561 - SOVERGS

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ESTIMATIVA DA UTILIZAÇÃO DE QUETAMINA POR VIA ORAL EM CÃES.
ESTIMATE OF THE USE OF ORAL KETAMINE IN DOGS.
Antônio Soares do NASCIMENTO JÚNIOR¹; Elton Brito EVERTON²; Mayra Pacheco de
SOUZA2; Leopoldo Augusto MORAES2; Ruth Helena Falesi Palha de Moraes
BITTENCOURT3; Glaucia Raimunda de Oliveira dos SANTOS4.
RESUMO
Objetivando avaliar o uso da quetamina de indicação parenteral, pela via oral (PO) em cães,
visando verificar o efeito sedativo e analgésico deste fármaco administrado por essa via, bem
como o comportamento dos parâmetros fisiológicos referentes às freqüências cardíacas,
respiratórias e temperatura retal, nessa espécie animal, o experimento foi realizado com dez
cães que foram divididos, aleatoriamente em dois grupos, G I e G II, que receberam,
respectivamente 10 e 20 mg/kg de quetamina oralmente. Tendo sido observadas sedação e
analgesia em graus variados, por curto período de tempo, e com alterações mínimas nos
parâmetros fisiológicos estudados, sem colocar em risco a vida de cães, podendo sugerir sua
utilização, nas doses referidas, em cães agressivos e indóceis.
Palavras-chave: Quetamina, oral, cães.
Nº do protocolo da Comissão de Ética: 001/2010-CBE-ISPA/UFRA
SUMMARY
Aiming at to evaluate the use of the ketamine of indication parenteral, for the orally (PO) in
dogs, seeking to verify the sedative and analgesic effect of this drugs administered by that
road, as well as the behavior of the referring physiologic parameters the heart and breathing
frequencies and rectal temperature, in that animal species, the experiment was accomplished
with ten dogs that they were divided, aleatoriamente in two groups, G I and G II, that
received, respectively 10 and 20 mg/kg oral ketamine. Having been observed mitigation and
analgesia in varied degrees, for short period of time and with minimum alterations in the
studied physiologic parameters, without putting in risk the life of dogs, could suggest his use,
in the referred doses, in aggressive and indocile dogs.
Keywords: Ketamine, oral, dogs.
INTRODUÇÃO
A utilização da via oral para administração de fármacos anestésicos, geralmente, é
requerida para administração de medicação pré-anestésica, ou para apreender cães indóceis ou
agressivos que não permitam qualquer aplicação parenteral. A quetamina é um fármaco
dissociativo utilizado para fins de anestesia, com efeito hipnótico e características analgésicas,
sendo rapidamente absorvida após administração intravenosa, intramuscular, intranasal, oral,
retal e epidural (NATALINI, 2007; STEWART, 1999). Por bloquear os receptores NMDA no
sítio da fenciclidina, inibi a transmissão excitatória por antagonismo glutamatérgico,
resultando nas propriedades farmacológicas responsáveis por sedação, hipnose e analgesia
(FERREIRA, 2004; MAENG E ZARATE, 2007). Administrada por via oral, a concentração
plasmática máxima da quetamina é alcançada em aproximadamente 30 minutos, sendo
necessárias doses superiores àquelas recomendadas pela via intramuscular e venosa, já que
sofre efeito de primeira passagem e a sua absorção é menor. Objetivando traçar uma
_______________________
1
Docente do Curso de Medicina Veterinária, UFRA Campus: Belém, Av: Perimetral Pass: Simião 285, Bairro:
Marco, CEP. 66095-620. Belém-Pará-Brasil. [email protected].
2
Docentes do curso de Medicina Veterinária, UFRA, Campus: Belém.
3
Médica Veterinária, Doutora, Professora do Instituto da Saúde e Produção Animal - FRA.
4
Médica Veterinária, aluna do Curso de Pós- Graduação em Residência Médica Veterinária, UFRA
estimativa em relação ao uso da quetamina de indicação parenteral, pela via oral (PO) em
cães, visando verificar o efeito sedativo e analgésico deste fármaco administrado por esta via,
bem como o comportamento dos parâmetros fisiológicos referentes as freqüências cardíaca,
respiratória e temperatura retal, nessa espécie animal, o experimento foi realizado.
METODOLOGIA
Foram utilizados dez cães (4 machos e 6 fêmeas), sem raça definida e idades variadas,
classificados como ASA I, após exame clínico, sendo esses distribuídos aleatoriamente em
dois grupos, GI e G II, cada um composto por 5 cães. Todos os animais foram submetidos à
restrição alimentar de 12 horas, e hídrica de 6 horas, e a dois tratamentos distintos com
quetamina nas doses de 10 mg/kg e 20mg/kg, respectivamente, administradas através da via
oral (PO). Foi utilizada a quetamina do laboratório Syntec, na concentração 100mg/mL. O
anestésico, depois de calculada a dose, foi administrado através de seringa de insulina, sem
agulha, diretamente na cavidade oral dos animais, ou embebido na ingesta. Antecedendo a
administração da quetamina, foram aferidos parâmetros referentes às freqüências cardíaca
(FC), respiratória (FR) e temperatura retal (TR), momento identificado como M0, ato
contínuo; após administração do fármaco, os animais eram observados quanto aos mesmos
parâmetros, a cada 10 minutos até completar 60 minutos, momentos identificados como M1,
M2, M3, M4, M5 e M6. A analgesia foi avaliada durante os 60 minutos, sendo confirmada
através da introdução de uma agulha hipodérmica no espaço interdigital do membro posterior
direito, e registrada, por um único observador. Os dados obtidos na avaliação da sedação e
analgesia, foram registrados em fichas avaliativas individuais para posterior análise. Diante
dos resultados obtidos, as médias, desvios-padrão e intervalo de confiança (95%) das
variáveis paramétricas, foram calculadas através do Programa BioEstat 3.0 (AYRES et al,
2000), sendo empregada como método estatístico, a análise de variância (ANOVA), seguida
do pós-teste de Tukey, considerando a primeira aferição de cada parâmetro como padrão. Os
dados não paramétricos foram analisados considerando o percentual de ocorrência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A sedação nos animais dos dois grupos iniciou, em média, aos 2 minutos após
administração oral das doses de 10 e 20 mg/kg. O tempo de sedação nos animais pertencentes
ao GI foi em média de 7 ± 4,52, enquanto que no G II, a sedação perdurou por 22 ± 7,22
minutos. Nos animais pertencentes ao G I, um animal não apresentou alteração no
comportamento após administração da quetamina PO; 40% apresentaram sedação de grau 2 e
40% grau 3, diferentemente, no G II, 20% apresentou sedação de grau 1 e os demais (80%) a
sedação foi de grau 3. Quanto à analgesia, foi verificado que dos animais do G I, 60%
apresentaram analgesia de grau 1 (mínima) somente aos 10 minutos, momento M1, após
administração da quetamina e 20% apresentou analgesia grau 2 (moderada) no M1, passando
para grau 1 aos 20 minutos, em M2. No G II, 20% manifestaram analgesia grau 1 em M1;
40% apresentaram analgesia grau 2 no M1, passando para graus 0 e 1 no M2; 20% em grau 3
no M1 passando para grau 1 em M2 e M3 e; 20% não apresentou analgesia. Quanto à análise
da FC, FR e TR, foi verificado que as variações observadas, nos momentos avaliados da FC e
TR, estatisticamente não foram significativos (p>0,05), diferente do que ocorreu com a FR,
que se apresentou significativamente aumentada (p<0,05) em M1. Diferente do observado no
G I, no G II a alteração significativa (p<0,05), nos parâmetros fisiológicos, foi registrada
apenas sobre a FC, onde 80% dos animais apresentaram elevação neste parâmetro em M1, nos
demais momentos o comportamento da FC encontrou-se dentro dos valores basais da espécie.
A sedação observada nos animais pertencentes aos grupos G I e G II, também foi referida, nos
humanos, por alguns estudiosos (GÓMEZ et al, 1997) quando da administração PO, onde a
sedação ocorreu em graus variados, aos 5 minutos da administração da quetamina por essa
2
mesma via. Os resultados referentes à analgesia promovida pela quetamina, são corroborados
por alguns autores que referiram o efeito analgésico da quetamina (GÓMEZ et al, 1997;
ISHIZUKA et al, 2007) e que este efeito é observado em pequenas doses e caracteristicamente
subanestésicas (YAMAKURA et al, 2000), apesar de não ter sido encontrado, em cães, na
literatura consultada, trabalhos de estudiosos (ISHIZUKA et al, 2007) em seres humanos, que
referem também, não haver relatos sobre a dose mais apropriada desse fármaco pela via oral
e, que tem sido usada em uma ampla faixa, com relatos de doses de 500 mg.dia-1 ou mais. No
que diz respeito ao comportamento da FC, nos animais do G II, também foi relatado em seres
humanos, logo aos 5 minutos após administração PO, entretanto, no que diz respeito ao
comportamento da FR e TR nos animais dos dois grupos, na literatura consultada, não foi
encontrado quaisquer relatos referentes à quetamina administrada PO, tanto em humanos
quanto em animais.
CONCLUSÕES
Nas condições em que foi desenvolvido o trabalho, pode-se concluir que a quetamina
nas doses de 10mg/kg e 20mg/kg, administrada pela via oral, promove sedação e analgesia em
graus variados, seguras, por curto período de tempo, sem ter colocado em risco a vida dos
cães estudados, visto que, pequenas alterações nos parâmetros fisiológicos avaliados foram
registradas, podendo sugerir sua utilização nas doses referidas, em cães agressivos e indóceis.
Referências Bibliográficas
AYRES M et al. BioEstat 3.0: Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e
médicas. Brasília CNPq. Belém: Sociedade Civil Mamirauá, 290. 2003.
FERREIRA MBC. Anestésicos Gerais. In: Farmacologia Clínica – Fundamentos da
Terapêutica Racional (Fuchs FD; Wannmacher L, Ferreira MBC, eds). Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 157-182. 2004.
GÓMEZ JL et al. Sedación preanestésica com ketamina oral y rectal em niños. Mexican
Magazine of Anesthesiology, 20:22-25. 1997.
ISHIZUKA P et al. Avaliação da s(+) cetamina por via oral associada à morfina no tratamento
da dor oncológica. Revista Brasileira de Anestesiologia, 57:19-31. 2007.
MAENG S, ZARATE JR CA. The role of glutamate in the mood disorders: results from the
ketamine in the major depression study and the presumed cellular mechanism underlying its
antidepressant effects. Current Psychiatry Reports 9:467-474. 2007.
NATALINI CC (2007). Teoria e técnicas em anestesiologia veterinária, Porto Alegre:
Artmed, 74.
STEWART AB. Ketamine: review of its pharmacology and use in pediatric anesthesia.
Anesthesia Progress, 46:10-20. 1999.
YAMAKURA T, SAKIMURA K, SHIMOJI K. The stereoselective effects of ketamine
isomers on heteromeric N-methyl-D-aspartate receptor channels. Anesthesiology Analgesia,
91:225-229. 2000.
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