“css”- comércio solidário e sustentável

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“CSS”- COMÉRCIO SOLIDÁRIO E SUSTENTÁVEL
Marco Paulo Tavares Sousa Domingues
Mestre em Economia Social e Solidária(ISCTE), Pós Graduado em Gestão de Projectos em Parceria (ISCTE) e
Licenciado em Serviços Social (ISSSL)
Director Técnico da Casa da Infância e Juventude de Castelo Branco
Coordenador do Ai!!ÉS – Actuar e Inserir na Economia Solidária
Presidente da Associação EcoGerminar – Associação de Desenvolvimento do Interior de promoção do Comércio
Solidário, do Ecoturismo e de Luta à Desertificação Rural
[email protected]
A realidade do mundo está em constante mudança, acompanhando a evolução natural do desenvolvimento
humano. O problema surge quando a evolução não é natural e quando se questiona a amplitude da evolução,
ou mesmo, do seu retrocesso. Poderemos afirmar que a evolução não é sinónimo de crescimento, sendo no
entanto, sinónimo de desenvolvimento. Necessitamos assim de uma mudança de paradigma da evolução e do
desenvolvimento humano. Os sucessivos avanços industriais e da ciência, permitiram a uma parte da
humanidade crescer sem olhar a meios para atingir os seus fins. Estes fins, conceberam mecanismos egoístas
e materiais, tornando o homem um ser egocentrista e distante das suas origens e ligações naturais. A
responsabilidade dos avanços do homem foi, no mundo “civilizado”, negligenciada geração após geração,
criando e gerando dependência em “uns” e poder em “outros”, criando e acentuando desigualdades e
assimetrias mundiais. O grande instrumento e mecanismo desta hegemonia de tão poucos, sobre tantos
milhões de seres, foi a economia, alicerçada nas relações de poder, e na defesa das correntes capitalistas e
neoliberais.
A exploração dos povos e do planeta e a ganância individual, criaram mercados especulativos e exploradores
dos recursos naturais, extinguindo espécies, culturas e hipotecando o futuro das gerações humanas. É assim,
que através da economia, enquadrada por um desenvolvimento consciente que teremos de demonstrar
práticas alternativas sustentáveis e solidárias, tais como, o comércio justo, as finanças éticas, a agricultura
ecológica, e todas as práticas inseridas na designada economia solidária e no reconhecido desenvolvimento
sustentável. É necessário criar realidades paralelas, demonstradoras da solidariedade, da justiça e do respeito
por todos os seres vivos, acreditando que elas irão absorver com a sua força, consciência e responsabilidade,
os “organismos doentes” do planeta, os que contaminam o desenvolvimento humano e condicionam a
sustentabilidade de todos os seres vivos.
À semelhança de muitos modelos alternativos de avaliação do desenvolvimento das sociedades, é necessário
criar condições de valorização e disseminação das práticas económicas, que emergem um pouco por todo o
mundo como mecanismo de promoção do bem-estar das suas comunidades. O Comércio Solidário e
Sustentável “CSS” apresenta um modelo alternativo de valorização destas actividades.
Sugiro assim, um modelo com princípios, dimensões, níveis de análise, objectivos e fontes ou métodos de
verificação da sua realidade em contextos específicos, como as organizações empreendedoras de cariz social,
privado ou publico, ou numa outra perspectiva, em territórios demarcados tendo em conta as suas acções.
O “CSS” é ainda totalmente questionável enquanto “conceito” ou mesmo modelo, no entanto lança
contributos para a sua reformulação, reorganização ou adaptação, tendo como prioridade a sua utilidade real,
sobre a sensibilização política nas comunidades. As limitações deste estudo são inerentes ao próprio modelo
e “conceito” sugerido. Não poderemos afirmar a sua verdadeira utilidade social e ambiental, mas sim a sua
pertinência política, na sensibilização e promoção de valores sociais e ambientais nas actividades comerciais.
Embora possamos apostar na componente ideológica de um novo modelo, é importante realçar que a criação
real da verificação do CSS é fundamental para o seu desenvolvimento e sucesso, comparando-o mesmo, a
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uma “pegada comercial solidária e sustentável”, à semelhança da “pegada ecológica”, pelo que poderá ser
uma proposta para um futuro projecto. Aliás, a necessária mudança de paradigma, que embora argumentada
nesta crise, pouco se tem reflectido no mundo, tal como é notória a continuidade da importância dada à queda
ou crescimento do PIB, como indicador absoluto do desenvolvimento, em total detrimento, por exemplo com
o crescimento das iniciativas de cariz solidárias e sustentáveis.
São os momentos de catástrofe que nos unem, será a crise e a injustiça, o impulsionador da solidariedade e da
sustentabilidade, será a solidariedade uma oportunidade de negócio e a sustentabilidade uma oportunidade de
desenvolvimento? Sem duvida que o CSS acredita que sim, a solidariedade é uma clara oportunidade de
negócio com todos os seres vivos, onde as mais valias centram-se nos valores humanos, na justiça social, na
equidade, na tolerância e na igualdade. Poderemos também afirmar, que o CSS contribui para a
sustentabilidade, reforçando-a nas suas dimensões, nos seus princípios e nas suas acções económicas.
O CSS é um instrumento, um suporte, um mecanismo e um contributo para uma alternativa ao actual modelo
de desenvolvimento. Encontrar soluções são indagações sem fim, a resposta encontra-se na acção humana, na
acção solidária e sustentável, no impacto das nossas atitudes em todos os momentos do nosso percurso de
evolução física e espiritual. A sintonia das nossas acções económicas com as necessidades do planeta, não é
um princípio, é uma obrigação na continuidade da evolução humana e da sua responsabilidade para com
todos os outros seres.
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