorrer e ganhar um prêmio de redação. O premio, dividido com um
colega. A história que contei: um adultério – em que o marido mata a mulher a punhaladas.
A minha primeiras ‘A vida como ela é’. Depois de ser expulso do colegial por rebeldia,
desculpa aos alunos que questionavam a forma de ensino, Nelson vai trabalhar com o pai
no jornal A manhã no ano de 1925. “ ...Começa a minha experiência profunda de jornalista.
A reportagem policial vai transformar-se para sempre num dos elementos básicos de minha
visão de vida. Através dela tive intimidade com a morte (que sempre me apavorou) e nela
vi um cadáver pela primeira vez. O jornalismo, daí em diante, passou a ser vital para mim.
Tinha, entretanto, intenções literárias – ser romancista, a principal delas. Veio o teatro,
porem”.
Em 1929 uma tragédia toma conta da família de Nelson seu irmão Roberto é
assassinado por engano no lugar do pai, nas dependências da edição do jornal
sensacionalista A critica, também do Pai de Nelson. Mário Rodrigues morre em 1930 de
desgosto ou “ de paixão” como diria Nelson. E assim as crises se agravam depois que a o
jornal é depredado assim que a Revolução de trinta se concretiza, já que o jornal apoiava
Júlio Prestes da oposição. A família afunda em tremenda miséria. No ano de1935 Nelson e
seu irmão Jofre tuberculosos vão para Campos do Jordão ficar em um sanatório onde fica
Nelson quatro anos, o irmão não resiste e morre.
Em 1939 escreve sua primeira peça A mulher sem pecado, a início por dificuldades
financeiras Nelson pretendia escrever uma porochanchada, sendo esta de bastante lucro na
época, porém a pós a segunda página A mulher sem pecado tornou-se séria, e já que seu
irmão era amicíssimo de Vargas Neto, a peça foi encaminhada para o Serviço Nacional de
teatro e estreou em 1941. Em 1943 estréia sua segunda peça, Vestido de Noiva. A peça por
ser muito rebuscada foi recusada por muitos grupos até ser encenada pelo grupo amador Os
Comediantes com a direção de Ziembinski. Nelson continuou escrevendo peças, por ele
intituladas desagradáveis, por abordarem temas incestuosos, religiosidade às avessas, como
Álbum de família que ficou censurada durante 23 anos, os grupos se recusavam a encenar
as peças de temáticas fortes, com exceção de A Serpente disputada por vários empresários
de companhias teatrais.
Em 1944 passa a escrever suas novelas de folhetim sobre o pseudônimo de Suzana
Flag até 1947., como comenta o autor “ gosto muito de escrever folhetim, e queria ter mais
liberdade. Acho folhetim um gênero de concessão”. Nelson escrevia crônicas diária para o
Jornal dos Sports. Em 1951 trabalhando no Jornal a Última hora, passa a escrever as
crônicas A vida como ela é, por sua liberdade de escrita, de vocabulário e por abordar
temas sempre decorrentes da traição, Nelson foi taxado de comunista, que tentava
ridicularizar a instituição familiar. Até mesmo depois quando foi trabalhar para o jornal O
Globo passou a ser atacado, só que agora como reacionário, quando na verdade em 1964
depois da Revolução da República, Nelson passa a escrever artigos a favor do governo e
ridicularizando a esquerda, uma ironia já quem em 1969 seu filho, filiado ao movimento
opositor MR8, é preso no Rio de Janeiro, sendo condenado a 50 anos de prisão, Nelson
comenta sobre o assunto “Todos os presidentes, inclusive depois de 1964, me massacraram.
Tive oitos peças interditadas. A censura usa um tratamento discriminatório contra mim.... O
meu horror à tortura e à censura é tão grande ou maior do que o de vocês. Por uma série de
motivos. Eu tenho um filho que está preso e condenado a 50 cinqüenta anos. Tenho
portanto de ter uma posição muito nítida”. Nelson filho foi libertado em 1979.
Em 1980 Nelson morre a 21 de dezembro, depois de um mês internado no hospital
fraco dos pulmões e do coração.
Obras
A Mulher sem Pecado (teatro) 1939
Meu Destino é Pecar (romance) sob o pseudônimo de Suzana Flag 1944
Escravos do Amor (romance) Suzana Flag 1945
Álbum de Família (teatro) 1946
Vestido de Noiva (teatro) 1946
Minha Vida (romance) Suzana Flag 1946
Dorotéia (teatro) 1947
Núpcias de Fogo (romance) Suzana Flag 1947
Anjo Negro (teatro) 1948
A Mulher que Amou Demais (romance) sobre o pseudônimo de Mirna 1949.
Valsa nº 6 (teatro) 1951
O Homem Proibido (romance) 1951
A Mentira (romance) 1953
A Falecida (teatro) 1956
Perdoa-me por me traíres (teatro) 1957
Viúva porém honesta (teatro) 1957
Os sete gatinhos (teatro) 1958
O Boca de Ouro (teatro) 1959
Asfalto selvagem (romance) 1960
Bonitinha mais ordinária (teatro) 1961
Toda Nudez será castigada (teatro) 1966
O Casamento (ramance) 1966
Memória de Nelson Rodrigues (crônica) 1967
O Óbvio Ululante (crônica) 1970
O Anti Nelson Rodrigues (teatro) 1974
O Reacionário (crônica) 1977
A serpente (teatro) 1979
Ziembinski e Os Comediantes
O grupo de teatro Os Comediantes se formou graças as reuniões mensais da
Associação de Artistas Brasileiros sediada no Rio de Janeiro que promovia exposições,
concertos e palestras. Em um concurso de teatro amador promovido pela associação surgiu
o grupo que tinha como proposta dar cursos, ter um repertório próprio de peças e
futuramente fundar uma escola. Estreando e, 15 de Janeiro de 1940 no Teatro Ginástico
com Assim É se lhe Parece de Pirandello, e três semanas depois apresentou Uma mulher e
Três Palhaços de Marcel Achard.
Em 1941 vindo da Polônia fugindo da Guerra o artista Zbigniew Marian Ziembinski,
identificando com o grupo Ziembinski se propôs a trabalhar com eles por um teatro
realmente brasileiro e para isso precisavam interpretar um autor brasileiro. Ao descobrirem
Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues, peça que por sua complexidade tinha sido
rejeitadas por várias companhias, Ziembinski viu a oportunidade de demonstrar sua
capacidade como diretor, e o sucesso da peça revelou a importância dessa nova junção de
direção, em todos os seus bastidores, figurino, iluminação, cenário, e a preparação dos
atores em seu sentido completo, tendo agora um diretor e não mais um ensaiador, o que já
mudava toda a compreensão unitária da obra e trata o espetáculo com seriedade, sendo uma
obra artística completa e não apenas expressões intuitivas e improvisações. Vestido de
Noiva foi o marco do novo teatro brasileiro, o moderno. Porém mesmo com o sucesso
consolidado OS comediantes chagaram a sofres represarias de outros grupos, que chegaram
a solicitar a falta de patrocínio a grumos amadores.
O grupo Os Comediantes só dura até 1947. Em 1950 Ziembinski “ingressa no
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo. De 1957 a 1958 trabalha com a
companhia de Cacilda Becker e leciona na Escola de Arte Dramática de São Paulo, hoje
incorporada à Universidade de São Paulo (USP). Sua atividade contribui para elevar o nível
de representação e direção, bem como a qualidade das peças de autores brasileiros. No
início da década de 70 ingressa na TV Globo, onde dirige e atua. De 1977 até a morte é
chefe do Departamento de Casos Especiais da emissora. Morre no Rio de Janeiro”.
T.B.C. - Teatro Brasileiro de Comédia
O ano de 1948 se tornou um marco na divisão do cenário do teatro paulista com a
fundação do T.B.C. e da Escola de Arte Dramática de São Paulo.
Motivado pelo sentimento de gratidão à cidade, que havia lhe proporcionado um
status elevado e uma excelente situação financeira, o italiano Franco Zamparini criou o
T.B.C com o intuito de que os grupos de amadores tivessem um local para se exibir, já que
o aluguel do teatro Municipal era absurdo. Zampari transformou uma garagem na rua Major
Diogo, 311 num teatrinho de 365 lugares, com um palco de grande profundidade mas pouca
altura, mais tarde melhorado, inclusive sendo retirada uma coluna que tanto atrapalhava.
Em 5 de outubro, no jornal Estado lança uma nota destacando a divisão da historia
do teatro paulista como antes e depois da criação do T.B.C.
Já no ano seguinte houve a necessidade do teatro se profissionalizar por questão de
sobrevivência. Em 11 de outubro, o Grupo de Teatro Experimental monta os espetáculos
La voix humaine, de Cocteau e A mulher do próximo, de Abílio Pereira de Almeida e segue
em cartaz com o Grupo Universitário de Teatro com o Baile dos ladrões, de Anouilh.
O projeto de revezamento entre os grupos seguiu-se, pois o público não suportava
grandes temporadas.
Toda vez que se esgotava o publico para um espetáculo amador, o T.B.C lançava A
mulher do próximo. Mas a dificuldade de alimentar continuamente o cartaz com
espetáculos locais fez o T.B.C apelar para conjuntos de fora. Chegaram então Aimée,
Fregolente e Paulo Porto. Inclusive foi Aimée quem revelou ao publico paulista Silveira
Sampaio, renovador na comédia brasileira.
Por indicação de Aldo Calvo (cenógrafo do Scala de Milão), que estava no Brasil a
convite de uma firma de decoração, Zampari traz de Buenos Aires o jovem diretor italiano
Adolfo Celi. Aqui tem-se o início da profissionalização.
A primeira peça dirigida por ele é The time of your life, de Willian Soroyan.
Celi trouxe mais teatralidade, uma tonalidade mais agressiva e mais viva e um
rendimento excelente dos atores.
Em novembro de 1949, o ator Sérgio Cardoso e o diretor Ruggero Jacobbi são
contratados pelo T.B.C.. E estréiam O mentiroso, de Goldoni, por muitos considerado um
dos mais perfeitos espetáculos do T.B.C..
A primeira estréia do elenco, em 1950, é Entre quatro paredes ( Huis clos), de
Sartre. Apesar do grande alvoroço, como não convinha ao Partido Comunista, até os
católicos são proibidos de verem a peça.
No mesmo ano, O anjo de pedra (Summer and Smoke), de Tennessee Willians, foi
considerado uma das realizações mais perfeitas de toda historia do T.B.C. com destaque do
desempenho de Cacilda Becker.
Guilherme Almeida e Luciano Salce planejavam um Teatro de Segundas- feiras e a
primeira programação constava de Um homem da flor na boca, de Pirandello; Lembranças
de Berta, de Tennessee Willians; e O banquete, de Lucia Benedetti.
A temporada de 1951 foi um grande triunfo para o T.B.C.. Para se projetar
nacionalmente, eram convidados para assistir à estréia os criticos dos principais jornais
cariocas e a montagem de A dama das camélias, depois de apresentada no T.B.C, foi levada
ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro como cartão de visitas do T.B.C.
Em 1952 destaca-se o segundo semestre, mas antes disso, em 10 de maio de 1952,
também no Estado sai uma nota questionando os recursos do teatro e a frustrada
“competição” com o cinema, dizendo sobre a falta de recursos técnicos e humanos para
tanto.
Em 1953, Décio de Almeida Prado fez um balanço do teatro paulista e comparou o
T.B.C. a Comédie em Paris. O conjunto dispunha, no quadro fixo, de 18 atores, 4
encenadores, 1 cenógrafo, 11 auxiliares e 13 funcionários.
O T.B.C. era uma companhia conduzida com espírito empresarial, não no sentido de
obtenção de lucro, mas no funcionamento rígido.
Sua pequena sala adaptada, criou maior intimidade entre o ator e o publico e uma
interpretação mais sóbria e comedida; a implantação do teatro em equipe gerou
desenvolvimento de jovens atores e seu eclético repertorio, numa cidade sem teatros
diversificados, agradava a todos e a estabilidade do elenco (contratos de 1 ano renováveis)
permitiam um salário melhor e o recrutamento de interpretes de nível intelectual mais
elevado.
A organização do T.B.C. é quase completa. Contam com uma seção de carpintaria
para trabalhar madeira bruta, uma seção de cenografia, uma sala especial para ensaios,
cinqüenta poltronas e um jogo de refletores. Dispõe ainda de uma sala de costura completa,
de almoxarifado e de deposito de cenários alugados fora do teatro.
Décio de Almeida compreende a historia do teatro profissional em São Paulo
precisamente com a idade do T.B.C..
1954, ano do IV Centenário de São Paulo, viu-se numerosas montagens no T.B.C..
Sergio Cardoso e Nydia Licia passam a ter seu próprio conjunto. Mais tarde ocupam
o Teatro Bela Vista, adaptado do antigo Cine- teatro Esperia. Em março, Sergio anuncia à
imprensa que o novo prédio havia sido alugado por 20 anos.
Em 1955 um incêndio destruiu pequena parte das instalações do T.B.C., mas o
verdadeiro problema foi o desligamento de Celi, cujo Zampari via como continuador de seu
trabalho naquele teatro. Uma grande desilusão artística.
Mas, apesar de sua saída, o ano de 1956 foi brilhante.
Em maio de 1957, incendiaram-se as instalações do T.B.C. no Ginásio do Rio mas
tudo foi salvo devido ao grande sucesso da estréia de Rua São Luis, 27, 8º andar, de Abílio
Pereira de Almeida. Houve também o afastamento de Zampari e a paralisação das
atividades por alguns dias. No entanto, não impediram a inauguração no segundo andar do
imóvel com textos brasileiros.
Ao entrar no seu décimo aniversario, o T.B.C. tem sucesso de critica com Os
interesse criados, de Benavente, mas o espetáculo não atravessou o publico e as demais
montagens da mesma forma, não estavam.
Em 12 de dezembro de 1958, a diretoria do T.B.C. resolveu suspender
provisoriamente as atividades até o restabelecimento de Franco Zampari para que fossem
traçadas as novas diretrizes do conjunto.
Dois dias depois, no entanto, vem uma contra- ordem.
Em 21 de dezembro, a diretoria do T.B.C. resolveu entregar a direção comercial da
empresa a Antonio de Queiros Matoso e a direção artística a Alfredo de Mesquita. O
governador do estado recomendou a Caixa Econômica Estadual, a concessão de um
empréstimo de 10 milhões de cruzeiros ao T.B.C..
Zampari reassumiu a direção do T.B.C. em março de 1959.
A década de 50 já havia modificado o panorama cênico em São Paulo e no Brasil.
Não só novas companhias, às vezes saída do T.B.C., competiam com ele, mas outras
preocupações animavam os movimentos jovens.
O Teatro de Arena, já em 1958, lançava uma nova geração de autores e o T.B.C,
mostrou-se sensível a essa alteração. Contrata então o diretor brasileiro Flavio Rangel.
Em 1961 o T.B.C. inicia uma crise imensa, já que o custo de vida aumentara 10
vezes desde sua criação.
Com o objetivo de socorrer o T.B.C., o governador Carvalho Pinto recomenda ao
Banco do Estado que empreste 3 milhões de cruzeiros a Zampari, porém em 22 de
fevereiro Zampari declara que impossibilitado de cumprir com seus encargos, vê-se
obrigado a não prosseguir com as atividades.
Imediatamente é criada uma comissão para examinar a situação do teatro paulista e
elege-se a primeira diretoria da União Paulista da Classe Teatral e uma comissão de
reivindicações.
Em primeiro de março de 1961, os atores ocupam o T.B.C. com intuito de chamar a
atenção do governo e do publico para a situação da casa de espetáculos. Enquanto isso, o
governador Carvalho Pinto decide antecipar 3 dos 5 milhões solicitados para quitação das
dividas do teatro, inclusive dividas de causas trabalhistas.
Contudo o valor real para quitar os problemas era de 30 milhões e o governador
envia uma mensagem à Assembléia Legislativa, propondo credito de 20 milhões.
A entrega desta quantia supôs uma intervenção do governo nos negócios e Roberto
Freire é nomeado diretor-superintendente do conjunto.
Com a montagem de A semente, uma das melhores obras de Gianfrancesco
Guarnieri, o T.B.C. parece iniciar uma nova fase e recebe também ajuda do Jockey Club.
Outra montagem que salva o T.B.C. por um tempo é Os ossos do Barão, batendo
recorde de bilheteria.
Em seguida, Vereda da salvação, que Antunes Filho preparou teve tamanho
insucesso e provoca nova crise.
Houve quase um esnobismo em tentar reduzir a importância do T.B.C. ou em julgalo perigoso à evolução do nosso teatro. Com seu maior poderio econômico, ele teria
desenvolvido uma dramaturgia mais simples e acessível e se comunicava muito
espontaneamente com a platéia.
Celi, Salce e Ruggero só voltaram para Itália porque encontraram melhores
condições de sobrevivência, mas Ziembinski integrou-se ao Brasil e a ele devem-se
numerosas outras realizações, como a memorável montagem de Vestido de Noiva, de
Nelson Rodrigues, que REVELOU O TEATRO MODERNO NO BRASIL.
O T.B.C. correspondeu a uma estética do momento, que era grande parte a dos
melhores conjuntos italianos, franceses e ingleses e constitui-se num padrão que os mais
jovens procuravam igualar.
Resumo do Teatro completo de Nelson Rodrigues
Volume 1º- Peças Psicológicas
“O primeiro texto de Nelson Rodrigues para o teatro, A Mulher sem Pecado, de 1941,
inaugurou sua obra teatral e também a fase chamada de Peças Psicológicas. Personagens
confusas
e
enredos
tensos
marcam
este
período.
A mulher sem pecado
"Não conheço peça do repertório brasileiro, encenada na década de trinta ou até o
advento de Vestido de Noiva, que proponha questões semelhantes de A Mulher sem
pecado". Sábato Magaldi, crítico de teatro.
Personagens
Olegário (paralítico marido de Lídia)
Inézia (criada)
D. Aninha (doida pacífica, mãe de Olegário)
Umberto (Chofer)
Voz interior (Olegário)
Lídia (esposa de Olegário)
Joel (empregado de Olegário)
Maurício (irmão de criação de Lídia)
D. Márcia (ex-lavadeira e mãe de Lídia)
Menina (lídia aos dez anos)
Mulher (primeira esposa de Olegário, que morreu)
A mulher sem pecado estreou em 9 de Dezembro de 1942 no Teatro Carlos Gomes
no Rio de Janeiro, É uma peça psicológica que mostra muito bem nos diálogos as
personalidades e obsessões dos personagens. Olegário é um marido ciumento ao extremo
chega a se fazer de paralítico durante seis meses para saber se nesse estado a mulher Lídia
seria capaz de traí-lo. Porém Lídia, bem mais nova que Olegário que se casou pela segunda
vez, nuca teve essa idéia e nunca traiu o marido, o próprio é que de tanto medir suas
palavras, de insinuar e imaginar situações e que a faz pensar no pecado, e não pensar em
outra coisa, a ponto de ter que fechar os olhos ao ver uma palavra feia no jornal. Olegário
pede que Umberto seu chofer e Inézia sua criada vigiem todos os passos de Lídia. Umberto
inventa para Olegário que tinha sido castrado quando era criança, por isso poderia ele ver
qualquer mulher nua sem nenhum problema, Umberto acaba seduzindo Lídia. Então
Olegário quando finalmente decide acabar com a farsa da cadeira de rodas e não mais
infernizar a mulher, recebe uma carta de Lídia avisando sobre sua fuga com Umberto.
Olegário lentamente vai até a cômoda, pega o revólver e dá fim sua existência.
Vestido de noiva
Tenho comigo que Nelson Rodrigues está hoje no teatro brasileiro como Carlos
Drummond de Andrade na poesia. Isto é: numa posição excepcional e revolucionária".
Álvaro Lins, crítico de teatro
Personagens
Alaíde
Lúcia
Pedro
Madame Clessi (cocote de 1905)
Mulher de véu
1º repórter
2º repórter
3º repórter
4º repórter
Homem Inatural
Mulher Inatural
O limpador (cara de Pedro)
Homem de capa (cara de Pedro)
Namorado e assassino de Clessi (cara de Pedro)
Leitora do “ Diário da Noite”
Gastão (pai de Alaíde e Lúcia)
D. Lígia (mãe de Alaíde e Lúcia)
D. Laura (mãe de Pedro)
1º Médico
2º Médico
3º Médico
4º Médico
Vestido de Noiva encenado pela Cia os Comediantes, dirigido por Ziembinski é
encenada em 1943 a 28 de Dezembro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, se
consagrando o maior sucesso de Nelson e um marco no início do teatro moderno, a
renovação do teatro e a importância da direção. A peça dirigida em três planos de vida,
Alucinação, memória e realidade, foi um desafio para Ziembinski, e só o grupo amador Os
Comediantes aceitou o desafio.
Alaíde está em uma mesa de cirurgia enquanto devaneia em seu plano da
alucinação, procurando Madame Clessi, uma prostituta que morou em sua casa nos anos
morta pelo amante de 17 anos em 1905, Madame Clessi é quem auxilia Alaíde a relembrar
sua historia conturbada nesse plano da alucinação, que se mistura com a memória, que nem
sempre lembra o que realmente acontecei. No plano da realidade, a notícia do acidente de
Alaíde percorre os jornais, no boca a boca. O que se revela nos planos da memória e
alucinação é que Lúcia sua irmã era namorada de Pedro, seu marido, quando Alaíde lhe
rouba o namorado e se casa com ele Lúcia assume ódio mortal pela irmã, porém Pedro faz
de Lúcia sua amante e ambos planejam a morte de Alaíde, só que no plano da realidade é
revelado que o carro apressado chegou antes do plano dos amantes. Mas mesmo assim
Lúcia se sente culpada e jura diante do corpo da irmã que nunca mais será tocada por Pedro
ou por qualquer um, num um médico veria seu corpo. Mas o tempo passa, Lúcia vai para o
campo e depois que volta, com incentivo de toda a família acaba se casando com Pedro,
mas diferente de Alaíde tomando cuidado para que o marido não a visse vestida de noiva
antes do casamento.
Valsa nº 6
Há uma mistura de romantismo e espírito moderno, muita poesia, uma nota diferente
tocada
por
Nelson
Rodrigues".
Madame Morineau, atriz e encenadora.
Personagem (Monólogo)
Sônia
Sonia é uma menina/ mulher morta, está perturbada pela valsa nº está ao pé do piano
e nenhuma outra musica consegue tocar. Tenta se recordar de sua vida e perturbada pelo
nome Sonia simula vários comentários sobre essa que ouviu durante a vida. Sonia tinha
vergonha de mostrar a garganta e ver os móveis descobertos, até dos pés nus tinha
vergonha. Sonia teve um casa com um homem casado, Pedro, que ao que parece pelos
lamentos de sua mãe, ter sido ele o causador da morte de Sônia.
Viúva, porém honesta.
Qualquer peça que tenha uma insinuação sobre sexo, sobre amor de mulheres e homens,
você
mete
o
pau,
escracha".
Do redator de A Marreta para o crítico de teatro recém-chegado, na peça
Personagens
Dr. J.B
Pardal
Dr. Sanatório
Dr. Lupícinio
Dr. Lambreta
Dorothy Dalton
Diabo da Fonseca
Ivonete Guimarães
Madame Cri-cri
Tia Assembléia
Tia Solteirona
Padre
Enfermeiros (2)
Viúva, porém honesta é uma comédia irresponsável em três atos. Nelson faz uma
critica contundente aos críticos de teatro, que vinham ultimamente pegando no seu pé, ao
colocar Dorothy Dalton, um menino saído de um sanatório como pessoa ideal para
trabalhar como critico de teatro. Dr J.B é um dono de jornal muito importante e poderoso, e
faz toda sas vontades de sua filha inocente e que ama a amiga Luci e faz tudo o que Luci
diz ser certo, até só amar um homem durante 40 minutos. Dr Lambreta médico gagá atesta
gravidez de Ivonete, então o pai desesperado arruma um marido para a filha e faz o
casamento as pressas com Dorothy que não é muito interessado com mulher. Dorothy não
consuma as núpcias, e então Dr JB chama os especialistas, medico de garganta, o Diabo da
Fonseca, Madame Cri cri e outros, então Ivonete deseja amantes e os tem, todos em uma
noite. Porém Dorothy é atropelado por um carro de sorvete (chicabom), e Ivonete não pode
trair um marido morto, se recusa a deixar o cemitério,e a se sentar. Dr. J B chama
novamente os especialista e Diabo na Fonseca deseja a viúva mais do que tudo, pra ele
precisa ser viúva, porém honesta, e essa nem se sentar queria por achar pecado. Porém
Ivonete nunca mais trairia com o marido morto, então Diabo da Fonseca ressuscita o critico
de teatro que tinha ido para o inferno e colocado junto com os outros na letra V, e então
Ivonete poderia trair a vontade.
Anti-Nelson Rodrigues
"Minha senhora, eu lhe peço de joelhos. Deixe o rabo. Pelo amor de Deus a senhora corta
tudo,
menos
o
rabo.
O
rabo
é
essencial".
Nelson Rodrigues, para a censora, que queria cortar a palavra rabo, usada por Oswaldinho
Personagens
Oswaldinho
Tereza
Gastão
Salim Simão
Hele Nice
Joice
Leleco
Ela (mãe de Joice)
Talvez por ser uma peça de final feliz, para alguns, de amor verdadeiro, tenha sido
chamada de Anti-Nelson Rodrigues, mas não deixa de ter a cara do dramaturgo, as intrigas
familiares, a religiosidade, a culpa e outras características do autor são bem claras. Essa é a
ultima peça de Nelson que faleceu antes de terminar sua autobiografia em nove atos.
Oswaldinho é um mauricinho que rouba jóias da mãe, Tereza, obcecado por ele, e
manda cartas anônimas ao pai Gastão, quem tem princípios de infarto e a única certeza que
tem na vida é que Oswaldinho é quem lhe escreve as cartas há tantos anos. Oswaldinho
enfim consegue um cargo de direto em uma das empresas do pai, e logo no primeiro dia vê
Joice, uma menina linda e religiosa, amiga da na morada de Leleco, velho amido de
Oswaldinho que agora se arrepende das insanidades que cometera com o amigo.
Oswaldinho se deslumbra com Joice e logo no segundo dia a nomeia sua secretaria com
mais do dobro de seu salário. Joyce é noiva e tem um pai super apaixonado por ela e que
parece mais uma criança carente, que está sempre as voltas com as lembranças da mulher
morta de câncer, seu tango e preocupado com a filha. Oswaldinho tenta de todas as formas
comprar Joice, oferecendo trabalho muito bem remunerado com o pais, dobrando seu
salário, porem nada consegue de Joice. Gastão e Tereza se odeiam nas cenas que
intercalam, e Gastão querendo ter sua morte chorada decide entregar em vida toda a
herança para a mulher e o filho. Oswaldinho faz uma proposta irrecusável a Joice, 1 hora
em um quarto residencial por 100 mil, depois de muito esperar Joice finalmente aparece, a
distancia pede o cheque a Oswaldinho, que impaciente fica desiludido e infeliz ao vê-la
rasgar o cheque em sua frente, então Joice diz que não quer seu dinheiro,e sim seu amor, o
agarra e beija na boca, enquanto Oswaldinho grita, ser ela sua, sua para todo o sempre.
Volume 2- Peças Míticas
“Depois de lidar com o conturbado inconsciente de suas personagens psicológicas, nada
mais natural para Nelson Rodrigues do que um mergulho no inconsciente primitivo do
homem”.
Álbum de família
"Álbum de Família, a tragédia que se seguiu a Vestido de Noiva, inicia meu ciclo do
'teatro desagradável'. Quando escrevi a última linha, percebi uma outra verdade. As peças
se
dividem
em
'interessantes'
e
'vitais'".
Nelson Rodrigues
Personagens
Jonas
Senhorinha (mulher de Jonas)
Tia Rute (irmã de Senhorinha)
Guilherme (filho do casal)
Edmundo (filho do casal)
Glória (filha do casal)
Teresa
Voz de mulher
Avô
Heloísa (mulher de Edmundo)
Álbum de família é uma peça que trata muito dos morais familiares, meche na ferida
das relações incestuosas, entre mãe, pai e irmãos, e amigas. Senhorinha casada com o infiel
Jonas, que não suportando conter suas necessidade masculinas chega até a dormir com Tia
Rute, a Tia solteirona, com bexigas no rosto que vive na casa e tem paixão de serva por
Jonas. O maior amor de Jonas é sua filha Glória, que tem um amor anormal pelo pai, chega
a amar Jesus por ser ele parecido com seu pai, Glória estuda em um internato e sua amiga
Teresa é apaixonada por ela, Teresa quer que morram juntas. Essa família vive isolada de
todo o convívio, se infernizam e se satisfazem em si mesmos, Edmundo, filho do meio do
casal é quem diz que o amor e o ódio não pode nascer em outro lugar a não ser entre eles.
Edmundo é apaixonado pela mãe, chega a te a menosprezar a mulher, evita visitar a família,
Jonas o odeia, e ele odeia o pai. Guilherme irmão mais velho virou padre, se sente culpado
por desejar a irmã, tem paixão por ela e Nono, filho caçula vaga como nu como bicho pelos
arredores da casa. Senhorinha e Jonas vivem em pé de guerra, Jonas tenta arrancar dela um
adultério de alguns anos atrás, onde Jonas matou um homem em vão. Senhorinha acaba
confessando ter sido Nono, explica o motivo pelo qual ele ficou louco, disse ter sido outro
para poupar a vida do filho. Glória acaba morrendo, Jonas tenta matar Senhorinha, mas os
dois se amam em sua loucura e decidem continuar como estão.
Anjo Negro
"Nelson Rodrigues supera sua própria obra em Anjo Negro. Todas as qualidades líricas e
dramáticas reveladas em Vestido de Noiva, o autor supera nesta tragédia em que a luta
entre o preconceito e os complexos raciais criam um clímax esquiliano".
Menotti del Picchia
Personagens
Senhoras
Elias
Carregadores
Ismael
Virgínia
Criada
Tia
Primas
Ana Maria
Virgínia é casada com Ismael, um negro obcecado pelo preconceito, não deixa que
Virgínia saia da casa, a a mantém entra as paredes do casarão, vigiada por todos. Todos os
filhos de Virgínia morrem, ela os afoga quando não estão vendo, e chora a mágoa de suas
mortes. Um certo dia o irmão cego de Ismael, que é branco, por ser de criação vem pedir
ajuda de Ismael. Elias acaba dormindo com Virgínia, que o seduz, ele a engravida, e nasce
uma menina branca. Ismael tem paixão doentia pela menina, nunca a deixa com Virgínia,
Ana Maria cresce tendo a mãe como rival. E para que não enxergue Ana Maria a cor do pai,
esse a cega quando é pequena com ácido nos olhos. Ana Maria idolatra o pai e quer viver
só com ele, mas Ana Maria não é mais do que a mãe, Virgínia e Ismael se amam
doentiamente, então Ismael a convencimento de Virgínia prende Ana Maria em uma caixa e
a deixa morrer.
Dorotéia
"Para Nelson Rodrigues não há símbolos, há uma realidade profunda na qual acredita
compaixão
e
que
procura
transmitir
com
desespero".
Carlos Castello Branco
Personagens
D. Flávia
Dorotéia
Carmelita
Maura
D. Assunta da Abadia
Das Dores
Essa farsa em três atos de Nelson conta a historia, a meu ver, uma das mais
confusas, são só mulheres vivendo e dialogando coisas e manias estranhas, hábitos, e
perturbações peculiares. Três viúvas que nunca dormem e pregam o luto castícimo, cobrem
até os rosto com máscaras, tutelam Das Dores a jovem da casa. Dorotéia é uma parente,
perturbada por um jarro, que chega na casa, e irrompe varias perturbações das beatas,
remexem nas dores da família acabam concluindo que o que podem fazer é suportar-se
umas as outras
Senhora dos afogados
"Nada se iguala, porém, a meu ver, às tétricas imagens alucinatórias de Senhora dos
Afogados que fariam inveja a um Buñuel ou a um Bergman".
Ilka Marinho Zanotto
Personagens
Misael
D. Eduarda
Vizinhos
Avó
Noivo
Moema
Vendedor de Pentes
Sabiá Paulo
Dona
Mulheres
Uma família que vive a beira do mar que sempre chama o nome da família, os
Drummond, Moema é a filha que deseja ser a única mulher da casa, quer ter as únicas mãos
bonitas da casa, já que as suas são idênticas as de sua mãe Dona Eduarda. Essa peça
apresenta vários personagens grupais, como os vizinhos, perturbados, como a avó louca. È
composta por muita sonorização e misticidades, coros de procissão, o constante barulho de
mar como um eterno lamento. As mãos da mãe acabam amputadas, e essa persegue a filha
em devaneios, o pai que era quem a filha mais amava também morre, e essa desolada odeia
suas mãos mais que tudo.
Volume 3- Tragédias cariocas
“Os traídos e os traidores do subúrbio carioca, que Nelson Rodrigues descrevia diariamente
na coluna de contos do jornal Última Hora, acabaram transformando o seu teatro. Para
driblar a censura, sempre ávida em interditar suas peças míticas, Nelson resolveu aproveitar
sua experiência com a Zona Norte do Rio para aproximar seu teatro do universo popular.
Gírias, futebol e malandragem passam a compor esta nova fase de seu teatro”.
A falecida
Como definir A Falecida? Tragédia, drama, farsa, comédia? Valeria a pena criar o gênero
arbitrário de 'tragédia carioca'? É, convenhamos, uma peça que se individualiza, acima de
tudo,
pela
tristeza
irredutível".
Nelson Rodrigues, no programa original da peça
Apresentada em 8 de junho de 1953 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Personagens
Madame Crisálida
Zulmira
Tuninho
1º funcionário
Timbira
2º Funcionário
Oromar
Pimentel
Chofer
Parceiro nº1
Parceiro nº2
Dr. Borborema
Cunhado
Pai
Vizinha
D. Ceci
Mãe
Sogro
Sogra
A falecida é uma farsa trágica em três atos. Zulmira é casada com Tuninho, um
fanático por futebol, Tuninho esta desempregado e Zulmira decide visitar uma cartomante
muito salafrária, esta lhe diz que uma mulher loira a prejudicará. Zulmira alucinada pela
idéia de que sua prima é quem deseja seu mal, obcecada por isso Zulmira deixa-se corroer e
morre ruim dos pulmões. Essa sua prima a tinha visto de mãos dadas com seu amante,
Pimentel, que é podre de rico e encrencado com a justiça. Zulmira então encomenda seu
próprio velório, escolhe a cerimônia mais cara, faz seu marido prometer que quando ela
morrer procurará Pimentel e lhe fará pagar o velório que ela almejava. Ao encontrar
Pimentel Tuninho acaba sabendo da verdade, faz Pimentel lhe entrega uma grande quantia
em dinheiro, vai à funerária e compra o caixão mais barato,e enquanto Zulmira esta sendo
velada Tuninho está no estádio gastando apostando com todos o resultado do jogo.
Perdoa-me por me traíres.
"Quem não gosta, simplesmente não gosta, vai para a casa mais cedo. Perdoa-me por me
traíres
forçara
na
platéia
um
pavoroso
fluxo
de
consciência"
Nelson Rodrigues
Apresentada em 19 de Junho de 1957 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Personagens
Nair
Glorinha
Póla Negri
Madame Luba
Deputado Jubilei de Almeida
Médico
Enfermeira
Tio Raul
Gilberto
Tia Odete
Ceci
Cristina
Judite
Mãe
Irmãos
Perdoa-me por me traíres é a frase dita por Gilberto a sua esposa Judite, julgando-se
culpado pela mulher tela traído. A filha desse casal Glorinha mora com o Tio Raul,
obsessivo apaixonado por Judite e depois por Glorinha. No início Glorinha vai com Nair a
uma casa de prostituição e se encontrado com o Deputado Gagá, Nair está grávida e pede
para Glorinha se matar com ela,a amiga nega. Glorinha vai com Nair a uma clinica de
aborto onde o tratamento clandestino é precário. Nair acaba morrendo. Glorinha que tem
muito medo do Tio vai pra casa e é interrogada por ele sobre suas ultimas atividades,
revela-a que sua amiga faleceu na clinica e aborto e conta toda a historia de ciúmes, intriga
e loucura que Glorinha nunca soube de seus pais. Glorinha percebe o amor doentio que o
Tio tem por ela,e na proposta dele de que os dois se matem ela acaba deixando que ele se
mate primeiro, Raul se mata e Gloria vai embora deixando sua tia doente abraçada ao
marido.
Os sete gatinhos
"Acho Os sete gatinhos a melhor peça de Nelson Rodrigues e um dos trabalhos mais belos,
mais fortes e mais impressionantes do teatro mundial contemporâneo".
Paulo Mendes Campos
Personagens
Bibelot
Aurora
Gorda
Débora
Noronha
Arlete
Hilda
Silene
Saul
Dr. Portela
Dr. Bordalo
A peça Os sete gatinhos intitulada divina comédia em três atos, apresenta a historia
de uma família perdida, onde os pai, Seu Noronha um contínuo com dons mediúnicos, e a
Mãe Gorda, que escreve palavrões nas paredes, deixam as filhas mais velhas se
prostituírem a fim de arrecadar dinheiro para o casamento da filha mais nova, a pura e casta
Silene. Acontece que Silene, mimada e frágil é expulsa do colégio após matar na frente de
toda a escola uma gata, que ela tinha cuidado durante um bom tempo, grávida de sete
gatinhos, enquanto Silene matava a gata a pauladas os gatinhos iam nascendo. Silene volta
pra casa e descobrem que ela está grávida, o pai decide fazer da filha mais uma prostitua e
lhe oferece ao Dr Portela, medico da família. Seu Noronha prevê quem um homem vestido
de branco e que chora por um olho só será a perdição de sua família. Aurora a irmã que
mais gosta de Silene descobre que o homem que a engravidara é Bibelot, o mesmo que ela
tem saído, tal que só se veste de branco, tem uma mulher doente prestes a morrer, e quer ser
para Aurora um cafetão e para Silene um marido. Aurora arma uma emboscada para
Bibelot e esse acaba morto, o pai também é enganado pelo espírito do irmãos que sempre
vinha visitá-lo, esse baixa no corpo de uma de suas filhas e Seu Noronha se mostra como o
homem que chora por um olho só.
Boca de Ouro
"Engrossando as fileiras de importante vertente da ficção contemporânea, Nelson traz à
tona
o
sutil
jogo
de
intersubjetividades".
Sábato Magaldi
Personagens
Apresentada em 20 de Janeiro de 1961 no Teatro Nacional de Comédia do Rio de Janeiro
Personagens
Boca de Ouro
Dentista
Secretario
Caveirinha
Repórter
Fotógrafo
D. Guigui
Agenor
Leleco
Celeste
Preto
1º Grã-fina
2º Grã-fina
3º Grã-fina
Maria Luísa
Locutor
Peca em três atos e quinze quadros, original de Nelson Rodrigues. Boca de ouro é
uma figura quase folclórica no contexto carioca da peça, um bicheiro excêntrico, poderoso
e temido, que tirou todos ou seus dentes perfeitos e colocou uma dentadura toda de ouro.
Boca de ouro é assassinado e então os Jornalistas vão atrás de D. Guigui ex mulher de
Boca, que voltou para o marido e filhos. Dona Guigui vaidosa por dar uma notícia ao jornal
fala a versão da historia de Leleco e Celeste, um casal que vai até Boca de ouro pedir
dinheiro para o enterro da mãe de Celeste. Mas quando Guigui descobre que Boca está
morto sofre pela morte dele e conta uma outra versão onde dignifica boca. O Marido de
Guigui fica indignado e eles brigam, então os jornalistas tentam apaziguar a situação e
Guigui e Agenor se reconciliam, então D guigui conta uma ultima versão da historia, onde
Boca era um covarde que só se valia pelos capangas.
Volume 4- Tragédias cariocas II
Toda Nudez será castigada
Nesta peça, Nelson repete um de seus temas perenes, a crença no amor eterno como um
baluarte
contra
os
desgostos
da
vida".
David George
Personagem
Herculano
Nazaré
Patrício
Tia nº 1
Tia nº 2
Tia nº 3
Geni
Odésio
Serginho
Médico
Padre
Delegado
Toda Nudez será castigada é uma das peças que melhor se deu bem no cinema, não
só uma ótima adaptação segundo alguns críticos, mas um dos melhores filmes brasileiros.
A peça começa com Herculano chegando em casa e achando uma fita gravada por
Geni que narra todos os acontecimentos. Herculano viúvo, um dia acorda na cama de uma
prostituta, ele homem de moral. Geni prostituta já há algum tempo é obcecada pela idéia de
que vai morrer de câncer no seio. Herculano não consegue deixá-la, e o filho Serginho,
garoto muito pudoroso, a ponto de desejar que a própria mãe fosse viger, não suporta a
idéia de que o pai venha a ter outra mulher, para ele passar creme nos pés um inconcebível,
o que diria de ser examinado por um médico. Um golpe do acaso e dá má sorte Serginho é
preso e vai parar em uma cela junto a um boliviano que o estupra, Serginho é internado e
culpa o pai pelo acorrido. Mas essa “tragédia” ajuda Serginho a se abrir ao mundo. Geni e
Herculano se casam, e Geni se apaixona por Serginho, eles viram amantes, porém um dia
Serginho que já ficava nu na frente do médico, já estava mais forte e corado foge com o
ladrão boliviano e Geni desesperada decide abandonar Herculano que a tinha tirado da zona
e lhe dado uma vida nessa sociedade em que até as tias beatas da casa se negavam a dizer
que ela não era virgem.
Oto Lara Resende ou Bonitinha mais ordinária
A peça de Nelson Rodrigues é uma terrível e dilacerada confissão de amor ao ser humano
e
de
fé
na
sua
bondade.
Obrigado,
Nelson".
Hélio Pellegrino
Personagens
Edgard
D. Ivete, sua mãe
Ritinha
Aurora
Dinorá
Nadir
D. Berta, sua mãe
Alírio, namorado de Aurora
Osíris, porteiro
Dr. Heitor Werneck
D. Lígia, sua esposa
Dr. Peixoto, seu sogro
Maria Cecília, sua filha
Tereza, mulher de Peixoto
Desconhecido (leproso)
Arturzinho, amante de Tereza
Coveiro do Caju
Negros
Presidente da Comissão
Fontainha
Alfredinho
Bingo
Pedrinho
Ana Isabel, esposa de Fontainha
Velha
Pau de arara
Grã-Finas
Juventude Transviada
“Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende conta a história da rica e
depravada família Werneck e da tentação de Edgard, pobre contínuo da empresa do
milionário dr. Werneck. Peixoto, genro do magnata e sujeito sem nenhum escrúpulo, faz ao
funcionário uma proposta tentadora: o casamento com a bela cunhada, Maria Cecília,
filha de dr. Werneck. A menina, conforme conta, foi estuprada por cinco negros num lugar
deserto e, deflorada, estaria completamente impossibilitada de se casar normalmente. É
preciso, portanto, casá-lo o quanto antes. Para completar, Peixoto, intermediário do
doutor Werneck, entrega a Edgard um cheque astronômico - pequena amostra do que ele
pode vir a ter se aceitar a proposta de casamento. O garoto fica impressionado com a
fabulosa quantia, principalmente quando lembra que seu pai só conseguiu ser enterrado
graças à subscrição dos vizinhos. A trama inteira irá girar em torno das hesitações de
Edgard,
até
sua
escolha
final.
O problema é que Edgard gosta de Ritinha, vizinha pobre que sustenta a mãe louca e as
três irmãs prostituindo-se. Ignorando a função da bela menina, ele não quer aceitar o
casamento com Maria Cecília para se acertar com seu amor de verdade. O dilema, a
grande tragédia de Bonitinha, mas ordinária se dá entre a consciência de Edgard e uma
frase que ele leu não sabe onde: "O mineiro só é solidário no câncer". Frase que significa,
antes de qualquer coisa, que o homem é essencialmente mau e só solidariza na desgraça”.
A serpente
A Serpente, última peça, ainda inédita, de Nelson Rodrigues, pode ser definida como um
huis-clois
sexual".
Ilka Marinho Zanotto
Personagens
Décio
Lígia
Guida
Paulo
Crioula
A serpete é a história de duas irmãs que se amam e amam o mesmo homem. Lígia
se casou com Décio no mesmo dia que a irmã Guida casou com Paulo, dividiram a mesma
igreja e mesma festa, e dividem agora a mesma casa. Só Décio nunca conseguiu ter
relações com a mulher, e esse um dia decide largá-la. Guida vendo o desespero da irmã ao
tentar se matar acaba oferecendo o próprio marido para que tenha a irmã uma noite de
pleno amor. Relutante pelo ato Lígia acaba se rendendo, consuma-se o fato. Porém o ciúme
a a desconfiança toma conta da casa, Guida vigia os passos de todos, Lígia quer fugir com
Paulo, Paulo não se decide por nenhuma das duas, até que um dia acaba empurrando Guida
pela janela, e então Liga grita, dizendo estar lá o assassino de sua irmã.
Beijo no asfalto
“Nelson Rodrigues conduz a peça uma altura que é quase a transcendência".
Walmir Ayala
Personagens
Uma prostituta
O investigador Aruba
O repórter Amado Ribeiro
Um fotógrafo
O delegado Cunha
Aprígio
Selminha
Dália
Comissário Barros
Arandir
D. Matilde
Werneck
Pimentel
D. Judith
A viúva
O vizinho
Um certo dia, um acidente muda a vida de uma família inteira, uma vítima fatal
antes de morrer pede um beijo na boca, um homem caído, e então, Arandir, marido de
Selminha beija o homem, que repercute em todos os lugares. Apridio pai de Selminha fica
obcecado pelo caso e tenta acalmar a família. Essa como outras peças do Nelson usa dos
jornalistas como complemento e narrativa dos fatos. Arandir atônito com tudo que acontece
sempre sofreu com os assédios da cunhada e com os ciúmes do sogro. Um dia com arma
em punho Apridio revela que o ciúme que tinha sempre foi pelo genro e não pela filha,
Apridio acaba chorando sobre o corpo de Arandir.
Pai Mario Rodrigues dono do Jornal A Manhã, criava polemicas, foi um porta voz do
feminismo daquele tempo
Expulso por rebeldia do colégio foi trabalha com o pai. Deslumbrado por Duplos suicídio
que eram febre nos anos 20
Nelson criou o Alma infantil
Conclusão
A partir da semana de Arte moderna de 1922 estava aberta a discussão sobre a
necessidade de se criar uma identidade propriamente brasileira das representações
artísticas. Não mais a simples influencia dos paises Europeus, como a França, poderiam ser
desenvolvidos nesta terra, já que se tinha muito a explorar. A vastidão de culturas e lendas,
indígenas, regionais e africanas que rondavam nossa terra, como aponta o livro Macunaíma
de Mario de Andrade, não poderiam ser menosprezadas. E os acontecimentos nacionais e
internacionais, como a queda da bolsa de NY, 1º e 2º guerras mundiais, criação do Estado
Novo, e todos os movimentos nacionalistas, como “o petróleo é nosso”, tornaram possíveis
a busca por uma nova expressão artística. Apesar das represarias e preconceito que os
primeiros modernistas sofreram, a Semana de 22 foi decisiva para a arte brasileira. Apões
esses cutucões, surgiram muitos artista em uma segunda fase, e no teatro o marco dessa
renovação moderna acontece com o grupo Os Comediantes coma peça O Vestido de Noiva,
altamente renovadora, fundindo a arte com a técnica de se fazer um espetáculo, muitos
grupos surgiram, e a fundação do TBC, Teatro Brasileiro de comédia, que existe até hoje e
vem morrendo e ressurgindo desde 1948, em São Paulo, pode consagrar muitas peças,
atores e diretores, que existem no mercado teatral até hoje. O modernismo poderia ter ido
mais longe, se governos como a Ditadura militar não tivesse exprimidos e censurados as
diversas manifestações artísticas e culturais, foram décadas de repressão que só décadas
podem resolver.
Fontes e Referencias
Semana de Arte Moderna
www.pitoresco.com.br
www.wikipedia.org
www.geocities.com
www.releituras.com
Nelson Rodrigues
http://www.jornalismo.ufsc.br/nelson_rodrigues/teatro1.htm
http://www.algosobre.com.br/biografia/ler.asp?conteudo=1055&Titulo=Zbigniew%20Ziem
binskiv
Teatro completo de Nelson Rodrigues.
Editora Nova Fronteira, Organização e Introdução de Sábato Magaldi. 1981
Nelson Rodrigues, Nelson Rodrigues, Literatura comentada Maria Helena Pires Martins.
Macunaíma, o Herói sem nenhum caráter
Editora Scipione, Mario de Andrade
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