SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Prevenção e tratamento fisioterapêutico em pacientes tabagistas Ana Paula de Siqueira Guanabara Docente do Curso de Fisioterapia Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá Josivalda Cabral Discente do Curso de Fisioterapia Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá [email protected] Raquel Aparecida Feitosa Discente do Curso de Fisioterapia Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá [email protected] Simone Maria Teles Azevedo Discente do Curso de Fisioterapia Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá [email protected] Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo O artigo tem por objetivo analisar as metodologias publicadas e empregadas no cálculo da mortalidade atribuível ao fumo; alterações pulmonares em pacientes com neoplasia esofágica e sua relação com o tabagismo; mostrar medidas de prevenção e tratamento fisioterapêutico à população fumante e não fumante ( OLIVEIRA, 2008). Palavra-chave: Tabaco, Níveis de prevenção, Tratamento fisioterapêutico. 1. Introdução O tabaco é a droga mais utilizada e disseminada no mundo, responsável por 50% de aproximadamente cinco milhões de mortes registradas no ano 2000 nos países em desenvolvimento. Estima-se que no período de 2002/2030 as mortes atribuíveis ao tabaco irão diminuir em 9% em países desenvolvidos, mas aumentar em 100% (para 6,8 milhões) em países em desenvolvimento. Estima-se que em 2015 as mortes relacionadas ao fumo superarão em 50% aquelas causadas pela epidemia de HIV/Aids e que o tabaco será responsável por aproximadamente 10% de todas as mortes no mundo. Os prejuízos causados à saúde pelo hábito de fumar são amplamente conhecidos e seu controle é considerado pela OMS como um dos maiores desafios da saúde pública atualmente (OLIVEIRA, 2008). 1 Conforme afirma Fraga (2006), a quase totalidade dos fumantes adquirem o hábito durante a adolescência. Apesar dos programas e campanhas de prevenção desenvolvidos, muitos adolescentes começam a fumar ainda em idade escolar, estimando-se que 150 dos 300 milhões de jovens fumantes no mundo irão morrer por causas relacionadas com o tabaco. Segundo Zan (2005), o tabaco é descrito como um dos fatores envolvidos na gênese dos tumores malignos do esôfago e também está intimamente relacionado à neoplasia pulmonar. Nos casos de neoplasia pulmonar, os tipos freqüentemente relacionados são o carcinoma epidermóide e o carcinoma de pequenas células (“oat cell”). Os sintomas podem corresponder tanto à presença direta do carcinoma esofágico, comprometendo o pulmão, como também pelo tabaco, que pode ocasionar alterações pulmonares como neoplasia primária pulmonar, maior incidência de infecções respiratórias, e também o enfisema e alterações intersticiais (os quais podem limitar o prognóstico diante de uma diminuição da reserva cardiopulmonar destes pacientes). A B Figura 1. Pacientes nº 5 (A) e nº 43 (B). TCAR evidencia lesões hipoatenuantes, areolares, em campus superiores, compatível com enfisema. A B Figura 2. Paciente nº 10 (A,B). TC de tórax com diversas imagens hipertransparentes, de paredes finas, em ambos os campos pulmonares superiores. “Bolhas” 2 Figura 3. Paciente nº 51. Raio-x de tórax mostra opacidade em hemitórax esquerdo, que representar derrame pleural. A B Figura 4. Paciente nº 56 (A,B). Raio-x de tórax mostra redução da transparência, que cursa com broncogramas em campo médio do pulmão direito. Pneumonia. 3 A Figura 5. Paciente nº 7 (A,B,C). Raio-x de tórax em póstero- anterior e perfil, em que se notam diversos nódulos hipotransparentes dispersos pelos campos pulmonares bilateralmente, sendo que alguns apresentam áreas de cavitação. Metástases pulmonares. . B C 4 Figura 6. Paciente nº 22. TCAR mostra nódulo hipercensos em ambos os pulmões. Metástases. Figura 7. Paciente nº 23. TC com lesão hipoatenuante de contornos irregulares em em segmentos médio do pulmão esquerdo de nódulo metastático. 2. Níveis de prevenção A cessação do consumo do tabaco é algo bastante complexo e que envolve inúmeras variáveis, sendo assim, quanto mais informações obtivemos a respeito das especificidades dos dependentes dessa substância, mais chances teremos de auxiliá-los na complicada tarefa que é manter a abstinência (CASTRO, 2008). Segundo Deliberato (2002), com a solidificação do conhecimento científico e a expansão do perfil profissional, o fisioterapeuta ampliou também seu mercado de trabalho, estando presente hoje em hospitais, clínicas, consultórios, centro de reabilitação, empresas de home care, cetros aquáticos, centros hípicos, indústrias, escolas, entidades filantrópicas, centros universitários, centros de pesquisa, empresas e laboratórios de equipamentos de reabilitação. É dentro dessa nova perspectiva de atuação profissional que se insere o fisioterapeuta preventivo, agindo em programas de promoção de saúde e proteção específica, tendo como princípio fundamental o conjunto de conhecimentos 5 científicos relativos aos fatores que possam causar infortúnios ao ser humano, bem como conhecendo também os mecanismos de interferência junto a esses fatores, visando eliminá-los ou minimizá-los. O significado da palavra prevenção em saúde, apesar dos problemas em conceituá-la, certamente é mais abrangente do que simplesmente defini-la como “o ato de evitar que algo aconteça”. Assim, distinguem-se três níveis de prevenção: prevenção primária, secundária e terciária. Cada nível possui um conjunto de ações características e essas, por sua vez, também agregam um certo número de procedimentos particulares. O nível primário de prevenção é aplicável durante o período de prépatogênese, ou seja, quando o indivíduo se encontra em estado de saúde ótima ou, no mínimo, saúde subótima. Dessa forma, podemos considerar que a prevenção primária atua nos períodos em que o organismo se encontra em equilíbrio, estabelecendo ações que o mantenham nessa situação. Segundo Fraga (2006), o risco de adoecer é tanto maior quanto mais cedo se iniciar o tabagismo. Um dos principais problemas associados à precocidade do hábito é a dificuldade de parar. Um forte investimento na prevenção primária é a aproximação fundamental á resolução do problema. O nível secundário de prevenção pode ser caracterizado quando o organismo já se encontra com alterações na forma e na função, ou seja, está no período de patogênese e em enfermidade real. Neste momento, ações realizadas com o objetivo de diagnosticar precocemente o problema e estabelecer as medidas terapêuticas adequadas formam os dois grupos de atividades que, se efetivadas com o sucesso esperado dentro das possibilidades de cada caso em particular, acarretarão o retorno do organismo ao estado de equilíbrio anterior ou, na pior das hipóteses, interromperão o declínio desse organismo para níveis mais inferiores da escala de saúde e de doença. Já o nível terciário de prevenção é estabelecido quando o indivíduo portador da enfermidade passou pelos estágios anteriores, permanecendo com uma sequela residual e ou uma incapacidade que necessitam ser minimizados, para se evitar, nesse caso, a invalidez total depois que as alterações anatômicas e fisiológicas já se encontram mais ou menos estabilizadas, apesar de haver opiniões divergentes a esse respeito. O objetivo principal desse nível é recolocar o indivíduo afetado em posição útil na sociedade, na expectativa da máxima utilização de suas capacidades residuais. Em relação à limitação da incapacidade, não encontramos argumentos para diferenciá-la da própria reabilitação, uma vez que todas as atividades desenvolvidas com o objetivo de impor limites à incapacidade instalada nada mais são, em nosso conceito, do que atividades reabilitativas, mesmo quando consideramos, por exemplo, os procedimentos fisioterapêuticos de manutenção em casos de pacientes com sequelas de enfermidades crônicas. Ademais, a dor freqüentemente intratável representa um sintoma extremamente incapacitante, tanto nos aspectos psíquicos como físicos, sendo a reabilitação constantemente utilizada para controlá-la. Dessa forma, acreditamos que a reabilitação deve ser iniciada o mais precocemente possível, assegurando assim as melhores condições para que se atinjam os resultados mais favoráveis. O diagnóstico clínico deve ser estabelecido na fase inicial da enfermidade e, concomitantemente, também o diagnóstico 6 fisioterapêutico, para que seja possível definir as diversas modalidades terapêuticas e, se possível, de reabilitação para cada caso em particular ( DELIBERATO, 2002). 3. Tratamento fisioterapêutico 3.1 Nível primário Promoção da saúde; exames periódicos, treinamento na capacitação para o desenvolvimento de iniciativas de abordagem do tabagismo na rede pública. Medidas de menor impacto, como atividades sobre tabagismo para a comunidades ou seja palestras cartazes. 3.2 Nível secundário Campanhas abordando diagnóstico precoce Orientações com relação a atividade física Medidas terapêuticas visando o retorno do organismo a homeostase dentre elas: alongamentos, manobras de exercícios respiratórias Retorno as AVDS 3.3 Nível terciário (patologia instalada) Evitar síndrome do imobilismo e ulcera de pressão ou seja: em indivíduos hospitalizados ou acamados Troca de decúbito Alongamento Mobilização ativa ou passiva Exercícios respiratórios Orientações 4. Referências Bibliográficas AZEVEDO, Renata Cruz Soares de et al. Atenção aos tabagistas pela capacitação de profissionais da rede pública. Rev. Saúde Pública, Abr 2008, vol.42, no.2, p.353-355. ISSN 0034-8910 CHAIEB, José A . and Castellarin, Cassio Associação tabagismo-alcoolismo: introdução às grandes dependências humanas. Rev. Saúde Pública, Jun 1998, vol.32, no.3, p.246-254. 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