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Anamnese Psiquiátrica
Termo
ana = novo
mnesis= memória
Anamnese Psiquiátrica= Entrevista clínica +
exame do estado mental + diagnóstico
Local e condições
• Criar um ambiente propício (“holding”)
• Garantir segurança e privacidade
• O tempo pode variar muito
• Preferência entrevistar paciente à sós
# Se não há plena consciência dos sintomas e
morbidade, é necessário entrevistar familiares
ou pessoas que convivem, de preferência com
o consentimento do paciente
Recomendações
• É preciso esclarecer sobre o sigilo das informações;
• O diálogo deve ser tão informal quanto possível;
• Não formular perguntas de maneira mecânica;
• Evitar perguntas sugestivas ou fechadas;
• Não aceitar “jargões” (perguntar o que significa)
• Certificar-se que o paciente entende as perguntas.
• Observar comunicação não verbal.
O que não deve fazer
Evitar perguntas que sejam respondidas
apenas com “sim” ou “não”
Evitar interromper bruscamente o paciente
Não colocar em dúvida os sintomas referidos
Não expor de forma direta suas contradições
Evitar interpretações, conclusões apressadas e
julgamentos morais
Escuta empática
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•
Contato visual
Fazer aliança com o paciente
Ouvir sem julgar ou demonstrar crítica
Respeitar momentos de silêncio e choro
Resumir periodicamente o que entendeu
Aliança terapêutica
“Estou ao seu lado.”
EMPATIA
CORDIALIDADE
“NEUTRALIDADE”
INTERESSE GENUÍNO
COMPETÊNCIA
RESPEITO
• A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo
do início da entrevista
– Observação da expressão facial do paciente, trajes,
movimentos, maneira de se apresentar
Objetivos
Obter informação confiável, válida e útil a respeito dos
problemas mentais
Organizar e sistematizar os dados do paciente
Elaborar hipótese diagnóstica e planejar tratamento
(conduta terapêutica)
Início da entrevista
• Apresentação e explicação do objetivo
• Deve ser pouco diretiva
• O entrevistador deve adotar um papel mais passivo,
deixando paciente falar livremente e depois mais
ativo, conduzindo a entrevista para cobrir todos os
aspectos da anamnese psiquiátrica
Identificação
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Nome
DN
Sexo
Estado civil
Naturalidade
Nível de instrução
Profissão
Etnia
Religião
Residência
Procedência
Filiação
Queixa Principal
• Questão aberta e resposta deve ser sucinta
• Queixa do paciente em suas próprias palavras
– “Eu fico nervosa e bato nas pessoas…”
– Não consigo dormir. (sic)
• Observar quem encaminhou, de quem foi a
iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo
Exemplos de perguntas:
• Abertas: “O que o traz aqui?”
“Porque veio aqui no Serviço?”
• Fechadas: “Você tem problema para dormir?”
“Você está deprimido?”
Motivo do Atendimento
• Quando o paciente não formula queixa
• Conteúdo fornecido por outra pessoa
• Citar literalmente as palavras do informante
História Doença Atual
1 - Como a doença começou?
2- Existiram fatores precipitantes?
3- Como evoluiu?
4- Qual a gravidade e o impacto da doença
sobre a vida da pessoa?
HDA – conteúdos da descrição:
• Época e modo do início da doença
• Presença de fatores desencadeantes
• Tratamentos efetuados e modos de evolução
• Impacto sobre a vida do paciente
• Intercorrências de outros sintomas e a queixa
atual
História Pessoal
• Infância:
 Nascimento e desenvolvimento
 Jogos e brincadeiras
 Sintomas psiquiátricos infância: medos, terror
noturno, ansiedade de separação
 Escolaridade
 Lembrança significativa
 Personalidade
• Adolescência
 Puberdade e descobertas sexualidade
 Personalidade pré-mórbida
 Vida escolar
 História afetiva e sexual (início da ativ sexual)
 Socialização
 Comportamentos inadequados (uso de álcool,
drogas, condutas antissociais)
• Idade adulta
 Trabalho
 Relacionamentos interpessoais
 Sexualidade
 Hábitos
História Pessoal
• Dados fisiológicos:
Gestação
Nascimento
Desenvolvimento psicomotor
Gestações
Partos
Abortos
Menarca e Menopausa
História Pessoal
• Dados sociais:
Informações relativas à moradia
Situações sócio-econômicas
Características socioculturais
Atividade ocupacional atual
História Pessoal
• Personalidade pré- mórbida:
•
Descrever o modo de ser habitual do paciente,
independente da situação da doença
• Características: agressividade, introversão/extroversão,
egoísmo/altruísmo, dependência independência,
atividade/ passividade,
História Pessoal
• Hábitos de vida:
Tabagismo
Uso de álcool
Drogas
Padrões de sono e alimentação
Padrão de atividades físicas
Uso de álcool
 Você costuma beber pela manhã?
 Sente a necessidade física de beber?
 Há ocasiões em que bebe e não consegue lembrar?
 Já se envolveu em discussões por causa da bebida?
 Alguém na família reclama do quanto você bebe?
História familiar
•
Pais: idade; saúde; se mortos; causa e data do falecimento;
ocupação; personalidade; recasamentos. Verificar se há caso
de doença mental em um deles ou ambos.
Ex: “A.F. é o quinto filho de uma prole de dez. Seu pai, J.C.,
falecido, em 1983, aos 70 anos, de infarto...”.
• - Irmãos: idade; condições maritais; ocupação; personalidade.
Indagar se há caso de doença mental. Apenas referir-se por
iniciais.
Ex: “Seus irmãos são: A.M., 34 anos, solteiro, desempregado,
descrito como violento, não se dá com ele”.
História familiar
•
Cônjuge: idade, ocupação e personalidade; compatibilidade;
vida sexual; frigidez ou impotência; medidas
anticoncepcionais.
Ex: A.F. coabita maritalmente com G., 39 anos, do lar, descrita
como carinhosa e “boazinha”.
• - Filhos: número; idades; saúde; personalidade. Também
referir-se apenas pelas iniciais.
Ex: “Tem dois filhos: J., de 8 anos, cursando a 2ª série do 1º
grau, apontado como “carinhoso, mas cobra demais de mim e
da minha mulher”.
História familiar
• Lar: neste quesito, descreve-se, em poucas palavras, a
atmosfera familiar, os acontecimentos mais importantes
durante os primeiros anos e aqueles que, no momento, estão
mobilizando toda a família; as relações dos parentes entre si e
destes com o paciente.
Ex: “Quanto ao seu lar, diz não se adaptar muito bem à filha
mais velha, que é muito desobediente...” ou “Não gosta do
ambiente familiar, pois nele há muitas pessoas doentes...”.
História Patológica Pregressa
• Descrever estados mórbidos passados, em geral não
psiquiátricos, que não tenham relação direta ou
indireta de causa e efeito com a moléstia atual
Doenças da vida infantil e adulta
Cirurgias e internações
Acidentes
Traumatismos
Tratamentos
EXTREMAMENTE IMPORTANTE
• Antecedentes psiquiátricos familiares
• Tratamentos psiquiátricos anteriores
• Quais medicações está usando no momento
Exame mental ou psíquico
• Exame das funções psíquicas
Súmula psicopatológica
• Começa no primeiro contato com o paciente
Exame mental ou psíquico
• O psiquiatra o realiza ao mesmo tempo em
que completa a tomada da história;
• É comparável ao exame físico na medicina
geral;
• Jaspers (1913) aponta a falta de fidedignidade
de muitos pacientes;
• São descritas apenas alterações presenciadas
durante a entrevista.
• Aparência
– Cuidados pessoais, higiene, expressão facial
– Presença de deformidades e peculiaridades físicas
– Tipo e adequação do vestuário
– Idade compatível com aparência
• Expressão e mímica facial
-
É rígida ou variável? Pobre?
Sinais indicativos de ansiedade ou depressão
Risos imotivados? Faz caretas ou tiques?
Pupilas dilatadas?
• Psicomotricidade
– Deambulação
– Comportamento da atividade motora
• a velocidade e intensidade da mobilidade geral na
marcha, quando sentado e na gesticulação
– Agitação ou retardo, tremores, acatisia,
maneirismos, tiques
– Sinais de catatonia
• Atitude
– Cooperativa
– Reservada
– Irritada
– Evasiva
– Desconfiada
– Indiferente
– Negativista
• Pensamento e fala
– Avaliação por métodos indiretos
– Curso – lento, acelerado
– Forma – circunstancialidade, tangencialidade,
perseveração, fuga de idéias,
afrouxamento de associações,
ecolalia
• Pensamento e fala
– Conteúdo: tema predominante
• Perseguição, controle, grandeza, culpa, hipocondríaco
– Logicidade
• Delírios
• Idéias supervalorizadas
Perguntas úteis:
 “ Você percebe alguém te vigiando ou tentando te
prejudicar de alguma forma?”
 “ Vc vê pessoas que vc não conhece falando de você?
Quanto e quanto?”
 Você tem poderes ou talentos que ninguém tem?”
 Você sente que algo ou alguém te controla à
distância?” “ Algo controla seu corpo ou sua
cabeça?”
• Humor
– Atitude emocional relatada pelo paciente
– Neutro, eufórico, deprimido, ansioso, irritável
• Afeto
– Inferido a partir do modo como o paciente
comunica seu estado emocional
– Pleno, embotado/apático, inapropriado
• Sensopercepção
– Despersonalização
– Desrealização
– Ilusão
– Alucinações
• Visuais, auditivas, táteis ou olfativas
• Orientação
• Autopsíquica
– Saber o próprio nome, reconhecer as pessoas do
seu meio, saber quem é o entrevistador
• Alopsíquica
– Orientação no tempo (o ano, o mês, o dia da
semana, o período do dia) e no espaço (onde se
encontra no momento, a cidade, o estado)
• Atenção
– Avaliada nas tarefas já descritas
– Voluntária e espontânea
• Testes adicionais – soletrar palavra de trás para
frente, dizer dias da semana ou meses do ano de trás
para frente, nomear palavras que iniciem com uma
letra específica
• Memória
– Muito curto prazo/imediata
• Repetição imediata de série de dígitos ou 3 unidades de
informação; Repetição de palavras após 3-5 minutos
– Curto prazo/recente
• Eventos de ontem, últimas semanas,
o que comeu no almoço
– Longo prazo/remota
• Circunstâncias biográficas, data e local
de nascimento, primeiro emprego
• Consciência
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Consciência plena
Sonolência
Obnubilação
Estupor
Delirium
Estado crepuscular
Coma
• Consciência do eu e cs da realidade
• Inteligência
• Prejuízo intelectual, deterioração
• Informações gerais
– Eventos atuais sobre história/geografia
– Conhecimentos gerais: ‘Quem é o presidente da
República?”
• Habilidades aritméticas
– Subtrações de 7s, 3s
• Capacidade de leitura e escrita
– Avaliada em reação ao seu nível educacional
• Capacidade de abstração
• A capacidade de formular conceitos e generalizações
• Interpretação de provérbios, pontos em comum
entre dois itens:
“ em casa de ferreiro, espeto de pau”
• Incapacidade de abstração: pensamento concreto
• Vontade :
- Normobúlico
- Hipobúlico
- Hiperbúlico
• Pragmatismo:
• Capacidade de exercer atividades práticas do dia-adia
• Julgamento e insight
– Grau de realismo com que o paciente compreende
sua doença/problemas de vida
– Insight avaliado de forma relativamente direta
• Você acredita que tem uma doença mental ou
emocional ou nervosa? “Acha que precisa de
tratamento?”
– Julgamento
• O que você faria se estivesse em um cinema e sentisse
cheiro de fumaça?
Súmula psicopatológica
“Lúcido. Vestido adequadamente e com boas condições de
higiene pessoal. Orientado auto e alopsiquicamente.
Cooperativo. Normovigil. Hipertenaz. Memórias retrógrada e
anterógrada prejudicadas. Inteligência mantida. Pensamento
sem alteração de forma e com alteração de curso (fuga de
ideias e de conteúdo (ideias deliróides de perseguição).
Sensopercepção alterada com alucinação auditiva. Linguagem
sem alteração. Cs do eu alterada. Humor irritável. Hipertimia.
Psicomotricidade alterada, apresentando tiques. Hiperbúlico.
Pragmatismo parcialmente comprometido. Com Cs da doença
atual.”
Com a súmula, é possível qualquer profissional
da área, em poucos minutos, inteirar-se da
situação do paciente.
Final da entrevista
• O médico deve abrir um espaço para comentários
adicionais do paciente “Há algo a mais que queira
falar?”
• Esclarecer suas dúvidas
• Quando necessário, entrevistas adicionais, consultas
a outras fontes de informação ou exames
complementares são indicados
Após a entrevista
• Formular uma impressão
do diagnóstico do paciente
• Informações
documentadas para o
prontuário
• Conduta terapêutica
Como dar o diagnóstico?
• Objetividade e sensibilidade
Impressão diagnóstica
• Sindrômico – associação de sinais e sintomas que
evoluem em conjunto ,mas com etiologias diversas.
Ex: de ansiedade, de conversão, depressiva ,
maníaca, mista...
• Nosológico- CID 10
• Se apropriado, deve ser feito mais de um diagnóstico
Diagnóstico em Psiquiatria
Por ser sindrômico...
Doença mental
Transtorno mental
Transtorno mental : “...Conjunto de sintomas ou
comportamentos clinicamente reconhecíveis, associado na
maioria dos casos a sofrimento e interferência com funções
pessoais...” (Classificação Internacional das Doenças, OMS; CID-10)
Diagnóstico psiquiátrico
“ Em psiquiatria, mais do que em qualquer outro ramo da
medicina, é difícil delimitar o que é mórbido e o que é
saudável. Há muita diversidade entre os critérios usados em
psiquiatria referentes às fronteiras da normalidade. Há uma
diversidade semelhante na determinação do que é necessário
para enquadrar uma doença a um dos tipos ideais de reação,
síndrome, padrão, entidade ou o que mais venha a ser
denominado.” Sir A. Lewis
Diagnosticar X Rotular
Filme
Aspectos complicadores
• Dissimulação e Simulação
• Pacientes potencialmente agressivos
• Pacientes com ideação suicida
• Pacientes em surto
Indicação do tratamento
• Importante saber se o paciente oferece risco
para si ou para familiares
• Se apresenta risco moral ou ao patrimônio
• Se tem ou não risco de suicídio
Grupos Diagnósticos da CID-10
F00-F09: Transtornos mentais orgânicos, incluindo sintomáticos
(demências, delirium, síndromes amnésticas, síndromes por
lesão cerebral)
F10-F19: Transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias
psicoativas (álcool, opióides, canabinóides, sedativos ou
hipnóticos, cocaína, estimulantes, alucinógenos, tabaco,
solventes voláteis)
F20-F29: Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos, delirantes,
esquizoafetivos
Grupos Diagnósticos da CID-10
F30-F39: Transtornos do humor – Afetivos (depressão, mania,
bipolar, transtornos persistentes
F40-48: Transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e
somatomorfos (transtornos de ansiedade, fóbicos, obsessivocompulsivo, dissociativos, somatomorfos, reação a estresse)
F50-F59: Síndromes comportamentais associadas a perturbações
fisiológicas e fatores físicos (transtornos alimentares, de sono,
disfunção sexual, associados ao puerpério, abuso de
substâncias que não produzem dependência)
Grupos Diagnósticos da CID-10
F60-F69: Transtornos de personalidade
F70-F79: Retardo Mental
F80-F89: Transtornos do desenvolvimento psicológico (fala e
linguagem, invasivos, etc)
F90-F98: Transtornos emocionais na infância e adolescência
(hipercinéticos, conduta, tiques, etc)
Conclusões
• Não há nenhum sinal ou sintoma em psiquiatria que
seja patognomônico de uma doença em particular,
ou seja, não há nenhum dado ou característica que
seja necessário ou suficiente para definir um
transtorno psiquiátrico.
• A entrevista psiquiátrica assume um caráter
terapêutico importante (alívio)
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