MODELAGEM DO COMPORTAMENTO DE SEGUIR REGRAS

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COMPORTAMENTO CONTROLADO POR REGRAS
TODA CULTURA TEM SUAS REGRAS, QUE SÃO ENSINADAS
EXPLICITAMENTE. (Ex: Ninguém precisa falar que devemos vestir roupas
para sair em público).
Aprender regras de um falante requer exercer o papel de ouvinte – a
discriminar com base no comportamento verbal do falante. Mais tarde, os
estímulos discriminativos verbais se generalizam para outras pessoas da
comunidade verbal, nos tornando sujeitos aculturados.
O comportamento controlado por regras é o comportamento cujo Sd é
um comportamento verbal (regra). Ex: Pai disse: “Você deve estar em casa
antes das três da manhã”. Essa é uma regra que pode controlar o
comportamento de um adolescente porque chegar depois das três da manhã
pode produzir consequências desagradáveis.
A regra pode ser tanto escrita quanto falada.
COMPORTAMENTO CONTROLADO POR REGRAS versus
COMPORTAMENTO MODELADO IMPLICITAMENTE
- O comportamento controlado por regras também é modelado por
contingências(C).
- O comportamento controlado por regras depende do comportamento verbal
de outra pessoa (o falante) enquanto que o comportamento controlado por
contingências não requer outra pessoa, somente interação com as
contingências.
- O comportamento controlado por regras é instruído (está sob controle)
enquanto que o comportamento modelado por contingências surge sem
instrução e freqüentemente não se consegue falar sobre ele (saber sobre).
Dizer que o comportamento verbal de formular regras indica a
contingência, é dizer que a verbalização está sob controle de estímulo da
contingência.
- O contato com a contingência que produz a regra não precisa ser direto. Eu
não preciso ter jogado tênis para saber que quando a bola cruza a linha é fora.
- Às vezes o falante não teve nenhum contato com a contingência – sequer um
contato direto – mas está repetindo o que outra pessoa disse. Precedemos a
fala com “Ouvi dizer que...” ou “Dizem que...”
- As regras do cotidiano encaixam-se na categoria “estímulos discriminativos
que indicam uma contingência”, mas essa categoria também inclui estímulos
que normalmente seriam chamados de regras. Ex. um pai falando para o seu
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filho: “Não brinque perto da pista porque você pode ser atropelado”. Este
estímulo verbal pode ser uma regra.
- um mapa é uma regra, um conselho é uma regra.
Podemos traduzir da seguinte forma “se essa ação ocorrer, então tal
conseqüência se torna provável”.
A regra sempre indica um prazo relativamente longo que em geral só se
percebe depois de muito tempo, talvez maior que nossa vida.
Fundamentalmente, o importante de uma regra é o fato de fortalecer um
comportamento que só trará compensações depois de um certo tempo.
O Comportamento Controlado por Regras sempre envolve duas contingências:

Contingência próxima – reforça comportamentos imediatos. A
contingência próxima é o motivo pelo qual o comportamento C é denominado
“controlado por regras”.

Contingência ultima – reforça comportamentos no longo prazo. Referese à saúde, sobrevivência e bem-estar ao longo prazo, dos descendentes da
família.
Formular uma regra é um mando para a contingência próxima e um tacto
para a contingência ultima.
A regra e a contingência próxima podem ser temporárias. Se o
comportamento C for suficientemente fortalecido, ele entrará em contato com a
contingência ultima e será mantido por ela.
A contingência próxima é o motor de arranque enquanto que a
contingência ultima o mantém funcionando.
As regras estão no ambiente, não dentro de nós. A lacuna temporal nos
faz pensar que estão dentro de nós. Seguimos regras porque estamos
expostos a elas desde cedo e são tantas as contingências próximas.
Seguir regras é uma categoria funcional.
Quando as regras que regem seu comportamento forem as últimas,
dizemos que elas foram “internalizadas”.
MODELAGEM DO COMPORTAMENTO DE SEGUIR REGRAS
Seguir regras é uma categoria funcional, uma habilidade generalizada. À
medida que ocorre a generalização, o próprio comportamento de seguir regras
torna-se parcialmente controlado por regras (ex: diz-se às crianças “faça o que
eu digo”). Formamos discriminações também (“não ouça o J., ele é mentiroso”).
ESSE SEGUIR REGRAS GENERALIZADO FAZ O MUNDO GIRAR.
Para os behavioristas, as regras estão no ambiente. Elas se apresentam
figurativamente e concretamente (sons e sinais). São estímulos discriminativos.
Pessoas são tentadas a pensar em regras como uma coisa interna
porque a regra que fortalece o comportamento pode estar ausente quando o
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comportamento ocorre. Pela questão da Lacuna Temporal, pode haver um
espaço de tempo entre a ação e parte do contexto. Também, como o controle
pelo reforço próximo pode ser temporário, quando o reforço último assume o
controle, a regra pode estar ausente, talvez definitivamente. Quando fala-se de
regras internalizadas, fala-se dessa transição.
PENSAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Com freqüência, regras são soluções de problemas: “Se você se
comportar assim, a situação resultará em tal e tal reforçador”. Desta maneira,
assim como aprendemos a ser ouvintes, aprendemos a ser solucionadores de
problemas. As interpretações mentalistas enfatizam a característica abrupta da
solução, no momento “criativo” ou “inspirado”. Ignoram a longa história de
reforço anterior a qualquer caso particular de resolução de problemas.
A interpretação molecular de Skinner (1969) trabalha a resolução de
problemas como comportamento controlado por regras em um sentido mais
imediato. Aceitava a idéia de que falar consigo mesmo pode ser considerado
comportamento verbal – que uma pessoa pode exercer simultaneamente os
papéis de falante e ouvinte – sua interpretação se apóia no conceito de autoinstrução: como falantes, damo-nos regras como ouvintes.
Situações que identificamos como problemas são aquelas em que o
reforçador – resultado bem sucedido – é claro, mas o comportamento a ser
emitido – a solução – é obscuro. O PROBLEMA É ELIMINADO QUANDO
SURGE A SOLUÇÃO E OBTÉM-SE O REFORÇADOR (EXEMPLO DE
SITUAÇÃO CLÍNICA).
O comportamento de resolver problemas produz estímulos que servem
para alterar a probabilidade do comportamento futuro, que poderá incluir a
solução. Quando as soluções não precisam ser originais para serem
reforçadas, a tendência é utilizar soluções semelhantes, desde que essas
soluções continuem a proporcionar as devidas compensações.
A resolução de problemas torna-se estereotipada, ou criativa e original,
em função de se reforçar repetidamente o mesmo padrão ou novos padrões
serem reforçados. Os estímulos discriminativos que fortalecem as possíveis
soluções surgem do próprio comportamento de quem resolve o problema.
Tentando resolver um problema, posso falar comigo mesmo em voz alta
ou privadamente. Falar consigo mesmo inaudivelmente é comumente chamado
de “pensamento”. Quer algo seja dito em voz alta ou privadamente, o
comportamento gera um estímulo discriminativo verbal que torna a atividade
mais provável.
COMPORTAMENTO PRECORRENTE
Skinner (1969) chamou a atividade de falante que gera estímulos
discriminativos de PRECORRENTE, no sentido de que acontece antes da
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solução. A atividade precorrente permite que a resolução de problemas
(atividade de ouvinte) varie sistematicamente, em vez de aleatoriamente.
O comportamento precorrente é freqüentemente chamado de raciocínio,
imaginação, formulação de hipóteses. Todos esses comportamentos têm em
comum a propriedade de gerar estímulos discriminativos que alteram a
probabilidade de atividades subseqüentes.
Esse comportamento tangencia as distinções tradicionais de pensar,
raciocinar, brain-storm, algumas vezes. Se aceitarmos a idéia de que a mesma
pessoa pode agir simultaneamente como falante e ouvinte, então o
comportamento precorrente se conformaria à definição de comportamento
verbal e os estímulos gerados seriam regras (parece óbvio quando falamos
publicamente).
No entanto, o comportamento precorrente pode ser público ou privado,
vocal ou não-vocal.
A conexão entre comportamento precorrente e comportamento
controlado por regras encontra-se nos estímulos discriminativos produzidos.
COMPORTAMENTO PRECORRENTE É COMO FORMULAR REGRAS.
EVITAMOS DIZER QUE SÃO A MESMA COISA PORQUE PARA SER
CARACTERIZADO COMO REGRA O ESTÍMULO DISCRIMINATIVO DEVE
SER GERADO POR COMPORTAMENTO SOB CONTROLE DE UMA
RELAÇÃO DE REFORÇO ÚLTIMA ATUANDO COMO ESTÍMULO
DISCRIMINATIVO.
Definir o comportamento precorrente é perceber que a resolução de
problemas é semelhante ao comportamento controlado por regras. Não é
preciso inventar novos princípios para compreender como as pessoas superam
suas dificuldades ou como elas agem “criativamente”. Portanto, formar regras,
seguir regras, pensar, resolver problema, são comportamentos que podem ser
explicados cientificamente.
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