As origens da Filosofia Cristã

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CURSOS DE LICENCIATURA – PEDAGOGIA E LETRAS
PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇAO IV
PROF. RENATO DORNELLAS
AULA 3 - FILOSOFIA MEDIEVAL
Objetivos
• Conhecer e entender os
fatores fundamentais que
permitiram a formação do
Mundo Ocidental.
• Analisar a relação entre a
Filosofia Grega pagã e o
Cristianismo.
• Definir e conceituar as bases
da
filosofia
de
Santo
Agostinho.
• Compreender a aproximação
entre o cristianismo e o
platonismo.
Caracterização da Filosofia Medieval
• É um período histórico que vai do final do helenismo (séc. IV –
V) até o Renascimento (final do séc. XV e séc. XVI).
• A imagem negativa da Idade Média se entende pela transição
entre os clássicos e os novos tempos, movimento que culmina
no humanismo renascentista, procurando recuperar as glórias
da antiguidade Greco-Romana.
• A fase final da filosofia medieval (sécs. XI a XV), equivale ao
desenvolvimento da escolástica e a criação das universidades.
As origens da Filosofia Cristã
• A religião cristã originária do judaísmo surge
e se desenvolve no contexto do helenismo.
• A cultura ocidental da qual somos herdeiros
até hoje é a síntese entre o judaísmo, o
cristianismo e a cultura grega.
• Como justificar essa relação?
• O helenismo permitiu a aproximação entre a
cultura judaica e a filosofia grega que tornará
possível mais tarde, o surgimento de uma
filosofia cristã.
• Em Alexandria essas culturas convivem e se
integram e se fala várias línguas.
• Nessa época encontra-se uma aproximação
entre a cosmologia platônica e a narrativa
da criação do mundo.
• Inicialmente o cristianismo não se distinguia claramente
do judaísmo e era visto como uma seita reformista dentro
da religião e da cultura judaica.
• São Paulo defende a concepção de uma religião universal
(esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as
demais religiões da época).
• Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica
permitiu a concepção de uma religião universal e que
corresponde no plano espiritual e religioso a concepção
de império no plano político e militar.
• Consolidou-se com o imperador Constantino batizado em
337 e sua institucionalização como religião oficial.
• Entretanto não havia ainda uma unidade no
cristianismo, mas a filosofia grega terá uma importância
fundamental nesse processo, quando as discussões
levaram a formulação de uma unidade doutrinária
hegemônica, ortodoxa.
• Os primeiros representantes pertencem a escola
neoplatônica cristã de Alexandria.
• Uma questão que acompanhará todo o pensamento
medieval é um foco permanente de tensão que ficou
conhecido como o conflito entre razão e fé.
• Os Concílios fixaram a doutrina considerada legítima e
condenaram os que não aceitavam esses dogmas
expulsando-os da Igreja.
• Podemos dizer que a filosofia grega é incorporada de
maneira definitiva à tradição cristã. Exemplos:
1- A lógica e a retórica fornecem meios de argumentação.
2- A metafísica de Platão e de Aristóteles fornecem
conceitos chaves (substâncias, essências e etc.), em função
dos quais questões teológicas serão discutidas.
Filosofia Patrística (séc. I ao VII)
• Inicia-se com as Epístolas de São
Paulo e o Evangelho de São João.
• Foi obra não só desses dois apóstolos
, mas também dos Padres da Igreja –
primeiros dirigentes espirituais e
políticos do Cristianismo.
• Tem como tarefa religiosa a
evangelização e a defesa da religião
contra os ataques teóricos e morais
que recebia dos antigos.
Ideias introduzidas pela Patrística
• Criação do mundo a
partir do nada
• Pecado original do
homem
• Deus como Trindade
Uma
• Encarnação e morte de
Deus
• Juízo Final ou de fim dos
tempos
• Ressurreição dos mortos
Exemplo de questão enfrentada pela Patrística
• Como o mal pode existir no
mundo já que foi criado por Deus,
que é pura perfeição e bondade?
• Santo
Agostinho
e
Boécio
introduziram a ideia de “homem
interior”, isto é, da consciência
moral e do livre-arbítrio da
vontade (ou o poder da vontade
para escolher entre alternativas
opostas igualmente possíveis),
pelo qual o homem, por ser
dotado
de
liberdade
para
escolher entre o bem e o mal, é o
responsável pela existência do
mal no mundo.
• Para impor as ideias cristãs,
os Padres da Igreja criaram os
dogmas (verdades reveladas
por Deus).
• Com isto, surge a distinção
entre verdades reveladas ou
da fé e verdades da razão ou
humanas.
• Isto é, entre verdades
sobrenaturais (o
conhecimento é recebido por
uma graça divina, superior ao
simples conhecimento
racional) e verdades naturais
(elaboradas pela razão).
• O grande tema de toda a
Filosofia Patrística é o da
possibilidade ou
impossibilidade de conciliar
razão e fé, e, a esse respeito,
haviam três posições
principais:
1- Os que julgavam fé e razão
irreconciliáveis e a fé superior
à razão (diziam eles: “Creio por
que é absurdo”.).
2- Os que julgavam fé e razão
conciliáveis, mas
subordinavam a razão à fé
(diziam eles: “Creio para
compreender”.).
3- Os que julgavam razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam
que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e
não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que
concerne à vida temporal dos homens e do mundo; a fé, a tudo
o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).
Santo Agostinho e o Platonismo Cristão
• Sua influência filosófica e teológica
estendeu-se até o período moderno.
• Destacamos três aspectos
fundamentais de sua contribuição ao
desenvolvimento da filosofia:
1- Sua formulação das relações entre
teologia e filosofia, entre a razão e a fé.
2- Sua teoria do conhecimento com
ênfase na questão da subjetividade e na
noção de interioridade.
3- Sua teoria da história elaborada na
monumental cidade de Deus.
Santo Agostinho
• Considerado o primeiro
pensador a desenvolver uma
noção de uma interioridade que
prenuncia o conceito de
subjetividade do pensamento
moderno.
• Encontramos em seu pensamento
a oposição interior/exterior e a
concepção de que a interioridade
é o lugar da verdade.
• É olhando para a sua
interioridade que o homem
descobre a verdade pela
iluminação divina.
• A teoria da iluminação divina
vem substituir a teoria platônica,
explicando o ponto de partida do
processo do conhecimento e
abrindo o caminho para a fé.
• Essa concepção terá uma grande
influência no desenvolvimento da
noção ocidental de tempo
histórico, raiz da visão
hegeliana.
• Santo Agostinho mostra que os
eventos históricos devem ser
interpretados à luz da revelação,
que a cidade divina
prevalecerá, já que a história
tem uma direção.
O desenvolvimento da Escolástica
• Além de Santo Agostinho, é necessário mencionar
Boécio (470-525), como um pensador fundamental para
a mediação entre a filosofia antiga e a filosofia cristã
medieval.
• As culturas bárbaras que se estabelecem na Europa
Ocidental não tinham conhecimento e interesse pela
Filosofia.
• Só a partir do século IX, cinco séculos após a morte de
Santo Agostinho, a situação começa a mudar.
• Em 529, São Bento fundou na Itália a ordem monástica
beneditina, diferente das ordens monásticas das igrejas
orientais exclusivamente contemplativas.
• Graça aos monges copistas foram preservados os textos
da antiguidade clássica grego-romana, nas bibliotecas.
• Progressivamente o mundo
europeu ocidental começa a se
reestruturar – a primeira grande
tentativa foi no natal do ano 800.
• O papa Leão III, convidou
Carlos Magno a ir à Roma e lá
foi sagrado imperador do sacro
império romano germânico.
• Após a morte de Carlos Magno,
seu império foi dividido entre o
seu filho e os sucessores deste,
levando a uma nova
fragmentação política e gerando
grandes conflitos.
• É, portanto, em torno dos séculos XI
e XII que vamos assistir o
surgimento da chamada Escolástica.
• Esse termo designa todos aqueles
que pertencem a uma escola ou que
se vinculam a uma determinada
escola de pensamento e de ensino.
• É neste contexto que aparece a
famosa querela entre a razão e a fé
que percorre toda a filosofia
medieval.
• No entanto, o desenvolvimento da
filosofia torna-se possível devido a
consolidação das escolas nos
mosteiros e catedrais.
Santo Anselmo e o desenvolvimento
da Escolástica
• Considerado o primeiro grande pensador da
escolástica elaborando a sua filosofia a partir da
articulação entre a razão e a revelação, ou seja, a fé e o
entendimento.
• Deu a sua principal contribuição à Filosofia na formulação
do famoso argumento ou prova ontológica.
• Trata-se de um dos argumentos mais clássico da tradição
filosófica, tendo sido questionado por outros filósofos na
Idade Média, dentre eles São Tomás de Aquino.
• A questão passa a discutir se Deus
existe apenas no intelecto ou que
pode ser pensado na realidade como
algo existente.
• A conclusão de Santo Anselmo é que
não se pode pensar a inexistência de
um ser do qual nada maior pode ser
pensado sem contradição; desse modo
fica provada a existência de Deus.
• Em outras palavras: a ideia é que a
própria noção de Deus implica que
Deus existe.
• Essa prova concilia razão e fé, aquilo
que a fé nos ensina pode ser entendido
pela razão e a filosofia nos ajuda a
argumentar em favor disso e
caracteriza bem o estilo da escolástica.
Conclusão
• Não havia uma unidade entre os cristãos, pois tinham
diferentes formas de praticar e interpretar a religião.
Assim, era necessário a instituição de uma doutrina
comum.
• Os primeiros representantes da Filosofia Cristã elaboraram
uma síntese entre o platonismo e os ensinamentos
cristãos.
• As leituras realizadas que os primeiros pensadores
cristãos fazem da filosofia grega é seletiva, tomando aquilo
que consideram compatível com o cristianismo enquanto
religião revelada.
• Portanto, o critério de adoção de doutrinas e conceitos
filosóficos é via de regra, determinado por sua relação
com os ensinamentos da religião.
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