O SR

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Discurso proferido pelo
Deputado
MARTINS
COLBERT
(PMDB/BA),
em
___/___/_____
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Venho à tribuna falar sobre a acidificação dos
oceanos, tema que pouco aparece na mídia nacional e
internacional e para o qual a sociedade ainda não deu a
atenção devida. No entanto tal fenômeno constitui um dos
mais sérios impactos da elevação da concentração de gás
carbônico na atmosfera e é matéria da maior importância
para o futuro do Planeta e da Humanidade.
Hoje, há poucos questionamentos sobre a influência
das emissões antrópicas de gases de efeito estufa sobre as
mudanças climáticas globais. Sabe-se está havendo
aumento da concentração atmosférica de dióxido de
carbono, metano e óxido nitroso desde a era pré-industrial.
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Os cientistas que compõem o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, afirmam ser muito
provável que tais concentrações sejam a causa do
aquecimento da atmosfera e dos oceanos observada desde
1850, quando as temperaturas passaram a ser registradas.
Sabe-se, também, que os oceanos absorvem em
torno de um terço dos bilhões de toneladas de gás
carbônico lançados anualmente na atmosfera. Por isso, os
mares constituem um grande sumidouro de gás carbônico
e, desse modo, contribuem de forma significativa para
atenuar os efeitos da concentração de gases estufa sobre o
clima. Se os oceanos não absorvessem tanto gás
carbônico, o aumento desses gases na atmosfera teria
efeitos ainda piores sobre o clima global.
Entretanto, os cientistas marinhos alertam que, se as
emissões de dióxido de carbono não forem reduzidas, isso
trará graves impactos sobre as condições físicas e
biológicas dos mares. Nesse caso, a capacidade dos
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oceanos de atuar como sumidouro de gás carbônico ficará
comprometida.
O
problema,
Senhoras
e
Senhores,
está
na
acidificação progressiva das águas do mar, a qual devemos
conhecer
nos
seus
detalhes,
para
que
possamos
compreender a magnitude dos riscos que o aumento de
gás carbônico atmosférico gera para a vida marinha.
As espécies marinhas evoluíram para sobreviver em
águas levemente alcalinas. Em meio aquoso, o gás
carbônico transforma-se em ácido carbônico, reação
química que ocorre naturalmente nos oceanos. Porém, com
as emissões excessivas de gás carbônico e sua absorção
maciça pelos oceanos, estima-se que a acidez das águas
marinhas aumentará três vezes, até 2100.
A mudança química das águas oceânicas prejudicará
seriamente a vida no mar. Na presença do ácido carbônico,
o carbonato de cálcio é dissolvido, o que afetará
diretamente os corais, os moluscos e o plânton calcário,
que dependem dessa substância para sobreviver. O
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plâncton abrange a comunidade de organismos que vivem
livremente na coluna d’água e constituem a base da cadeia
alimentar
marinha.
Os
moluscos,
conhecidos
como
mariscos, dependem do carbonato para secretar suas
conchas. Já os corais são colônias gigantescas e
complexas de animais invertebrados, cuja sustentação, os
recifes, forma-se a partir a partir de carbonato de cálcio. A
água marinha acidificada corrói as estruturas calcárias e
compromete a sobrevivência dessas espécies.
Esse fenômeno terá grande impacto para a segurança
alimentar, pois os recifes de coral são verdadeiros
berçários e muitas espécies de peixes deles dependem
para se reproduzir. Por isso, a redução do ritmo de
crescimento dos recifes ou a sua possível destruição
colocará
em
risco
os
estoques
pesqueiros
e,
consequentemente, a base alimentar de milhões de
pessoas.
Senhoras e senhores deputados, venho a esta tribuna
manifestar minha preocupação com essa matéria, que
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ainda não recebeu a devida atenção política, apesar de sua
urgência e gravidade. A acidificação marinha é tão grave
quanto o aquecimento global. É mais uma razão para que o
Brasil assuma seu papel, na comunidade internacional,
como líder na luta contra a poluição e as mudanças
climáticas.
Na
condição
de
país
detentor
da
mais
alta
biodiversidade do Planeta e de mais de mais de 7.300 km
de costa litorânea, o Brasil deve mobilizar-se para evitar
impactos irreversíveis sobre o seu patrimônio biológico.
Não se trata de mais uma previsão catastrófica: a
acidificação da água marinha é facilmente mensurável e é
uma clara evidência de que as emissões antrópicas de gás
carbônico afetam o equilíbrio da biosfera e colocam em
risco a segurança alimentar.
A única maneira de reverter a acidificação dos mares
é reduzir a emissões de gases de efeito estufa. É dever do
Parlamento brasileiro lutar para que esse fenômeno não
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venha a tornar-se um problema tão sério quanto o
aquecimento global.
Muito obrigado!
2010_3821
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