Uma nova atitude para com o Reino

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 UMA NOVA ATITUDE
PARA COM O REINO
ESTUDO
Chegamos ao fim desta série de estudos. Examinamos nossa atitude interior, para com os
relacionamentos íntimos e para com o próximo. Hoje trataremos de nossa atitude para com o Reino
de Deus.
Como filhos amados de Deus em meio a uma cultura acelerada e geradora de demandas,
precisamos assumir um compromisso sério para com o Reino de Deus e sua agência de proclamação, a igreja. Aqueles que firmemente creem que a realidade maior e excelente ainda está por vir
devem viver uma agenda que demonstre claramente esta convicção.
Parando para refletir
Antes de estudar a Bíblia, vamos ponderar sobre algumas questões:
 Você sabe o que é o Reino de Deus? Até onde ele se estende?
 Você busca o Reino de Deus em primeiro lugar na sua vida?
 O que na sua agenda demonstra seu compromisso com o Rei e com o Reino?
Discernindo o problema
Nossa cultura contemporânea nos leva a concentrarmos todos os nossos esforços em nossos próprios interesses e em nossa própria vida. O tempo passa muito rápido e precisamos nos esforçar para vencer na vida. Somos ensinados que não há tempo para “coisas secundárias” como atividades religiosas – isto é para quem não tem nada a fazer.
Quando muito, a sociedade tem uns espasmos de filantropia. Afinal, é chique doar bens aos
necessitados. Além disso, dizem muitos por aí, as boas ações nos fazem equilibrar a balança e compensam os nossos pecados. Envolver-se em “projetos sociais” conta pontos no céu...
Será que é disto que se trata o Reino de Deus? Mesmo na igreja, nossa geração vive uma
vida egocêntrica, sem consciência de tudo o que Deus fez por nós e da imensa gratidão que lhe devemos. Falta-nos conhecimento e visão daquilo que Deus deseja realizar em nós e através de nós
nos dias de hoje.
O que a Bíblia tem a dizer sobre isto?
Jesus claramente nos ensina que devemos buscar o Reino de Deus acima de todas as demais coisas (Mt 6:33). É a nossa prioridade principal na vida. Mas o que quer dizer “buscar o Reino
em primeiro lugar”?
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Para responder isso, é preciso primeiro entender o que é o Reino de Deus. Vamos definir
hoje o Reino de Deus de forma bem simples:1 esta expressão designa um governo ou domínio em
que o Senhor Deus é o soberano, ou seja, o espaço e local onde o Criador tem controle de tudo.
Fundamenta-se na soberania espiritual exercida por Jesus Cristo sobre o mundo por meio da pregação da sua Palavra e da operação do Espírito Santo. O Reino de Deus se manifesta visivelmente por
meio de sua agência principal, a igreja, mas não está limitado a ela. Ele compreende toda iniciativa
e ação que realiza a vontade de Deus aqui na terra assim como é realizada nos céus (Mt 6:10).
Portanto, buscar o Reino de Deus em primeiro lugar é se dispor a fazer a vontade de Deus;
é ter como prioridade na vida a realização dos sonhos de Deus por meio da nossa submissão voluntária ao seu governo sábio e amoroso.
Embora a Bíblia apresente francamente as falhas de seus personagens, ela também demonstra que muitos destes se apegaram com afinco à missão que lhes foi confiada. Eles compreenderam o que é o Reino de Deus e qual a sua missão de vida.
Veja, por exemplo, a famosa “Galeria da fé” em Hebreus 11:4-38 (sugiro que você leia
apenas os versos finais, de 32 a 38):
32
Que mais direi? Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté,
Davi, Samuel e os profetas, 33os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões,
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apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram
força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros.
35
Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos. Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; 36outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, 37apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras,
necessitados, afligidos e maltratados. 38O mundo não era digno deles. Vagaram
pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas.
Começando com o exemplo de Abel, o autor de Hebreus lista diversos personagens do Antigo Testamento que agradaram a Deus por meio de sua fé. Eles confiaram no Senhor em meio a
circunstâncias adversas e muita aflição. Eles não desistiram diante do perigo e muitos foram mortos
no serviço ao Rei.
Retomando o que aprendemos nos três primeiros estudos, percebemos que estes heróis
aqui listados tinham uma autoimagem equilibrada. Eles entenderam que eram representantes do
Rei do universo e que sua missão era fazer o mundo se adequar ao governo do Criador. Além disso,
tal como José, eles percebiam suas circunstâncias de vida como parte do plano maior de Deus –
tinham consciência do mover de Deus na história. Finalmente, eles não se prenderam a uma
religiosidade vazia, como condenou Isaías, mas lutaram pela justiça social e pela implantação da
paz de Deus entre os homens. Eram pessoas que revidavam o mal com o bem e viviam de forma
contrária às tendências de sua própria cultura.
Pessoas assim não vivem olhando apenas as coisas visíveis, mas tem seu olhar naquilo que
é eterno (2Co 4:18 = “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o
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Você pode pesquisar em dicionários bíblicos mais sobre o assunto. Ali você descobrirá que há muitas outras facetas a
explorar neste conceito; em especial, o lado escatológico (a vinda do Rei no final da história) e a manifestação histórica
do Reino (sua identificação ou não com a igreja visível).
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que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”). São pessoas que têm um compromisso com o
Senhor da história, e não apenas com as circunstâncias do momento em que vivem.
Considerando tantos exemplos diante de nós apresentados na Bíblia, quero convidá-lo a
examinar um pequeno grupo de homens conhecidos como os “valentes de Davi”. Sua história se
encontra em 2 Samuel 23:13-17:
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Estes são os nomes dos principais guerreiros de Davi: ...
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Durante a colheita, três chefes do batalhão dos Trinta foram encontrar Davi na
caverna de Adulão, enquanto um grupo de filisteus acampava no vale de Refaim.
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Estando Davi nessa fortaleza e o destacamento filisteu em Belém, 15Davi expressou este forte desejo: “Quem me dera me trouxessem água da cisterna da porta de Belém!” 16Então aqueles três atravessaram o acampamento filisteu, tiraram
água da cisterna e a trouxeram a Davi. Mas ele se recusou a beber; em vez disso,
derramou-a como uma oferta ao Senhor e disse: 17“O Senhor me livre de beber
desta água! Seria como beber o sangue dos que arriscaram a vida para trazê-la!” E
Davi não bebeu daquela água. Foram esses os feitos dos três principais guerreiros.
Sem entrar nos detalhes das façanhas heroicas destes três chefes, percebemos neste texto
que Davi tinha um grupo de homens valentes ao seu lado, na época em que fugia do rei Saul. Enquanto a maior parte do país vivia debaixo do governo de Saul, que buscava seus próprios interesses
e não os do Reino de Deus, estes homens valentes tinham percebido de alguma forma o mover de
Deus na direção de Davi. E ao perceberem que Davi tinha recebido unção divina, colocaram-se ao
seu serviço para juntos cumprirem a vontade de Deus. Esta é a primeira marca dos valentes de
Deus, os heróis da fé: percepção do mover de Deus, daquilo que Deus deseja fazer entre seu povo.
Dentre estes diversos homens valentes, havia três deles que eram os melhores, os que se sobressaíam dentre os outros. No relato dos versos 13-17, identificamos esta marca neles facilmente. Tendo
compreendido que Davi era o ungido de Deus, estes três estavam atentos aos desejos do representante do Senhor. Quando Davi manifestou em voz alta saudade das águas de Belém (sua cidade natal), eles rapidamente perceberam o que deviam fazer.
Uma segunda marca destes homens valentes transparece no relato que lemos: iniciativa e
responsabilidade. Davi não lhes deu ordem alguma. Eles mesmos se incumbiram da missão de
satisfazer o desejo de seu líder. Não havia necessidade de serem exortados ou motivados a cumprirem suas tarefas. Ao perceberem uma situação problemática ou um desafio, eles se colocavam à
disposição com todos os seus recursos para resolver a parada (veja algumas de suas façanhas nos
versos 8-12). E venciam seus inimigos não por suas próprias forças, mas porque Deus honra esta
tomada de posição, esta iniciativa responsável de arriscar sua própria vida pelo Reino. Muitos precisam de constante apoio e incentivo para seguirem em sua caminhada de fé. Mas estes tais valentes
demonstraram sua grandeza por confiarem apenas no Senhor para cumprirem sua missão.
Ainda uma terceira marca destes valentes é seu vigor e perseverança. Eles tinham por
princípio terminar o que começaram. De um deles se diz que “manteve a sua posição e feriu os filisteus até a sua mão ficar dormente e grudar na espada” (2Sm 23:10). Ele se apegou tanto à sua missão que a mão chegou a “grudar” na espada, pois ele não se permitia uma paradinha para descanso.
Muitos começam a servir ao Senhor com zelo, mas desistem no meio do caminho. Chega o tédio, o
cansaço, o perigo – diversas são as justificativas para não prosseguir. Os valentes são pessoas de
perseverança, são pessoas que, após uma boa reflexão, tomam uma decisão firme que gera ações
contínuas e duradouras. Não agiram neste relato por mero impulso, mas conscientemente desceram
ao acampamento inimigo para satisfazer o desejo de seu líder. Não desistiram até terem cumprido
toda a missão a que tinham se proposto.
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Estes mesmas marcas transparecem em outros textos bíblicos. Por exemplo, Paulo encorajou Timóteo a não ser um obreiro de segunda linha, mas a ser o melhor possível em suas habilidades (2Tm 2:15). Deus tem nos chamado para o servirmos com qualidade, com garra, com dedicação
integral ao seu Reino. Para manifestarmos excelência em nosso serviço ao Rei e ao seu Reino, devemos buscar percepção do mover de Deus, iniciativa e responsabilidade, vigor e perseverança.
Faça uma análise do seu envolvimento com o Reino de Deus:
 Você está atento ao mover de Deus entre seu povo nestes dias? Você tem buscado discernir como você pode cooperar com o Reino de Deus hoje?
 Você tem tido iniciativas para que o Reino de Deus se estabeleça aqui na terra assim
como nos céus? Você tem sido responsável naquilo que o Rei lhe confiou a fazer?
 Você tem resistido ao cansaço e ao desânimo em sua posição no Reino de Deus? Tem
se mantido firme em sua missão?
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