Registro de ocorrência de infecção por Ascogregarina spp. em

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Registro de ocorrência de infecção por Ascogregarina spp. em populações silvestres de Aedes albopictus nos
municípios de Tubarão e Capivari de Baixo no Sul do Brasil.
Thiago Nunes Pereira
Josiane Somariva Prophiro
Resumo
para avaliar o impacto deste parasita nas populaçães de seus
hospedeiros e na transmissão viral. Desta forma , o objetivo desta
A colonização do Aedes albopictus, no continente americano,
pesquisa é avaliar a presença de infecção por Ascogregarina spp.
aconteceu velozmente e com grande extensão, ocupando,
em populações silvestres de Aedes albopictus nos municípios de
sobretudo, os ambientes urbanos e periurbano. (MITCHELL 1991).
Tubarão e Capivari de Baixo.
É um mosquito alóctone de região neotropical,transmissor do vírus
da febre amarela e possivelmente da dengue, teve seu primeiro
Palavras-chaves: Aedes albopictus, Ascogregarina, Febre
registro em territórios brasileiro em 1986, no Rio de Janeiro (Braga
Amarela.
& Valle, 2007).O protozoário Ascogregarina já foi identificado como
parasitas-hospedeiro específico de Aedes aegypti e Aedes
albopictus, respectivamente (Beier e Craig, 1985), e estão
presentes em alta prevalência em populações naturais de
*Thiago Nunes pereira
Universidade do Sul de Santa Catarina
Graduando em Ciências Biológicas
E-mail: [email protected]
mosquitos vetores na Florida (Blackmore et al., 1995). O ciclo de
vida do protozoário Ascogregarina ocorre quase inteiramente
dentro do mosquito. Portanto, é importante compreender as
condições que alteram a prevalência ou intensidade de infecção
**Professora MSc. Josiane Somariva Prophiro
Universidade do Sul de Santa Catarina
Mestre em Zoologia – Entomologia
Universidade Federal do Paraná
E-mail: [email protected]
Introdução
A colonização do
transmissão para outra pessoa pelo contato direto com o doente ou
Aedes albopictus, continente americano,
com suas secreções, nem através d’água ou alimentos.
aconteceu velozmente e com grande extensão, ocupando,
Na zona urbana, o Aedes albopictus utiliza, como criadouro, uma
sobretudo, os ambientes urbanos e periurbano. A capacidade de
extensa variedade de recipientes naturais e artificiais. Os seus
dispersão rápida dessa espécie, aliada à potencialidade para
sítios de oviposição preferenciais são pneus, latas, vidros, cacos de
ocupar diferentes ambientes e de ser agressiva para mamíferos,
garrafas, cerâmicas, pratos sob vasos de xaxim, recipientes
levou pesquisadores a levantarem hipótese sobre a potencialidade
plásticos, vasos de cemitério, caixas d’ água, tonéis, latões
de o Aedes albopictus atuar como vetor da febre amarela e da
(ESTRADA FRANCO e CRAIG 1995).
dengue na Américas (MITCHELL 1991).
Vale considerar que estudos laboratoriais demonstraram a
A dengue coloca em risco a saúde de 2.5 a 3 bilhões de pessoas
competência vetora do Aedes albopictus para transmitir dezoito
que habitam as regiões urbanas e suburbanas de 100 países das
arbovírus, contidos em três famílias. Entre eles, vale destacar o
regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo (WHO 1997). Esta
vírus de Encefalite Eqüina do Oeste, Encefalite Eqüina do Leste,
doença é considerada uma das arboviroses mais importantes que
Mayaro e La Crosse (MITCHELL 1991). As implicações da
afetam o homem, em termos de morbidade e mortalidade. Esta
presença do Aedes albopictus, em relação à disseminação do vírus
arbovirose caracteriza-se por estado febril agudo que pode ser de
La Crosse dos EUA, foram discutidas por GRIMSTAD e col. (1989).
curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente
Em 1992, observaram-se exemplares de Aedes albopictus
(MS/SVS 2006). A febre amarela é uma doença febril aguda, de
naturalmente infectados com o vírus Encefalite eqüina oriental na
curta duração e de gravidade variável, caracteriza-se clinicamente
Flórida, EUA (MITCHELL e col. 1992). Posteriormente, MITCHELL
por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem
e col. (1998) isolaram o vírus Cachê Valley e o Potosi de
levar a morte. Tanto na febre amarela como na dengue, não há
espécimes de Aedes albopictus de Illinois (EUA). O vírus Potosi
havia sido anteriormente isolado de Aedes albopictus coletados em
áreas de depósito de pneus usados em Potosi, Missouri
sobre o fitness de adultos de Aedes albopictus (Comiskey et al.,
(MITCHELL e col. 1990, FRANCY e col. 1990, MCLEAN e col.
1999).
1996). Essas observações sugerem que o Aedes albopictus tem
potencialidade para atuar como vetor de arboviroses de importância
em saúde pública nas áreas onde foi introduzido (MITCHELL 1991).
Ambas as espécies Aedes podem coexistem no mesmo nicho
ecológico, logo, as infecções podem ocorrer nas duas espécies, a
intensidade e o impacto destas infecções sobre a viabilidade dos
O protozoário Ascogregarina já foi identificado como parasitas-
mosquitos
hospedeiro específico de Aedes aegypti e Aedes albopictus,
descrição da presença de larvas de Aedes aegypti e Aedes
respectivamente (Beier e Craig, 1985), e estão presentes em alta
albopictus infectadas por Ascogregarina spp. no sul do Brasil.
prevalência em populações naturais de mosquitos vetores na
Florida (Blackmore et al., 1995). O ciclo de vida do protozoário
Ascogregarina ocorre quase inteiramente dentro do mosquito. O
crescimento e a diferenciação do trofozoíto ocorrem no intestino
continuam
desconhecidos.
Além
disso,
não
há
Metodologia
Localização e descrição da área de coleta
das larvas e gametócitos maduros nos túbulos de Malpighi de
Município de Capivari de Baixo: O município de Capivari de baixa
pupas e adultos (Chen et al., 1997). A patogenicidade da Gregarina
esta situado na região do sul de Santa Catarina com latitude
varia
de
28º26’’41’’Sul e longitude 48º57’’28’’Oeste. Precipitação media
Ascogregarina culicis são patogênicas para Aedes aegypti
anual é de 1.493 mm, sendo abril e maio os meses de menor
(Sulaiman, 1992), enquanto a linhagem Ascogregarina culicis nos
precipitação e novembro e dezembro maior precipitação. A
E.U.A. (Barrett, 1968) ou a Ascogregarina taiwanensis (Fukuda et
umidade do ar apresenta uma media anal de 80 pontos, o índice é
al., 1997) são considerados não-patogênicos aos seus respectivos
elevado em virtude da presença dos rios e a proximidade do mar,
hospedeiros. No entanto, estudos recentes demonstraram que
influenciando assim a assim a temperatura e altitude.
geograficamente.
Algumas
linhagens
asiáticas
Ascogregarina taiwanensis pode exercer um impacto prejudicial
Município de Tubarão: O município está localizado na região sul de
dos métodos acima mencionados, foi realizada pela observação
Santa Catarina com altitude media na sede do município de 9
direta dos caracteres morfológicos evidenciáveis em lupa.
metros acima do nível do mar e a precipitação media anual é 1,493
centímetros cúbicos, sendo em abril e maio os meses de menor
Resultados e Discussão
precipitação. A umidade relativa do ar apresenta uma media de
Todas as larvas de Aedes albopictus provenientes das localidades
anula de 83,59 pontos. O índice é elevado em virtude da presença
de Tubarão e Capivari de Baixo apresentavam o protozoário
de lagoas e do mar, havendo influencia devido à temperatura e a
Ascogregarina spp,em Tubarão – Localidade de Sertão do
altitude.
Corrêa,ambiente rural, obtivemos larvas
Métodos para a coleta de Culicidae
Sabethes.
Foram empregadas armadilhas passivas (recipientes de plástico
e/ou pneus), que simularão um criadouro natural e/ou artificial
distribuídas de forma equivalente nos diferentes pontos de coleta.
Estas armadilhas foram instaladas e posteriormente monitoradas
semanalmente, evitando possíveis furtos ou falta de água. As
armadilhas
foram
encaminhadas
até
o
Laboratório
de
Imunoparasitologia – IMPAR, a cada trinta dias, num período de 12
meses. Neste laboratório, a água contida nestas armadilhas era
despejada em bandejas, individuais por ponto de coleta, e os
indivíduos imaturos existentes foram então dissecados para a
observação de seu intestino. Dos espécimens capturados, através
Aedes Albopictus
e
Conforme Chen et al., 1997. O crescimento e a diferenciação do
trofozoíto ocorrem no intestino das larvas, em forma de vírgula.
Todas as larvas foram observadas 24 horas após coleta e
fotografadas quando parasitada.
Sendo assim é de extrema importância compreender as condições
que alteram a prevalência ou intensidade de infecção para avaliar o
impacto deste parasita na população de seus hospedeiros e na
transmissão
viral.
Assim
o
parasitismo
de
espécies
de
Ascogregarina em mosquitos do gênero Aedes, possivelmente,
poderá
ser
utilizado
como
controle
destes
vetores
e,
conseqüentemente, o controle das arboviroses como a febre
amarela e a dengue.
Referencias
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toAedes aegypti (L.). Mosq. News 28, 441–444.
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development of the gregarine Ascogregarina taiwanensis (Lien and
Levine) (Apicomplexa: Lecudinidae) in its natural host Aedes
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