INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA

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INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NA
REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Influence of Heart Rate Variability in Cardiovascular Rehabilitation
Ana Luiza Correia Santiago 1, Fabíola Maria Ferreira da Silva 2
1
Pós-graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo Centro CEAFI
Pós-graduação, Goiânia/GO.
2
Fisioterapeuta pela Universidade do Triângulo – UNITRI, Uberlândia/MG; Especializada
em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Hospital Nossa Senhora de Lourdes – HNSL e
Especializada em Fisioterapia em Cardiologia: da UTI a Reabilitação pela UNIFESP, São
Paulo/SP, Docente do CEAFI Pós-graduação, Goiânia/GO
AV. Milão Qd 7 Lt área Apto 701 Bloco D Condomínio Turmalinas, Residencial
Eldorado, Goiânia-GO.
Email: [email protected]
Goiânia
2015
2
RESUMO
Introdução: As doenças cardiovasculares são responsáveis por 76% dos óbitos no mundo,
com o programa de reabilitação cardíaca (RC) que é multidisciplinar, o fisioterapeuta tem
papel importante, sendo um dos recursos utilizados pela fisioterapia à variabilidade da
frequência cardíaca (VFC), esta que tem sido utilizada para compreensão de diversas
condições patológicas que envolvem, dentre outros, o sistema cardiovascular, respiratório e
neurológico. Objetivo: Selecionar artigos que abordassem a VFC no contexto da
reabilitação cardíaca a fim de atualizar os estudos na área. Método: Realizado um estudo
de revisão bibliográfica informatizado, nos bancos de dados: Scielo, PubMed e Lilacs com
descritores: Variabilidade da frequência, reabilitação cardíaca e reabilitação. Conclusão: A
VFC tem papel fundamental, eficaz, sendo um método não invasivo que auxilia tanto no
diagnóstico, prognóstico e preditores de complicações nas doenças que afetam a área
cardíaca.
Palavras Chaves: Variabilidade da frequência, reabilitação cardíaca e reabilitação
ABSTRACT
Introduction: Cardiovascular diseases account for 76% of deaths worldwide, with the
cardiac rehabilitation program (RC) that is multidisciplinary, the physiotherapist has an
important role, being one of the resources used by physiotherapy to heart rate variability
(HRV) This has been used to understand various pathological conditions that involve,
among others, cardiovascular, respiratory and neurological system. Objective: To select
articles that addressed the HRV in the context of cardiac rehabilitation in order to update
the studies in the area. Method: Conducted a study of computerized literature review, in
databases: Scielo, PubMed and Lilacs with descriptors: Variability of frequency, cardiac
rehabilitation and reabilitação. Conclusion: HRV is fundamental, effective role, being a
non-invasive method that helps both in the diagnosis, prognosis and predictors of
complications in diseases that affect the heart area.
Key words: Frequency variability, cardiac rehabilitation and rehabilitation
3
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares são responsáveis por 76% de óbitos no mundo. No
Brasil a doença arterial coronariana representa a segunda maior causa de morte, ficando
abaixo apenas da doença vascular cerebral. A alta incidência de doença coronariana vem se
tornando questão relevante para a saúde pública mundial e a comunidade científica, em que
as estimativas de óbitos para o ano de 2020 superam 40 milhões. Dentre as doenças
crônicas não transmissíveis no Brasil, o infarto agudo do miocárdio (IAM) consiste na
principal causa isolada de óbitos. 1
A cardiopatia pode evoluir em gravidade pela manifestação de sinais e sintomas e
por fatores de risco como história familiar de doença coronariana, angina, hipertensão
arterial (HAS), insuficiência valvar, infarto agudo do miocárdio (IAM), tabagismo, estilo
de vida sedentária, estresse, obesidade, sexo e diabetes melittus.1-6
O programa de RC é multidisciplinar, contemplando diversos profissionais, dentre
eles o fisioterapeuta. Este atua diretamente na prescrição de atividade física, visando, por
meio de protocolos de exercícios aeróbicos e contra a resistência, o tratamento e a
prevenção dos episódios cardiovasculares, e conseqüentemente reduzindo o número de
óbitos.1
A reabilitação cardíaca (RC) pode ser definida como uma soma de intervenções que
asseguram a melhora das condições físicas, psicológicas e sociais daqueles pacientes com
doenças cardiovasculares pós-aguda e crônica, podendo, por seus próprios esforços,
preservar e recuperar suas funções na sociedade e, através de um comportamento saudável,
minimizar ou reverter a progressão da doença. Sendo assim, os objetivos da RC são
atenuar os efeitos deletérios decorrentes de um evento cardíaco, prevenir um subseqüente
re-infarto e re-hospitalização, redução de custos com a saúde, atuar sobre os fatores de
risco modificáveis associados às doenças cardiovasculares, melhorar a qualidade de vida
destes pacientes e reduzir as taxas de mortalidade. A RC é indicada para pacientes que
receberam um diagnóstico de infarto agudo do miocárdio ou foram submetidos à
revascularização miocárdica ou transplante cardíaco e, ainda, para aqueles com angina
crônica estável e insuficiência cardíaca crônica.2
O controle do sistema cardiovascular é realizado, em parte, pelo sistema nervoso
autônomo (SNA), o qual fornece nervos aferentes e eferentes ao coração, na forma de
terminações simpáticas por todo miocárdio e parassimpáticas para o nódulo sinusal, o
miocárdio e o nódulo atrioventricular. A influência do SNA sobre o coração é dependente
4
de informações que partem, dentre outros, dos barorreceptores, quimiorreceptores,
receptores atriais, receptores ventriculares, modificações do sistema respiratório, sistema
vasomotor, sistema renina-angiotensina-aldosterona e sistema termorregulador 3.
O eletrocardiograma e o conversor analógico digital utilizado para análise da VFC,
além de apresentar alto custo, dificultam aplicabilidade em situações externas ao ambiente
laboratorial, porém os cardiofrequencímetros solucionaram já que são mais acessíveis tanto
em relação ao custo quanto à praticidade, neste dispositivo uma cinta com eletrodos,
posicionada no tórax do avaliado capta os impulsos elétricos do coração e os transmite por
um campo eletromagnético ao monitor.3
Um dos recursos utilizados pela Fisioterapia é a variabilidade da frequência
cardíaca (VFC), que descreve as oscilações nos intervalos entre batimentos cardíacos
consecutivos (intervalos R-R) de modo não invasivo, sendo utilizada para avaliar o sistema
nervoso autônomo (SNA), demonstrando sua influência sobre o nódulo sinusal,
atualmente, os índices de VFC têm sido utilizados para a compreensão de diversas
condições patológicas que envolvem, dentre outros, os sistemas cardiovascular,
respiratório e neurológico. 4
A VFC tem se tornado um termo convencionalmente aceito para descrever as
oscilações entre valores consecutivos da FC instantânea , assim como as oscilações nos
intervalos entre batimentos cardíacos consecutivos, representando um dos mais
significativos indicadores quantitativos e não invasivos da atividade do sistema nervoso
autônomo sobre o nó sinoatrial. 10
As técnicas de bloqueio farmacológico do Sistema Nervoso Simpático (SNS) e
Sistema Nervoso Parassimpático (SNP), além de possibilitar a criação de testes
padronizados, contribuem também para testes não invasivos. Esses testes associados
contribuem para analisar a função cardíaca, sendo que a VFC tem sido empregada hoje em
investigação sobre a função autonômica cardíaca em várias doenças.
5-8
A VFC é uma
medida indireta entre o sistema simpático e parassimpático, os valores da VFC são
marcadores de diagnóstico, prognóstico e preditores de complicações nas doenças que
afetam a área cardíaca. 6
Recentemente tem sido mostrado que vários métodos não lineares direcionados à
análise da VFC em esforço físico fornecem resultados consistentes quanto à modulação
autonômica, a análise da VFC para determinar o limiar da variabilidade da freqüência
cardíaca (LiVFC), além de ser um método não-invasivo e acessível, tem vantagem de
fornecer informações importantes sobre a regulação autonômica durante o esforço físico.13
5
O controle autonômico cardíaco pode ser avaliado não invasivo por meio da VFC,
as mudanças da VFC é um indicador importante de comprometimento ou não da função
cardíaca, sendo que a alta VFC é sinal de boa adaptação caracterizada por individuo
saudável e a baixa VFC é um indicador de adaptação anormal e insuficiência do SNA, que
sugere mau funcionamento fisiológico tendo a necessidade de investigação. 3
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo de revisão bibliográfica informatizado, levantamento de
dados no período outubro de 2014 a março 2015, nos banco de dados: Scielo, PubMed,
Lilacs. Com os descritores: Variabilidade da frequência, reabilitação cardíaca e reabilitação
no idioma português. Resultando no total de 18 artigos encontrados e 13 selecionados.
Como critério de inclusão: estudo nos anos de 2004-2014 clínico randomizado, revisão
sistemática, e exclusão publicação inferior 2004.
RESULTADOS
Os resultados obtidos mostram a importância da VFC, que auxilia tanto no
protocolo de treinamento e reabilitação, quanto na investigação sobre a função autonômica
cardíaca, está que pode ser utilizada para detectar falhas no SNA em portadores de doenças
ou saudáveis.
6
Tabela 1
AUTOR
GRUPO ESTUDADO
CONCLUSÃO
Foi determinar o limiar de
anaerobiose (LA), utilizando
um teste de esforço físico
dinâmico
em
degraus
descontínuos ( TEFDD) em
esteira rolante, por meio da
resposta
da
freqüência
cardíaca e analisar a VFC.
2 homens , de 56 e 61
anos, portadores de
fatores de riscos e / ou
doença cardiovascular
instalada
Ambos protocolos de
treinamento estava sendo
realizado na faixa do LA,
também
foi
possível
observar
que
em
intensidades
mais
elevadas
ocorreu
um
predomínio da atividade
simpática a qual teve um
aumento da FC e redução
da VFC
Avaliar
a
capacidade
funcional e a VFC de um
valvopata
submetido
à
Fisioterapia Cardiovascular
(FTCV)
Um homem de 63 anos,
com implante aórtico,
em uso de betaboqueador a partir do
20º dia de PO.
Comparar
entre
32 sujeitos saudáveis,
Foi observada uma menor
Boemeke
idosos e adultos jovens,
de ambos os sexos que
VFC no grupo de idosos
et al
saudáveis durante o tilt table
foram divididos em 2
quando
2011
test.
grupos:
grupo de adultos jovens.
Sankako
et al
2006
Reis
et al
2006
OBJETIVO
a
VFC
idosos
e
Os resultados mostram
que
a
Fisioterapia
Cardiovascular
(FTCV)
promoveu melhora do
controle autonômico da
FC e da capacidade
funcional do paciente
estudado.
comparada
ao
adultos jovens.
Determinar
Caruso
8 pacientes
Os
anaeróbico por meio da VFC
Com idade média de ±
apresentaram um severo
com
69 anos.
descondicionamento físico
o
o
limiar
propósito
de
pacientes
estudados
et al
estabelecer parâmetros de
reafirmado
2012
avaliação e prescrição da
impossibilidade
intensidade
determinada pelo Limiar
desses
de
exercícios
pacientes
em
pela
Anaeróbico (LA) de 50 %
cicloergômetro.
da amostra.
Avaliar a evolução da VFC
Conclui-se que os valores
em
pacientes
chagásicos
18 pacientes
submetidos a um programa
Sendo
Souza
de seis meses de exercícios e
média de ± 57 anos.
et al
se há redução dos níveis de
após a intervenção com
2013
SDNN/d e de um aumento
um
dos níveis de p NN50 / d e
reabilitação cardíaca de
pNN50 / noite, bem como de
seis meses.
rMSSD / d noite
com
dos parâmetros de VFC
idade
em portadores de CCC
não se alteraram antes e
programa
de
7
37 pacientes com MPC
Na população estudada, a
e
do
variação dos índices de
esquerdo
VFC foi similar entre os
disfunções
Nascimento
Avaliar as mudanças nestes
ventrículo
et al
índices em respostas ao
(VE),
2014
treinamento físico na MPC.
inativos,
fisicamente
grupos ativo e inativo.
foram
aleatorizados para os
grupos intervenção e
controle.
DISCUSSÃO
O coração não é um relógio, portanto, as alterações na FC definidas como
variabilidade da frequência cardíaca, são normais, esperadas e indicam a habilidade do
coração em responder aos múltiplos estímulos fisiológicos e ambientais, dentre eles
respiração, exercício físico, estresse mental, alterações hemodinâmicas, metabólicas, sono
e ortostatismo, bem como em compensar desordens induzidas por doenças. 3
Ela descreve as oscilações dos intervalos entre batimentos cardíacos consecutivos,
que estão relacionadas às influências do SNA sobre o nódulo sinusal, sendo medida não
invasiva, que pode ser utilizada para identificar fenômenos relacionados ao SNA em
indivíduos saudáveis, atletas e portadores de doenças. A VFC tem sido utilizada há vários
anos, sendo cada vez maior o interesse pela compreensão de seus mecanismos e de sua
utilidade clinica em doenças. 3
Alguns trabalhos demonstram que o avançar da idade, doenças cardiovasculares,
sexo, atividade física, posição corporal, hábitos alimentares, dentre outros, são fatores que
levam às alterações da VFC. Quando comparado a VFC em idosos e adultos saudáveis, foi
observada uma menor variabilidade em idosos quanto nos adultos saudáveis, isso por que a
VFC diminuem com envelhecimento devido a alterações neuro-hormonais, declínio da
função cardíaca e respiratória, aterosclerose, aumento da rigidez miocárdica, distúrbios do
sistema de condução cardíaco e alterações nos barorreceptores. 7
Já em pacientes com comprometimento cardíaco como no caso portadores de
cardiopatia chagásica foi avaliada a evolução VFC ao longo de 6 meses dentro de um
programa de reabilitação cardíaca, os valores da variabilidade da freqüência cardíaca não
se alteraram com significância antes e após o programa. 9
8
Outro estudo mostra que na miocardiopatia chagásica (MPC) o treinamento físico
não alterou significativamente os índices de VFC em pacientes com disfunção de
ventrículo esquerdo, apesar de ter resultado em melhora funcional. Os dados sugerem que
os benefícios clínicos do condicionamento físico na MPC sejam independentes da VFC. 6
Em alguns pacientes que não tem alteração cardíaca direta como o DPOC, foi
observado na avaliação do limiar anaeróbio (LA) que houve uma variação entre os
pacientes estudados, onde apresentarem lactacidemia precoce a baixas cargas de trabalho,
verificando redução durante o exercício físico e ocorreu uma elevação da FC, além disso,
os pacientes apresentaram severo descondicionamento físico. Outro grupo com fator de
risco ou doença cardiovascular instalada notou-se que metodologia foi adequada pra
identificação do LA e que o protocolo de treinamento de ambos voluntários foi realizado
na faixa do LA, porém observou que em intensidades mais elevadas houve um aumento da
FC junto com a redução da VFC. 10-12
Esses estudos mostram a importância da VFC e quanto tem papel fundamental, no
auxilio, prevenção e tratamento de patologias ligadas ao SNA, não só em pacientes com
disfunções instaladas, mas também com fatores de riscos.
A atividade física regular é sabiamente benéfica na insuficiência cardíaca, com
melhora da capacidade funcional e possível impacto prognóstico. Programas de atividades
supervisionadas tem efeito benéfico sobre os índices de VFC em indivíduos saudáveis e
em pacientes com disfunção ventricular de diferentes etiologias, em diferentes estágios e
contextos clínicos, considerando-se comportamento anormal da modulação simpática e
parassimpática na doença. 6
No estudo de Reis et al, evidenciou que paciente que realizou valvoplastia aórtica
submetido à fisioterapia cardiovascular (FTCV) notou-se uma melhora do controle
autonômico da FC e da capacidade funcional.11
Programas de reabilitação cardíaca tem influencia tanto na qualidade de vida,
quanto na capacidade funcional dos pacientes, esse programas juntamente com auxilio da
VFC são capazes de influenciar na melhora do prognóstico dentro do limite de cada
patologia, levando em consideração que um programa de fisioterapia cardiopulmonar tem
que ser elaborado com todos os critérios possíveis para uma melhor resposta funcional.1
9
CONCLUSÃO
A VFC tem sido utilizada para compreensão de diversas patologias, tanto nos
sistema cardiovascular, neurológico e respiratório, além de auxiliar no programa de
treinamento e reabilitação, sendo um método eficaz, não-invasivo e que auxilia tanto no
diagnóstico, prognóstico e preditores de complicações nas doenças que afetam a área
cardíaca.
10
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